sexta-feira, 4 de março de 2011

O Ateísmo e o Protestantismo

Ao se debruçar em relação à pesquisas sobre religião no continente europeu descobrimos algumas coisas interessantes, principalmente sob um ponto de vista histórico. Os países europeus com o maior número de ateus atualmente são exatamente aqueles em que o protestantismo dominou nos últimos séculos. Em alguns deles o catolicismo foi banido das igrejas. Historicamente também percebemos que os países europeus mais religiosos atualmente são justamente aqueles em que o catolicismo sempre predominou. Isso cria uma relação inegável entre as doutrinas inauguradas por Lutero e o puro e simples ateísmo, onde grande parcela da população não acredita mais em Deus.

Os países europeus mais ateus na atualidade são Suécia (onde 85% do povo se declara ateu), Dinamarca (com 80% de pessoas que não acreditam em Deus) e Noruega (onde 72% não acreditam mais em nenhum tipo de divindade). O que aconteceu no passado nesses países do norte da Europa? Ora, reis e rainhas se declararam protestantes e expulsaram os católicos ou os perseguiram implacavelmente. Sem a fé católica tudo foi uma questão de tempo. O ateísmo se instalou e os protestantes que sobraram se tornaram uma pequena minoria entre o povo, encarado muitas vezes como fanáticos intolerantes (características aliás que sempre são associados aos protestantes em várias partes do mundo).

Do outro lado da balança temos os países mais religiosos da Europa. Quais são eles? Portugal, Espanha e Itália. Países tradicionalmente católicos, onde a Igreja Católica sempre se fez muito presente ao longo da história. Em Portugal tivemos as aparições de Nossa Senhora. Na Espanha a Igreja Católica sempre foi muito presente e na Itália temos a sede da Igreja, no Vaticano, em Roma. Um dado importante sobre isso: 98% dos italianos se declaram católicos! A França também foi uma nação católica por séculos, com a monarquia muito próxima aos assuntos papais, porém a Revolução Francesa parece ter quebrado em parte a fé dos franceses. Em consequência disso é dos países católicos tradicionais o que atualmente tem a menor percentagem de pessoas com crença em Deus, mas se comparada com as nações historicamente protestantes do norte europeu ainda exibe números até robustos.

Isso levou um dos pesquisadores a dizer a seguinte frase: "O Protestantismo parece ser a antessala do ateísmo!" Números não mentem. Nações europeias que abraçaram o protestantismo depois da reforma acabaram liquidando no seio de seu povo com a fé em Deus. Parece algo que não germina, que não dá frutos. No Brasil temos também uma relação curiosa. Conforme aumenta o número de evangélicos, aumenta também o número de ateus, principalmente entre os mais jovens. Os absurdos que ocorrem em certas denominações protestantes acabam chocando esses jovens e muitos deles acabam criando uma aversão ao evangelho, à palavra de Deus. Muitos encaram tudo como simples charlatanismo para se ganhar dinheiro com a fé alheia! Quem pode censurá-los? Assim encerro a postagem com os números postos sobre a mesa. Agora cada um que tire suas próprias conclusões.

Pablo Aluísio.

A Biblioteca do Vaticano

A Biblioteca do Vaticano - Desde a fundação da Igreja Católica, ainda nos tempos em que os apóstolos viviam, há uma grande ligação entre o cristianismo e os escritos, os livros. Basta lembrar da própria Bíblia, que na verdade não é um livro apenas, mas uma coleção de livros composta e selecionada pelos doutores da Igreja. O termo "Bíblia" aliás significa justamente isso, conjunto de livros. Pois bem, desde as mais remotas eras foi necessário para a igreja católica ter o seu próprio acervo de livros, escrituras, teses teológicas, etc. Assim lá pelo século II da era cristão foi fundada no Vaticano a primeira biblioteca centralizada do catolicismo. Perceba que cada parte do mundo cristão tinha sua própria biblioteca. Cada segmento, cada igrejinha perdida no fim do imenso mundo conhecido, já mantinha registros de suas atividades, livros publicados, estudos, etc. A grande biblioteca de Roma foi assim criada para receber livros de todas as partes do mundo.

Era um objetivo centralizar todo o pensamento e conhecimento dos teólogos cristãos. Afinal o cristianismo sempre foi muito rico na produção de obras literárias. Não havia apenas a Bíblia, mas também estudos de natureza teológica, livros escritos por Papas, cardeais, bispos e padres, além de indexação de livros sobre os mais diversos assuntos. Tudo acabava indo para Roma. Muitos inclusive dizem que a frase "Todos os caminhos levam a Roma" foi justamente cunhada para designar as ordens dos Papas de reunir em um só lugar praticamente todo o conhecimento humano da época. E assim a biblioteca foi se tornando o grande manancial de conhecimento literário do mundo antigo. Um lugar imenso, complexo, com livros escritos em praticamente todas as línguas conhecidas. Depois quando a Igreja Católica sentiu necessidade de documentar todos os seus atos administrativos e processuais (com o surgimento do direito e processo canônico), sentiu-se ainda mais a perene necessidade de criar uma grande biblioteca, que de certa maneira rivalizasse com a famosa biblioteca de Alexandria, que infelizmente foi destruída nos tempos antigos.

A histórica e lendária biblioteca do Vaticano porém venceu o teste do tempo, mesmo com tantos ataques, como os que foram promovidos por Napoleão e seu exército. Hoje em dia há uma ala da biblioteca que é de livre acesso ao público, a pesquisadores, historiadores e turistas. Porém grande parte da biblioteca do Vaticano mantém acesso restrito, onde apenas autoridades do clero podem adentrar. Esse segredo acabou dando origens a muitas teorias da conspiração, algumas bem imaginativas. Porém a Igreja Católica apenas reserva-se ao direito de manter sigilo sobre certos livros e documentos, principalmente os relativos a Papas. Apenas após décadas é que são abertos os documentos de papas que marcaram a história da humanidade. Algo que sempre desperta muita curiosidade e interesse por parte de pesquisadores em geral.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de março de 2011

A Descida de Jesus ao Inferno

Uma das partes mais misteriosas e intrigantes das escrituras é aquela que narra uma suposta descida de Jesus Cristo ao inferno. O Apóstolo Pedro escreveu que Jesus teria ido pregar aos espíritos em prisão, os mesmos que teriam sido desobedientes a Deus nos tempos de Noé! Depois ele afirma que Jesus teria pregado a essas almas atormentadas. Outro trecho afirma que Jesus teria levado o evangelho para aqueles espíritos, os levando consigo depois ao céu. A expressão "Levou cativo o cativeiro, para o alto" seria o indicativo da salvação dessas almas. Esses trechos da Bíblia até hoje causam controvérsia. Teria realmente Jesus descido aos infernos para pregar aos espíritos que lá estavam em prisão? E teria Ele trazido a sua misericórdia para todas aquelas almas que sofriam nos porões infernais desde os tempos de Noé?

Cada segmento religioso traz sua própria interpretação. No setor evangélico existem pastores que afirmam que Jesus nunca desceu aos infernos, nunca pregou a almas condenadas que lá sofriam. Tudo seria uma questão de uma equivocada forma de analisar a questão. No Cristianismo primitivo, na época em que circulavam vários evangelhos que seriam depois classificados como apócrifos, a descida de Jesus ao inferno, logo após sua crucificação e antes de sua ressurreição, era visto como algo direto. Sim, ele teria mesmo visitado as fossas infernais do Hades (o termo que em grego significava justamente o lugar para onde as almas eram enviadas para o eterno sofrimento).

Para a doutrina católica temos a seguinte interpretação: Ao morrer na cruz Jesus teria descido à "mansão dos mortos" e vencido o diabo, pois Ele teria superado àquele que teria o poder da morte. Ao ressuscitar Jesus Cristo teria superado isso, mostrando toda a sua gloria. O termo "mansão dos mortos" seria mais amplo do que inferno, pois para essa mansão seriam enviados os justos e os pecadores. Uma vez lá Jesus teria levado consigo todos as almas dos justos, dos santos, dos que morreram antes de sua chegada ao mundo.

Dessa maneira Jesus não teria salvo os que foram pecadores, que pecaram contra Deus e o espírito santo, os condenados, enfim. Longe disso Jesus teria resgatado da mansão dos mortos os justos, os honestos e os fiéis a Deus. Essa visão seria inclusive a origem do purgatório, segundo alguns teólogos e historiadores, pois haveria um lugar intermediário entre o nosso mundo e o inferno. Para o purgatório seriam enviadas as almas que ainda não tinham condições de subir ao céu, mas que ao mesmo tempo também não deveriam ser enviadas ao inferno, para a condenação eterna. O purgatório seria dessa maneira um lugar intermediário, de purificação da alma, para que depois uma vez superados os pecados cometidos em vida, poderia enfim ganhar a glória de Deus no céu.

Pablo Aluísio.

Papa Gregório XIV

O conturbado século XVI ia chegando ao fim quando o cardeal Niccolò Sfondrati foi eleito o novo Papa. Ele adotou o nome papal Gregório XIV e se viu diante de mais crises políticas envolvendo a Igreja Católica. Havia uma enormidade de reis, rainhas, nobres, todos lutando entre si pelo poder e todos igualmente pedindo o apoio da Igreja para consolidar seus interesses pessoais. Só que conforme logo saberiam tinham batido na porta errada.

Niccolò Sfondrat passou para a história como um dos papas mais humildes que já tinham reinado no trono de São Pedro. Ele definitivamente não estava interessado nos jogos políticos da nobreza europeia e nem na guerra interna entre eles para assumir o poder supremo em suas nações, feudos e reinos. O novo Papa queria saber mesmo dos assuntos da fé e não da politicagem que teimava em chamar sua atenção.

Criado de forma humilde na cidade de Cremona, na Itália, o Papa teve uma infância feliz, passada ao lado de pessoas bem humildes da região. Ele nunca esqueceu de onde veio e procurou levar essa humildade para Roma, lugar aliás de que ele não gostava muito. Mesmo quando ele foi eleito cardeal pouco ia para a sede da igreja, não se envolvendo nas intrigas palacianas próprias da época. Muitos historiadores acreditam que essa forma de ser e agir foi a chave para sua eleição, pois ele nunca se envolveu em brigas entre grupos rivais dentro da igreja. Assim quando surgiu a nova eleição todos preferiram apoiar um homem que representava o equilíbrio, a sensatez ou como foi dito na época "uma terceira via".

Sobre esse Papa um cronista da época escreveu: "Nasceu na região de Somma Lombarda. Seus pais e antepassados sempre viveram em Cremona, embora alguns parentes fossem de Milão. Ele morou em Cremona por muitos anos, sendo um amigo próximo da família de Carlo Borromeo. Não se sabe ao certo quando decidiu se tornar padre e entrar para a vida eclesiástica. Suas motivações ainda hoje são desconhecidas. O certo é que em fevereiro de 1560 decidiu estudar para fazer parte do clero católico. Sua atuação como padre foi considerada maravilhosa pelas pessoas de sua paróquia, principalmente pelos atos de caridade que praticava com os mais pobres e miseráveis. Logo se tornou bispo de Cremona. Depois Roma soube de seus feitos e o fez Cardeal. Para Nicolo o que importava era fazer diferença em sua paróquia, por isso pouco ia a Roma, a não ser quando era preciso e necessário, para votar nos conclaves ou então para cumprir suas obrigações congregacionais. Quando se tornou papa resolveu homenagear o velho papa Gregório XIII, cuja história admirava.". O Papa Gregórius XIV morreu em 15 de outubro de 1591, tendo ficado pouco tempo como pontífice, apenas dez meses no mais alto cargo da igreja católica.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 2 de março de 2011

Arquivos do Vaticano - Edição III

Arquivos do Vaticano IV
Segue a seguir uma série de textos de natureza religiosa que escrevi para o blog Catolicismo em Maria. Os textos estão resgatados com a finalidade de arquivo pessoal de meus escritos.

Reflexões Sobre o Papa Francisco nos Estados Unidos - Após a extremamente bem sucedida visita dos Papa aos Estados Unidos é chegado o momento para algumas reflexões importantes. A primeira diz respeito às polêmicas que o Papa teria causado no coração da América. Entre elas uma das mais interessantes foi a da abolição da pena de morte e do controle do comércio de armas. Duas posturas singelas e extremamente corretas. Hoje tivemos a triste notícia de que mais de dez alunos foram mortos em uma universidade americana, um replay do que infelizmente costumeiramente anda acontecendo nos corredores de instituições de ensino nos Estados Unidos. Geralmente alguém com problemas mentais ou distúrbios de toda ordem tem um acesso absurdamente fácil a armas de fogo. De posse delas começa a promover atos bárbaros contra pessoas inocentes. Estaria o Papa Francisco errado por pensar dessa forma? Obviamente não e os exemplos, dos mais tristes que podemos pensar, vão se acumulando na história da nação estadunidense.

Em sua passagem pelos Estados Unidos o Papa também falou muito sobre reconciliação, superação de velhos sentimentos de ódio, raiva e rivalidade. O exemplo pode ser usado tanto para a conturbada relação entre Cuba e Estados Unidos como também para nossas vidas privadas. Ao longo da vida somos constantemente testados, levados a enfrentar situações complicadas, de pessoas que muitas vezes nos querem mal ou nos prejudicar. Não é fácil perdoar a quem nos quer o mal. Não é fácil, mas é possível, levando como exemplo a própria vida do Cristo Salvador. O sentimento negativo apodrece em nossas almas, assim o caminho cristão é certamente o do perdão, não porque em todas as situações a pessoa mereça esse perdão, mas sim para termos paz em nossas vidas. O perdão acalma e acalenta o coração e nos faz mais livres, leves e felizes.

O Papa Francisco também falou sobre a solidão que a tecnologia muitas vezes nos joga. Não é raro encontrarmos uma família que não mais se comunica entre si, todos absorvidos em seus próprios equipamentos eletrônicos. Não há mais o mesmo diálogo de antes, as mesmas trocas de olhares, o mesmo afeto. Todo mundo parece absorvido por seu celular de última geração, seu tablet ou seu computador. O Papa também chamou a atenção daqueles que trocam uma relação de amizade no mundo real por um curtida qualquer em uma rede social. Algo frio e sem sentimento, muitas vezes sem qualquer tipo de calor humano envolvido.

Por fim o maior dos absurdos. A acusação de que o Papa Francisco seria um comunista. O papa apenas segue a cartilha social da Igreja, algo que vem desde Leão XIII com sua encíclica Rerum Novarum. As pessoas que o acusam de ser uma espécie de "Papa Vermelho" porém só querem odiá-lo e nada mais, então ignoram esse aspecto que está disponível para todos (inclusive no próprio site do Vaticano que disponibiliza todos os documentos sobre o tema). Infelizmente é bem mais fácil o acusar de ser um marxista, em uma acusação despida de fundamento. É lamentável.

Papa Francisco no Madison Square Garden
Uma imagem vale mais do que mil palavras! Na extremamente bem sucedida passagem do Papa Francisco por Nova Iorque o líder espiritual mais carismático do mundo levou o Madison Square Garden em Nova Iorque ao delírio com sua presença. O impacto da passagem de Francisco pelas cidades americanas causou um verdadeiro furor na imprensa e no povo americano. No Madison o Papa Francisco rezou uma missa emocionante que já é considerada histórica pela mídia dos Estados Unidos. Nunca se viu nada parecido antes. Viva Francisco!

Papa Francisco nos Estados Unidos - Se há algo de bom que vem acontecendo nesses últimos dias essa é a visita do Papa Francisco nos Estados Unidos. Há um sentimento positivo no ar, nos jornais, pelas ruas das cidades por onde ele passa. Sei que minha opinião pode ser considerada pouco isenta pois sou um católico que adora minha religião, mas o fato é que poucas vezes se viu um líder religioso com tamanho impacto na mídia e nas pessoas em geral. O Papa Francisco é um fenômeno de popularidade, um furacão e isso é tão bom para o mundo em geral. Em uma época onde lemos e ouvimos tantas coisas ruins, negativas, desanimadoras, ver algo assim é um verdadeiro descanso e alívio para a alma e a mente.

Além do aspecto puramente religioso (que foi emocionante), a ida de Francisco ao Congresso americano e à ONU colocou na ordem do dia uma agenda positiva e saudável como há muito não se via. Levando para o lado americano o que temos visto é um desarme nas ideias de certos candidatos republicanos (como o idiota do Trump). A postura de Francisco sobre vários temas desmascara essa política de revanchismo e xenofobia, a removendo do caminho, colocando tudo em seu devido lugar. Saem o preconceito, o ódio, a intolerância e entram a misericórdia, a solidariedade e o amor. Isso é a base da religião e filosofia cristã e o Papa Francisco tem sido genial nesse aspecto. Ao invés de propor soluções absurdas como a construção de um muro entre México e Estados Unidos, a expulsão sumária de famílias de imigrantes, o Papa estendeu sua mão a todos os que vivem nos Estados Unidos e sonham com um futuro melhor para si e seus filhos. Um gesto de imensa grandeza e significado. Ao se declarar também um membro de uma família de imigrantes (seu pai imigrou da Itália para a Argentina), Francisco colocou abaixo qualquer tipo de sentimento preconceituoso e racista em relação a essas pessoas que muitas vezes são consideradas injustamente cidadãos de segunda classe. Sua presença dentro dos Estados Unidos certamente desarmou corações e mentes e prevejo daqui em diante o naufrágio dessas candidaturas radicais e retrógradas em solo americano.

É tamanho o impacto que o Papa vem causando em sua passagem pelas cidades americanas que um texto apenas não poderia ser suficiente para analisar tudo o que vem acontecendo. Só hoje aconteceu inúmeros eventos marcantes como a ida ao marco zero do WTC e a missa no Madison Square Garden para milhares de pessoas. Pensou que apenas os grandes superstars do rock iam ao Madison? Pois está enganado. Enfim, Francisco traz um sopro de ar fresco para o mundo poluído por cinzas, ódio e amargura. Francisco condenou a pena de morte, o comércio de venda de armas de fogo, ressaltou a importância da valorização do meio ambiente e criticou a desumanidade das políticas capitalistas ferozes que transformaram o ser humano em uma mera máquina e instrumento de lucro. Escrever mais o quê? Francisco é um ser de luz e só posso tirar o chapéu para o sumo pontífice. O Papa Francisco é literalmente uma benção nesse mundo tão dividido, preconceituoso, racista e intolerante. Sua presença demonstra que sim, há uma luz no fim do túnel. Não percamos nossas esperanças jamais. Grande Papa Francisco...

O Papa Francisco nos Estados Unidos - Esse é um papa diferenciado. Desde que aterrisou em Washington e foi recebido pelo presidente Obama ele tem dominado todas as atenções. Pela primeira vez na história um papa discursou no congresso americano. Sua visita tem tido uma grande repercussão na mídia, fruto da própria personalidade de Francisco, um homem muito carismático e afetuoso. Seus exemplos de humildade e simplicidade com o próximo tocaram fundo no coração de todos, até mesmo dos americanos, uma nação de forte tradição protestante. Em sua fala para os deputados e senadores americanos o papa tocou em assuntos importantes, mas dois chamaram mais a atenção. Um deles obviamente foi a condenação à pena de morte. Para quem acompanha Francisco em seus pronunciamentos no Vaticano isso não seria exatamente uma surpresa pois ele sempre tratou sobre o tema em suas homilias. A imprensa americana porém não esperava que Francisco viesse ao congresso condenar a pena capital. Na realidade esse foi um tema surpresa pois poucos esperavam de fato que Francisco fosse tocar nesse assunto tão controverso.

A questão é que muitos estados americanos aboliram a pena de morte nos últimos anos. Pesquisas e estudos demonstram que seu impacto nos índices de criminalidade são modestos, ao contrário do que prega o senso comum. No outro arco Francisco também condenou a venda de armas de fogo, outro aspecto muito polêmico de seu discurso uma vez que tradicionalmente os Estados Unidos sempre deram direito ao porte de arma a praticamente qualquer cidadão. Essa relativa facilidade inclusive deu origem a tragédias infames, inclusive envolvendo jovens estudantes em instituições de ensino. Basta lembrar do massacre de Columbine e outros casos semelhantes. Existem grupos que defendem o uso irrestrito de armas de fogo na América, inclusive formado por setores mais radicais. Para essas pessoas o uso de armas faz parte do espírito da nação. Enfrentar esse tipo de pensamento retrógrado não é algo fácil.

Outro tema que chamou muito a atenção desde que Francisco chegou nos Estados Unidos é o problema dos imigrantes no país. Desde sua formação essa nação foi criada e forjada pela força do trabalho do imigrante. Não é por outra razão que esse aspecto é tradicionalmente conhecido como o "sonho americano". Os que chegam na América vão com a intenção de recomeçarem suas vidas, abrindo novos caminhos e horizontes no futuro. Esse é um tema muito presente na corrida presidencial. Alas mais conservadoras do partido republicano defendem o slogan da restrição cada vez maior de direitos a famílias de imigrantes. O próprio candidato Trump defende que muitos mexicanos que entram nas fronteiras americanas só o fazem para formar gangues de criminosos. Um pensamento insensato e muito preconceituoso. Assim cresce a cada dia uma tendência na política para a expulsão dessas pessoas. Em seu discurso no congresso o Papa Francisco se posicionou em favor dessas pessoas, inclusive chamando a atenção dos senhores congressistas que ele próprio era um filho de imigrante (seu pai imigrou da Itália para a Argentina antes de seu nascimento). 

Para Francisco todos os esforços devem ser feitos para ajudar a fixação dessa leva imigratória em direção aos Estados Unidos. Dar trabalho digno para essas famílias para que elas consigam atingir seus objetivos e sonhos. Nada baseado em preconceito ou xenofobia poderá prosperar em um país tão cristão. Por fim Francisco também lembrou dos jovens. Muitos estão desempregados, sem trabalho e sem esperanças. O Papa Francisco lembrou a todos que os jovens formam o futuro e devem ser protegidos pelo Estado. O primeiro emprego, a primeira afirmação como tais, como trabalhadores, para que ganhem o direito à sua própria dignidade. Usando figuras históricas como exemplos tais como Lincoln e Martin Luther King, Francisco finalizou suas palavras lembrando que o exemplo deles deve ser usado como guia para as decisões futuras. No fim da cerimônia Francisco se dirigiu até a sacada do congresso americano e lá saudou uma multidão de pessoas. Muito simpático falou uma frase muito espirituosa que arrancou risos ao dizer: "Estou muito feliz de estar aqui no meio de tantas pessoas poderosas... claro que estou me referindo às nossas crianças". Mais Francisco do que isso, impossível.

O catolicismo nos Estados Unidos - A visita do Papa Francisco vem em um momento interessante do catolicismo americano. Várias pesquisas foram realizadas nos últimos dias sobre o perfil médio do católico norte-americano. Embora alguns dados sejam contraditórios há um certo consenso sobre as estatísticas apuradas. Há uma clara mudança do rebanho católico em relação com às suas origens. Quando Bento XVI visitou os Estados Unidos em 2008 havia mais católicos entre a população branca nascida nos Estados Unidos. Agora os dados apresentam um ligeiro aumento no número de católicos em geral por causa da forte presença de imigrantes em sua maioria vinda da América Latina com queda entre o primeiro grupo. Quando Bento XVI veio para sua primeira visita um a cada quatro americanos brancos nascidos nos Estados Unidos se declarava católico. Agora um a cada cinco americanos natos se diz católico. Em contrapartida entre os imigrantes esse número aumentou. Entre os que vieram de outras nações o catolicismo subiu cinco pontos percentuais - um aumento expressivo que puxou o número total de católicos nos Estados Unidos para cima como um todo - mostrando a força da presença de origem estrangeira no país. Os dados são da empresa de consultoria e estatística Pew Research Center.

Em relação a regiões o catolicismo americano sempre foi tradicionalmente mais presente no nordeste e centro-oeste do país. Isso se deveu a forte presença de imigrantes europeus que chegaram nos estados dessa região em meados do século XIX. Agora a grande massa católica americana está localizada nos grandes centros urbanos, nas grandes cidades, principalmente nos estados da Califórnia e Nova Iorque, fruto da intensa imigração hispânica. Segundo dados recentes vinte e sete por cento dos católicos adultos nasceram no estrangeiro. Os políticos estão de olho nesse tipo de pesquisa e isso obviamente levou a mudanças dentro da própria classe política. Para se ter uma ideia da atual situação mais de seis candidatos republicanos à presidência dos Estados Unidos hoje são católicos. Um número muito relevante se formos pensar que o último presidente católico a sentar na Casa Branca foi John Kennedy nos anos 1960. Jeb Bush, irmão de George W. Bush, um dos candidatos à presidência, é um católico convertido, com grandes chances de disputa ao cargo. Na última eleição presidencial, que elegeu Obama, o rebanho católico se dividiu entre democratas e republicanos. Cinquenta por cento dos católicos votaram no candidato democrata Obama, enquanto quarenta e oito por cento deram seus votos ao adversário republicano. O apoio democrata a mudanças na legislação em prol dos imigrantes ilegais deve mudar esse estado de coisas, fazendo com que a partir de agora mais católicos votem no partido democrata.

Já entre o clero americano a maioria se diz conservadora. É curioso que em um dos países mais liberais do mundo o clero católico seja fortemente conservador e tradicionalista, criando inclusive fortes focos de resistência ao próprio Papa, visto como um dos mais liberais dos últimos tempos. Um dos representantes mais ativos dessa ala mais conservadora da Igreja americana é representada pelo Cardeal Raymond Leo Burke (foto acima), que inclusive manteve uma postura de oposição ferrenha contra certos grupos da Igreja romana que ansiavam por mudanças teológicas na doutrina da instituição. Para analistas do Vaticano o ultra conservadorismo da Igreja norte-americana provém dos vários casos de pedofilia que assolaram a Igreja americana nos últimos anos. Para combater esse tipo de situação escandalosa foi necessária uma guinada forte rumo ao conservadorismo, rejeitando qualquer tipo de postura mais liberal entre o clero. É justamente essa a Igreja que Francisco encontrará na América: conservadora, dura em suas convicções e mostrando forte disposição de lutar por uma doutrina mais tradicional.

Papa Francisco nos Estados Unidos - O Papa Francisco desembargou hoje nos Estados Unidos, em Washington. Ele foi recebido pessoalmente pelo próprio presidente americano Barack Obama que fez questão de apresentar toda a sua família para o Santo Padre. Muito sorridente, como sempre, e carismático, Francisco agradeceu as boas-vindas. No primeiro dia nos Estados Unidos o Papa não terá agenda a cumprir, a não ser descansar de seus compromissos em Cuba, visita que foi considerada um completo sucesso. Na América o Papa Francisco discursará na ONU, no Congresso Americano e rezará missa para esperados dois milhões de pessoas na Pensilvânia no chamado encontro mundial das famílias.

Papa Francisco em Cuba
O Papa Francisco começou mais uma viagem histórica, dessa vez em Cuba. A viagem é o ápice de uma nova jornada de Francisco na aproximação diplomática de duas nações, Cuba e os Estados Unidos. Durante décadas os dois países, com regimes políticos e econômicos bem diversos, trocaram hostilidades internacionais. Sob o pretexto de que Cuba havia se transformado em uma ditadura comunista o governo americano ergueu um bloqueio econômico e financeiro que dura décadas, algo que acabou asfixiando a economia de Cuba. Desde o momento em que assumiu o trono de Pedro, Francisco tem se esforçado para aproximar os dois governos. Seu esforço rendeu inúmeros frutos, entre eles a aproximação inédita entre os dois países. Desde o começo Francisco ganhou a imediata simpatia do presidente Obama que já deixou claro, em diversas declarações para a imprensa, de sua profunda admiração pelo santo padre, seu modo de ser e sua humildade. Depois de muitos anos finalmente a embaixada americana foi reaberta em Havana. Mais uma concretização da vontade do Papa Francisco em busca da paz e da amizade entre os povos.

Essa foi a primeira vez que um Papa da América Latina chega a Cuba. Antes dele a ilha recebeu as visitas de João Paulo II e Bento XVI. A aproximação cultural já torna a visita de Francisco uma das mais bem sucedidas do sumo pontifice. A mensagem do Papa tem sido acompanhada de perto por toda a imprensa mundial. Muitos andam criticando sua visita como se fosse algum tipo de apoio indireto do Papa ao regime dos irmãos Castro. Outros vão além e cometem a barbaridade de acusar o Papa de ser na verdade um comunista! Bobagens espalhadas pelas redes sociais. A palavra de Deus deve ser levada a todas as nações e ainda mais no países comunistas que pregam o ateísmo. Isso em nada transforma Francisco em um comunista como muitos dizem. Ele reaproximou EUA e Cuba, levando a paz e a amizade entre os povos. Foi isso que Cristo pregou a vida inteira. Quem não entender isso sequer pode se dizer cristão de verdade.

Há um contexto histórico maior e mais profundo nessa visita. O Papa Francisco não fechou os olhos para o problema do regime ditatorial em Cuba e isso pôde ser percebido logo no primeiro discurso do Papa no aeroporto de Havana. Falando em liberdade o Papa lembrou a todos, inclusive ao presidente Raúl Castro, que estava ao seu lado, da importância da alternância de poder e do fim das dinastias de grupos e pessoas que se apoderam do poder por décadas. O poder pertence ao povo e nada mais. Uma mensagem mais clara do que essa não seria possível e não deixa dúvidas da verdadeira posição política do Papa em sua visita a Cuba. Lembrando o exemplo dos mártires e dos membros do clero católico que deram suas vidas em Cuba, Francisco pediu pela proteção da padroeira de Cuba, Nossa senhora da caridade, dos pobres.

Sua passagem por Cuba tem uma inegável importância histórica, algo que será lembrado por anos e anos. Francisco conseguiu unir novamente dois povos que andavam cultivando uma briga que durava décadas. Assim o Papa leva paz, harmonia e amizade, colocando fim a muitos anos de desavenças. Essa é no final a grande mensagem deixada pelo Cristo em sua passagem pela Terra. Agindo sob essa bandeira Francisco dá não apenas exemplo de diplomacia internacional, mas também do profundo amor de Deus por toda a humanidade, sem se importar com ideologias ou regimes políticos. Tudo de acordo com a própria prece de São Francisco de Assis que dizia: "Senhor, Fazei de mim um instrumento de vossa Paz. Onde houver Ódio, que eu leve o Amor. Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão. Onde houver Discórdia, que eu leve a União."

As polêmicas envolvendo o Papa Francisco - Na semana que passou o nome do Papa Francisco foi envolvido em várias polêmicas que repercutiram muito nas redes sociais e na imprensa. Isso já vinha de certo tempo. As questões agora envolvem o aborto, a anulação de casamento com a recuperação dos divorciados perante a Igreja Católica e finalmente uma frase do Papa que foi tirada de seu contexto ao se referir sobre Jesus e sua morte. A primeira questão diz respeito ao que a imprensa vem chamando de anulação de casamentos. Dom Henrique Soares da Costa explicou de forma cristalina a questão ao escrever: "a Igreja não anula matrimônios. Cristo não lhe deu este poder! O que ela faz é reconhecer que, sob certas condições, não houve realmente matrimônio. Aí, então, declara-se a nulidade daquele matrimônio que diante de Deus nunca existiu! O matrimônio rato e consumado, todo nos conformes, continua e continuará indissolúvel e a Igreja sobre isto nada pôde fazer porque o seu Senhor e Mestre não lhe concedeu esta autoridade! Diante de Cristo todos somos discípulos: um só é o Mestre, um só o Guia, um só o Senhor!" Depois explicou ainda mais a questão ao dizer: " O Papa tomou medidas para que os processos de reconhecimento de nulidade sejam mais ágeis. Já há muito vem se tentando um modo de simplificar tais processos sem em nada macular a indissolubilidade do matrimônio. Pela quantidade de processos e cuidado da Igreja em salvaguardar o matrimônio, caso ele tenha realmente existido, esses processos demoravam demais."

Sobre o aborto a questão ainda é mais complicada. O Papa afirmou que a Igreja iria conceder neste Ano da Misericórdia o perdão pelo pecado do aborto. Isso inclusive, segundo desejo expresso de Francisco, seria concedido até mesmo pelos padres nas milhares de paróquias ao redor do mundo. Algumas pessoas menos informadas começaram a divulgar a equivocada mensagem de que a Igreja Católica havia deixado de considerar o aborto como um pecado! Um absurdo, efeito da desinformação que se propaga hoje em dia mais rapidamente do que é possível conter por causa da internet e das redes sociais. Pois bem, se você ouvir ou ler algo assim por aí não acredite nisso. O aborto jamais deixou de ser um grave pecado, mortal, para aqueles que o cometem. Novamente Dom Henrique Soares da Costa em um misto de decepção e choque pelo que vem sido explorado pela imprensa declarou: "É de um sensacionalismo vergonhoso e desinformado o modo como os meios de comunicação noticiam alguns fatos na vida da Igreja. Primeiro a tolice de que agora o aborto seria um pecado menos grave para os católicos. Conversa! O aborto é pecado gravíssimo, é pecado mortal! Não entre na Vida quem tira a vida de um inocente! O que o Santo Padre fez foi, neste Ano da Misericórdia, conceder a qualquer padre a faculdade de perdoar pecados de aborto. Normalmente, o perdão para este tipo de pecado depende de algumas normativas dos Bispos. Foi um belo gesto do Papa, exprimindo a largueza do perdão do Senhor para os que se arrependem sinceramente de pecado tão grave."

Por fim a outra polêmica vem de uma notícia usada de forma bem sensacionalista pela imprensa. Em muitos órgãos de notícias foi divulgado que o Papa Francisco teria dito a seguinte frase: "Eu, popular? Jesus também foi e olha como acabou!". A maneira que o Papa Francisco se expressou foi tirada de seu contexto, algo maior que ele estava tentando expressar em uma entrevista concedida à rádio católica portuguesa Renascença no último dia 8. Na verdade Francisco afirmou: "Muitas vezes, me pergunto como será a minha cruz, como é a minha cruz. As cruzes existem, não as vemos, mas existem. Também Jesus foi popular em um certo momento e terminou como terminou. Para ninguém está garantida a felicidade mundana! Precisamos aprender a não julgar os outros porque podemos ser hipócritas. Um risco que todos devem tomar cuidado: do Papa para baixo!". Basta ler para entender que Francisco não estava, em momento algum, tentando rebaixar a figura de Jesus, o colocando como alguém que teve um fim indigno ou não glorioso. O Papa Francisco estava na verdade fazendo era  uma comparação sobre a vida nesse mundo material e a glória na vida espiritual, fazendo um contraponto entre ambas. Basta ler o contexto inteiro para perceber que Francisco estava na verdade tratando de um tema muito mais amplo, complexo e profundo do ponto de vista espiritual e religioso.

Papa Francisco e os Refugiados na Europa - O Papa Francisco ordenou nesse domingo que a Igreja Católica em toda a Europa abra as portas para ajudar a todos os refugiados que estão fugindo da guerra civil na Síria e Iraque. Para Francisco chegou o momento de todos os católicos demonstrarem a misericórdia de Deus para com todos os imigrantes. Na Praça de São Pedro, na presença de milhares de pessoas, Francisco afirmou que diante da tragédia de centenas de milhares de famílias de refugiados que fogem da miséria e da guerra era chegado o momento de atender ao chamado do evangelho, estendendo a mão para lhes dar uma esperança concreta no futuro. Depois Francisco ordenou que cada paróquia, que cada santuário, que cada mosteiro católico na Europa acolhesse as famílias de imigrantes. Adotar uma família de refugiados para Francisco é uma forma de expressar o evangelho de Cristo em termos concretos, na prática.

O exemplo começa dentro dos próprios portões do Vaticano. Francisco determinou que fossem providenciadas moradias para famílias refugiadas que chegassem até o coração da cristandade na Europa. Assim Francisco procura demonstrar que o evangelho tem que ser também concretizado em atos de ajuda ao próximo no dia a dia. Uma obra de fé e ajuda ao necessitado que se constrói para os milhares de refugiados que cruzam as estradas da Europa nesse exato momento. A crise humanitária tem dominado todo o noticiário ao redor do mundo, ainda mais após a divulgação chocante da morte um pequeno garotinho de apenas de 3 anos, encontrado morto por afogamento em uma das praias da Turquia.

Os refugiados estão chegando de todas as partes, porém Hungria, Grécia e Macedônia viraram rotas de fuga em direção para Áustria, Alemanha, Inglaterra e França, os países mais ricos da União Europeia. Os governos desses países ainda estão atordoados com o mar de gente que chega todos os dias em seus territórios, mas impulsionados pela opinião pública e por diversos pronunciamentos do Papa Francisco, está se providenciando uma série de medidas de urgência para ajudar a todas essas pessoas desesperadas, rumando em busca de um futuro melhor. Lutando contra um certo sentimento de xenofobia e nacionalismos exarcebados, Francisco tem reiteradamente apelado para o lado misericordioso de todos os cristãos, mesmo para com essa população que é predominantemente muçulmana. Para Francisco isso não importa, o mais importante agora é evitar de todas as formas o agravamento dessa verdadeira crise humanitária pela qual passa a Europa nesse momento.

Papa Francisco e a crise dos imigrantes - O mundo vive uma crise de refugiados de guerra. Em países assolados por guerras civis como a Síria, por exemplo, não existe outra saída a não ser a imigração para países que tragam algum tipo de oportunidade. A Europa está sendo literalmente invadida por milhares de pessoas provenientes de regiões destruídas, famílias inteiras procurando por uma saída e um futuro.

O Papa Francisco alertou sobre a situação no Vaticano, principalmente após a trágica morte de um grupo de imigrantes cujos corpos foram encontrados em um caminhão que deveria transportar carne bovina. A tragédia escandalizou a Europa e Francisco resolveu tratar mais uma vez sobre o tema - ele tem insistindo sempre nesse ponto, mostrando a fragilidade da vida humana. O Papa deixou claro que mortes como essas "Ofendem toda a humanidade" e que os países ricos precisam adotar políticas eficazes para evitar que novos acontecimentos tristes como esse voltem a acontecer.

O Papa Francisco ressaltou: "Uno-me a toda a Igreja na Áustria em oração pelas 71 vítimas, incluindo quatro crianças. Confio cada um deles à misericórdia de Deus. É muito triste saber que nos últimos dias, muitos imigrantes perderam a vida em suas jornadas terríveis" Por trás de mortes como essas se esconde toda uma rede de tráfico humano que extorque, ameaça e muitas vezes matam as pessoas que precisam imigrar para outras partes do mundo.

Até alguns anos atrás a Europa havia sido poupada desse fenômeno - era mais comum isso acontecer na fronteira entre México e Estados Unidos - mas agora, com a guerra civil na Síria, a ameaça do Estado Islâmico e a desestabilização política de vários países do norte da África o velho continente tem sido literalmente invadido por fluxos cada vez maiores de imigrantes fugindo da pobreza, da fome e da guerra. A situação definitivamente não é fácil e nem parece haver uma solução a médio e curto prazo.

Pablo Aluísio.

A Violenta Religião Azteca

Bom, pelos livros oficiais de história você vai aprender a seguinte teoria: os povos chamados pré-colombianos (Maias, Aztecas e Incas) viviam felizes e prósperos na América Central e parte da América do Norte quando os malvados colonizadores espanhóis e europeus chegaram impondo sua religião cristã, tanto da vertente católica como protestante, e assim cometeram um grave crime cultural ao sobrepor a crença no deus cristão em relação àqueles povos que tinham sua própria religião.

O que muitos livros de história do ensino médio escondem dos estudantes é que as religiões pré-colombianas eram extremamente violentas e sangrentas. Os cultos eram baseados em sacrifícios de sangue, onde pessoas eram assassinadas nos altares a deuses igualmente violentos e sedentos de sangue humano. Mulheres, crianças, adolescentes, idosos, não importava, eles eram massacrados nesses altares "religiosos".

Suas vísceras eram abertas, o coração arrancado de seus peitos e levantados ao ar pelos sacerdotes. Depois a cabeça das vítimas eram golpeadas com um pesado bastão. Por fim, para fechar a sangrenta e violenta cena, os sacerdotes vinham a arrancavam a cabeça das pessoas dadas como sacrifícios aos deuses pagãos. A cabeça era jogada do alto das pirâmides e ia rolando escada abaixo, até parar na base do templo, onde estacionava em um mar de sangue.

O cristianismo jamais iria compatibilizar com uma religião tão insana e sangrenta como essa. Um Deus cristão não exige sacrifícios de sangue, morte de pessoas inocentes, cujo sangue era bebido em cálices ditos "sagrados". Pensar que tudo se resume em uma invasão cultural de natureza religiosa é simplesmente ignorar o que era feito nas Américas antes da chegada do colonizador europeu. É uma visão parcial que esconde as verdadeiras históricas dessa mudança. Os povos americanos foram cristianizados e nisso não há qualquer erro. Caso contrário as velhas práticas de sacrifícios humanos continuariam, algo impensável nos dias atuais.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de março de 2011

O Paganismo e a Igreja Católica

Um dos argumentos mais absurdos e contraditórios da doutrina protestante desde os seus primórdios é aquele que afirma que a Igreja Católica seria na verdade uma nova faceta do paganismo dos tempos antigos. Como muitas outras falácias protestantes essa também nunca teve o mínimo de fundamentação histórica. Antes de qualquer coisa é importante esclarecer o que significa o termo paganismo.

Nos tempos pré-cristãos esse termo não tinha muito sentido. Havia inúmeras crenças e superstições circulando por toda a Europa. Essas crenças diferentes não tinham grandes ligações entre si. Havia crenças com inúmeros deuses (como a religião romana dos tempos imperiais), outras que acreditavam que a divindade provinha das forças da natureza (como as primeiras manifestações de bruxaria, feitiçaria, etc) e outras formas de espiritualidade de menor expressão.

Quando surge o cristianismo criou-se o termo paganismo para definir algo bem genérico, na maioria das vezes significando aquilo que não era cristão. Assim toda a crença que não tinha Jesus como foco central era considerada paganismo. Isso englobava inúmeras e diversas formas de manifestações religiosas que tinham as mais diversas características, mantendo apenas algo em comum: o desconhecimento ou a não crença na figura de Jesus Cristo como salvador e personificação humana, terrena, de Deus na Terra. Eram pagãos tanto os seguidores da velha religião imperial de Roma, com seus deuses do panteão, como os seguidores da religião do antigo Egito, os feiticeiros, as bruxas, etc. Paganismo não significa apenas um tipo de religião como muitos pensam, mas sim uma imensa galeria de credos antigos, que não seguiam e não acreditavam em Jesus de Nazaré. Apenas isso.

Esclarecido o significado do termo paganismo fica bem claro para todos como é fruto de ignorância afirmar que a Igreja Católica seria a seguidora do antigo paganismo europeu. É absurdo. Primeiro porque historicamente uma das primeiras bandeiras do catolicismo era converter os adeptos de todas essas crenças não cristãs (pagãs) ao cristianismo. Segundo porque tendo Jesus como figura central de sua doutrina religiosa o catolicismo jamais poderia ser classificado como paganismo. É pura bobagem, falácia, outra argumentação da doutrina protestante que não se sustenta quando se estuda a história das religiões e o surgimento do cristianismo na Europa antiga.

Pablo Aluísio.

Papa Urbano VII

O Papa Urbano VII passou para a história como Urbano, o Breve. A razão do título se deu por causa da brevidade de seu papado. Urbano ficou apenas 13 dias no trono de Pedro. Ele morreu antes mesmo de completar duas semanas no poder. O que teria acontecido? Por muitos anos se especulou que Urbano teria sido envenenado, pura e simplesmente. Afinal muitos papas foram envenenados e assassinados no Vaticano durante a história. Ele provavelmente não teria sido uma exceção.

Estudos históricos mais recentes porém demonstram que a verdade provavelmente foi bem mais simples. Ao invés de tramas e conspirações de assassinatos, o que teria acontecido é que Giambattista Castagna teria subido ao trono papal já muito doente. Ele havia contraído malária durante seus anos como cardeal na Espanha. Essa doença é traiçoeira, nunca deixando o paciente totalmente curado. Com os anos ela vai piorando.

Durante o conclave o cardeal Castagna demonstrava superficialmente gozar de boa saúde. O fato porém é que ele escondeu dos demais cardeais seus graves problemas de saúde. No século XVI houve uma intensa movimentação entre as metrópoles e suas colônias. Colonizadores, navegadores e europeus iam até o novo mundo, as Américas, e de lá traziam doenças tropicais que não eram muito conhecidas dos europeus. A Espanha era uma dessas metrópoles colonizadoras, uma potência militar que explorava o continente recentemente descoberto. O cardeal Castagna provavelmente esteve em algum lugar de contágio enquanto trabalhava nas cidades espanholas. Quando retornou ao Vaticano já estava doente.

Em menos de 13 dias de papado não há muito o que se fazer, nem o que conspirar contra. Por isso os historiadores acham muito improvável que tenha surgido uma conspiração de assassinato para matá-lo, até porque o Papa ainda era bem visto de seu clero. Ninguém realmente o odiava naqueles breves dias como Papa para o envenenar assim, tão prematuramente. Urbano VII morreu em 15 de setembro de 1590. Ele tinha 69 anos de idade. Sua morte foi um choque em Roma. Os sintomas que o atingiram no leito de morte corroboram a tese de que de fato ele morreu da famigerada e temida malária, uma doença dos navios que iam e vinham das terras da América.

Pablo Aluísio.