sábado, 4 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 83

A Última Noite de Elvis Presley
"Na noite da morte de Elvis Presley em agosto de 1977, seu meio irmão Rick Stanley foi um dos últimos a vê-lo com vida. Rick Stanley prestou depoimento que se segue à revista People, mostrando aspectos ternos da personalidade de Elvis, embora sem fugir à realidade das drogas e do sexo. A vida com Elvis Presley, diz ele, era realmente sexo, drogas e rock'n'roll".

"Uma tarde minha mãe chegou em um bonito continental com um cara que era um perfeito estranho para mim. Saí da escola, e minha mãe estava no banco de frente com o cara, que nos apresentou como nosso novo pai, Vernon Presley e nós três (Rick e seus dois irmãos) fomos colocados no banco traseiro". Bem deixamos a escola e nos dirigimos para a mansão, Graceland. E de repente eis uma grande, bela casa. A primeiríssima coisa que notei foi aqueles guarda-costas - aqueles camaradas andando em volta com grandes armas debaixo do braço.

Dentro, andei num corredor cheio de espelhos e achei maravilhoso que aqueles grandes discos de ouro estivessem por toda parte. Elvis estava de pé junto ao toca-discos ouvindo música. Ele atravessou a sala, e eu soube na primeira vez que eu encontrei esse sujeito que ele era diferente. Então Elvis disse: "Estes são meus pequenos irmãos. É assim mesmo que eu vou tratá-los". Aqui está este cara, tão grande quanto a vida, 19 anos mais velho que eu, e ele nos torna em sua família. Elvis era uma pessoa realmente especial.

Na manhã seguinte eu saí, e lá estava ele. E também pôneis, gatos, cachorros, motonetas, bicicletas, e calções para nadar. Ele e seus empregados tinham ido à loja para comprar todos aqueles brinquedos só para mim e meus irmãos. E Elvis quebrou o hábito de dormir o dia todo só pra ver meu rosto brilhando quando vi aquilo tudo.

Eu me senti muito em casa quando estava em Graceland. Vivemos com Vernon como vizinhos de porta, e quando Elvis estava em casa, eu ia vê-lo. Elvis adorava assistir ao futebol. Eu segui seu exemplo, e passávamos horas e horas no quintal. Um dia ele decidiu que queria consertar as cercas. Saiu e com um martelo e pregos, e enfiou dez pregos em uma tábua só, feito criança.

Quando eu tinha 17 anos, estava começando nas drogas e Elvis deu a entender que poderia ajudar a endireitar as coisas. Queria que eu fosse trabalhar com ele como seu auxiliar pessoal, mas sabia que seria difícil convencer minha mãe a me deixar pôr o pé na estrada. Então ele disse que eu teria um tutor especial, poderia estar na igreja todas as manhãs, todas aquelas coisas diferentes.

Minha primeira viagem foi a Washington. Estávamos no avião, ele à janela, e eu à sua direita. Elvis apenas olhou pra mim e disparou: "eu sou seu professor" - com aquele grande riso em sua face. "vou ensinar tudo o que você precisa aprender, e, portanto tudo o que você vir ou ouvir no caminho, não diga nada em casa ok?"

Fomos para o hotel, ficamos cinco minutos, e todas aqueles garotas estavam lá. Todos aqueles caras tinham posto garotas a nos esperar! Nenhuma das esposas teve permissão para sair em viagens conosco e aquela era um das razões. Elvis olhou para mim e disse: "Tem duas meninas que eu arranjei e estão vindo para cá. Joyce e Janice". Ele era um homem casado e não arranjou só uma garota, arranjou duas!!

Era a noite em que Elvis me iniciou naquilo que apelidava de "Máfia de Memphis". Chamou-me às quatro ou cinco da manhã e me mandou procurar um chessburguer, Washington afora. Era dezembro de 1970, tempo gelado. Quando disse que queria chessburguers, eu respondi: "Onde vou encontrá-los?" e ele disse: "Isto é com você, se vira". Liguei para o vigia noturno, ele não sabia. Então eu literalmente me lancei nas ruas da capital e encontrei um lugar. Coloquei os chessburguers dentro do casaco e corri todo o caminho de volta para o hotel. Subi as escadas, entrei no quarto, e uma das garotas estava lá. Peguei os chessburguers e estendi para Elvis, e ele disse: "Não quero. Eu estava só lhe experimentando, para ver se você é capaz de fazer coisas assim".

Muitas vezes eu tomei conta dele quando estávamos na estrada. Ficou claro que precisava cuidar de toda a comida. Cuidei do guarda roupas e das jóias, escureci as janelas para o sol não entrar, arrumei o quarto e carreguei o kit que continha todos os remédios (drogas) dele. Também cuidava de seus documentos como a carteira de agente especial do FBI que lhe foi dado pelo presidente Richard Nixon. Quando estava fora do palco era minha responsabilidade pôr uma toalha em volta de seu pescoço, um copo de água na mão, um casaco nas costas. Normalmente, no carro, ficávamos ele e eu no banco de trás, com alguém dirigindo.

As garotas estavam sempre à mão. Era só apanhar a que ele queria. E ele queria uma a cada noite. Tinha de ter alguém na cama. Não penso que o sexo fosse o motivo principal o tempo todo. O fato era que odiava ficar só. Se não houvesse uma garota eu dormia ao pé da cama.

Eu sempre instruía as garotas que passavam a noite com Elvis. Dizia o que ele gostava e não gostava. Dizia que se as coisas deveriam andar do jeito correto. Dizia que Elvis gostava de comer na cama, então eu colocava um espécie de mesa sobre a cama. Dizia que Elvis sempre comia e dormia de pijama, e que eu deixava alguns de seus pijamas em cima da banheira para elas. E dizia que Elvis insistia que todas as pessoas em volta dele estivessem limpas, portanto elas deviam tomar banho antes de colocar os pijamas.

Elvis sempre pareceu solícito. Importava-se com as pessoas. Seus atos de generosidade para com gente totalmente estranha estavam em toda parte. Posso lembrar crianças em cadeiras de rodas vindo atrás do palco antes dos concertos e Elvis visivelmente comovido e estremecido. Ficávamos até preocupados, pensando se ele seria capaz de cantar em situações assim.

Na última noite de sua vida, eu acabara de desligar o telefone. Falava com minha namorada, Robyn. Através dos anos ela me encorajava a largar as drogas, e, quando estava pendurando o telefone, ia dizer que alguma coisa precisava acontecer para trazer minha vida de volta. Subi as escadas e sentei na cama com Elvis. Ele puxou os óculos sobre o nariz - tinha aquela espécie de olhar cortado ao meio - e encostou o canto dos óculos na boca. Realmente pareceu frio. Suas costeletas estavam grisalhas. Estava muito maduro. Parecia muito, muito cansado, não fisicamente cansado, mas emocionalmente gasto.

Enquanto sentávamos e conversávamos um pouco, ele me entregou um pedaço de papel, a resenha do livro "Elvis, o que aconteceu?" escrito por seus guarda-costas. Falava do abuso de drogas e de sua vida particular. Fez duas perguntas: "O que Lisa Marie vai falar disso?" e eu não tive muito a responder. Apenas disse: "Bem, ela é sua filha. Estou certo que ela te ama". E então me perguntou: "O Que os fãs vão pensar disto?", e mesmo sem pensar eu fui capaz de dizer: "Bem, eles te amam incondicionalmente".

Ele falou durante muito tempo. Uma viagem começava no dia seguinte e ele não estava excitado sobre isso tudo. Quando eu ia embora, Elvis disse: "Não quero ser perturbado, não quero ser aborrecido". Muitas vezes eu tinha visto Elvis fora de si quando ia ao banheiro, ficava sentado e caía. eu tinha de levantá-lo quando aquilo acontecia. Muitas vezes. E esta é a minha teoria sobre a morte de Elvis. Veja aquele tapete grosso. Grande, Grosso. Naquela noite, quando ele caiu pra frente, sendo tão pesado, e estando fora de si, não conseguiu levantar-se com suas próprias forças. E sufocou no tapete.

"Alguém disse uma vez que as três palavras mais ouvidas no mundo ocidental eram: Jesus, Coca-Cola e Elvis Presley. Quando você pára e pensa em usar essa fama para alguma coisa boa, bem, então eis aí um final feliz"

RICK STANLEY largou as drogas e com o apoio de sua namorada Robyn conseguiu sobreviver e retomar sua vida. Hoje Rick é pastor na Igreja Batista de Tallahasse, Filadélfia.

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 82

Estará o mais popular gênero musical do século XX morto?

Estava andando pela quinta avenida na última sexta feira quando me deparei com a maior, senão a melhor loja de CDs da costa leste dos Estados Unidos. Resolvi entrar, atitude que tomei não só em razão da minha profissão de crítico de música, mas também porque queria conhecer os novos lançamentos para completar minha coluna aqui no "New York Times".

Lá dentro fui atendido por uma moça muito bonita e atenciosa. Perguntei logo: "Quero o CD mais vendido da loja na semana na categoria Rock". Prontamente me atendeu e me deu um CD de Elvis Presley!!! Como assim Elvis!? Como um cantor que não está mais vivo pode liderar a parada dos mais vendidos na maior loja da grande maçã? Logo o Rock que é o gênero musical dos jovens por excelência. Ela, vendo minha surpresa me disse que o Cd era vendido não só para os antigos fãs do cantor como também para jovens na faixa de idade de 17 a 23 anos.

Fiz uma conta rápida e cheguei a conclusão que muitos destes jovens sequer tinham nascidos quando o garoto de Memphis incendiava a América. Neste dia eu senti a grandeza e o valor do velho e bom Elvis.

Acompanhei toda a sua carreira, desde os anos iniciais, quando ele se tornou o maior nome da música jovem até os seus últimos shows e discos. Elvis foi grande num tempo em que todos eram gigantes em termos musicais. A cultura jovem nasceu com James Dean e Elvis Presley nos anos 50. Ser jovem passou a ser um orgulho e como disse Timothy Leary "Foi ótimo ter vivido os anos 50 e 60".

Dean se espatifou com seu carro e morreu logo, ficou pra sempre com o rosto de 24 anos, virou mito. Elvis viveu ainda 42 anos e teve uma vida intensa com altos e baixos na sua carreira, mas sempre lá marcando presença. Como estes também Hendrix, Morrisson e Joplin viveram tudo o que tinham direito e não conseguiram suportar o peso de sua própria liberdade. Viraram martires dos jovens de todo o mundo. Viver logo e intensamente. Carpe diem. Herdeiros tardios do Lord Byron.

Mas fica a questão: Será que nada mais de relevante ocorreu no Rock'n'Roll depois da morte de Elvis? A resposta é: Só o Nirvana trouxe algo de novo, mas Kurt Cobain fez jus aos seus ídolos e estourou seus miolos muito rápido. O legado de ser o maior no mundo do Rock traz seu preço. Depois disso, nada mais aconteceu de importante no ritmo das rochas rolando. A não ser que você goste de produtos de marketing de péssima qualidade (Guns'n'Roses) ou vovôs ridículos posando de adolescentes imaturos (Rolling Stones).

Pois é. O rock acabou virando vítima de seu próprio modo de encarar a vida, ou a morte. O gênero de Elvis, Chuck Berry, Beatles e tantos outros está morrendo aos poucos. como disse Lennon no final de sua vida: "Se você ficar muito tempo neste negócio de Rock'n'Roll acaba sendo apanhado".

PS: acabei comprando o CD de Elvis e estou adorando.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 81

O Último Trem para Memphis
A Primeira vez que Elvis Presley entrou em um estúdio de gravação foi no verão de 1953, com 18 anos. Ele parecia tão inseguro que Sam Phillips, proprietário da Memphis Recording Service, achou difícil de acreditar que o rapaz já houvesse cantado em público antes. "Ele tentou não demonstrar isso... mas ele se sentiu tão inferiorizado... Elvis Presley foi provavelmente a pessoa mais introvertida que já entrou naquele estúdio". Elvis tinha acabado de se formar no colégio em Junho. Estava trabalhando como motorista na M.B. Parker Machinists, e entrou no estúdio com a certeza que queria gravar um disco. O Memphis Recording Service ficava na 706 Union Avenue e era quase exclusivamente um gravadora de Blues naquela época. Funcionava sob o comando de um homem de 31 anos, Sam Phillips. A gravadora fazia promoções para quem quisesse gravar um compacto de forma mais barata e acessível. E Elvis foi uma das muitas pessoas que pagaram 4 dólares para gravar um compacto com sua própria voz.

Elvis esperava extremamente nervoso numa salinha ao lado, enquanto o pequeno estúdio era preparado para a gravação. A gerente do escritório de Sam Phillips, Marion Keisker, chegou a interromper seu trabalho por sentir pena do estado de nervos que o rapaz se encontrava. Eles conversaram um pouco enquanto Phillips fazia os acertos finais no estúdio. A conversa foi se alongando, e Marion confusa com a ousadia e "arrogância" do garoto tímido. Ela perguntou: "Que tipo de cantor você é?" "Eu canto qualquer tipo de música", respondeu Elvis. Ela voltou a perguntar: "Você canta parecido com quem?" Elvis Presley respondeu de primeira: "Eu não me pareço com ninguém".

O que ele disse estava próximo da realidade. As duas canções que ele gravou naquele dia - "My Happiness" e "That's When Your Heartaches Begin" - atestam que Elvis não só era diferente de qualquer outro cantor, como também havia uma grande qualidade em sua voz, um tipo de melancolia, de lamento que não se alterava e que grudava na mente. Elvis soava diferente de tudo. Felizmente Sam Phillips não era do tipo de empresário que olhava apenas para as tendências do mercado. Se fosse, Elvis não teria a menor chance. Ao longo de toda sua carreira Phillips sempre acreditou na individualidade e na criatividade. Por exemplo: o segundo grande sucesso na sua gravadora naquele verão (o primeiro tinha sido "Bear Cat" de Rufus Thomas, uma resposta a "Hound Dog" de Big Mama Thornton) foi com um grupo vocal de negros chamado The Prisionaires, que na época era eram presidiários de Nashville.

Continuando sua relação com o grupo, Phillips conseguiu uma nova canção de outro presidiário, cuja voz fez Sam se lembrar daquele rapaz que havia gravado em seu estúdio algum tempo atrás. Imediatamente, Sam pediu que Marion chamasse o garoto ao estúdio. Já havia se passado quase dez meses desde que Elvis gravara seu acetato, com aquele velho sonho de ser "descoberto". Ele já estava quase desistindo de se tornar um artista. Ainda assim, tentava de qualquer jeito entrar para os Songfellows - um tipo de Blackwood Brothers mirim, que era o grupo número 1 Gospel do país e pertenciam a Assembléia de Deus, a mesma Igreja que Elvis Freqüentava. Elvis foi a gravadora e sua audição foi decepcionante. Quando muito a demo de "Without You" lembrava "My Happiness", que ele já havia gravado no compacto. Depois, Elvis cantou para Phillips trechos de músicas que conhecia - "Harbor Lights" de Bing Crosby, "If I Don't Care" de Dean Martin, "tomorrow Night" de Lonnie Johnson, "I Really Don't Want To Know" de Eddy Arnold. Todas baladas e todas cantadas com aquela voz melancólica perdida em algum lugar entre a súplica e o desejo.

O que intrigou Sam Phillips é que o rapaz colocava cada uma de sua emoções em todas as canções. Era como se ele não pudesse controlá-las. E isso era a base de toda grande gravação que fazia, desde que abriu seu estúdio em 1950. Pela Sun Records já haviam passado B.B.King, Howlin Wolf e outros. Mas desta vez, com Elvis, Sam teve a certeza de ter encontrado o cantor ideal. Nos últimos meses, Phillips havia trabalhado com um guitarrista chamado Scotty Moore. Moore tinha um grupo chamado Starlite Wranglers, que já havia gravado pela Sun Records. Phillips contou a Scotty sobre o rapaz que cantava baladas. Ao mesmo tempo, Marion disse o nome do cantor para Scotty: "Elvis Presley", soou como "um nome tirado de um filme de ficção científica", disse Scotty.

Sam começou a falar dele e o guitarrista pediu seu telefone e endereço. Talvez eles poderiam se juntar. Talvez o garoto realmente tivesse algo especial. Marion trouxe a informação e numa tarde de sábado no começo de julho, Scotty ligou para Elvis dizendo que era um "caçador de talentos de Sam Phillips e que gostaria de ouvi-lo se ele estivesse interessado, e ele disse que achava que sim" No dia seguinte eles se reuniram na casa de Scotty com o baixista dos Wranglers, Bill Black. Numa segunda feira, 5 de julho de 1954, os três foram até a Sun Records para o que seria apenas um ensaio. No começo nada dava certo. As primeiras músicas que tocaram eram baladas. E os músicos pareciam ainda procurar uma direção a seguir, tocavam trechos de uma música, de outra e de outra novamente, sem atingir o ponto ideal. Estavam totalmente perdidos.

Mas Sam Phillips era muito, mas muito paciente. E ele não deu nenhum sinal que estava ficando aborrecido ou desencorajado. Então, enquanto os músicos faziam uma pausa para o lanche "repentinamente", disse Scotty, "Elvis começou a cantar e a agir como um louco, e Bill pegou o baixo e começou a agir como um louco também e eu comecei a tocar com eles. Acho que Sam estava com a porta do escritório aberta, ergueu sua cabeça e disse: "O que estão fazendo?" E eu disse: "Não sabemos". "Tudo bem", ele disse "tentem encontrar um ponto para recomeçar e façam tudo de novo" A Música era "That's All Right", um velho blues de Arthur "Big Boy" Grudup, e Sam ficou muito mais surpreso do que Elvis jamais imaginaria. O garoto dançava e cantava com um vigor inacreditável. Sam teve a certeza de ter encontrado a música que havia procurado por tanto tempo.

Logo depois de executarem "That's All Right", os rapazes tocaram "Blue Moon of Kentucky" de Bill Monroe, de uma maneira mais ou menos parecida. "Nós achamos aquele tipo de música muito excitante" disse Scotty "Mas o que era aquilo? Era tão diferente de tudo". Não importa. O que realmente importa era que aquela música tinha realmente empolgado Sam Phillips. Assim nasceu o "Rockabilly". A Passagem de Elvis Presley pela Sun Records, representou - em muito aspectos - a descoberta de uma musicalidade latente que nunca apareceu antes. Sam Phillips faria com os novos artistas - os Rockbillys - o que já havia feito com os bluesmen que passaram pela Sun Records. Ele descobriria e produziria caras como Roy Orbinson, Gene Vincent, Jerry Lee Lewis e Johnny Cash. Sam Phillips viu seu papel de "descobridor" como uma missão "que era a de abrir as portas para esse novo grupo de artistas, ajudá-los a expressar a mensagem que carregavam dentro de si"

Sam realmente ficou espantado ao descobrir a capacidade intuitiva de Elvis para a música. "É como se ele tivesse uma memória fotográfica para cada música que ouvia. Elvis jamais rotulava um canção". No estúdio sua vontade era a de trazer para fora toda a criativa diferença de Elvis. Phillips não queria desperdiçar nada. "Eu tinha na mente o que desejava ouvir. Não nota por nota, claro. Mas uma essência. Eu queria simplicidade. Queria ouvir aquele tipo de som e poder dizer: "É isso!". Sam Phillips se orgulhava de sua habilidade como engenheiro de som. Afinal, ele havia trabalhado por mais de dez anos em várias estações de rádio. Phillips trabalhava exaustivamente para criar um som diferente de tudo em suas gravações, combinando clareza, presença e um tipo de reverberação que ele chamou de "Slapback". Quando ele introduziu uma bateria pela primeira vez, no quarto single da gravadora, foi com a idéia de criar um som totalmente específico. Sam acreditava piamente no acidental, no inesperado, no único. Ele confiava na espontaniedade. O que incluía alguns erros. E era assim que os discos de Elvis eram gravados. As gravações de Elvis Presley pela Sun Records são diferentes. Elas jamais soam datadas. Elas diferem-se uma das outras, e refletem as circunstâncias como cada uma delas foi feita.

Sam continuou a gravar baladas que tanto chamaram sua atenção. Só que ele queria também aquele ritmo que surgiu com "That's All Right". Então, cada sessão de gravação era uma questão de esperar os músicos se "transformarem", de fazer de novo aquela simbiose e esperar que a "Luz" se acendesse novamente. Phillips era paciente com todos. com Bill Black era muito mais uma questão de apreciar suas poucas boas qualidades como baixista do que ressaltar seus defeitos. "Bill era o pior baixista do mundo, tecnicamente, mas ele sabia fazer um "Slap" como ninguém", dizia Sam. Para Scotty Moore, Phillips vivia dizendo para que o desse ênfase no ritmo. "Eu dizia a ele: Nós não queremos nenhuma dessas bobagens suaves. Nós queremos uma bobagem aguda e cortante! Tudo tinha que ser pungente, mordaz e ter muito ritmo"

E em músicas como "Baby, Let's Play House" e "Mistery Train" é possível notar a mudança. A guitarra de Scotty Moore é tocada de uma maneira cortante, parecida com o blues de Memphis. Os instrumentos se fundem numa levada que Scotty definiu como "um ritmo total e - Sam não se aborrecia se errássemos uma nota, era só continuar tocando". Em Julho de 1955 o som do grupo estava afinado. "I Forgot to Remember to Forget" era uma canção country que Sam teve que praticamente empurrar Elvis para a gravação. "Ele não queria gravar a música de jeito nenhum, primeiro porque era muito country, e também porque era muito lenta. Mas eu queria gravar para mostrar um pouco mais de diversificação. Então eu disse a Johnny Bernero (o baterista) mantenha isso em 4/4 até entrarmos no coro, então entra o baixo em 2/4. E fazendo isso a música soou duas vezes mais rápida do que era. E Elvis adorou"

Em "Mistery Train" não havia necessidade de nenhum truque. A Canção era a mais espontânea e livre que já havia sido gravada naquele estúdio. "Essa música foi o maior trabalho que eu fiz com Elvis" disse Sam "Era uma grande canção. Puro Ritmo" "I Forgot to Remember to Forget" foi o primeiro grande sucesso nacional de Elvis. Em 1955 ele chegou ao primeiro lugar nas listas de música country e foi eleito o "O mais promissor artista country do país" pela revista Billboard. Foi aí que pintou o Coronel Tom Parker a a RCA Victor na vida de Elvis Presley, mas essa é uma outra história...

Artigo escrito por Peter Guralnick, Jornalista e pesquisador, colaborador de revistas como "Rolling Stone" e "Village Voice" e autor de diversos livros sobre música como os best sellers "Last Train To Memphis" e "Careless Love: The Unmaking of Elvis Presley" contando a história de Elvis Presley. Guralnick é hoje considerado o maior especialista mundial sobre Elvis e o nascimento do Rock'n'Roll.

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 80

Elvis, 23 anos esta noite
Faz vinte e três anos que Elvis Presley Morreu. O ano foi 1977, o local, Graceland em Memphis. Além de Elvis o mundo se viu privado neste mesmo ano, também do maior gênio do cinema, Charles Chaplin. Dois acontecimentos, dois ícones que ficarão para sempre na memória dos amantes da música e da sétima arte. O cinema e o rock'n'Roll já existiam antes de Chaplin e Presley surgirem, respectivamente, mas foram eles os grandes responsáveis em transformar estes dois meios de arte em fenômenos de massa. O cinema ainda dava seus primeiros passos quando o genial Chaplin o transformou na principal forma de lazer do americano médio da época, ajudando a transformar a invenção dos irmãos Lumiere em indústria geradora de milhões de dólares ao redor do mundo. Do mesmo modo o Rock'n'Roll era um sub gênero musical, cantado por artistas negros, discriminado e considerado uma forma de arte menor quando Elvis surgiu. 

Elvis Presley transformou este primo pobre do Blues e do Jazz no estilo musical de maior sucesso do século XX. Ambos, Chaplin e Elvis, desta forma abriram o caminho para milhares de artistas e cantores, ambos se identificaram tanto com seus meios que acabaram virando sinônimos perfeitos do Rock e do cinema. Chaplin foi um grande ator e diretor, além de ter ficado conhecido por seu humanismo. Elvis criou a imagem definitiva do roqueiro, ou seja, daquele sujeito alucinado no palco, com roupas extravagantes, cabelo grande e fora dos padrões, empunhando um violão ou guitarra, que canta e dança com furor causando comoção no público. Tão cristalizada é essa imagem que é impossível pensar em um roqueiro agindo de forma diferente. Quem efetivamente inventou esta forma de expressão foi Elvis Presley.

Infelizmente Elvis e Chaplin já se foram e não deixaram herdeiros. Que Pena! Como seria bom comentar sobre o novo disco de Elvis ou a sua próxima turnê, que bom seria descobrir que tipo de artista ele seria hoje aos 65 anos (relativamente novo para os padrões americanos), enfim que bom seria saber que nos dias de hoje ele seria um homem feliz e realizado. Mas, infelizmente, isso não é mais possível. Apesar de todos os boatos e estórias que ele estaria vivo, escondido em algum lugar dos Estados unidos, todos aqueles que realmente estudaram sua vida a fundo, partindo do próprio estado de saúde do rei em seus últimos momentos sabem, sem dúvida, que ele realmente nos deixou.

Elvis Presley deve ser estudado e analisado partindo do pressuposto que ele foi um homem que viveu de acordo com as idéias e as ideologias de seu tempo. Deve-se sempre levar em conta o contexto social da época em que ele viveu. É errado e irrelevante julgar seus atos de acordo com a ideologia do nosso tempo. Muitas pessoas, utilizando estes falsos preceitos o condenam por atos de sua vida particular, outros o idolatram ao ponto de considerá-lo um tipo de messias ou santo (vide a absurda "Igreja Presleyteriana do Divino Elvis"). Estas duas posições estão totalmente equivocadas. Elvis foi um artista, um cantor, um mito, um ícone e antes de qualquer coisa um ser humano, e como tal sua vida foi repleta de erros e acertos. Elvis sempre será lembrado por ter dado a sua contribuição para tornar este nosso mundo um lugar mais alegre e a sua arma para isso foi a sua voz e o seu velho violão, enfim seu talento e sua Arte. Por isso hoje, deve-se antes de qualquer coisa, reverenciar a importância que o rei teve no mundo musical e social.

O mundo não foi o mesmo depois de seu sucesso. Elvis ensinou a todos a se tornarem mais livres, a se divertirem e se orgulharem de serem jovens. "Antes de Elvis não existia nada" disse uma vez John Lennon. Realmente não existia a cultura jovem como a conhecemos hoje, a sociedade era muito mais repressiva aos jovens da época, tudo era muito preso, fechado, impuro. "Elvis com aquela dança dele me deu uma porrada" disse Raul Seixas, o grande nome do Rock Brasileiro, sem nenhuma forma de violência ou tumulto, Elvis mostrou o quanto era bom ser livre, namorar, dançar e se divertir, ele realmente deu uma "porrada" no sistema, apenas com sua ginga e seu som. Elvis revolucionou o modo das pessoas verem o mundo. "Elvis ensinou a América branca a curtir" disse o genial James Brown. Este sempre será o seu maior legado.

Uma das frases mais conhecidas após sua morte foi: "Elvis não morreu". Esta simples frase representa não só a dor daqueles que nunca aceitaram seu falecimento, como também uma verdade. Realmente Elvis não morreu, sempre ele estará vivo quando alguém o imitar nos palcos da vida, sempre ele estará vivo quando alguém ouvir sua música, sempre ele estará vivo quando alguém tocar suas canções por aí. Elvis não morrerá enquanto sua arte não morrer. Sempre ele renascerá no novo fã, naquele que comprar um disco seu pela primeira vez, ou assistir alguns de seus filmes, enfim sempre ele estará presente quando alguém o descobrir de novo.

Não fique triste neste dia. Você quer realmente homenagear o Rei do Rock neste 16 de agosto? Pegue aquele seu disco do Rei e o coloque para tocar, pois aí você realmente entenderá porque o Rei do Rock'n'Roll Elvis Presley nunca morrerá. VIVA ELVIS!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 79

Elvis Presley à mesa
Livro relata os hábitos alimentares do "Rei do Rock", percorrendo as principais fases de sua vida

O culto à Elvis Presley é como um vírus. Você vê de longe, acha graça, quase não entende, mas, quando chega mais perto, pega como um sarampão. Vinte anos depois de sua morte, as locadoras de vídeo, as livrarias, casa de discos e Internet oferecem material para refrescar nossa memória. Foi ontem e já esquecemos. Que História, que cantor, que carreira e que carisma! Uma paixão.

Observo fotos, centenas delas, Elvis menino, carinhosamente abraçado à mãe, Gladys, e ao pai, Vernon. Elvis na sala de aula, sentado na carteira do fundo. Orgulhoso, encostado no caminhão do pai. Em todas as fotos tem os olhos tristes. A boca sorri, mas os olhos são sempre tristes. Uma depressão no olhar, uma cara de "quero mais" que nenhuma torta de pecan ou de banana curaria.

Assisti os filmes que consegui encontrar na locadora. Lembrei vagamente das preguiçosas sessões da tarde e de Flipper, o golfinho. Hollywood conseguiu "Fliperizar" o cantor, repetindo "ad nauseam" os mesmos mergulhos em fundo de céu azul, mar e palmeiras. As músicas eram quase sempre horríveis, mas se era possível, Elvis as tornava palatáveis.

Só os filmes dão assunto para um livro inteiro, mas queria Ter visto Elvis em Shows, pois Hollywood censurava o cantor da cintura para baixo e ele aparecia um pouco duro. Imaginem, Elvis, the pelvis, desengonçado.

No meio do material sobre Presley o achado mais precioso é o livro "The Life and Cuisine of Elvis Presley", de David Adler. Geralmente detesto estes livros de quem comeu o quê, totalmente dispensáveis, mas este é surpreendentemente agradável de ler. Através dos hábitos alimentares de Elvis conseguimos ver uma ponta de realidade da vida do homem, desde sua infância até a morte em Graceland, sua casa em Memphis.

A comida de Elvis é igualzinha a ele. Inocente e mítica, simples e caipira, às vezes complicada como o demônio. O lambiscar sem culpa, hoje chamado de "Grazing", foi a regra dos primeiros anos de fama. O autor do livro fez uma pesquisa, começando em Tupelo, onde Elvis nasceu, e terminando nas casas de fãs que ainda o consideram vivo e fazem para ele bolos de aniversário. Em resumo foi essa a trajetória da comilança de Presley.

Tupelo
Os pobres de Tupelo em meados dos anos 30, comiam basicamente a mesma coisa. Bolinho de fubá frito, legumes, quiabo empanado e, se aparecesse algum dinheiro, um pedaço de carne. A família de Presley tinha a sorte de receber uma cesta de legumes e verduras de uma tia que plantava uma horta. Nunca sentiram falta de mostarda, ervilha, feijão, beringela, tomate couve. Gladys não era lá essas coisas na cozinha. Seu maior desejo era Ter se tornado atriz, mas o amor pelo filho foi tanto que aprendeu a fazer uma comidinha gostosa como mais um modo de expressar amor. Comida de mãe para Elvis, então, era mais que couve passado na gordura de porco, broinha de fubá, sanduíche de manteiga de amendoim, batatas e tomates fritos, que ás vezes acompanhavam um esquilo caçado pelo pai e feito como se fosse galinha frita. Para beber chá gelado muito doce.

Pudim da Sra. Cocke
¾ de xícara de açúcar, 3 gemas, 2 e ½ xícaras de leite, ¼ de xícara de farinha de trigo, 1 colher de (chá) de essência de baunilha, waffers, bananas finamente cortadas, claras batidas para suspiro. Coloque numa tigela o açúcar, as gemas, o leite e a baunilha. Cozinhe em fogo baixo até engrossar, tire e deixe esfriar. Numa vasilha refratária coloque os waffers, a banana e o creme. Repita as camadas. Cubra com suspiros. Leve ao forno para dourar. Sirva gelado.

Primeira Assembleia de Deus
O filho e a mãe não perdiam um Domingo na Igreja. A primeira Assembléia de Deus é uma seita fundamentalista que acredita na realidade do sobrenatural. De acordo com a seita, Deus e o demônio estão conosco, fisicamente reais. As cerimônias são agitadas. Fiéis e ministro se mexem, pulam, requebram por entre as fileiras das cadeiras, braços e pernas sacudidos. Elvis aprendeu lá, segundo ele, todos os hinos que existem. Depois de tanta dança, era feito um piquenique, debaixo de uma árvore com sombra.

Cultura Teen
A cultura Teen só aparece nos anos 50 e nos Estados Unidos, na América afluente do pós guerra, com seus ícones e tradições de consumo. As estradas ficam cheias de Drive-ins de hambúrgueres com desenhos de naves espaciais. Os carros parecem aviões, tudo é fake, até a comida. Os livros de receitas da época são difíceis de acompanhar porque quanto mais coisa em pacotes e em lata mais sofisticada era a refeição. O bolo em formato de coração desmontava sob a camada grossa de açúcar cor de rosa, as saladas eram verdes e azuis, até a lua era azul, o chique era "moop Turtle Soup", "Mock-isto-e-aquilo", (no caso Mock significa imitação). Elvis participou pouco da folia de consumo porque era pobre. Como motorista de caminhão, começou a cantar na estrada em troca de comida. Em pouquíssimo tempo, transformou-se no Teen mais conhecido e famoso do mundo, o "Rei do Rock". Comprou um cadillac cor-de-rosa. Aprendeu a gostar de algodão doce, cachorro quente, pipoca caramelada, karo , Coca-Cola e Pepsi. O sonho dos Teens era não Ter hora para comer, Elvis desistiu de refeições regulares. Era o prêmio, a vantagem de ser célebre.

Salada de 7 Up
2 pacotes de gelatina de limão, 2 xícaras de 7Up, 1 xícara de queijo cottage, 1 lata de abacaxi picado, colorante verde (opcional). Prepare a gelatina de acordo com as instruções do pacote, substituindo a água por 7Up. Deixe esfriar em temperatura ambiente. Junte os demais ingredientes. Despeje em forminhas individuais e deixe na geladeira por algumas horas. Desenforme, passando a forma em água morna por alguns segundos e sirva em seguida.

Graceland
A cozinheira mais requisitada em Graceland era a da noite, pois o cantor tinha hábitos noturnos. David Adler, autor da pesquisa, foi até a casa dela e comeu uma refeição à la Elvis. Pauline, a cozinheira, era uma negra de cabelo branco. A mãe de Elvis era uma branca de cabelo preto. Pois o cantor as achava muito parecidas. Na verdade só tinham em comum o desejo de amamentá-lo. O menu foi "Ugly Steak" (bife feio), um filé de carne, passado na farinha de trigo e frito como frango. Toda a carne de Elvis vinha cortada em pedacinhos, como a comida de uma criança pequena. Ervilhas na lata na manteiga com um pouco de cebolas picada e vagens. E catchup. Em Graceland Elvis comia tudo o que gostava . Rosbife, peru, muito bolo e muito doce. De vez em quando se ouvia falar em regime e as empregadas que tentavam executar a dieta recebiam um chamado de Elvis. "Vamos, meu amor, estou morrendo de fome. Preciso de uma coisa gostosa para comer", dizia. Elas, imediatamente faziam o que ele pedisse.

Tomates à Mississipi
4 tomates grandes verdes, 1/3 de xícara de óleo vegetal, sal e pimenta-do-reino a gosto, ¾ de xícara de farinha de trigo. Mergulhe os tomates por 20 minutos em água gelada até a hora de usar. Corte em fatias de pouco menos de 1 cm de espessura. Aqueça o óleo em numa frigideira sobre fogo médio. Misture o tomate aos temperos e passe na farinha. Frite em óleo quente até ficarem douradas. Sirva quente ou à temperatura ambiente.

Las Vegas
No final de sua vida, Elvis entrou em um mundo só dele. Era o show, o quarto de hotel, nenhum amigo, a TV e a comida. A comida era conforto e companhia. Nos anos 70, começou a comer compulsivamente. Uma vez, em Baltimore, na manhã seguinte a um show, Elvis se levantou e pediu um Sundae com calda quente. Comeu depressa, pediu o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto e... desmaiou. Por estas e outras, era freqüentemente internado no Hospital de Memphis para uma desintoxicação forçada. Lá, ficou uma enfermeira que, mais tarde, escreveu um livro sobre ele, defendendo a idéia polêmica que Elvis não tinha o perfil de um "Junkie". A enfermeira compreensiva fazia uma torta de banana que Elvis adorava e comia inteira. A torta era comida de mãe em qualquer lugar do mundo.

A Pergunta
Elvis está vivo? Gosto da resposta de Madonna, pensando em Lisa Marie Presley, "Elvis está vivo e é muito bonita". Claro que está vivo. Como sua música e como sua comida, que desaponta como moda neste fim de milênio.

Artigo escrito por Nina Horta.

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 78

Elvis Top Secret! 
Livro lançado revela e analisa a ficha policial do Rei do Rock no FBI. Sob as ordens diretas de seu todo-poderoso diretor J.Edgar Hoover, a força policial número um dos EUA – o FBI – manteve e mantém arquivos sobre gente supostamente perigosa e subversiva, ou considerada individualista e excêntrica demais. Entre tais pessoas tem havido celebridades, e entre estas o alvo de observação oficial mais surpreendente foi talvez Elvis Presley – O Rei do Rock. Pode-se imaginar Hoover permanentemente obcecado com os movimentos coreográficos de quadris que valeram a Elvis o apelido de The Pelvis. Do início ao apogeu de sua carreira, Elvis Presley representou um perigo para a moral, os valores sacrossantos e quanto o FBI entendesse como a quintessência da alma da juventude americana. Na época, os americanos não desconfiavam de seu próprio governo como desconfiam hoje. Não ocorreria a ninguém, nem mesmo ao coronel Tom Parker, que o FBI espionasse seu cliente Elvis Presley. Foi só depois da morte de Hoover, em 1972, que táticas discutíveis e, em alguns casos, ilegais vieram a público e passaram a ser questionados.

O Novo livro Elvis – Top Secret de Earl Greenwald e Kathleen Tracy, tem por subtítulo "A história inédita do Arquivo Secreto do FBI sobre Elvis Presley". E começa revelando as origens da desconfiança do ressentimento que Presley, como tanta gente, sempre nutriu em relação às autoridades em geral. Tudo começou quando o próprio pai, Vernon, foi preso por falsificar um cheque. O xerife de Tupelo, Mississipi, prendeu-o por uma noite, só para que não esquecesse mais de quão desagradável só pode ser uma noite na cadeia. Mas o que impressionou e ficou na memória de Elvis foram os insultos que a autoridade número um da pequena cidade despejou sobre seu pai. Nunca mais o garotinho esqueceu o impacto do poder simbolizado pelo distintivo do xerife. Gente de baixa reputação como os Presleys não tinha outro recurso, nenhuma corte de apelações. E a família mudou-se para Memphis, Tennessee, com o espírito de recomeçar do zero.

A big city foi ora benção, ora maldição para Elvis. Ele gostou da cidade grande porque dava mais oportunidade e mais liberdade à família. Mas sentiu-se como se estivesse perdido uma parte da própria identidade.

No colégio, jamais se comportou como um dos rebeldes sem causa explícita, tipificados pelos protagonistas do filme "juventude transviada". Mas havia um conteúdo de desafio em sua atitude sob a forma de cabelos compridos pintados de preto, com o topete laqueado que, anos depois, ele próprio, Elvis, ditaria ao mundo da moda jovem. Suas roupas eram de gosto no mínimo discutível, para a época. E seu jeito não escondia a turbulência interior com que uma fração incrível da juventude mundial se identificou, nos anos 50. Em classe, Elvis Presley foi um aluno medíocre, embora sem mácula. Raramente chamou a atenção de algum professor e muito menos deu razão para reprimendas. Não fosse o guarda roupa e passaria praticamente incógnito. Mas uma decepção o marcou. Elvis queria muito entrar para o time de Football, mas o técnico não deixou, explicando que para entrar ele teria de cortar o cabelo.

Fama Precoce e Controvérsia

O segundo capítulo do livro Elvis – Top Secret "Fama Precoce e Controvérsia", focaliza o fenômeno da fama da noite para o dia. Já em Abril de 1956, jornais de Memphis e outras localidades estampavam cartas de leitores e leitoras ( sobretudo mães) preocupadas com a influência de seu sex-appeal: "quero saber quanto tempo a gente vai levar até se dar a conta exata do que ele (Elvis) está fazendo". Ou esta carta de um aluno do segundo grau: "nunca me considerei uma espécie de exemplo a ser seguido, porque faço tudo que a maioria dos jovens da minha idade faz. Mas repito: o que ele (Elvis) faz na TV e em toda parte por onde se apresenta rebolando é simplesmente podre! Não gostaria que minha mãe ou minhas irmãs vissem isso". Cartas parecidas como essa começaram a chegar também, naturalmente à mesa de J Edgar Hoover. E estrelas de televisão de primeira grandeza, humoristas como Steve Allen e Sid Caeser, por exemplo, acabaram ridicularizando Elvis, tornando-o um dos alvos favoritos de suas piadas.

A Vida no Exército e o estranho caso do Dr. Schmidt
O capítulo 3 (o mais longo), "A Vida no Exército e o estranho caso do Dr. Schmidt", tem um estranho co-protagonista que atende por este pseudônimo, "Dr. Schmidt" ( o livro não hesita em usar pseudônimos sempre que a identidade dos personagens é ou deve permanecer em secreto). Estamos em 1959, Elvis Presley foi convocado para o exército e está servindo em Bad Nauheim, Alemanha Ocidental. "Hans Schmidt" é um dermatologista sul africano que patenteou um tratamento de pele supostamente milagroso. Elvis sofreu muito de acne na adolescência. Aos vinte e poucos anos, o pavor da velhice o traumatiza. "Schmidt" põe, sem querer, o dedo na ferida quando lhe escreve uma carta extremamente detalhada oferecendo a tal "terapia aromática" que desenvolveu em seu consultório em de Johanesburgo. "Schmidt" é um vendedor e tanto. Sua retórica teria afugentado os que fogem dos charlatões como diabo da cruz. Mas Presley, um rapaz no fundo ingênuo e de pouca cultura, tem uma reação oposta e fica impressionado com tanto Know How. Tendo sido entalhador e chofer de caminhão, Elvis entende de mecânica e de madeiras. Mas frases como "receptividade neuromuscular", "elasticidade epidérmica", fazem seus olhos brilhar de espanto.

"Schmidt" não abre mão da chance de ir à Alemanha ministrar-lhe pessoalmente o milagroso tratamento. A secretária de Elvis escreve, em resposta, que se "Schmidt" puder viajar até a Alemanha, as despesas da viagem serão acrescentadas aos seus honorários. Para "Schmidt" isto significa dizer simplesmente negócio fechado. Ele responde dando a Elvis a opção de depositar o dinheiro em conta bancária ou, de preferência, mandar-lhe a passagem. Duas semanas mais tarde escreve de novo. Agora não se dirige mais a Mr. Presley, é Dear Elvis, na maior intimidade. Na sua crescente impaciência, "Schmidt" resolve tomar as providências necessárias usando inclusive o próprio dinheiro. Acha que já conhece Elvis na intimidade, no entanto sequer recebeu resposta a sua última carta. Elvis é soldado, tem deveres a cumprir todo dia. E o tamanho de sua correspondência é inimaginável.

Na carta seguinte, "Schmidt" reflete quase em desespero: "Elvis, mais uma vez peço que me deixe ir prestar-lhe um serviço, só me diga quando. Conclusivamente, participo-lhe que já abandonei meu negócio e toda a clientela, só para ir servi-lo. Por favor, Elvis, não me decepcione. Eu não me recuperaria facilmente". E o Dr. "Schmidt" acaba viajando de Johanesburgo para Bad Nauheim com uma mala sobrecarregada de emolientes da cútis especialmente personalizadas para o tom e a textura dérmica de Elvis. Vernon Presley dá um baile no filho: - você trouxe um médico da África, via aérea? Não há bastante creme de pele à venda por aqui? Garoto, você é o sonho de qualquer vendedor!. E o insinuante "Schmidt" acabou tornando-se praticamente da casa, entrando e saindo com a bolsa cheia de segredos para a eterna juventude. Massagea diariamente os ombros, o rosto, pescoço do cantor. Elvis já namorava então Priscilla Beaulieu (com quem se casaria)

Mas ele não percebeu, por trás das boas maneiras convencionais "Schmidt", uma ciumenta frieza com relação à moça. O tom das visitas de "Schmidt" aos Presleys iria começar a mudar. Ele passou a tomar certas liberdades. Em pouco tempo, ficou intimo de todo o entourage (exceto de Vernon Presley, que nunca o topou), inclusive os próprios companheiros de farda do cliente: "Schmidt" tem mais de 40 anos, mas é um fã nervoso, esfuziante. Quanto mais à vontade se sente com os Presleys, mais maneirista se torna. Elvis não liga muito para isso, apresenta-o em geral como "um amigo da família, de visita a Europa" e atribui os maneirismos ao fato de ele ser estrangeiro, até o dia em que vários soldados começam a queixar-se de uma constante paquera por parte do Dr "Schmidt"!. Segundo os pracinhas, o homem havia tocado sugestivamente ou tentado encostar a mão em várias partes de seus corpos e, em um caso em especial, até se ofereceu para determinada prática sexual.

Elvis Presley ficou tão perplexo com esta história que não reagiu calculadamente. Prometeu aos pracinhas que iria Ter uma conversa de homem para homem com "Schmidt" e teve. O outro abriu-se com ele: "Eles entenderam mal minhas intenções... mas é verdade que, no passado eu me relacionei com homens, assim como com mulheres. Espero que isso não o choque...

Elvis deu a entender que não. Mas nem por isso decidiu-se a despachar de volta para casa o Dr que viajara meio mundo para conhece-lo e servi-lo. É provável que, com a proximidade física, o Sex-appeal de Elvis se tenha revelado irresistível para o farmacêutico gay. O fato é que Schmidt a partir de então, transformou em obsessão a maior de todas as suas fantasias, uma vez, durante o tratamento que se concentrava em rosto, pescoço e ombros, pôs a mão por entre as pernas do cliente com intenção totalmente extra medicinal. Elvis pulou da cadeira ainda cheio de creme, mas genuinamente chocado para poder se revoltar, e mandou que Schmidt se retirasse dali.

- Não tenha medo de mim, Elvis, ninguém gosta mais de você do que eu – foi a resposta.

No dia de natal, Schmidt reapareceu para cumprimentar a família Presley. Foi um vexame. Elvis espinafrou-o na frente de todos. O outro pediu-lhe as contas e compensação financeira pelos prejuízos que iria Ter. Elvis então concordou em pagar 200 dólares pelo tratamento e 315 dólares para uma passagem de avião para Londres, uma vez que Schmidt não decidira não voltar mais ao seu país. Mas, no dia seguinte, o fã mudou de idéia e pediu 2000 dólares, ameaçando-o em caso de recusa, arruinar a carreira de Elvis, através da imprensa. O astro decidiu levar o caso ao comandante do destacamento e o caso acabou sendo investigado pelo exército americano, que logo descobriu, entre outras coisas, que Schmidt jamais fora médico de coisa alguma.

Uma última carta do fã apaixonado, antes de pegar o avião para Londres, revelava sua decisão de não tomar nenhuma ação judicial. Ele não guardava maiores rancores. E o episódio acabou por aí, mas não sem deixar profundas marcas psicológicas em Elvis Presley.

Visões do Apocalipse

O capítulo 4 intitula-se "visões do apocalipse"; após os dois anos de serviço militar, a morte da mãe e um segundo casamento relativamente precoce do pai, Vernon, transformaram Presley em uma abrasiva mistura de carência e desordem afetiva. Sua válvula de escape é o sexo, um sexo quase sempre informal, anônimo e freqüente. A sua atitude para com o sexo oposto torna-se antagonista, às vezes abusiva, do ponto de vista emocional. Ele trata as moças com quem sai como se fossem prostitutas de rua. O sexo tinge-se de ódio e alguma paranóia. Toda mulher está a fim de usá-lo, seja financeiramente, seja para ver o nome publicado no jornal. A auto estima de Elvis decai: nenhuma delas pode Ter se encantado pelo ar de seu charme... não bastasse, e ele resolve filmar a própria libidinagem, com garotas menor de idade! Elvis quase pagou caro por esta besteira. Embora não tivesse contado nada a ninguém (a não ser anos mais tarde, antes de morrer), seu agente pessoal, o coronel Parker, descobriu a coisa e conseguiu confiscar o filme com cenas de orgias. Afinal, se jerry Lee Lewis havia-se arruinado só porque ele se casou com uma prima adolescente, o que é que filmes pornôs não poderiam causar, em potencial, à carreira de Elvis (e a dele, coronel Parker)?...

Ameaças de Morte e Dores de Cabeça Judiciais

No capítulo 5 "Ameaças de Morte e Dores de Cabeça Judiciais", a década de 60 está chegando ao fim e isto é um alívio para Elvis. O decênio de 70 é mais do que bem vindo. Está na hora de mudar porque tudo anda mal: a carreira musical, os filmes, a saúde, até o casamento com Priscilla, que ele jamais soube tratar como uma mulher de carne e osso. Mas, ao longo da década, nada mudou, na prática. Elvis não voltou ao topo das paradas de sucesso de forma consistente, nem Hollywood lhe ofereceu um roteiro que desse vida à sua estereotipada imagem cinematográfica. O jeito foi concentrar-se em performances ao vivo, de preferência sem sair do circuito Las Vegas – Lake Tahoe, porque os rigores e desconfortos das excursões e a vida on the road não estavam mais para ele. Novos dissabores não tardaram. Em 1970, uma mulher chamada Patrícia Parker ajuizou uma queixa paternidade contra Elvis. Ela estava no sétimo mês de gravidez e alegava Ter tido um ligeiro caso com Presley em Las Vegas.

Elvis, naturalmente, jurou que jamais dormira com ela; que seu único contato com a fã havia sido uma fotografia durante um show no Interrnational Hotel. Em agosto daquele ano, um telefonema anônimo anunciou que Elvis seria seqüestrado no próximo fim de semana. Um outro telefonema e nova ameaça: um homem, com forte sotaque do Sul dos EUA, dizia estar sabendo que dois homens foram contratados para matar Elvis Presley, mas em troca de 50.000 dólares, livraria a cara do cantor. As suspeitas recaíram sobre alguém ligado a Patrícia Parker. Mas não seria verossímil: mesmo que Elvis tenha tido um caso com ela, ameaças telefônicas não sintonizam bem com o temperamento de alguém empenhado em ganhar uma causa através dos competentes canais judiciais. Elvis soma 2 mais 2 e conclui que quem telefonou o conhecia muito bem, e é de sua própria terra de origem. A ameaça seria então um enorme blefe, com a finalidade de arrancar-lhe dinheiro. Até a quantia pedida reforçava isto, por ser um montante fácil de reunir depressa, ao passo que muito mais dinheiro seria problemático de levantar de uma vez.

Enfim, nada aconteceu e o episódio terminou sem um clímax. Elvis fez o show daquela noite com mais intensidade do que de costume. E nunca mais ouviu falar do misterioso telefonista anônimo. A polícia de Las Vegas manteve o caso aberto por duas semanas, depois arquivou. A experiência serviu para isolar ainda mais Elvis Presley emocionalmente e abriu caminho para uma estranha aliança com o famigerado recluso Howard Hughes.

Elvis e Howard Hughes

O FBI abriu uma pasta para Elvis em 1956. Ironicamente ao longo de 20 anos, ao mesmo tempo que investigava secretamente a sua vida, o FBI trabalhou para protegê-lo de inimigos reais e imaginários. Volta e meia, Presley recorria ao FBI em busca de proteção. Foi alvo de inúmeras ameaças de morte. Recebeu uma vasta correspondência com insinuações de violência. E houve incontáveis tentativas de chantagem e difamação. No início, Elvis não ligava muito. Com o tempo porém foi se tornando paranóico (como Howard Hughes) quanto a própria segurança, a ponto de quase não mais sair de casa por sentir medo. No fim da vida, em contato constante com o FBI, ele relatava qualquer telefonema ou transeunte misterioso que fosse visto em frente da lendária mansão de Memphis, Graceland. Qualquer semelhança com Howard Hughes não era mera coincidência e formou-se assim uma inesperada amizade. Presley conhecera Hughes em Las Vegas, na década de 50.

Hughes, um homem imprevisto e cismado, gostou de sua simplicidade. Achava o fenômeno Elvis Presley fascinante e queria entendê-lo em primeira mão. Marcou um encontro com Elvis. Foi a única vez, em que os dois conversaram a sós. Tempos mais tarde, o cantor descobriu que compartilhava das fobias e das suspeitas do bilionário. Em 1969, praticamente o dono de metade de Las Vegas, levava uma existência misteriosa no último andar do Hotel Desert Inn. Um homem obcecado por germes e bactérias, entre outras excentricidades, não cortava mais as unhas nem os cabelos. Hughes (tão paranóico que nunca deu o seu telefone para Elvis) ligava para Memphis a altas horas da noite, e os dois se queixavam amargamente dos infortúnios da fama... A instabilidade pessoal de Hughes acabou tornando a ansiedade de Presley muito mais insuportável.

Pouco antes de morrer, Elvis anunciou a alguns íntimos que ia começar a se exercitar com vistas a uma turnê projetada e que ia reunir a coragem necessária para despedir, de uma vez por todas, o coronel Parker. O abuso de drogas teve um papel decisivo no ataque cardíaco que o matou em 16 de agosto de 1977. Mas Earl Greenwood e Kathleen Tracy questionam moralmente a atitude das pessoas próximas, que deixaram esse abuso tomar tais proporções e durante tanto tempo. Muitos tiveram a ganhar mais com Elvis doentio e dependente. A começar por seguranças cujo trabalho consistia em praticamente não fazer nada: eles tinham mais chance de roubar Elvis descaradamente caso ele estivesse drogado. Se por um lado, era difícil dar conselhos pessoais a Elvis, seu pai Vernon e o empresário Tom Parker estiveram sempre em posição de autoridade que lhes permitia ao menos tentar fazer alguma coisa. Só em agosto / setembro de 1977, Tom Parker ganhou perto de um milhão de dólares com a venda de camisetas, chapéus e demais objetos de lembrança póstuma que encheram as lojas de Memphis da noite para o dia.

O livro se encerra com as especulações das causas mortis do ídolo. Para uns, suicídio, para outros, uma superdose acidental, outros finalmente acreditam mesmo em homicídio culposo. Os autores concordam e discordam das três versões. Culpam o vício da comer frituras demais a vida toda, culpam o excesso de mulheres e culpam o excesso de drogas e medicamentos, tudo aliado à personalidade extremamente emotiva e insegura, do ponto de vista auto critico, de Elvis Presley, que nunca soube o significado da palavra moderação.

Artigo escrito por José Guilherme Correa.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 77

Elvis Presley e Richard Nixon
O Rei e o Presidente
Elvis Presley e Richard Nixon - A carreira policial de Elvis Presley foi tão espetacular quanto sua carreira musical. Em pouco mais de um ano, ele passou de auxiliar de xerife de um condado do Tennessee a agente federal de uma das mais glamorosas forças de combate ao crime: o FBI. Muito mais expressivo é que, na primeira vez ele foi nomeado pelo xerife local, mas na última, quem o nomeou foi o próprio presidente dos EUA, Richard Nixon. Essa história é muito interessante e para entendê-la melhor precisamos voltar a 1970, um pouco antes do natal.

Nessa ocasião Elvis deu à sua família em Graceland uma exibição inesquecível de como um agente policial age na sombra. Naquele dia Elvis brigou com Vernon e Priscilla por causa de suas compras de natal. Vernon ficou chocado ao receber as contas de Los Angeles. Em armas Elvis havia gasto 19.972 mil dólares. Mas isso não era nada comparado com as notas das revendedoras de automóveis. Elvis havia comprado dez Mercedes Benz, que planejava presentear como se fossem bicicletas!

Elvis não tolerava qualquer crítica aos seus gastos. Mas Vernon e Priscilla eram tão mão-fechadas quanto Elvis era gastador e eles sempre estavam em pé de guerra por causa de dinheiro. Esse dia não teria sido muito diferente dos outros se Elvis não tivesse tido a idéia de punir seu pai e sua mulher e ao mesmo tempo curtir uma rara emoção. Correndo para seu quarto, Elvis vestiu um de seus ternos mais extravagantes, colocou uma colt 45 no coldre sob o ombro e uma Deringer na bota. Assim preparado, entrou no seu carro e foi para o aeroporto onde comprou uma passagem e embarcou para Washington. Na capital americana se hospedou num hotel próximo à Casa Branca com o nome de coronel Jon Burrows.

Ah, aquilo foi demais! E quando ele estava no taxi, então? O motorista crioulo não parava de olhar para suas jóias e ele teve que abrir um pouco o paletó para que o cara desse uma olhada na sua 45. Mas agora lá estava ele, o homem mais famoso do mundo, sentado num quarto de hotel olhando para a TV, completamente sozinho numa cidade estranha. No mesmo vôo que levou Elvis a Washington estava o senador George Murphy e logo o famoso cantor estava de prosa com o velho político, explicando que estava indo a Washington para oferecer seus préstimos na guerra contra os tóxicos.

O senador disse que ia ajudá-lo e que iria arranjar-lhe uma visita ao FBI e ao Bureau de narcóticos. Encorajado, Elvis teve uma idéia brilhante: porque não tentar ser recebido pelo presidente Nixon? Como não havia tempo para arrumar uma audiência pelos canais competentes, Elvis resolveu solicitar ele mesmo um encontro com o presidente dos EUA.

No avião mesmo, ele escreveu uma carta para Nixon, explicando os perigos que o país enfrentava, com os Beatles e Jane Fonda incutindo idéias radicais no pensamento da juventude americana, incentivando o uso de drogas. Para contrabalançar Elvis se oferecia para ficar do outro prato da balança. Terminou pedindo uma audiência imediata e informou que poderia ser encontrado no Washington Hotel, onde estava hospedado com o nome de coronel Jon Burrows. Assim que chegou em Washington Elvis foi direto para a Casa Branca onde se apresentou ao atônico guarda de plantão e lhe entregou a carta.

Quando Elvis voltou ao hotel duas horas depois recebeu uma notícia eletrizante: o secretário do presidente havia acabado de ligar: "O Presidente vai receber Mr. Presley" - foi isso que ele disse! sacou? Nixon havia arranjado tempo para receber o Rei do Rock naquele mesmo dia!

Elvis encontra Nixon - Porque Nixon estava com tanta pressa de se encontrar com Elvis? Bem, naquele momento ele estava para lançar uma monumental cruzada contra as drogas, e de repente aparece o Rei do Rock com a mesma idéia! Para Nixon "as drogas eram o problema número 1 da América" e ele ia transformar a Drug Enforcemente Agency (DEA) numa super agência de combate aos tóxicos no estilo da CIA e do FBI. Para se ter uma idéia o orçamento dessa polícia secreta de Nixon subiu de 69 milhões de dólares em 1969 para 719 milhões em 1973.

Quando Elvis, Jerry Schilling e Sonny West (que chegou bem a tempo!) foram introduzidos na Casa Branca, foram recebidos por Egil Krogh, o braço direito de Nixon em sua cruzada anti drogas. Ele disse a Elvis que os caras teriam que ficar esperando num prédio anexo (o Federal Bureau) porque, caso mais de uma pessoa visitasse o presidente ao mesmo tempo, seriam necessárias medidas especiais de segurança. Jerry e Sonny ficaram desapontados, pois Elvis havia prometido que eles também conheceriam o presidente.

Quando Elvis entrou no salão oval estava devidamente preparado para esse grande evento. Ao bater os olhos em Elvis, Nixon não se conteve: "Você usa roupas bem extravagantes, heim?" Sem perder o pique Elvis devolveu: "Presidente, o senhor dirige o seu show que eu dirijo o meu!". Depois o papo começou com Elvis dizendo que era "a prova viva de que a América era a terra das oportunidades", Da noite para o dia, ele passou de simples motorista de caminhão a superstar, provando a realidade do sonho americano. Mas agora ele estava preocupado com a juventude de seu país, seduzida pelo mundo das drogas.

O rei contou ao presidente que estava dedicando todo o seu tempo livre em reuniões com grupos de jovens rebeldes, usando sua autoridade para ajudá-los no caminho do bem e superar seus problemas com tóxicos. Enquanto Elvis falava, Nixon deve ter se sentido gratificado. Nixon sabia do poder de Elvis sobre a juventude americana e chegou a dizer-lhe que, se quisesse, ele poderia trocar o show business por uma carreira política de sucesso. Alguns artistas como o senador George Murphy e Ronald Reagan (então governador da Califórnia) já haviam inclusive mostrado o poder do show business na arena política. Mas quem eram eles em comparação com Elvis Presley, o Rei do Rock? Só havia uma coisa que jamais poderia ser esquecida, aconselhou Nixon: "Nunca perca sua credibilidade".

Ah, foi uma grande reunião, um grande casamento de idéias. O que Nixon tão poeticamente chamava de "Maioria silenciosa" havia enfim encontrado sua voz em Elvis Presley. Finalmente chegou a hora de Elvis fazer seu grande pedido: já que iria ajudar na cruzada contra as drogas, nada mais justo do que ter uma insígnia de agente federal do FBI. Nixon sorriu: "Não tenho muito poder por aqui, você sabe. Mas conseguir um distintivo de agente federal para você é uma das coisas que posso fazer". Elvis agradeceu e fez mais um pedido, será que o presidente poderia receber seus guarda-costas? Nixon concordou e deu ordens pelo telefone para que Jerry Schiling e Sonny West fossem trazidos a sua presença. Nixon desculpou-se com Elvis e foi assinar alguns documentos. Elvis ficou passeando pelo salão oval, observando o presidente com o canto dos olhos. Imagine seu assombro quando Nixon, depois de assinar os papéis, virou-se para o assessor que estava ao seu lado e perguntou: "O que foi que acabei de assinar?". Elvis iria contar essa história para o resto de sua vida.

Assim que Sonny e Jerry entraram, Nixon deu um soco amigável no ombro de Sonny e comentou: "Rapaz, você tem uma bela dupla de grandalhões! Acho que eles sabem cuidar muito bem de você!" - "Yes, Sir", confirmou Elvis. O fotógrafo da Casa Branca tirou retratos de todos juntos e Nixon deu a cada um dos guarda-costas um par de abotoaduras com o selo presidencial. De sua parte, Elvis deu a Nixon um colt 45 comemorativo da 2º Grande Guerra Mundial. O histórico encontro entre o Rei do Rock'n'Roll e o presidente dos Estados Unidos havia terminado.

O FBI libera o dossiê Elvis: 663 páginas de loucuras!

O FBI guardou uma grande ficha sobre Elvis Presley por mais de 20 anos - em setembro de 1956, quando Elvis pela primeira vez subiu ao palco do Ed Sullivan Show e entrou dentro dos corações de milhões de americanos, até sua morte em agosto de 1977. Os federais relataram tudo sobre Elvis: suas roupas, suas gingas no palco, sua vida e amores fora do palco - e as hostes de escroques e loucos que tentaram fazer dinheiro com sua incrível fama. O FBI liberou o dossiê Elvis devido a lei sobre liberdade de informação (Freedom of Information Act). As queixas contra Elvis começaram a chegar ao FBI nos anos 50. Entre as revelações do dossiê podemos encontrar histórias interessantes sobre a vida e a carreira de Elvis. A ficha, que não contém nada que desmereça a imagem de Presley começa com queixas sobre seus giros sexuais e progride através de ameaças de morte e extorsão - e sentimentos de Presley sobre outros astros.

Em 1956 um cartão postal enviado a Elvis dizia: "Se você não parar com isso, nós vamos te matar". Elvis imediatamente contactou o FBI que abriu uma investigação para saber quem era o autor do cartão. O agente do FBI encarregado do caso definiu o alto e o rotapé do cartão como "Obscenos" Essa seria apenas a primeira ameaça de morte sofrida por Elvis, ao longo dos anos ele receberia várias mensagens iguais, ameaçando sua vida e de sua família.

Elvis acendeu as iras da Biblebelt (área de maior influência biblica da América), motivando uma carta ao editor de um jornal religioso de Wisconsin, que dizia: "Presley é um perigo definitivo a segurança dos Estados Unidos". O artigo ainda dizia: "Testemunhas oculares disseram-me que atos e gestos de Elvis são capazes de despertar as paixões sexuais da juventude americana adolescente...Presley assinou autógrafos na barriga de uma garota...fãs clubs que se degeneram em orgias sexuais...eu poderia jurar que se trata de um viciado em drogas e de um pervertido sexual". O conservador Elvis, quem diria...

O cantor Jerry Lee Lewis tentou invadir a mansão Graceland: O agente do FBI relata um caso envolvendo Elvis e o cantor Jerry Lee Lewis. No final dos anos 70 esse cantor, antigo ídolo jovem nos anos 50, tentou invadir a propriedade de Mr. Presley totalmente embriagado e ainda por cima armado. Elvis se recusou a recebê-lo nesse estado e chamou o FBI que o prendeu. Jerry Lee Lewis depois interrogado afirmou que "seu plano era achar, libertar e seqüestrar o Rei Elvis". O Rei do Rock nunca mais quis receber Lewis, nem para receber desculpas pelo ocorrido. E avisou que nunca mais o procurasse...

A revelação mais bizarra é que Elvis caiu vítima de uma corja de trapaceiros e desclassificados que pagou por seu avião Jet Star com cheques sem fundos, hipotecou o aparelho por um milhão de dólares e fez Elvis pagar 400 mil dólares extras por reparos nunca feitos. A gangue que se auto denominava "a fraternidade" foi descrita pelo FBI como "30 a 40 dos maiores vigaristas do mundo". Foram apanhados e alguns condenados, mas Elvis morreu antes que o avião fosse devolvido a Graceland, sua propriedade em Memphis. O então advogado de Elvis, Dr Beecher Smith, diz: "O avião voltou e recuperamos parte do dinheiro. Havia rumores de que alguns dos advogados de defesa tinham conexões com a máfia"

O Mesmo avião está agora exposto em Graceland. O então piloto de Elvis também estava envolvido de acordo com os relatórios do FBI, confirmados por Smith. A perda do avião deve ter sido a última e mais bem sucedida tentativa de roubar seu dinheiro, mas os registros do FBI mostram mais tentativas de extorsão e ameaças de morte desde os primeiros dias de sucesso de Presley até suas últimas apresentações pelos Estados Unidos.

As fichas também registram o não realizado sonho de Elvis em conhecer o diretor do FBI, J. Edgar Hoover. Nem uma carta de apresentação do senador George Murphy ajudou. Um auxiliar de Hoover escreveu contra um encontro com Elvis, juntando uma foto de Presley com a roupa que usou no seu encontro com o presidente Richard Nixon. Num relatório de 1970, o agente M.A. Jones observou: "Não obstante a sinceridade e as boas intenções de Mr. Presley, ele não é certamente o tipo de indivíduo que o diretor gostaria de conhecer. É notório que no momento está com os cabelos abaixo dos ombros e concorda em vestir toda espécie de roupas exóticas". O diretor Hoover estava convenientemente "fora da cidade" quando Elvis veio para a visita e depois escreveu a Presley: "Lamento que não tenha sido possível receber você durante sua visita ao FBI. Entretanto, espero que você tenha gostado da viagem e de nossas instalações"

Ironicamente Elvis iria entrar para o FBI nos anos 70 como agente federal nomeado pelo presidente Nixon. O mais engraçado de tudo isso foi o fato de uma pessoa considerada pelo Bureau como uma "ameaça à nação" acabar entrando para seus quadros uma década depois. Assim Elvis se tornaria o mais "exótico" agente federal que J. Edgar Hoover jamais sonhou em ter um dia...

Artigo publicado na revista People - "O Dossiê Elvis"
Artigo escrito por Lu Gomes - "Elvis e Nixon".

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 76

O Dia em que os Beatles foram conhecer Elvis!
Os primeiros discos dos Beatles chegam aos Estados Unidos
Enquanto Elvis afundava no estudo do ocultismo e demais ciências esotéricas, o bravo rock'n'roll renascia com mais força ainda. Começando em 1963, quando os primeiros discos do Beatles chegaram aos Estados Unidos e culminando com a chegada dos Fab Four à América, quando foram vistos por 70 milhões de telespectadores no programa Ed Sullivan Show, o rock atingiu, no ano de 1967 um fervor messiânico. Nunca antes da história da humanidade havia algum fenômeno cultural desenvolvido tanta força e poder.

Estava na cara que algo grandioso estava acontecendo mas, para Elvis, não havia nada de novo, exceto algumas poucas músicas dos Beatles que ele gostava. Não é de se espantar, portanto, que quando os Beatles vieram aos Estados Unidos pela primeira vez, Elvis tenha recusado firmemente um encontro com os quatro cabeludos de Liverpool que aspiravam a mão de sua filha, a juventude americana, muito embora durante o programa do Ed Sullivan, os Beatles tenham recebido um telegrama de boas vindas assinado por ele, mas remetido sem o seu conhecimento pelo coronel Parker.

- "Droga, não quero me encontrar com esses fdp!" – explodiu Elvis quando o coronel lhe propôs um encontro com os Beatles no inicio de 1964

Os Beatles vão encontrar-se com Elvis

Mas o coronel não gostava de aceitar um não como resposta, principalmente de sua marionete Elvis Presley e continuou a campanha para criar a ilusão de bons sentimentos entre seu cliente e os Beatles, enviando-lhe de presente quatro conjuntos de trajes de cowboy completos, inclusive com armas de verdade.

Quando os Beatles voltaram em 1965, eles usaram essas roupas de cowboy em um de seus concertos. Era o sinal que o coronel estava esperando. Novo encontro foi proposto e, dessa vez, Elvis topou

- "Tá legal. Mas eles terão que vir até a minha casa"

Aquilo era bom demais parta ser verdade para o coronel, que ligou para Brian Epstein marcando a reunião. Nesse tempo, Elvis estava de volta à casa de Perugia Way, depois de Ter morado algum tempo em Bellagio Road.

Na noite memorável de 27 de agosto de 1965, Elvis sentou-se no sofá da sala, como sempre fazia, cercado de seus homens: Joe Esposito, Marty Laker, Billy Smith, Jerry Schiling, Alan Fortas, Sonny West, Mike Keaton e Ray Sitton. Logo chegou o coronel Parker e Tom Diskin.

Perto da 9 horas, os Beatles chegaram numa limousine preta, acompanhados por Brian Epstein, o jornalista Derek Taylor e dois guarda costas. A área estava fortemente guardada pela polícia de Los Angeles. Assim que os príncipes do rock entraram na mansão, ouviram seus discos tocando no "Jukebox". Elvis levantou-se para cumprimentá-los, sorrindo e John Lennon brincou:

- "Oh, aí está você!"

Apresentações formais foram feitas e todos sentaram-se no sofá; John e Paul no lado direito de Elvis e Ringo e George no lado esquerdo. Enquanto a "Jukebox"alternava os sucessos de Elvis e dos Beatles, ninguém falou nada. Os Beatles olhavam para Elvis, Elvis olhava para os Beatles. Nenhum dos caras achou que era hora de dizer alguma coisa. Nem o coronel Parker ,que permaneceu silencioso. Finalmente, depois de uns cinco minutos, Elvis não se conteve:

- "Bem, olha aqui" – protestou o rei – "Se vocês vão ficar aí sentados a noite inteira eu vou para a cama. Vamos aproveitar a noite! Podemos conversar sobre música e até tocar um pouquinho!"

Ao ouvir Elvis falar "tocar", todos os Beatles exclamaram:

- "Adoraríamos tocar com você, Elvis"

"Não consigo contar a emoção que foi ontem à noite"

O gelo estava quebrado e o grupo logo se dividiu em rodinhas; Elvis, John e Paul levavam um papo:

- "Quantos sucessos vocês escreveram até agora?", quis saber Elvis, sempre preocupado com números.

John e Paul começaram a contar como se isso tivesse alguma importância. Todavia quando chegou a vez de John Lennon perguntar, ele quis saber algo crucial:

- "Elvis, porque você não volta ao seu velho estilo musical?"

Elvis que não gravava um rock há anos, desculpou-se:

- "Bem, sabe como é... é por causa do meu esquema de filmes. É muito apertado...mas eu ainda vou gravar algum disco"

Lennon comentou:

- "Então esse eu vou comprar"

Era uma piada, mas revelava claramente o que os Beatles pensavam do trabalho musical de Elvis naquela época.

Enquanto isso Ringo jogava sinuca, rodeado pelas crianças, Tom Parker e Joe Esposito montaram uma mesa de roleta e o coronel anunciou:

- "O cassino está aberto"

Imediatamente Brian Epstein se aproximou, Brian tinha tanta curiosidade e vontade de conhecer o coronel quanto os Beatles tinham de conhecer Elvis.

Depois de dar algumas tacadas de sinuca com Ringo Starr, Elvis pegou um contrabaixo elétrico que estava aprendendo a tocar. Ordenando que os Beatles fossem equipados com instrumentos, Elvis deu início a uma animada "Jam Session". O ponto alto foi Elvis tocando baixo em "I Feel Fine', o que provocou o seguinte comentário de Paul McCartney:

- "Você está tocando baixo muito bem, Elvis!"

O encontro das estrelas durou três horas e foi um sucesso, exceto por George Harrison que não quis conversar com ninguém e se comportou como se estivesse com uma doença contagiosa. Quando chegou a hora de puxar o carro, Lennon convidou:

- "Gostaríamos que todos vocês fossem nos visitar amanhã a noite"

- "Bem, eu vou ver" – Elvis respondeu – "Não sei ainda se podemos ir ou não"

Voltando-se para os demais John falou:

- "Vocês serão bem vindos, com Elvis ou sem ele"

Os caras agradeceram, mas sem demonstrar muita vontade de ir, caso contrário poderiam desperdar os ciúmes do chefe. Mas na noite seguinte, Joe Esposito, Marty Laker, Jerry Schiling e Sonny West, conseguiram dar uma escapadinha e foram visitar os Beatles na casa em que eles estavam hospedados em Mulholland Drive. Assim que começaram a conversar com seus anfitriões, John Lennon explicou tudo com aquele seu estilo claro e contundente:

- "Deixa eu contar uma coisa para vocês. Só havia uma pessoa nos Estados Unidos da América que a gente queria conhecer. E nós a encontramos ontem à noite. Não posso dizer como nos sentimos. Nós o idolatrávamos demais. Quando chegamos na cidade, esses caras como Dean Martin e Frank Sinatra e todas essas pessoas queriam nos conhecer e ficar conosco simplesmente porque tínhamos todas as mulheres, todas as gatinhas. Não queremos encontrar essa gente. Eles não gostam de nós. E nós não os admiramos e nem gostamos deles também. A única pessoa que queríamos encontrar nos Estados Unidos da América era Elvis Presley. Não consigo contar a emoção que foi ontem à noite"

Artigo Escrito por Lu Gomes.