sexta-feira, 25 de junho de 2010

Elvis Presley - Biografia - 1966

Elvis Presley 1966 – Uma Leve Brisa de Mudanças. Se 1965 foi um ano da carreira de Elvis para se esquecer, pois nada de muito relevante foi produzido nele, 1966 trouxe uma leve brisa de mudanças para melhor dentro do quadro geral desanimador que se abatia sobre a carreira do cantor desde 64. Logo no começo de 66 Elvis entrou pela primeira vez em um estúdio para gravar canções que não eram de filmes. Uma boa notícia que logo foi comemorada pelos fãs na época. Em maio de 66 lá estava Elvis tentando gravar algum material de qualidade. Seis canções foram gravadas, algumas demonstrando que o talento de Elvis ainda continuava intacto e que tudo o que ele precisava mesmo naquele momento era de material com um mínimo de qualidade. "Down In The Alley", "Tomorrow Is A Long Time" (a famosa canção de Bob Bylan), Love Letters (a versão original e não a regravação que deu origem a um disco de Elvis nos anos 70), "Beyond The Reef", "Come What May" e "Fools Fall in Love" mostravam que Elvis estava vivo e respirando, mesmo que com dificuldades. Essas seis canções, se tivessem sido lançadas em um disco normal, teriam amenizado e muito a crise musical e artística da carreira de Elvis. Mas infelizmente os executivos da RCA não souberam aproveitar. O single "Love Letters / Come What May", não contou com o mínimo de publicidade mas mesmo assim alcançou uma boa posição entre os mais vendidos nos EUA (19º lugar) e um ótimo sexto lugar na Inglaterra. Infelizmente os filmes e suas trilhas ruins não deixaram de ser produzidos, prejudicando o pouco retorno que essas gravações de qualidade poderiam alcançar. A crítica já nem prestava atenção mais nos discos de Elvis e única coisa que lhe restava era o prestígio do público. 

Não tardou muito para que seus fãs deixassem também de ficar ao lado desses filmes e discos de baixa qualidade. Os fãs ficavam indignados ao presenciar o artista que mudou o mundo da música no século XX cantando músicas de praia, cujas letras só falavam sobre mariscos e areia. Era demais para o estômago dos fàs mais conscientes! Para desgosto dos fãs clubs as três trilhas lançadas em 1966 (Frankie and Johnny, Paradise Hawaiian Style e Spinout) estavam no mercado relembrando a todos como a carreira de Elvis estava estagnada. Nenhuma delas fez grande sucesso e pela primeira vez Elvis não conseguia atingir o Top 10 americano. Merecidamente aliás. Spinout (minhas três noivas) foi lançado para comemorar os 10 anos de Elvis em Hollywood e os fãs, que já vinham pedindo mudanças na carreira de Elvis, deram o troco ao coronel e praticamente boicotaram o lançamento. O filme se tornou um grande fracasso comercial, o maior de todos na carreira cinematográfica de Elvis. Como as coisas não estavam correndo bem, Elvis voltou aos estúdios de Nashville em junho de 66 para tentar reviver sua carreira musical. Dessa sessão surgiram três ótimos momentos: "Indescribably Blue" (finalmente em anos uma música de Elvis recebia um tratamento decente em termos de arranjo e adaptação), "I'll Remember You" (ótima música que Elvis utilizaria mais tarde no Aloha From Hawaii) e "If Every Day Like Was Christmas" (belíssima canção natalina que fracassou injustamente como single no final do ano). Dentro dos estúdios Felton Jarvis vinha para mudar tudo. Ao contrário de muitos produtores que não traziam grandes contribuições a Elvis nas gravações, Felton aparecia com ânimo e vontade de produzir material de qualidade. Sem dúvida, tudo estava caminhando para que mudanças significativas fossem feitas nos anos seguintes e toda essa série de fatores iriam acabar culminando no NBC TV Special, o especial de TV que salvaria a carreira do Rei do Rock de uma vez por todas! Felton Jarvis era, naquele momento, apenas uma brisa de que Elvis precisava para retomar o fôlego e seguir em frente! Felizmente bons ventos logo iriam aparecer no horizonte, para o bem de Elvis e de todos os seus fàs!

"Quando encontrei Elvis pela primeira vez em um estúdio ele estava desanimado e deprimido. Então aos poucos fui me tornando amigo dele. Eu disse: 'Elvis vamos fazer diferente dessa vez. Vamos melhorar os arranjos, acrescentar instrumentos, vamos tentar fazer sempre o melhor, ok?'. O meu interesse em melhorar as gravações dele o deixaram animado novamente. Em pouco tempo ele estava de volta à ativa, discutindo qual seria o melhor take, qual era a melhor forma de gravar essa ou aquela música. Ele tinha renascido. Então eu lhe trouxe várias músicas novas, canções que ele podia gravar. Ele ficou visivelmente interessado, bem diferente do que ocorria quando ele gravava as trilhas de seus filmes. Elvis tinha um talento latente e sabia o que tinha ou não qualidade. Era um martírio para ele gravar todas aquelas músicas ruins dos filmes. Mas agora ele havia se empolgado novamente e isso era o que importava para mim naquele momento. A ordem dentro dos estúdios eram claras: vamos mudar para melhor!" (Felton Jarvis, revista Billboard).

Fevereiro de 1966 - Elvis começa as filmagens de Spinout (Minhas três noivas), filme feito para comemorar seu 10º aniversário em Hollywood.

Fevereiro de 1966 - Dois singles, "Joshua Fit The Battle / Known Only To Him" e "Milky White Way / Swing Down Sweet Chariot", foram lançados conjuntamente em fevereiro de 1966. Como eram apenas reprises do disco gospel His Hand in Mine foram ignorados pelo público. Os dois singles não obtiveram sequer classificação na parada TOP 200 da Billboard. Sem dúvida uma mera tentativa da RCA em ganhar uns trocados a mais com o público gospel de Elvis, só que desta vez não colou.

Março de 1966 - O single "Frankie and Johnny / Please Don't Stop Loving Me" é lançado para promover o disco da trilha sonora do filme "Frankie And Johnny". Chegou a ser premiado com um disco de ouro, apesar de não Ter alcançado uma posição satisfatória nas paradas, apenas um mero 25º lugar nos Estados Unidos e 21º na Inglaterra. A trilha se saiu melhor, porém também não conseguiu entrar no Top 10. Esse filme traz uma seleção de canções com arranjos que lembram a clássica trilha de King Creole, mas fica muito longe do resultado de sua inspiradora predecessora. Apesar de tudo consegue ser um dos bons discos de Elvis em 1966, o que também não quer dizer grande coisa. Tanto o single como a trilha sonora foram rapidamente esquecidas pelo público.

Março de 1966 - Elvis lança o filme "Frankie And Johnny" (Entre a ruiva e a morena, no Brasil)
O primeiro disco de Elvis a ser lançado em março de 1966. O material não é de todo destituído de valor. Há raras exceções que conseguem manter o interesse. As duas primeiras faixas, "Frankie and Johnny" e "Come Along" conseguem mostrar Elvis em boa vocalização e a banda se mostra entrosada de uma maneira geral. O taipe de metais é bem produzido e não decepciona. Mas aí vem o desastre. "Petunia, The Gardeners Daughter" certamente é uma das piores músicas da discografia de Elvis. Idem para as seguintes, "Chesay", "What Every Woman Lives For" (com péssima letra) e "Look Out Broadway". As coisas melhoram um pouco com a boa canção "Begginers Luck", mas voltam a piorar com "Shout It Out". Mas como esse disco é uma verdadeira montanha russa as coisas melhoram bem com "Hard Luck". "Please Dont Stop Loving Me" é uma boa balada, mas não consegue salvar o navio, e esse, assim como o disco, afundam de forma melancólica. O resultado comercial do disco assustou pois alcançou apenas a 20º posição na lista dos mais vendidos. A mistura de New Orleans e música do começo do século seguramente não funcionou. O filme também se deu mal nas bilheterias, sendo o filme apenas o 48º mais assistido de 1966.

Junho de 1966 - A RCA Victor lança o single "Love Letters / Come What May", considerado o melhor single de Elvis no ano, contando com as ótimas músicas gravadas em maio de 1966. Seis canções convencionais e inéditas foram gravadas nessa ocasião, algumas demonstrando que o talento de Elvis ainda continuava intacto e que tudo o que ele precisava mesmo naquele momento era de material com um mínimo de qualidade. "Down In The Alley", "Tomorrow Is A Long Time" (a famosa canção de Bob Bylan), Love Letters (a versão original e não a regravação que deu origem a um disco de Elvis nos anos 70), "Beyond The Reef", "Come What May" e "Fools Fall in Love" mostravam que Elvis estava vivo e respirando, mesmo que com dificuldades. Essas seis canções, se tivessem sido lançadas em um disco normal, teriam amenizado e muito a crise musical e artística da carreira de Elvis. Mas infelizmente os executivos da RCA não souberam aproveitar. O single "Love Letters / Come What May", não contou com o mínimo de publicidade mas mesmo assim alcançou uma razoável posição entre os mais vendidos nos EUA (19º lugar) e um ótimo sexto lugar na Inglaterra.

Julho de 1966 - Elvis começa novo filme nos Estúdios em Culver City pela MGM. Double Trouble (Canções e confusões).

Agosto de 1966 - O filme "Paradise, Hawaiian Style" (No Paraíso do Havaí, no Brasil) é lançado nos cinemas americanos. O que escrever sobre Paradise, Hawaiian Style? Esse é um material tão inconsistente e falso que fica até difícil começar a apontar seus defeitos. Em primeiro lugar é um projeto que tenta imitar descaradamente Blue Hawaii, aliás com a metade dos dólares gastos no filme anterior (ordens do Coronel). Depois Elvis é jogado numa das piores trilhas sonoras de sua carreira (se não for a pior!). A faixa título é muito ruim, com péssima letra (com um verso pra lá de estúpido: "Puxa! Como é bom estar no 50º Estado!") E a partir daí é uma ladeira abaixo, com canções de mal gosto (Scratch My Back), infantis e maçantes (Datin) constrangedoras (A Dogs Life) e mal produzidas (Stop Where You Are). Nem This Is My Heaven consegue manter a dignidade. A única e honrosa exceção no meio desse pântano de músicas ruins e baratas é mesmo, como já foi dito, a bela canção Sand Castles. E por incrível que pareça ela foi a única cortada do filme! Como pôde acontecer uma coisa dessas? Realmente Paradise, Hawaiian Style é impressionante, pois até nisso eles se equivocaram. Não há muito o que comentar nesse momento opaco, depois dessa é melhor esquecer que nosso querido ídolo se envolveu em tamanho abacaxi, literalmente!.

Olho Clínico: Sobre Paradise, Hawaiian Style... Bom, o Pablo já escreveu sobre as melhores coisas que Elvis fez em 66. Texto maravilhoso que só mostra como ele é realmente um mestre em Elvis. Como sou vira lata vou falar sobre os restos. E assim chegamos a Paradise, Hawaiian Style, algo como "Paraíso ao estilo havaiano". O filme é um primor trash. Aliás de trash eu entendo pois meu DVD de cabeceira é o trash supremo "A noiva de Chucky", e nem adianta rir, Chucky é um ícone que faz Shakespeare parecer um amador!! Mas enfim... Voltemos a Elvis e os mariscos. Como disse Pablo, aqui está Elvis Presley, um dos maiores ícones do século XX, um cara que mudou o mundo, cantando "Queenie, Wahines Papaya", puxa vida!!! Socorro!!! E para completar ainda colocaram ele para contracenar com a garotinha pentelho Donna Butterworth (que diabos de nome é esse??!! Tente falar esse nome em voz alta para você ver como é complicado!!! Buterrwwoowoeeioeowrowqi – putz, deixa pra lá!) Existe uma regra entre os atores em Hollywood que diz: "Nunca contracene com animais e crianças, pois elas irão roubar seu filme". Sem dúvida uma verdade absoluta! Então o que o coronel barriga faz? Ora, coloca Elvis para contracenar com a senhorita Buterrmeoasdirnereri (chega de tentar escrever esse maldito nome) e um monte de cachorros em uma cena no qual ele canta a imortal "A Dog's Life"! (Não disse que sou expert em trashs!!) . Coitado do Elvis. Essa cena só serve para os fãs hardcores do rei conhecer alguns cachorros que eram de Elvis na época e nada mais!!! E o que o rock tem a ver com isso afinal??? Elvis está em controle remoto durante todo o filme com uma pancinha considerável. O figurino é hilário, Elvis está quase explodindo de rir da maioria das cenas e tudo é muito trash mesmo (como eu gosto afinal), e o restos da músicas são desconcertantes mesmo. A que dá nome ao filme tem um verso estúpido que diz "É bom estar no 50º Estado", afinal quem escreveu uma droga dessas!!! Obviamente compositores com danos cerebrais!!! Mas no meio dos tambores e mariscos vou salvar duas músicas que adoro, sério, adoro mesmo: Datin e Sand Castles! Puxa, tem gracinha maior que "Datin"?? Duvido. A letra é muito bonitinha, a cena lindinha e o acompanhamento fofinho. Pode me chamar de bobinho, mas dessa canção eu gosto e ponto final. Para quem gosta de ouvir Elvis rindo procure os takes alternativos dessa sessão, pois ao gravar Datin Elvis morreu de rir em algumas versões, não sei se ele estava rindo da música, dele mesmo ou dos fãs que iriam comprar o disco depois! Mas deixa pra lá... Já Sand Castles é bonita demais, me leva direto para à beira da praia no Hawaii, deitado numa rede, um pouco de água de coco, uma garota bonita de lado, poxa, me sentindo o próprio Elvis (sem a pancinha do filme, por favor!). Puxa, até parece que estou no 50º Estado...Putz esse negócio pega mesmo... (Erick Steve)

Setembro de 1966 - O Single "Spinout / All That I Am" é lançado para promover o filme Spinout (minhas três noivas, no Brasil). Como esse fracassou nas bilheterias e enterrou qualquer pretensão em se divulgar mais a trilha sonora, que tinha uma qualidade musical acima da média em comparação às outras lançadas nesse ano, o single acabou sendo seriamente prejudicado, não recebendo a atenção devida nos EUA. Ao contrário do filme que é destituído de valor artístico, a parte musical de Spinout traz pela primeira vez em muitos anos de trilhas sonoras fracas, uma seleção bastante interessante de momentos e até mesmo algumas músicas excelentes da carreira de Elvis como "Down in the Alley", "I'll Remember You" e "Tomorrow is a long Time" de Bob Dylan (Todas como Bonus Songs da trilha). Isso se deveu a um fator que ocorreu nos bastidores da RCA Victor em 1966. Por motivos de saúde o produtor de Elvis, Chet Atkins, teve que se afastar dos estúdios. Isso abriu caminho para que os trabalhos musicais de Elvis fossem providenciados por um novo produtor: Felton Jarvis. Ao contrário de Atkins, que apesar de ser um produtor e músico talentoso estava muito acomodado, Jarvis chegava com muita vontade de mostrar serviço. Resolveu embelezar as músicas de Elvis com novos arranjos e lhes dar maior qualidade harmônica, mesmo que essas fossem apenas canções descartáveis de filmes. Enfim, finalmente havia um sopro de ar fresco pairando dentro dos estúdios da RCA Victor. All That I Am - (S. Tepper / R.C. Bennett) - A prova viva de que Felton Jarvis vinha para ficar! Nesse caso o produtor pegou uma música despretensiosa que fazia parte da trilha e resolveu escrever um belíssimo arranjo de cordas em violino! A nova versão ficou tão bela que, com a concordância de Elvis, Jarvis resolveu lançá-la em single antes do filme. O resultado foi tão satisfatório que a música chegou ao Top 20 na Inglaterra, se tornando também bem conhecida no resto da Europa. Nesse compacto europeu ela foi lançada como lado A, ao contrário do single americano original que vinha com "Spinout" no lado principal e com "All That I am" no lado B. O disco com a trilha sonora se saiu melhor que o filme e conseguiu também ser Top 20 nos EUA (18º lugar entre os mais vendidos). Um excelente sinal de mudanças positivas nas combalidas trilhas sonoras de Elvis nesse período.

Outubro de 1966 - A trilha sonora do filme "Spinout" é lançada. Esse disco consegue (graças em parte às suas bonus songs) manter o interesse. Nada menos que três ótimas canções foram colocadas no disco por Felton Jarvis, certamente para evitar um vexame consecutivo a Elvis, depois de "Frankie And Johnny" e "Paradise, Hawaiian Style". "Down In The Alley", "Tomorrow Is A Long Time" e "I'll Remember You" salvaram o disco de se tornar mais uma decepção completa. Além dessas a bela balada "All That I Am" se destaca, principalmente por se tornar um belo sucesso de Elvis na Europa na época. Foi a primeira gravação do cantor a utilizar um arranjo de violinos. Mostra sem dúvida a seriedade de Felton Jarvis como produtor de Elvis. "I'll Be Back" também é uma música que sempre é citada como um ponto alto do disco. Porém para fazer jus ao material inconsistente gravado por Elvis para as trilhas sonoras nessa época, essa também marca presença na lista das piores músicas da discografia com a inacreditável Beach Shack. Simplesmente horrível. Porém se levarmos em conta que há cinco faixas fortes no disco, podemos considerar esse disco um bom sinal de mudanças na carreira de Elvis. Antes tarde do que nunca: O disco chegou ao Top 20 e o filme chegou na lista vexatória dos 50 piores filmes de todos os tempos publicada pela revista americana Premiere. Nada é perfeito.

Novembro de 1966 - Estréia o filme "Spinout" (Minhas três noivas).
Em 1966 Elvis Presley completou dez anos de carreira em Hollywood. Os executivos da MGM então resolveram elaborar um intenso projeto de marketing para celebrar a data com muito material promocional, posters, álbuns, comerciais, folders etc. No centro das comemorações estava a realização de mais um filme de Elvis na produtora: Spinout (Minhas três noivas, no Brasil). As filmagens começaram em fevereiro de 1966 e duraram dois meses. Para contracenar com Elvis foram chamadas três beldades da época: Shelley Fabares (que já havia atuado ao lado de Elvis), Debora Walley (que chegou a ter um casinho com Elvis no set de filmagem) e Diana McBaine. Na direção o "pau-pra-toda-obra" dos estúdios Norman Taurog. Infelizmente os executivos da MGM não quiseram se arriscar e resolveram apostar na velha fórmula dos filmes anteriores de Elvis, que já estavam bastante desgastados pela crítica e até mesmo pelos fãs, que vinham exigindo atráves do fanzine "Elvis Monthly" mudanças na carreira de Elvis. Ou seja, muitos fãs estavam mais lamentando esse "aniversário" do que comemorando tal data. A falta de inovação da carreira de Elvis o levou a um impasse: ele tinha que mudar o rumo que vinha tomando há tempos ou afundaria de vez e se tornaria apenas uma "lenda viva" sem relevância artística. Os primeiros sinais já tinham aparecido no ano anterior com as más bilheterias de seus últimos filmes. O público estava cansado dos mesmos roteiros, das mesmas estórias e o pior de tudo: da má qualidade do material musical apresentado nesses filmes. E Elvis tinha consciência disso, porém preso a muitos contratos cinematográficos desde a primeira metade dos anos 60 o cantor se viu amordaçado não só aos grandes estúdios como também à sua própria gravadora que lançava todas as trilhas sonoras - e que por sua vez também estava presa à obrigações com os estúdios de cinema. Por incrível que isso possa parecer a melhor coisa a acontecer na carreira de Elvis nesse período era um grande fracasso no cinema! E o que todos de certa forma já previam finalmente aconteceu! Spinout foi lançado em novembro de 1966 e afundou nas bilheterias! Nem todo o marketing do mundo o salvou de ser um dos piores fracassos da carreira de Elvis! Até mesmo os fãs resolveram boicotar o lançamento e isso acabou sendo muito bom, pois acendeu de vez a luz vermelha nas organizações Presley - não dava mais para seguir essa velha linha "Trilha / Filme". Para se ter uma idéia do tamanho da bomba, basta afirmar que o filme não conseguiu ficar nem entre os 50 mais vistos do ano - logo Elvis que mesmo em suas bilheterias mais fracas conseguia ficar no top 10 ou até mesmo no top 20. O ano que viria apenas iria corroborar essa visão e tudo isso iria desbancar na realização do NBC TV Special de 68 que iria reviver a carreira de Elvis e o levar de uma vez por todas para longe de Hollywood, para o seu próprio bem e dos seus fãs, é claro!

Novembro de 1966 - Para comemorar as festas de fim de ano a RCA lança o single "If Every Day Like Christmas / How Would You Like To Be". A música natalina If Every Day Like Christmas é ótima e não teve o merecido reconhecimento quando foi lançada, sendo outro single de Elvis que também não foi classificado no Top 200 nos Estados Unidos. Um pena. Já os ingleses demonstraram mais sensibilidade e por lá fez um sucesso merecido, chegando ao muito bem vindo nono lugar nas paradas inglesas. Sem dúvida um ótimo resultado. Talvez o single não tenha feito sucesso nos EUA por causa de seu péssimo lado B. Os americanos pensaram certamente que se tratava de material já anteriormente lançado e ignoraram completamente todo o single. Uma perda grande mesmo, tanto para Elvis como para o público em geral que perdeu a chance de conhecer um clássico absoluto. Mas um single tem dois lados e o Lado B era dose. Convenhamos, How Would Like To Be do filme de 1963 "It Happened At World's Fair" é péssima. Depois que Elvis cantou "Wooden Heart" em "G.I. Blues" (Saudades de um Pracinha, no Brasil) com as marionetes, os produtores chegaram a brilhante conclusão de que todos os seus filmes seguintes teriam que Ter pelo menos uma música mais voltada para o seu público infantil. Péssima idéia. E essa foi feita exatamente para atender aos desejos deles em Hollywood. Então lá foi Elvis cantar durante mais de 3 minutos (uma eternidade para o padrão geral de duração de sua músicas) uma musiquinha muito maçante e boba, que não chega a lugar nenhum. O pior é acompanhar um irritante arranjo de percussão que dura toda a canção, ficando no mínimo chato e no máximo constrangedor. Fico imaginando Elvis no estúdio ao lado de seu grupo, que outrora revolucionou a música mundial, ensaiando tamanha bobagem. Não me admira que Elvis muitas vezes perdia a paciência durante algumas sessões desses filmes dos anos 60. E você também vai perder a paciência ao ouvir esse equívoco musical, tenha certeza. Esse é sem dúvida um dos pontos mais baixos da carreira do "Rei Do Rock".

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Elvis Presley - Biografia - 1965

Janeiro de 1965 - Elvis completa 30 anos, recluso em Graceland.

Fevereiro de 1965 - Elvis lança o single Do The Clam / You ll Be Gone, esse compacto foi lançado para promover o filme "Girl Happy" (Louco por Garotas). Do The Clam (Wayne / Weisman / Fuller) - Lançada como single, alcançou 21º lugar nos EUA e 19º lugar na Inglaterra. Para acompanhar essa música o coreógrafo David Winter, que já havia trabalhado em "Viva Las Vegas", criou uma dança chamada "The Clam". Isso se deve ao fato de na época danças como "The Twist", "The Bird", "The Mashed Potato", serem criadas a rodo e fazerem muito sucesso. A dança nunca pegou. A letra dessa música às vezes é taxada como péssima, o que não é verdade quando se percebe que o Clam (marisco) a que ela se refere é a dança e não mariscos propriamente dito. Bem animadinha e com um solo de sax bem legal, por incrível que pareça é um dos pontos altos da trilha. Já You'll Be Gone não fez parte de "Girl Happy", sendo gravada em março de 62 nas mesmas sessões que deram origem ao disco "Por Luck". É uma boa canção, escrita por Elvis, Charlie Hodge e Red West, o que causa uma certa surpresa, pois o ritmo é bem ao estilo latino, com Elvis empostando a voz em grande interpretação. Apesar de sua inegável qualidade sonora foi desperdiçada como bonus song da trilha sonora de "Girl Happy" e por isso totalmente subestimada, aliás como muitas outras músicas de Elvis que foram simplesmente jogadas em certas trilhas sem nenhum critério, ficando em pouco tempo esquecidas e perdidas dentro da bagunçada discografia do cantor nos anos 60. Uma pena.

Março de 1965 - Estréia o filme Girl Happy (louco por garotas).
O roteiro é decente, a trilha razoável. Elvis conta com uma de suas melhores e favoritas Lead Ladies: Shelley Fabares (que viria a atuar com ele em mais dois filmes). Possui diálogos e situações engraçadas e é um retrato da América do início da década de 60, ainda inocente. Além disso, Elvis está bonitão e com um figurino impecável. Possui algumas falhas tipo Elvis tocando violão em Do The Clam e dele saindo um som de guitarra elétrica ou o fato de Elvis tentar, em uma cena, pegar bronze de camisa de manga longa e sapato e calça social! Mas a gente perdoa. O roteiro é simples. Elvis é Rusty Wells, líder de uma banda que se apresenta em um hotel chique que pertence a um poderoso mafioso e vê suas férias em Fort Lauderdale frustadas quando este lhe pede para ficar mais algumas semanas. Para resolver o problema Elvis junta o útil ao agradável e descobre que o mafioso está preocupado com sua filha Val, interpretada por Shelley Fabares, que vai ficar em um hotel com suas amigas em..... Fort Lauderdale. Então Rusty se oferece para tomar conta de sua filha, sem Val saber. É claro que tomar conta de um avião como Fabares vai dar mais trabalho do que se imaginava. Biquínis, mulheres bonitas, uma trilha dançante, um trio de apoio engraçadíssimo e paisagens belíssimas fazem de Girl Happy um prazer sem culpas. Tudo o que você tem que fazer é desligar o cérebro e sentir a " Spring Fever". A trilha de Girl Happy é razoável, não possuindo nenhuma porcaria como Barefoot Ballad, mas também nenhum clássico como Return to Sender. Tem a vantagem de conter pouquíssimas baladas e ser bem para cima. Apesar disso, Elvis soa como se estivesse entediado e as sessões de gravação, feitas em junho de 64, foram no mínimo frustrantes.

Destaques do disco: Girl Happy (Pomus / Meade) - O filme abre com essa música que passa longe de ser classificada entre as melhores de Elvis, mas que possui um excelente ritmo. E por falar em ritmo, o curioso é que, não estranhe se a voz de Elvis parecer muito aguda, pois a velocidade da música foi aumentada para 8% mais rápida de seu original, fato único em sua carreira. A letra é bem interessante, podendo ser comparada com "Eu gosto é de mulher" do nosso Ultraje a Rigor. Uma das poucas músicas de Doc Pomus que Elvis gravou sem a parceria de Mort Shuman. É inevitável se deixar contagiar por sua intensa alegria. Spring Fever (Giant / Baum / Kaye) - Outro caso em que ritmo dá de dez na letra. Elvis a canta em uma cena dentro de um carro, quando está indo em direção a Fort Lauderdale. A canção é executada em dueto com seus membros de banda no filme. Animadinha, mas com uma letra boba. The Meanest Girl In Town (J. Byers) - Uma das melhores da trilha, essa música não foi feita originalmente para o filme e é de autoria do produtor da Columbia Records, Bob Johnston, que escreveu ótimos rocks para as trilhas de Elvis como C´mon Everybody, Hard Knocks, Let Yourself Go, entre outras, sob o nome de sua esposa Joy Byers. Esse rock agitado conta com um excelente solo de sax de Boots Randolph e um bom trabalho de guitarra. Adoro essa música por seu ritmo acelerado. Elvis cantando essa música em 68 com aquele vozeirão rouco iria ficar perfeito. A letra fala daquele tipo de garota que é a dor de cabeça de todo homem: bonita, esperta, que sabe jogar, mas que no fim só quer te usar. Quem não teve uma dessa? Pena que em seus shows na década seguinte Elvis não desse chance a verdadeiras pérolas como essa em seu repertório de shows. (Victor Alves)

Março de 1965: Elvis filma em apenas duas semanas Harum Scarum (Feriado no Harém). Para economizar na produção o filme utiliza os mesmos cenários usados para o clássico filme Rei dos Reis.

Abril de 1965 - É lançado o single "Crying In The Chapel / I Believe in The Man In the Sky".
O single de Elvis de maior sucesso desse ano. Isso demonstra a grave crise artística a que Elvis Presley passava. Foi preciso ressuscitar uma velha canção gospel gravada no começo da década para que um single dele chegasse novamente a atingir o Top 5 nos EUA e o primeiro lugar na Inglaterra. Enquanto esse single fazia sucesso, suas trilhas sonoras começavam a passar dificuldades para conseguirem ser classificadas no Top 10 da Billboard. Crying in The Chapel (Artie Glenn) - Escrita por Artie Glenn em 1953 com apenas 16 anos de idade. Chegou ao primeiro lugar nas paradas R&B com o obscuro grupo Sonny Till and the Orioles. Em 1953 esta música explodiu nas paradas nas vozes de Rex Allen e June Valli. A versão de Elvis foi gravada em 1960. Se tornou um single de enorme sucesso em 1965. O sucesso foi tamanho que o single com "I believe in the man in the Sky" (canção do disco "His Hand In Mine") no lado B chegou ao primeiro lugar na parada britânica. Devido a toda esta repercussão a canção foi incluída no disco How Great Thou Art um ano depois para ajudar em sua promoção. Disco de ouro tanto nos EUA quanto na Inglaterra.

Maio de 1965: Elvis começa mais um filme na MGM: Frankie and Johnny (Entre a ruiva e a morena).

Junho de 1965 - Elvis lança o single "Easy Question / It Feels So Right" - Meras reprises dos discos "Elvis is Back!" e "Pot Luck", que para surpresa de todos chegou ao improvável 11º lugar da revista Billboard. It Feels so Right (Fred Wise/Ben Weisman) - Boa canção que acompanha o alto nível artístico do disco "Elvis Is Back". Esta também foi aproveitada e lançada depois num single em 1965 como Lado B do single "Easy Question", esta do estiloso disco "Pot Luck". A discografia de Elvis nos anos sessenta apresenta estas "curiosidades históricas" que ninguém sabe ao certo como explicar! Easy Question (Otis Blackwell / Winfield Scott) - composição fruto da parceria entre o guitarrista oficial de Elvis, Scotty Moore, e o genial compositor Otis Blackwell, autor de "Don't be Cruel" e "All Shook Up". Desta união só poderia nascer uma deliciosa canção como esta. Ela foi gravada no dia 18 de março de 1962 em Nashville. Em Junho de 1965 "Easy Question" foi relançada como single junto com "It Feels so Right" no Lado B.

Junho de 1965 - "Tickle Me" (O cavaleiro romântico) é lançado nos cinemas. Esse filme de Elvis foi produzido pela pequena produtora Allied Artists, que estava à beira da falência. O Coronel determinou que o filme teria uma produção modesta e por isso não poupou economias, chegando a utilizar o próprio ônibus de Elvis em algumas cenas e dispensando a gravação de uma trilha sonora própria. Todas as músicas foram pinçadas de outros discos de Elvis e que já havia sido lançadas antes: "(It's a) Long Lonely Highway", "It Feels So Right", "(Such An) Easy Question", "Dirty Dirty Feeling", "Put the Blame on Me", "I'm Yours", "Night Rider", "I Feel That I've Known You Forever" e "Slowly But Surely". Além disso o filme foi rodado em uma semana, Elvis usou suas próprias roupas dispensando figurinos caros, os caras da máfia de Memphis fizeram a figuração e a equipe técnica se reduziu ao menor número possível de pessoas. Tudo para economizar no orçamento. Mesmo com a produção precária e a falta de recursos, Tickle Me conseguiu uma proeza inacreditável, se tornando o oitavo filme de maior bilheteria da carreira de Elvis! Ninguém entendeu nada. Como isso aconteceu? Como o mais B de todos os filmes de Elvis alcançou tamanha popularidade, deixando para trás até mesmo clássicos de Elvis como "King Creole"? Isso aconteceu principalmente pela estratégia de lançamento da Allied Artists e do Coronel Parker. Ao invés de lançar o filme no circuito comercial das grandes cidades, o Coronel resolveu apostar nas cidades do interior dos EUA e cinemas Drive In espalhados pelas pequenas cidadezinhas. Assim "Tickle-me" acabou ficando em cartaz durante muito tempo nesses locais, o que resultou numa ótima bilheteria final. Às vezes ele ficava mais de seis meses em cartaz nos cinemas de minúsculas cidades perdidas no meio do deserto, por exemplo. Ou Então era repassado inúmeras vezes em Drive Ins de beira de estrada. Nesse esquema o filme acabou ficando em cartaz durante mais de dois anos! E foi assim que a Allied escapou da falência, o Coronel recuperou seu dinheiro fácil, e Elvis ficou em exposição quase permanente em inúmeros cinemas poeira país afora. No final todos ficaram contentes e o Coronel demonstrou mais uma vez como ganhar muito dinheiro sem gastar um tostão furado!

Olho Clínico: "Elvis, Tickle Me e o Monstro do Pântano" O Coronel Parker nunca perdeu dinheiro na sua vida. O Véio farejava dinheiro a distância. Então quando os donos da quase falida Allied Artists o procuraram em 1965 para Elvis fazer um filme na produtora o Coronel enxergou verdinhas no horizonte. Como a Allied estava vulnerável o Coronel viu que podia avançar na jugular dela e aceitou a oferta, tomando o controle total da produção desse filme. O Coronel já tinha se tocado que se Elvis gravava um disco em dois dias podia muito bem fazer um filme em uma semana. Então ele ficou com a responsabilidade de produzir o filme, investiu dinheiro do próprio bolso mas também negociou um contrato atípico que traria muito dinheiro para ele e Elvis. O Coronel e Elvis abririam mão do cachê e ficariam com 70 % do total das bilheterias. Como a Allied não tinha condições financeiras mesmo de contratar Elvis, aceitaram o acordo. No fundo mal compreenderam eles no que estavam se metendo, pois não sabiam, mas tinham acabado de vender a alma ao diabo, ou melhor, ao Coronel Parker. Fazer o filme era fácil, nem precisava gravar uma trilha, essa era uma bronca safada para o Coronel. Ele tiraria de letra. O filme desde o começo foi feito visando atender a demanda de um tipo especifico de público. O público dos cafundós do Judas, do fim do mundo, das mais esquecidas cidades do interior do Estados Unidos. Lá mesmo onde o vento faz a curva e onde o Judas perdeu as botas. O Coronel era um homem rodado, ele sabia que os Red Necks tinham dinheiro para gastar, mas não tinham acesso a muitos tipos de diversão. Era esse público endinheirado, mas matuto, que o Coronel queria pegar. Ele conhecia bem esse tipo de gente, desde os tempos do circo quando ele percorreu a maioria dessas cidades fantasmas esquecidas por Deus. Parker não dava ponto sem nó e foi assim que Tickle Me foi feito. Outro público que o Coronel queria atingir era os freqüentadores de Drive Ins. Os jovens de hoje não sabem direito o que eram esses cinemas para carros. Nos anos 50 e 60 eles eram os verdadeiros motéis da moçada. Era o lugar para levar a namorada e dar uns amassos nela, assistindo às obras primas trashs do período. Os filmes que passavam nesses locais eram fitinhas de terror baratas e bastardas, feitas no tapa tentando levantar uma graninha extra. Eram filmes com monstros, tipo aquele do pântano, mas tinham também os atômicos, os vampiros banguelas, as múmias com sérias restrições orçamentárias e claro, o mitológico monster trash nipônico Godzilla, enfim o diabo de ruindade, classe Z mesmo. Como sou fã de trashs lamento não ter vivido nesse tempo. Certamente teria me divertido muito e de quebra teria tirado umas casquinhas com as minas de meias soquete. Tenho que admitir que sou meio mau caráter mesmo, fazer o quê? Tenho que aceitar minha natureza cafajeste, mas enfim, voltemos ao pântano. Ninguém ia a um Drive In para assistir um filme, o negócio era dar uns pegas nas minas menos bidus. (essa gíria da época é hilária) Então o Coronel viu que o filme tinha que Ter um caubói (para os caipirões se identificarem) e umas cenas fuleiras de terror (pois era nesses momentos que as meninas se assustavam e os caras aproveitavam para consolá-las, sacou?). Então em Tickle Me não poderia faltar esses tipos de coisas. O Coronel Barriga estava mais do que certo. Parker economizou em tudo e gastou meros 45 mil dólares para fazer o filme. Esse dinheiro hoje não dá nem para pagar um técnico de terceira para um filme de segunda. Mas Parker não queria nem saber, ele queria era ganhar dinheiro. E então Tickle Me começou sua carreira, lá mesmo, nos cafundós do Judas. O filme foi um sucesso da caipirolândia. E os Drive Ins agradeceram, até mesmo porque era mais fácil para um cara da época convencer a namorada para ir em um desses bueiros quando passava um filme de Elvis do que quando passava "Os surfistas nazistas", "O Monstro do foguete atômico" ou "Godzilla arrasa Tóquio". Sacou a lógica de Parker? Em pouco tempo o filme já tinha feito mais de 3.3 milhões de dólares nas bilheterias e grande parte desse dinheiro foi direto para o bolso de Elvis e do Coronel. Foi um dos filmes de maior sucesso de Elvis e o Coronel encheu a pança de dólares. Esse Coronel era pior do que o Monstro do Pântano mesmo!!! Ahh, antes que me esqueça, a Allied sobreviveu à falência, mas nunca mais quis conversa com Tom Parker, hehehehe! (Erick Steve)

Agosto de 1965 - A RCA lança o single "I'm Yours / Long Lonely Highway" - Mais reprises. Sendo que dessa vez Elvis até mesmo ganhou disco de ouro!. Por essa realmente ninguém esperava. Sem novidades, o single, lançado em agosto de 65, conseguiu alcançar também o 11º lugar entre os mais vendidos da revista Billboard, talvez impulsionado pela publicidade do filme "Tickle-me" (O cavaleiro Romântico) que trazia "Long Lonely Highway" em sua trilha sonora "colcha de retalhos". I'm Yours (Don Robetson / Hal Blair) - Don Robertson foi o melhor compositor romântico da carreira de Elvis nos anos 60. Aqui fica registrada uma vocalização bem ao gosto do cantor, sendo o estilo bem próximo do Gospel. Esta canção foi também relançada como single em 1965 junto com "(It's A) Long, Lonely Highway", esta última gravada em Nashville em 1963 e que chegou a ser lançada também como bonus song na trilha sonora do filme "Kissin Cousins" (com caipira não se brinca, 1964).

Agosto de 1965 - O disco "Elvis For Everyone" chega às lojas.
Nos anos 60 Elvis Presley tentou conciliar uma carreira de ator no cinema com seu lado musical. Nesta fase muitas foram as trilhas sonoras de seus filmes. Mas foi justamente neste período que foi lançado um dos mais curiosos discos de sua carreira, uma colcha de retalhos sonora inventada pelos produtores e executivos da RCA Victor. O LP foi chamado de "Elvis for Everyone". Para compor o disco a RCA Victor vasculhou seus arquivos atrás de gravações perdidas de Elvis. E sem dúvida acharam muita coisa relevante e importante, inclusive duas canções de Elvis da época da Sun Records. Pode-se inclusive afirmar que este disco foi uma salvação para muitas músicas de Elvis que poderiam muito bem se perder nos porões empoeirados de sua gravadora, mas que felizmente foram resgatadas do esquecimento bem a tempo. Parte das músicas foram retiradas das sessões que foram realizadas para a composição de um disco de Elvis que jamais foi lançado. Ao longo dos anos esse disco acabou sendo batizado de "The Lost Album", o disco perdido de Elvis. Curioso mesmo é acompanhar como todas essas faixas foram sendo espalhadas em diversos discos diferentes da carreira de Elvis em épocas diversas e sem nenhum critério de classificação. Além das faixas da Sun e do The Lost Album, "Elvis for Everyone" trazia ainda algumas músicas de filmes de Elvis que não havia sido lançadas antes, canções de filmes como "Follow That Dream", "Flaming Star" e "Wild in The Country". Por fim o disco ainda contou com a coordenação do produtor Chet Atkins que tentou de alguma forma colocar a bagunça em ordem. O disco "Elvis For Everyone" foi lançado em agosto de 1965 e chegou ao top 10 da parada americana e ao oitavo lugar entre os mais vendidos na Inglaterra. Apesar de seu bom êxito nas paradas internacionais os fãs brasileiros ficaram a ver navios na época pois o disco não foi lançado no Brasil, só chegando nas lojas em 1982 como parte do pacote "Pure Gold" da RCA, que relançou vários discos da carreira de Elvis Presley. Antes tarde do que nunca.

Destaques do disco: Finders Keepers, Losers Weepers - (Dory Jone / Ollie Jones) - Música que foi gravada nas sessões do The Lost Album. Este disco deveria ter sido lançado, pois as músicas gravadas estão entre as melhores de Elvis nos anos 60. Entre as gravações do The Lost Album estão: "Devil in Disguise", "Please Don't Drag That String Around", "Long Lonely Highway" e a própria "Memphis, Tennessee". Isso sem dúvida demonstra como foram produtivas essas sessões. Memphis, Tennessee (Chuck Berry) - Faixa retirada das sessões do "The Lost Album". Muito bem arranjada e executada por Elvis e banda. Sem dúvida essa canção não poderia passar em branco na sua carreira, não só por sua importância na história do Rock como também pelo fato de ter o nome de sua querida cidade. Elvis e Chet Atkins deram um tratamento de luxo e à altura desse clássico moderno de Chuck Berry. Aliás Elvis sempre se deu muito bem com músicas compostas por Chuck Berry. Essa não foge à regra, sendo um grande momento da carreira de Elvis e que deve ser conhecido por todos. When It Rains, It Really Pours (W.R. Emerson) - Para lançar o material desse LP, o produtor Chet Atkins revirou os arquivos empoeirados da gravadora RCA Victor em busca de material inédito de Elvis. Uma das maiores preciosidades encontradas por ele foi essa canção gravada ainda na época da Sun Records. Registrada em uma sessão obscura em agosto ou outubro de 1955, contando apenas com os Blue Moon Boys (Elvis, Scotty e Bill) e o baterista Johnny Bernero, a canção foi completamente esquecida por quase dez anos, ficando arquivada nos porões da gravadora RCA em Nova Iorque! É um Blues visceral, que mostra o total entrosamento de Elvis e banda. Aqui Elvis dá uma canja como pianista e mostra como sua voz era poderosa e adaptável a qualquer estilo musical. Sem dúvida é um precioso registro de Elvis aos 20 anos. Apesar da pouca idade o Rei do Rock já mostrava toda a potencialidade de seu poderio vocal. Essa primeira versão da Sun Records não foi considerada apta para o mercado pelos produtores da RCA. A master original havia se perdido e tudo o que sobrava era apenas um take, o de número 3. Essa primeira versão só seria lançada no mercado em 1983 no disco "Elvis, a Legendary Performer vol.04". Mas Chet Atkins não ficaria de mãos vazias, pois ele lançaria nesse disco a outra versão mais recente, gravada em fevereiro de 1957. Apesar de ter sido gravada na RCA Victor, também estava esquecida e abandonada. Outra música imperdível e essencial que fecha o disco com chave de ouro.

Agosto de 1965 - Elvis viaja pela terceira vez ao Havaí para filmar um novo filme Paradise, Hawaiian Style (No Paraíso do Havaí). A maioria das cenas serão filmadas na ilha de Oahu.

Agosto de 1965 - A sociedade entre Elvis e o Coronel Parker completa 10 anos. Elvis faz pouco caso da data e chega a comentar com amigos: "Me empresariar não dá trabalho nenhum!". Tom Parker fica sabendo e não gosta nada, nada, da declaração de Elvis.

Agosto de 1965 - Elvis se encontra com os Beatles - Na noite memorável de 27 de agosto de 1965, Elvis sentou-se no sofá da sala, como sempre fazia, cercado de seus homens: Joe Esposito, Marty Laker, Billy Smith, Jerry Schiling, Alan Fortas, Sonny West, Mike Keaton e Ray Sitton. Logo chegou o coronel Parker e Tom Diskin. Perto da 9 horas, os Beatles chegaram numa limousine preta, acompanhados por Brian Epstein, o jornalista Derek Taylor e dois guarda costas. A área estava fortemente guardada pela polícia de Los Angeles. Assim que os príncipes do rock entraram na mansão, ouviram seus discos tocando no "Jukebox". Apresentações formais foram feitas, Elvis e os Beatles conversaram sobre música e segundo Lennon chegaram a tocar juntos. O encontro foi um sucesso.

"Deixa eu contar uma coisa para vocês. Só havia uma pessoa nos Estados Unidos da América que a gente queria conhecer. E nós a encontramos ontem à noite. Não posso dizer como nos sentimos. Nós o idolatrávamos demais. Quando chegamos na cidade, esses caras como Dean Martin e Frank Sinatra e todas essas pessoas queriam nos conhecer e ficar conosco simplesmente porque tínhamos todas as mulheres, todas as gatinhas. Não queremos encontrar essa gente. Eles não gostam de nós. E nós não os admiramos e nem gostamos deles também. A única pessoa que queríamos encontrar nos Estados Unidos da América era Elvis Presley. Não consigo contar a emoção que foi ontem à noite" (John Lennon)

Elvis realmente tocou com os Beatles em 1965? Segundo John Lennon sim, mas Paul, George e Ringo afirmam que nunca tocaram com Elvis. No especial de TV "The Beatles Anthology", Paul, George e Ringo contestam a história de Lennon, e afirmam que apenas conversaram com Elvis e jogaram um pouco de bilhar. Elvis nunca comentou nada sobre seu encontro com os Beatles, mas Lennon sustentou até o final de sua vida que tocou realmente com Elvis e realizou um dos sonhos de sua vida. As demais pessoas que estavam no encontro não confirmam a jam session. Parece que realmente Elvis e os Beatles nunca tocaram juntos, infelizmente.

Outubro de 1965 - Elvis lança o single "Puppet on the String / Wooden Heart". Mais um disco de ouro para Elvis. O single foi lançado para promover o disco "Girl Happy" e fez bastante sucesso, levando mais um prêmio em vendas para a carreira de Elvis. Puppet On A String (Tepper / Bennet) - Uma das músicas lançadas em single, essa belíssima e tenra balada ocupou o 14º lugar na Billboard em 1965, fazendo sucesso na época, mas logo caindo no esquecimento. Uma pena, pois é uma das melhores músicas de Elvis no período e a cena em que Elvis a canta para Val no filme é sutil, mas sincera. Com uma melodia bonita e uma letra simples, "Puppet on a String" tem versos como: "Tudo que você tem que fazer é tocar minha mão e o seu desejo é uma ordem. Aí eu me torno uma marionete de cordas e você pode fazer o quiser comigo. Se você realmente me ama, querida seja boa comigo. Eu te ofereço o amor mais verdadeiro que você encontrará." Muito linda. Já Wooden Heart (Kaempfert / Wise / Weisman) sempre foi considerada a melhor música de todo o disco "G.I.Blues". É baseada na canção folclórica Alemã "Muss I Denn". A cena que Elvis a apresenta no filme (com as marionetes) é a melhor parte de toda a película. A canção foi lançada em compacto na Alemanha e no restante da Europa alcançando um tremendo sucesso. O Single norte-americano com "Wooden Heart" só foi lançado em 1965, ou seja, cinco anos depois de Ter sido gravada!!! É digno de nota a ótima adaptação do maestro alemão Bert Kaempfert e o acordeonista Jimmie Haskiell. Ela foi gravada no dia 27 de Abril de 1960 nos estúdios Radio Recorders em Hollywood.

Outubro de 1965 - Morre de um tumor cerebral no dia 21 o baixista Bill Black. O músico fez parte da formação da primeira banda de Elvis nos anos 50, os Blue Moon Boys. Elvis pede que seu pai compareça ao funeral o representando.

Outubro de 1965 - Chega às lojas o single "Santa Claus Back in Town / Blue Christmas" Seguindo a velha tática do Coronel em vender a mesma coisa duas vezes, ele resolveu relançar duas canções natalinas do antigo "Elvis Christmas Album" e ver no que dava. Só que desta vez não entraram na do velho espertalhão. O single não teve a mínima repercussão quando lançado em novembro de 65 e não foi classificado nem sequer na Top 200 da Billboard. Santa Claus Back in Town (Jerry Leiber / Mike Stoller) — Blues composto pela dupla de compositores mais importante da carreira de Elvis. Com destacado acompanhamento dos Jordanaires esta canção tem bom ritmo e desenvolvimento. Ela foi composta às pressas depois que o coronel divulgou seu projeto de colocar o rei para cantar músicas de natal. A correria não prejudicou os resultados, apesar do baixista Bill Black Ter sido criticado por errar durante as sessões. Elvis não dispensou a inclusão de uma de suas paixões na letra ao se referir a "um cadillac preto que traria papai noel de volta à cidade..." . Foi gravada em 7 de setembro de 1957. Blue Christmas (Billy Hayes / Jay Jonhson) — Outro sucesso dos anos 40 cantada por Elvis neste disco. O Rei apresentaria uma versão no Histórico "NBC TV Special" (Comeback Special) em 1968. A versão em questão está no LP da Trilha do especial de TV que trouxe o Rei de volta as apresentações ao vivo depois de uma longa ausência proporcionada pela série de filmes protagonizados por ele nos anos sessenta. Foi gravada no dia 5 de setembro de 1957 em Hollywood.

Novembro de 1965 - Estréia o filme "Harum Scarum" (Feriado no Harém).
Direção: Gene Nelson Elenco: Elvis Presley, Mary Ann Mobley, Fran Jeffries Colorido, 95 min. Sinopse: Elvis leva o Big Beat a Bagdá em uma aventura Rock'n'Roll! "Vá para o Leste, Garoto" canta o astro do showbiz e mago das artes marciais Johnny Tyronne. Seu desejo é uma ordem. Um grupo clandestino chamado "Os Assassinos" seqüestra Johnny e o leva a um remoto reino Árabe isolado do mundo há 2 mil anos. O Sheik vai descobrir que o deserto também pode ser show quando Elvis Presley aparecer em sua frente como Johnny, acompanhado da ex-Miss America Mary Ann Mobley nessa grande brincadeira armada no set que Cecil B. DeMille usou para filmar O Rei dos Reis, em 1925. Os seqüestradores querem que Johnny use seus conhecimentos em lutas para matar um rei do deserto. Johnny um matador? Só se for para matar fãs do coração. Na trilha estão Kismet, Harem Holiday e mais nove, todas parte da diversão cheia de ritmo de Férias no Harém, dirigido pelo veterano em musicais Gene Nelson.

Olho Clínico: Com Elvis mergulhado em leituras esotéricas e totalmente desinteressado em sua carreira, o Coronel assumiu totalmente o controle. Para Tom Parker tudo o que importava era o dinheiro e nada mais. Nesses períodos de torpor religioso, Elvis foi completamente manipulado pelo Coronel em seu projetos baratos, econômicos e ruins. Como entender uma figura ícone como Elvis fazendo uns filmes de nível Z como esse? Os produtores abraçaram a idéia de Parker e fizeram uma ode ao trash nos anos 60. Tudo é muito ruim nesse filme, Elvis está apático, o roteiro inexiste e as músicas são pavorosas. Um tristeza.

Dezembro de 1965 Elvis lança o single "Tell Me Why / Blue River". O último single de Elvis no ano de 1965. Apesar de trazer material inédito (mas não recente) o compacto foi negligenciado pelos executivos da RCA Victor e alcançou um melancólico 33 º lugar da Billboard, uma das mais baixas posições ocupadas por um single de Elvis até aquele momento. "Tell Me Why" já havia sido gravada há muito tempo quando foi finalmente lançada nesse single e "Blue River" faz parte das sessões do "The Lost Album". Nenhuma das duas é acima da média do que Elvis vinha produzindo na época, mas merecia melhor sorte quando chegou nas lojas em dezembro de 1965. Infelizmente foram praticamente ignoradas.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Biografia - 1964

Março de 1964 - Elvis começa as filmagens de Roustabout (Carrossel de emoções) em Thousand Oaks, Califórnia. No elenco Barbara Stanwyck e Joan Freeman. Direção de John Rich.

Março de 1964 - Chega às telas Kissin Cousins.
Um dos piores filmes da carreira de Elvis com trilha sonora igualmente ruim. Kissin Cousins representava naquele momento tudo o que estava errado com a carreira de Elvis no cinema. Produção fraca, direção inexistente e roteiro absurdo, Kissin Cousins, só serviu para demonstrar que os filmes de Elvis estavam indo por um caminho totalmente equivocado. O Filme foi produzido por Sam Katzman conhecido em Hollywood como o "Rei dos Rápidos", por causa de suas fitas filmadas rapidamente e lançadas às pressas, visando única e exclusivamente ganhar alguns trocados nas bilheterias. Para piorar a situação Elvis fez dois papéis, usando uma peruca loira em um dos personagens e o Coronel começou a fazer exigências absurdas, como por exemplo o pagamento do cachê de Elvis em dobro. A negligência e precariedade imperaram em Kissin Cousins. Numa das cenas de dança um casal caiu por cima do outro, mas o diretor não cortou a cena e a incluiu no filme para evitar os gastos com a regravação desse número. Até nos piores filmes o erro teria sido corrigido. Quando chegou aos cinemas a crítica americana não deixou por menos e malhou impiedosamente Elvis, os produtores e todos os envolvidos, de forma merecida aliás. A trilha sonora foi lançada nesse mesmo mês e conseguiu a proeza de atingir o sexto lugar entre os mais vendidos da revista Billboard. Apesar de seu relativo sucesso Kissin Cousins é um material completamente ridículo e constrangedor. Considerado por muitos o pior trabalho da carreira do ator e cantor. É um momento de Elvis que deve ser esquecido por todos.

Abril de 1964 - A RCA lança o single Kiss Me Quick / Suspicion. Meras reprises do disco Pot Luck de 62. Kiss Me Quick(Doc Pomus / Mort Schuman) - O maior sucesso de Elvis Presley no Brasil. Interessante notar que este sucesso todo só ocorreu mesmo em nosso país, sendo que "Kiss me Quick" teve uma discreta passagem pelas paradas americanas (trigésimo quarto lugar na parada da revista Billboard). Ela foi lançada também como canção principal de um single com "Suspicion" no lado B. "Kiss me Quick" foi gravada no dia 25 de Junho de 1961 em Nashville. Em 1977 foi lançado um disco no Brasil que se tornou um de seus mais populares LPs por aqui. A coletânea se chamava "Elvis - Disco de Ouro", e tamanho foi o sucesso que ela foi relançada no mínimo seis vezes ao longo dos anos. As faixas que puxavam o disco eram justamente "Kiss me Quick" e "It's Now or Never". Suspicion(Doc Pomus / Mort Schuman) - Lado B do Single que foi lançado em abril de 1964. Este single foi considerado um grande fracasso de vendas, tendo o mesmo atingido uma das mais baixas colocações da parada americana. Talvez isto tenha ocorrido pela super exposição de Elvis em filmes, revistas, discos etc.. o que ocasionou uma avalanche de lançamentos com Elvis o que acabou de certa forma cansando o público. "Suspicion" é por outro lado, um belo momento romântico deste disco.

Abril de 1964 - Para promover o filme Viva Las Vegas é lançado o single "What'd I Say / Viva Las Vegas". What'd I Say (Ray Charles) - Clássico de Ray Charles, gravada por um grande número de artistas ao longo da história. Aqui Elvis contou não somente com sua banda, mas também por um grupo de apoio da MGM, contando inclusive com uma segunda turma de vocalização, os grupos The Jubilee Four e Carole Lombard Quartet. Este primeiro inclusive teve direito a apresentar uma canção solo no filme, chamada "The Climb". Ann-Margret também apresentou duas canções solos: "Appreciation" e "The Rival". Viva Las Vegas (Pomus / Schuman) - Uma das últimas composições da dupla Pomus / Schuman, pois em pouco tempo eles iriam se separar definitivamente. Um tema muito bom, que tenta capturar o clima da cidade, com seus cassinos, hotéis e casas de show luxuosos. Bem executada com ótimo arranjo. O filme teve vários títulos provisórios, que iam mudando conforme as filmagens avançavam, eis alguns: "The Only Game in Town", "The Lady Loves me", "The Magic Touch" e finalmente "Mr, will you Marry Me?". Então, após ouvir toda a trilha sonora, o diretor George Sidney resolveu mudar de forma definitiva o nome do filme para "Viva Las Vegas" por causa da canção.

Abril de 1964 - Chega às telas "Viva Las Vegas".
"Viva Las Vegas" é o filme de Elvis em que tudo deu certo, desde a trilha sonora que é maravilhosa, da escolha de elenco que contou com a ótima Ann Margret, ao diretor George Sidney que deu um show de direção. Além disso foi um prato cheio para os jornais da época por tudo que rolou durante as filmagens, com o namoro de Elvis e Margret, indo muito além das telas de cinema. O rei do rock ficou perdidamente apaixonado pela atriz, bem debaixo do nariz de Priscilla. O clima de paixão passou para o filme, tudo é feito, encenado e coreografado com o maior bom gosto. Elvis estava em seus melhores dias. A atriz sueca Ann-Margret era chamada pela imprensa americana como "Elvis de saias". Realmente foi a melhor parceira de Elvis em toda a sua carreira cinematográfica. O clima entre os dois esquentou ao ponto de Margret falar em um jornal de Los Angeles que sua cama cor de rosa foi um presente de Elvis. Os membros da máfia de Memphis também afirmam que, pela primeira vez em sua vida, o rei do rock confessou a eles estar realmente apaixonado por um mulher. Além disso Elvis passava longas temporadas com ela em sua casa em Beverly Hills. Isto sim foi uma paixão avassaladora. O filme foi filmado, claro, em Las Vegas, tendo como pano de fundo a corrida anual de Nevada. Claro que Elvis faria o papel de um piloto e como tal ele próprio chegou a entrar na pista pra valer, em suma "Viva Las Vegas" é disparado o melhor trabalho de Elvis no cinema nos anos 60. Até os mais ferozes críticos se renderam ao seu charme.

Destaques do disco: If YOu Think I Don't Need You (West / Cooper) - Composição do amigo de Elvis, Red West. Aparece numa cena divertida em que Elvis tenta atrapalhar os avanços do conde italiano Elmo Marcini, interpretado pelo bom ator Cesare Danova, sobre a personagem de Ann-Margret A música é usada para quebrar o clima romântico entre ambos. Em pouco tempo de filmagem estourou nos jornais a notícia que Elvis e Margret estavam tendo um caso amoroso. Priscila Presley então resolveu enfrentar a situação e confrontou o cantor, que saiu com esta resposta: "Não tenho nada com Ann-Margret, ela é um típica starlet de hollywood, só preocupada com sua carreira". Sonso o rapaz. I Need Somebody To Lean On (Pomus / Schuman) - Outra romântica do filme. O diretor George Sidney já havia trabalhado antes com Ann-Margret em "Bye, Bye, Birdie". Este filme é uma sátira ao próprio Elvis, pois retrata os sonhos de uma adolescente fã de um ídolo da música. Além deste, George Sidney dirigiu grandes filmes como "O barco das ilusões", "Pepe" e "melodia imortal". Sobre George Sidney, Elvis afirmaria anos depois: "Ele estava perdidamente apaixonado por Ann-Margret, o que o levou a direcionar o filme para ela, a privilegiando em todas as tomadas". C'Mon Everybody (J. Byers) - Sem sombra de dúvida uma das melhores canções da carreira de Elvis. A cena em que ele dança com Ann-Margret no ginásio da universidade de Nevada é insuperável. A banda de Elvis está super afinada, tudo resultando em um ótimo momento artístico. Elvis era um grande dançarino que precisava de uma partner à altura, sendo que ele a encontra aqui. A coreografia apresentada é bem diferente da que ele usava nos anos 50, o que demonstra sua versatilidade. The Lady Loves Me (Tepper / Bennett) - Deliciosa parceria entre Elvis e Ann-Margret, que cantava otimamente bem. Como sempre a cena do filme é deliciosa. Seria o tema principal do filme, mas acontece que não houve um acordo satisfatório com os empresários de Ann-Margret para o lançamento desta canção em disco. Assim surgiu um problema incrível, pois a RCA não pôde lançar a trilha sonora em um LP, pois não haveria canções suficientes depois de retirar aquelas em que a atriz sueca fazia dueto com Elvis. E assim acabou acontecendo, o projeto do LP foi arquivado definitivamente. Desta forma as músicas acabaram sendo lançadas em um EP (compacto duplo) chamado "Viva Las Vegas" com 4 canções, e em um single com "What'd I Say / Viva Las Vegas" que chegou às lojas em abril de 1964 nos Estados Unidos. Isto causou uma grande insatisfação entre os fãs de Elvis, pois todos esperavam o lançamento de um LP, com todas as canções juntas, o que efetivamente não ocorreu. Today, Tomorrow and Forever (Giant / Baum / Kaye) - Adaptação do clássico "sonho de amor" de Liszt. Foram gravadas duas versões, uma solo e uma em dueto com Ann-Margret. Em uma palavra: linda. O arranjo piano, violão, coro e orquestra é fabuloso. Um dos melhores momentos de Elvis na música romântica. Em 2002 se comemorou os 25 anos da morte de Elvis, a RCA - BMG para celebrar e lembrar a data lançou uma coleção com mais de cem versões inéditas com o nome de "Today, tomorrow and Forever". O carro chefe foi justamente a versão nunca lançada em que Elvis dividiu o microfone com Margret. Momento raro.

Abril de 1964 - Elvis passa a freqüentar uma academia espiritualista em Pasadena (Califórnia), fundada em 1952 por Paramahansa Yogananda, o autor de "Autobigrafia de um Yogue". Esse "Shangrilá" ficava no topo de uma montanha, onde havia um hotel, e pelos gramados mulheres caminhavam vestidas com sáris coloridos. Existia também um jardim para meditação, que Elvis imediatamente duplicou em Graceland. No sopé da montanha havia uma cidadezinha totalmente cercada, onde ficavam os alojamentos dos irmãos e irmãs que viviam em celibato, em perpétua meditação. Quando soube que essa área lhe era proibida, Elvis não resistiu ao impulso de se declarar um celibatário e conhecer o misterioso lugar. Nessa montanha ele conheceu uma moça que se dizia chamar Daya Mata e que era uma das discípulas de Paramahansa. No primeiro encontro que teve com ela Elvis pediu que lhe ensinasse os segredos da Kriya Yoga, o último degrau da escala de auto realização. Daya Mata lhe aconselhou humildade, paciência e perseverança. Em troca Elvis ofereceu dinheiro, que ela aceitou agradecida em nome da fundação espiritualista. Mas nem toda a espiritualidade foi capaz de fazer com que Elvis controlasse seu terrível temperamento. Até mesmo quando acabava de sair de uma sessão com Daya Mata, Elvis era capaz de atos de irracional violência. Uma vez ele estava voltando para casa e passou por um posto de gasolina na encosta da montanha, onde dois empregados estavam boxeando de brincadeira. Elvis ordenou que sua limusine entrasse no posto e, abrindo sua janela, fez um discurso para os brigões, dizendo a eles que deviam abraçar o amor e não a hostilidade. Assim que o carro arrancou, um dos sujeitos lhe fez o clássico sinal de "vá se f*", isto é, o dedo médio erguido com a mão fechada. Instantaneamente o carro brecou, Elvis desceu, aproximou-se do primeiro empregado e lhe aplicou um golpe de Karatê que o jogou longe. Em seguida sacou seu revólver 38 do coldre sob o braço e estava pronto para atirar no segundo sujeito, quando Hamburguer James chegou correndo e gritando: "Me dá essa arma!". Automaticamente, Elvis virou-se e entregou o revólver ao seu valete real. Num segundo, todos estavam de volta ao carro, que saiu em disparada.

Junho de 1964 - Elvis permanece na costa oeste e inicia nova produção pela MGM: Girl Happy (Louco por Garotas). O filme é todo rodado nos estúdios localizados em Culver City. Uma segunda unidade vai a Fort Lauderdale para as tomadas externas. Elvis contracena com Shelley Fabares e dessa vez é dirigido por Boris Sagal.

Junho de 1964 - Priscilla Ann Beaulieu se forma no colégio. Elvis comparece a cerimônia mas resolve não entrar para não causar tumulto, preferindo ficar no carro à espera de Priscilla. Um grupo de freiras (o colégio que Priscilla se forma é católico) reconhece Elvis e correm em sua direção para pedir autógrafos. A madre superiora tenta convencer Elvis a entrar mas ele se explica: "Não irmã, eu não vou entrar. A noite é de Priscilla. Se eu entrasse iria tumultuar a formatura. Vou esperar aqui no carro até tudo terminar".

Julho de 1964 - Novo single de Elvis chega às lojas: "Such a Night / Never Ending". Such A Night (Lincoln Chase) - Grande sucesso dos Drifters quando foi lançada. A versão com Elvis foi gravada no dia 4 de Abril de 1960. Não foi extraído nenhum single do disco "Elvis Is Back!" na ocasião de seu lançamento, curiosamente porém em 1964 foi lançado um compacto com "Such A Night" no Lado A, junto com "Never Ending". O Single temporão alcançou um relativo sucesso alcançando o décimo terceiro lugar em agosto daquele ano. Anos depois iria dar nome a um CD de "takes alternativos". Como o Lado A era mera reprise do disco Elvis is Back! o single alcançou apenas a 16º posição entre os mais vendidos.

Setembro de 1964 - "Ain't I Loving You baby / Ask Me" é lançado. Ain't That Loving Baby (Hunter / Otis) - As sessões de junho de 58 produziram fantásticas músicas como "A bing Hunk O'Love", "A Fool Such As I", "I Got Stung", "I Need Your Love Tonight" que alcançaram o top 10. A outra música dessa sessão - Ain´t That Loving You Baby - só foi lançada em single em 1964 e alcançou 16º lugar nas paradas sendo um top 20 hit. A versão lançada foi uma mais lenta e muito boa também, mas a versão rápida dá de dez!! Começa com uma batera ritmada de DJ Fontana e tem uns solos do Hank Garland simplesmente fantásticos!! Por que essa versão não foi lançada e por que a versão oficial só foi aparecer em 64, 6 anos depois de sua gravação?? Burradas da RCA presumo. Pra variar. Alegre e dançante essa versão pode ser encontrada no vinil "Reconsider Baby" (a melhor versão com três solos), "Essential Elvis vol.3" e no disco 5 da caixa "The King of Rock'n'Roll". Essa versão só foi lançada depois da morte de Elvis!!! Gente só escutando para conferir: essa música é muito boa!! Se estiver triste é só colocá-la. Remix em Potencial!!

Outubro de 1964 - Chega às telas "Roustabout".
1964 foi um bom ano para Elvis nos cinemas, dos seus três filmes que estrearam naquele ano, dois foram sucesso tanto de público como de crítica: "Viva Las Vegas" e "Roustabout". O terceiro porém, foi um dos mais fracos de sua carreira: "Kissin Cousins" (com caipira não se brinca, no Brasil). Esse foi sem dúvida uma bola fora, mas vamos deixar para falar dele em uma outra oportunidade. O que interessa nesse momento é analisar um dos grandes sucessos do rei em Hollywood, o filme "Carrossel de Emoções" (Roustabout). Antes de mais nada é fácil afirmar que esta película trouxe para a carreira de Elvis uma de suas melhores trilhas sonoras. Claro que ela não foge à regra das trilhas de Elvis nos anos 60, claro que há músicas bobinhas e tal, mas neste caso elas estão em menor número, felizmente. Todas as dez músicas do filme são boas, algumas são de excelente qualidade e apesar de Elvis as gravar em playback (a banda gravou a instrumentação e só depois Elvis colocou sua voz), os resultados não foram prejudicados. O filme em si também é muito bom, ver Elvis em um casaco de couro negro, andando por aí de moto e interpretando um "Easy Rider" é sempre um prazer sem culpa. O próprio deve ter gostado muito de fazer esse papel de "Brando Soft". Obviamente se você tem mais de trinta anos certamente o assistiu alguma vez na TV, principalmente porque ele se tornou um dos maiores clássicos "Sessão da Tarde" da carreira de Elvis ao lado de "Feitiço Havaiano" (esse campeão absoluto na categoria). Convenhamos, o filme ainda é muito legal mesmo depois de 40 anos de seu lançamento.

Destaques do disco: Roustabout (Giant/Baum/Kaye) - Canção título do filme. Essa é na realidade a versão "B", pois a primeira versão tema foi rejeitada por Hal Wallis que considerou sua letra ofensiva. Essa versão "A" chamada de "I'm Roustabout" só foi lançada em 2003 no disco "Elvis 2nd to none". Ela foi redescoberta por acaso por seu autor pegando poeira em seus arquivos. Então ele entrou em contato com Ernst Jorgensen e perguntou se ele estaria interessado em lançar uma gravação inédita de Elvis no mercado (Isso é lá pergunta que se faça!). O produtor atual dos discos de Elvis ficou encantando com a versão descoberta e tratou logo de a colocar no CD. O resultado todos conhecem: primeiro lugar nos EUA e Inglaterra e milhões de cópias vendidas ao redor do mundo. Pois é, mais vale um Elvis empoeirado do que milhares de artistas atuais tinindo de novo. Ei, qualidade não tem idade! Little Egypt((Leiber / Stoller) - Esta canção acabou se tornando uma dor de cabeça para os produtores do filme. Tudo porque uma bailarina chamada "Little Egypt" resolveu processar todo mundo, afirmando que seu nome havia sido utilizado sem permissão no filme. E para completar ela pedia 3 milhões de dólares de indenização. Os advogados da Paramount conseguiram provar no tribunal que o filme se baseava em uma outra bailarina que usava o mesmo nome artístico, chamada Catherine Devine, que fez carreira em 1893 nos EUA. No fundo quem estava imitando e usando o nome de forma inadequada era a dançarina que processou o estúdio. No final ela acabou sendo processada pelos herdeiros da primeira bailarina. Isso é o que eu chamo de confusão jurídica! Big Love Big Heartache (Fuller/Morris/Hendrix) - Uma das melhores músicas do disco, com ótima vocalização de Elvis, além de um arranjo primoroso. Ela seria lançada em single para tentar repetir o sucesso estrondoso de "Can't Help Falling in Love", mas como o LP vendeu muito bem e alcançou rapidamente o topo nos EUA (em pleno auge da Beatlemania) os produtores se contentaram com as vendas e cancelaram o lançamento do single. Momento de alto nível da trilha e do filme, pois a cena em que Elvis a canta foi muito bem fotografada. There's a Brand New Day on the Horizon (J. Byers) - Eu particularmente gosto muito dessa música porque ela é antes de tudo uma canção alto astral que traz uma mensagem positiva (afinal de contas todos nós precisamos de um pouco disso, principalmente nos dias atuais). Ela fecha a seqüência final do filme. A trilha sonora desse filme foi gravada no Radio Recorders em Hollywood e foi lançada antes da estréia do filme, chegando ao primeiro lugar entre os mais vendidos. Além de "I'm Roustabout", duas outras gravações dessas sessões estão desaparecidas há anos: "I Never Had It So Good" e uma outra versão de "Poison Ivy League" com letra mudada. Em recente entrevista Ernst Jorgensen afirmou que não perdeu as esperanças de achá-las, vamos torcer para que algum dia ele consiga atingir esse objetivo. Milhões de fãs de Elvis ao redor do mundo torcem por ele.

Novembro de 1964 - É lançado mais um single natalino de Elvis: "Blue Christmas / Wooden Heart". Meras reprises que não conseguem nenhum sucesso, não sendo classificadas no Top 200 da Billboard. Último single de 1964.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Elvis Presley - Biografia - 1963

Janeiro de 1963 - Elvis vai para Hollywood - e não para o México! - filmar Fun In Acapulco (O seresteiro de Acapulco). No Elenco Ursulla Andrens e Elsa Cardenas. De Hollywood Elvis liga para a Alemanha e pede ao pai de Priscilla para que ela venha morar em definitivo com ele em Memphis. O Pai de Priscilla promete pensar no assunto.

Janeiro de 1963 - É lançado o single One Broken Heart For Sale / They Remind Me Too Much of You.
O single foi lançado para promover o filme It Happened At The World's fair. One Broken Heart For Sale (Otis Blackwell / W. Scott) - Elvis tinha razão, as músicas deste filme deixavam muito a desejar. A trilha de "It Happened At The World's Fair" é considerada uma das piores de toda a carreira de Elvis. Além de ser muito ruim é muito curta (menos de 30 minutos). A reclamação dos fãs foi geral e a crítica caiu em cima do disco. Como fato preocupante foi o primeiro single de Elvis a não atingir o Top Ten da Billboard, conseguindo apenas a décima primeira posição. O álbum saiu-se melhor e vendeu de forma razoável, conseguindo a quarta posição entre os mais vendidos. Mas mesmo atingindo esses índices de vendas, a RCA e o Coronel ficaram descontentes com as posições, pois eles esperavam um primeiro lugar, o que efetivamente não ocorreu. O fato demonstrava que algo não estava nos eixos, pois o público já estava demonstrando sinais claros de insatisfação. They Remind Me Too Much Of You (Don Robertson) – O sempre correto Robertson escorrega um pouco com essa canção. Não que ela seja ruim, mas que fica abaixo do esperado fica, principalmente por fazer parte de um single de Elvis. Era de se esperar por isso que ela fosse mais bem produzida e cuidada. Mas no fim das contas é apenas mais uma canção romântica pop de rotina. O Single foi lançado em janeiro de 1963. Elvis a canta corretamente e imprime um toque mais sofisticado à harmonia original. Realmente mostra que o cantor conseguia, mesmo em material de baixa qualidade, imprimir sofisticação e classe. Não é a melhor música do filme, mas imprime um mínimo de qualidade ao material de forma geral. Um dos momentos mais interessantes da trilha, o que não quer dizer grande coisa.

Abril de 1963 - É lançado o filme It Happened At The World's fair (Loiras, Ruivas e Morenas, no Brasil). No outono de 1962 Elvis começou as filmagens de It Happened At The World's Fair (loiras, ruivas e morenas, 1963). Mas esta não seria uma produção isenta de problemas. Logo no começo dos trabalhos Elvis reclamou a seu empresário da qualidade do material da trilha sonora, depois de ouvir as músicas que iria gravar, Elvis chegou a conclusão de que todo o repertório era muito fraco. Depois Elvis teve que se deslocar para Seatlle, para as tomadas externas e novos aborrecimentos surgiram. Como as gravações eram feitas ao ar livre e durante a feira mundial, as cenas sofreram várias interrupções em decorrência do assédio dos fãs, tornando tudo mais longo e demorado. Além disso o cantor não gostou nada do roteiro e muito menos do script, ele queria papéis mais sérios e estava insatisfeito com os que Hollywood lhes dava. Elvis queria fazer personagens com mais profundidade e não apenas comédias musicais românticas. Ele nunca entendeu que grandes astros não esperam e nem pedem bons papéis, eles exigem. Para piorar ainda mais, as filmagens ocorreram durante a crise dos mísseis de Cuba, um dos momentos mais tensos entre EUA e URSS, quando o mundo chegou bem perto de uma guerra nuclear entre as duas potências. Enfim, desde o começo estava previsto que esse não seria um projeto fácil para o cantor e a equipe técnica. Apesar de tudo o filme foi completado dentro do cronograma. A estória tratava do romance entre um piloto de avião e uma enfermeira do hospital, durante a feira mundial de Seattle. Como resultado final o filme fez sucesso e apesar de todas as críticas o público prestigiou.

Olho Clínico: Beyond The Bend(Weisman / Wise / Fuller) – A primeira música do disco dá bem o tom da trilha sonora de Loiras Ruivas e Morenas. Tudo muito leve e soft, beirando o infantil, com Elvis deixando de uma vez por todas sua imagem de rebelde dos anos 50. Aqui está Elvis, vestindo um terno e gravata impecáveis, devidamente embrulhado para a família americana. Os dias de roqueiro rebelde ficariam para trás de uma vez por todas, sob os aplausos do Coronel Parker e dos produtores da MGM. Relax (S. Tepper / Roy C. Bennett) – Tentativa mal sucedida de reviver Fever do disco "Elvis Is Back!". Faltou entrosamento e produção nessa música muito fraquinha do filme. Elvis está até mesmo transparecendo um certo desinteresse pelo conjunto e harmonia musical. Não o culpo. Faltou mesmo talento aos escritores dessa canção. Nem quando muda para uma contagem de tempo mais rápida gera interesse. Perda de tempo. Take Me To The Fair (S.Tepper / Roy C. Bennett) – Esse seria o tema principal do filme, mas os produtores mudaram de idéia e elegeram "One Broken Heart for Sale" como tema central da trilha sonora. Novamente a tentativa de produzir um material pasteurizado demais, que satisfizessem a todos, prejudicou o resultado final. Mal executada, a canção não desperta maior atenção. A banda de Elvis também não colabora muito e está no piloto automático. Desnecessária e burocrática.

Curiosidades: Durante as filmagens Elvis se envolveu com a atriz Yvonne Craig, nada muito sério, apenas um breve romance de verão. / Elvis foi convidado para uma visita à rainha da Inglaterra durante as filmagens em Seattle, mas infelizmente não foi possível para ele se deslocar ao Reino Unido, por não dispor de tempo livre em sua agenda cheia de compromissos. Essa pelo menos foi a informação oficial divulgada à imprensa na época. Muitos autores afirmam que a razão principal do cancelamento do encontro foi a impossibilidade do Coronel sair dos EUA por ser imigrante ilegal / Numa ponta não creditada o ator mirim Kurt Russel, futuro astro em Hollywood, contracenou com Elvis / O figurino de Elvis foi criado pelo famoso estilista Sy Devore / Nos estúdios da MGM Elvis utilizou os camarins que pertenceram no passado ao lendário ator Clark Gable.

Junho de 1963 Elvis lança o single Devil in Disguise / Please Don't Drag String Around.
Single de relativo sucesso que chegou ao terceiro lugar nos Estados Unidos e ao primeiro lugar na Inglaterra. Duas canções retiradas das sessões conhecidas como "The Lost Album". As músicas foram gravadas em maio de 1963 em Nashville com a clara intenção de compor um disco novo de Elvis que não fosse trilha sonora. Porém os executivos mudaram de idéia e começaram a utilizar todo o material como "Bonus Songs" em discos diversos, principalmente de trilhas de filmes. Em razão disso muitas músicas foram lançadas até 4 anos depois de terem sido gravadas. O material foi desperdiçado e grande parte dele passou em branco na carreira de Elvis - ótimas canções acabaram completamente ignoradas. Nos anos 90 a RCA reconheceu o erro cometido e uniu todas as canções em um mesmo CD denominado "The Lost Album". Antes tarde do que nunca.

Outras músicas do The Lost Album: Memphis, Tennessee (Chuck Berry) - Faixa retirada das sessões do "The Lost Album". Muito bem arranjada e executada por Elvis e banda. Sem dúvida essa canção não poderia passar em branco na sua carreira, não só por sua importância na história do Rock como também pelo fato de ter o nome de sua querida cidade. Elvis e Chet Atkins deram um tratamento de luxo e à altura desse clássico moderno de Chuck Berry. Aliás Elvis sempre se deu muito bem com músicas compostas por Chuck Berry. Essa não foge à regra, sendo um grande momento da carreira de Elvis e que deve ser conhecido por todos. Finders Keepers, Losers Weepers - (Dory Jone / Ollie Jones) - Música que foi gravada nas sessões do The Lost Album. Este disco deveria ter sido lançado, pois as músicas gravadas estão entre as melhores de Elvis nos anos 60. Entre as gravações do The Lost Album estão: "Devil in Disguise", "Please Don't Drag That String Around", "Long Lonely Highway" e a própria "Memphis, Tennessee". Isso sem dúvida demonstra como foram produtivas essas sessões. Never Ending (Buddy Kaye / Phil Springer) - Nesse disco originalmente foram lançadas três músicas bônus, todas gravadas em 1963 e essa é a primeira delas. "Never Ending" é uma bonita balada, com um ritmo acima da média, contando com o ótimo trabalho da banda de Elvis em Nashville. A voz de Elvis parece diferente, lembrando algo como "I love you Because". Se não soubesse diria que essa música era de 54, ou então 55. Foi lançada em um single como lado B de "Such a Night" (gravada em 60 e cujo single tinha uma foto de Elvis em 56 na capa!) em 1964 e não conseguiu entrar nas paradas. Ganhou um pouco de destaque em um disco no Brasil lançado em 89: Good Rocking Tonight- The Best of Elvis vol 2. Blue River (Paul Evans / Fred Tapias) - Em 1965, enquanto os Beatles dominavam a cena musical, os produtores de Elvis quebravam a cabeça para encontrar alguma música para lançar como single de fim de ano, visto que fazia quase dois anos que Elvis não gravava nada além de trilhas sonoras. Cavucando, encontraram uma gravação de 1957, "Tell Me Why", que foi lançada alcançando a mera 33º posição. Para o lado B do single lançaram uma música gravada em 1963, um roquinho bastante curto com conteúdo que lembrava ligeiramente "Heartbreak Hotel", mas que nem chegava ao dedão do pé desse grande clássico. A música era "Blue River" e alcançou a péssima 95º posição, quase nem entrando no Hot 100, merecidamente, pois não é lá essas coisas. Legalzinha, no máximo. Essa música foi lançada em fevereiro de 1966 na Inglaterra como lado A, tendo como lado B uma música gravada para a trilha de "Girl Happy" (!): "Do Not Disturb". Oh bagunça que eram os singles de Elvis dessa época! Os fãs ingleses apreciaram mais a música, que chegou ao 22º lugar nas paradas. What Now, What Next, Where To (Don Robertson / Hal Blair) - O disco encerra com essa composição bem fraquinha de Don Robertson, que escreveu com certeza material muito melhor como "Love Me Tonight", gravado na mesma sessão dessa música. Com um ritmo arrastado e um letra esquecível não acrescenta nada ao disco. Curiosidade: Foi gravada em uma única tentativa.

Junho de 1963 - Depois de várias idas e vindas, Priscilla Ann Beaulieu se muda de forma definitiva para Graceland.

Julho de 1963 - Elvis começa as filmagens de Viva Las Vegas.
Elvis e Ann-Margret - Foi quando visitava a família na costa oeste no verão americano de 1963 que Priscilla pela primeira vez se tornou alvo da imprensa nacional, devido ao caso que Elvis estava tendo com Ann Margret. Tudo começou no final de julho, em Las Vegas, onde Elvis e Ann Margret filmaram "Viva Las Vegas". Quando o filme terminou, ambos estavam enamorados. Uma prova disso é que pela primeira vez em sua vida Elvis começou a sumir de casa por dois, três dias e até uma semana para passá-los na residência de Ann Margret, em Hollywood Hills. Essa violação da regra de que as mulheres tinham de vir até ele, era apenas um dos sinais que os caras da Máfia de Memphis interpretaram como verdadeira paixão. Enquanto o romance de Elvis e Ann pegava fogo, Priscilla ficava em Graceland, aguardando a volta de seu namorado, como ela mesmo recorda em seu livro "Elvis e Eu": "Eu estava transtornada desde que soubera que a estrela do novo filme de Elvis seria Ann Margret, a starlet em ascensão mais rápida em Hollywood. Ann Margret fizera apenas uns poucos filmes, inclusive bye bye birdie, mas já fora apelidada pela imprensa como "Elvis Presley de saias". Elvis estava curioso em relação a ela, tenho comentado que "a imitação é a forma mais sincera de lisonja". Compreendi que se lhe revelasse meus temores, ele podia não dizer nada para me tranqüilizar. Afinal porque eu tinha tanta certeza de que no instante em que Elvis estivesse longe de mim - e perto de Ann Margret - surgiria um romance entre os dois? Cada vez que eu me aprontava para ir ao encontro de Elvis em Los Angeles, ele apresentava uma alegação qualquer para adiar a visita: - "Este não é o momento mais conveniente, baby. Estamos com problemas nas filmagens" - "Que problema?" - eu questionava - Elvis cinicamente me respondia: - "O caos é total aqui. Tenho um diretor maluco que está perdidamente apaixonado por Ann. Pela maneira como ele está dirigindo, dá até para pensar que o filme é todo dela. Ele está favorecendo Ann em todos os closes" - Elvis fez uma pausa - "E não é só isso: querem também que ela cante algumas canções comigo. O coronel ficou furioso. Disse que eles terão de me pagar um extra para cantar com ela". Enquanto escutava a arenga de Elvis, tentei me compadecer com a situação. Mas, emocionalmente, estava mais preocupada com a estrela do filme do que com o diretor. - "Como está Ann Margret?" - Perguntei - "Acho que ela é uma boa garota" - respondeu Elvis. Então ele logo descartou o assunto com a expressão "uma típica starlet de Hollywood". Minha preocupação foi temporariamente atenuada. Eu sabia que ele sempre encarava as atrizes de maneira desfavorável, chegando mesmo a comentar: "Elas estão mais interessadas em suas carreiras e o homem fica em segundo plano. Não quero ser o segundo para qualquer coisa ou qualquer pessoa. É por isso que você não precisa se preocupar com a possibilidade de eu me apaixonar pelas atrizes que trabalham comigo" Eu queria acreditar, mas não podia ignorar as notícias na imprensa sobre o romance ardente que estava acontecendo nas filmagens de "Viva Las Vegas". Só que o romance no set de Las Vegas, segundo os boatos, não era entre Ann Margret e o diretor e sim entre Ann Margret e Elvis. Uma noite em que estávamos conversando pelo telefone perguntei abruptamente: "Tem algum fundo de verdade?" - "Claro que não" - respondeu Elvis, caindo na defensiva no mesmo instante - "Você sabe como são esses repórteres. Adoram ampliar qualquer coisa. Ela apenas aparece por aqui nos fins de semana, em sua motocicleta. Brinca um pouco com a turma e depois vai embora. Isso é tudo" - Mas isso não era o suficiente para mim. Ann Margret estava lá e eu não. Enfurecida, declarei: "Quero ir para aí agora!" - Elvis ficou visivelmente surpreso com a minha reação e se saiu com essa: - "Agora não é possível. Estamos terminando o filme e voltarei para casa dentro de uma ou duas semanas. Mantenha-se aí e trate de conservar acesso o fogo da paixão" - De forma melancólica eu lhe respondi: "A chama está ardendo muito baixa. É melhor alguém voltar logo para casa e atiçar o fogo". Quando estava preparada para entrar em uma verdadeira guerra com Ann por Elvis, aconteceu uma coisa que deixou todos surpresos: de repente Elvis e Ann Margret desmancharam o namoro. Alguns rapazes da Máfia de Memphis encontraram Ann nos estúdios dias depois e conversaram sobre o assunto: - "Pensamos que vocês estavam apaixonados" - disse um deles - "Eu também" - falou a atriz - "E daí, o que aconteceu?" - quis saber um dos caras. Ann respondeu: "Não sei. Perguntem ao seu chefe. Eu não tenho a mínima idéia". Quando Elvis voltou de Hollywood resolvi mexer nas suas coisas atrás de provas, foi então que achei um bilhete na sua carteira que dizia: "Não posso entender - Scoobie". Era de Ann Margret. Tive certeza. Scoobie era o apelido que ela dera a si mesmo, como Elvis me confessou depois. A frase era também o título do primeiro disco de sucesso que ela gravou no começo dos anos sessenta. Era evidente que Elvis se dissociara completamente de Ann Margret, cortando os vínculos entre os dois. Rasguei o telegrama em pedacinhos, joguei no vaso e puxei a descarga, com a maior satisfação. - "Não deixa passar muita coisa não é mesmo baby? Para uma garotinha você é uma mulher típica" - Ele estava rindo - "Acho que é melhor eu tomar cuidado". Retribui o sorriso, mas pensei: "Nada disso. Sou eu quem precisa tomar cuidado. A amizade mútua e o respeito profissional entre Ann Margret e Elvis persistiram até o dia de sua morte. Ao longo dos anos ele nunca esqueceu de enviar um buquê de flores em forma de guitarra, desejando sucesso para a atriz sueca, sempre que ela estreava em um novo show ou em um novo filme!"

Agosto de 1963 - A RCA lança o disco "Elvis Golden Records vol 03". Este disco reúne os principais sucessos de Elvis Presley lançados em singles na primeira metade dos anos 60. Aqui são reunidas as principais músicas de Presley no período logo após sua saída do exército norte americano. O que se nota é uma mudança no estilo musical de Presley que substituiu o Rock'n'Roll puro dos anos 50 por um som mais Pop com arranjos glamourizados e de influências européias, vide as italianas "It's Now or Never" e "Surrender". Apesar desta mudança de rumo o que se pode notar é que Elvis continuava a ditar e comandar os arranjos de suas músicas. Presley foi criticado por esta mudança, porém seus singles se tornaram novamente os líderes do "Hit Parade" Mundial o que de certa forma avalizou este novo rumo artístico. Este novo caminho seguido por Elvis foi consolidado com o crescente número de filmes estrelados por ele nos anos 60. De qualquer forma este LP traçou o estilo adotado por Presley durante os anos seguintes.

Setembro de 1963 - O Coronel sela o destino da carreira de Elvis durante os anos 60 ao assinar um contrato de sete anos com a MGM. O contrato será lamentado por Elvis anos depois, principalmente pela falta de qualidade dos personagens que lhe serão impostos pelo estúdio. O cantor descobre mais tarde que, apesar de ótimo do ponto de vista financeiro, o contrato é péssimo para sua carreira artística. Elvis depois entenderá que na verdade entrou em um círculo vicioso de filmes ruins, trilhas fracas e produções de baixo orçamento. Mas só vai descobrir isso anos depois de assinar esse contrato.

Outubro de 1963 - Elvis começa as filmagens de mais um filme onde faz papel duplo: Kissin Cousins (Com caipira não se brinca). A maioria das cenas foram filmadas em uma conhecida estância para a prática de esqui, Big Bear, próxima à Los Angeles.

Outubro de 1963 - Elvis lança o single Bossa Nova Baby / Whitcraft. A canção Bossa Nova Baby (Jerry Leiber/Mike Stoller) foi lançada para promover o filme Fun In Acapulco (O seresteiro de Acapulco, no Brasil). Não pense que é uma música do ritmo que imortalizou Tom Jobim, João Gilberto e Vinícius de Moraes. É uma canção pop escrita por Leiber e Stoller que já havia sido lançada em 1962 pelo grupo Tippie & The Glovers. Foi lançada em um single em outubro de 1963 com "Witchcraft" no lado B. O single foi lançado antes da trilha e chegou ao oitavo lugar nas paradas do Tio Sam. A única canção realmente "Bossa Nova" interpretada por Presley foi "Almost in Love" do compositor brasileiro Luís Bonfá, que aliás foi lançada junto com o sucesso "A Little Less Conversation" em um single no final dos anos 60.

Novembro de 1963 - Chega às telas "Fun in Acapulco" (O seresteiro de Acapulco).
O filme "O Seresteiro de Acapulco" foi dirigido por Richard Thorpe, diretor de "Jailhouse Rock" (o prisioneiro do rock, 1957) e produzido por Hall Wallis pela Paramount Pictures. É um dos filmes mais conhecidos de Presley e um de seus grandes sucessos. Aqui Elvis interpreta um ex-trapezista, que após um acidente, vai trabalhar num Hotel na cidade mexicana de Acapulco. Elvis ainda contracena com Ursulla Andress, que estava no auge do estrelado, após o sucesso do primeiro filme de James Bond, "Dr No" (007 contra o satânico Dr.No, 1962). É mais uma comédia romântica de Elvis, no mesmo estilo de outros filmes do cantor nos anos 60. Assim Elvis é colocado em um cenário maravilhoso, com lindas garotas ao redor, tudo embalado com algumas canções escritas sob medida para o filme. O outro filme de Elvis lançado em 1963 foi "It Happened at the World's Fair" (loiras, ruivas e morenas, 1963), filme dirigido por Norman Taurog, filmado na feira mundial em Seattle. Todas as duas produções foram comédias românticas musicais de relativo sucesso de público, mas não de crítica. Todos foram impiedosamente malhados pelos jornais americanos. Realmente Elvis precisava mudar, estes filmes estavam de certa forma arruinando a carreira musical do cantor. A crítica especializada afirmava que Elvis estava se acomodando, com os milhares de dólares vindo de Hollywood, ou seja, estava deixando sua carreira musical de lado, para se dedicar inutilmente ao cinema.

Destaques do disco: Fun In Acapulco (Ben Weisman/Sid Wayne) - Canção título do filme. Sem nenhum exagero esta é uma das melodias mais bonitas interpretadas por Elvis. A Música não é apresentada por Presley durante o filme, só sendo apresentada nos letreiros iniciais com o cenário exuberante das praias e paisagens mexicanas ao fundo. Esta linda canção foi gravada nos estúdios Radio Recorders em Hollywood no dia 23 de janeiro de 1963. Viño, Diñero Y Amor (Tepper/Bennett) - Mike Windgreen (O Personagem de Elvis no filme) está trabalhando em um barco no começo do filme quando seus amigos, um bando de mexicanos com seus sombreros, chegam cantando esta música. Elvis a canta num esfumaçado bar logo após. Aqui começa a história de "O Seresteiro de Acapulco" que foi um dos filmes mais vistos do ano de 1963 nos Estados Unidos e na Europa. I Think I'm Conna Like It Here (Don Robertson/Hal Blair) - Don Robertson era um dos melhores compositores românticos de Presley. Aqui ele fez uma canção gostosa de ouvir com um ritmo bem relaxante. Elvis não deixa por menos e apresenta uma ótima interpretação. Fica claro que quando Presley contava com um bom material ele demonstrava toda a extensão de seu talento. You Can't Say No In Acapulco (Feller/Fuller/Morris) - Elvis canta esta canção à beira da piscina no Hotel do filme onde "Mike" trabalhava. Um fato digno de nota foi a polêmica causada por um boato que envolveu o cantor durante as filmagens. Elvis nunca foi ao México sendo as suas cenas gravadas em estúdio em Hollywood. A Imprensa marrom então acusou Elvis de ser "Racista" com os mexicanos. Presley não foi ao México porque era mais barato para o estúdio usar o método de "Black Projection" em que as paisagens do México eram projetadas em uma tela atrás do astro. Sem dúvida isto acabou sendo muito desagradável para Elvis e os membros da equipe de filmagem. Porém com o tempo isto tudo foi superado. Love Me Tonight (Don Robertson) - "Bonus Song" ou "canção brinde" que não fazia parte da trilha do filme mas era incluído no LP para completar cronologicamente o disco. Esta sem dúvida é uma das mais belas músicas feitas por Don Robertson. Ela foi gravada no dia 27 de maio de 1963 em Nashville.

Dezembro de 1963 - Em rara entrevista Elvis defende seus filmes e sua carreira no cinema: "Intelectuais me dizem que tenho que progredir como ator, tomar desafios e tudo o mais. Eu gostaria de progredir, mas aprendi a não ir além dos meus limites. Talvez um dia eu faça um filme de arte ou algo parecido, mas não agora. Já fiz onze filmes e todos deram dinheiro e foram bem nas bilheterias. Eu seria um tolo se mudasse o rumo da minha carreira". Anos depois ele se arrependeria dessas declarações.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Biografia - 1962

Janeiro de 1962 - Elvis comemora seu 27º aniversário e é homenageado por Dick Clark no famoso programa "American Bandstand".

Fevereiro de 1962 - Elvis lança o single "Good Luck Charm / Anything that's Part of You". Good Luck Charm (Schroder/Gold) - Esta canção foi a última de Elvis até "Suspicious Minds" a alcançar o primeiro lugar entre os singles mais vendidos da parada americana. Isto reflete de certa forma a dificuldade no qual Elvis iria passar até 1969 quando ele voltaria de novo ao topo. Entre as causas desta "maré baixa" enfrentada por Elvis estavam a má qualidade de suas trilhas de filmes aliados à crescente concorrência da invasão britânica (Beatles e Rolling Stones).Anything that's Part of You (Robertson) - Uma das mais belas músicas de Don Robertson interpretadas por Presley nos anos 60. Robertson era mesmo um craque em músicas românticas, pena que esta foi de certa forma desperdiçada como Lado B do single "Good Luck Charm" em fevereiro de 1962. De certa forma o LP Elvis Golden Records vol.3 a colocou finalmente no lugar que merece, ou seja, entre as "gravações douradas de Elvis".

Março de 1962 - Estréia Follow That Dream (Em cada sonho um Amor, no Brasil) - Elvis faz o papel de um jovem caipira que luta contra o governo que quer tirar as terras de sua família. Com direção de Gordon Douglas e contando no elenco com Arthur O'Connel e Ann Helm. Em Abril de 1962 a RCA Victor lançou toda a trilha desse filme em um EP, compacto duplo com quatro canções: Follow That Dream, Angel, What a Wodrefull World e I'm Not the Marryng Kind. O EP chegou ao 15º lugar na parada de sucessos da revista Billboard.

Março de 1962 - Elvis volta ao Havaí para mais um filme, Girls, Girls, Girls (Garotas, Garotas e mais Garotas). Oito mil fãs o esperam no aeroporto de Waikiki. As tomadas serão gravadas em locação na ilha de Kona Coast. Novamente na direção Norman Taurog.

Junho de 1962 - É lançado o disco "Pot Luck With Elvis".
Durante os anos sessenta a carreira de Elvis iria seguir os objetivos traçados pelo Coronel Tom Parker, ou seja, Elvis iria estrelar três filmes por ano. Estes filmes iriam ser acompanhados por trilhas sonoras que seriam lançadas junto com os filmes durante os feriados americanos. A meta sem dúvida era transformar Elvis em um ator e para isso até sua maravilhosa carreira musical deveria ser colocada de lado. Desta forma poucas músicas foram gravadas por Elvis sem que estas fizessem parte de alguma trilha de filme durante este período. As canções deste disco não fazem parte de nenhum filme de Elvis (exceto "Steppin'Out of line") e foram gravadas entre as gravações das trilhas dos filmes "Follow That Dream" (em cada sonho um amor, 1962) e "Kid Galahad" (talhado para campeão, 1962). O maior sucesso de Elvis nas telas em 1962 foi o filme "Girls, Girls, Girls" (garotas e mais garotas, 1962). O que se pode notar é que mesmo toda a correria para gravar as canções deste disco, elas são muito superiores às músicas das trilhas que Elvis gravou no período. Elvis era um ótimo cantor e um ator apenas mediano, infelizmente o empresário Tom Parker só iria chegar a esta conclusão no final dos anos sessenta.

Destaques do disco: Kiss Me Quick (Doc Pomus / Mort Schuman) - O maior sucesso de Elvis Presley no Brasil. Interessante notar que este sucesso todo só ocorreu mesmo em nosso país, sendo que "Kiss me Quick" teve uma discreta passagem pelas paradas americanas (trigésimo quarto lugar na parada da revista Billboard). Ela foi lançada também como canção principal de um single com "Suspicion" no lado B. "Kiss me Quick" foi gravada no dia 25 de Junho de 1961 em Nashville. Em 1977 foi lançado um disco no Brasil que se tornou um de seus mais populares LPs por aqui. A coletânea se chamava "Elvis - Disco de Ouro", e tamanho foi o sucesso que ela foi relançada no mínimo seis vezes ao longo dos anos. As faixas que puxavam o disco eram justamente "Kiss me Quick" e "It's Now or Never". Something Blue (Paul Evans / Al Byron) - Outro momento romântico do disco. O disco Pot Luck alcançou a quarta posição na parada da revista Billboard, sendo este desempenho considerado insatisfatório pelo Coronel e pelos executivos da RCA, porém se ele não obteve o sucesso esperado a sua qualidade é indiscutível como se percebe quando se ouve esta canção. Ela foi gravada no dia 18 de março de 1962. Bom momento romântico deste trabalho musical, que é caracterizado pelo bom gosto, estilo e qualidade. That's Someone You Never Forget (Red West / Elvis Presley) - Composição do Rei do Rock junto com seu guarda-costas Red West. Elvis conheceu Red ainda adolescente e ambos se tornaram grandes amigos. Em 1976 Elvis acabou demitindo Red que junto com seu irmão Sony escreveriam o livro "Elvis, What Happened?" (Elvis, o que aconteceu?). Este livro trazia pela primeira vez ao público aspectos da vida particular de Elvis como o abuso de drogas entre outras coisas. Triste fim para uma longa amizade.

Junho de 1962 - Priscilla chega para passar as férias ao lado do namorada em Memphis. Tudo é feito com discrição para não levantar suspeitas na imprensa. Elvis viaja com Priscilla à Las Vegas onde vão à shows, visitam butiques caras e namoram à luz de velas em restaurantes da moda. Em um deles Elvis é reconhecido e tem que sair pela porta dos fundos por causa do tumulto causado pelos fãs. Apesar de tudo o romance entre os dois renasce de forma mais forte do que quando estavam na Alemanha.

Julho de 1962 - A RCA lança o single "She's Not You / Just Tell Her Jim Said Hello". She's Not You (Pomus/Stoller/Leiber) - Uma rara parceria entre Leiber & Stoller e o compositor Pomus. O Resultado infelizmente não fez jus ao talento das partes envolvidas. Esta é uma canção de Presley que envelheceu o que de certa forma não aconteceu com a maioria das canções de Elvis. Ela foi lançada em julho de 1962 com "Just tell Her Jim Said Hello" no lado B. Já a deliciosa canção Just Tell Her Jim Said Hello de autoria de Jerry Leiber e Mike Stoller se tornou a melhor parte do single, porém como foi lançada como Lado B acabou se tornando mais uma excelente gravação desperdiçada dentro da carreira de Elvis.

Julho de 1962 - Elvis viaja à Seattle para as filmagens de It Happened At The World's Fair (loiras, ruivas e morenas).

Julho de 1962 - Mais um filme de Elvis chega às telas. Kid Galahad (talhado para campeão, no Brasil) é uma refilmagem de um filme de mesmo nome estrelado por Humphrey Bogart e Bette Davis na época de ouro de Hollywood, com direção do premiado diretor Michael Curtiz. Aqui Elvis conta com Charles Bronson e direção de Phil Karlson. A trilha sonora com todas as músicas do filme é lançada em agosto desse mesmo ano em um EP, compacto duplo com as seis canções: King Of The Whole Wide World, This is Living, Riding The Rainbow, Home is Where The Heart is, I Got Lucky e A Whistling Tune. O EP chega ao 30º lugar na Billboard.

Curiosidades: Tom Parker também era um homem com extraordinários poderes psíquicos. Ele era, por exemplo, um ótimo hipnotizador. Durante os anos em que as organizações Presley esteve confinada a uma tediosa rotina de fazer um filme atrás do outro, o Coronel uniu seu estilo bonachão aos seus poderes de controlar a mente produzindo cenas de irresistível humor, como conta Albert Goldman em seu livro "Elvis": "Durante as filmagens de Kid Galahad, certa vez o coronel hipnotizou Sonny West, o guarda costas de Elvis, instruindo-o para que dissesse ao diretor Phil Karlson que o filme cheirava mal, a atuação era horrível, a direção era nojenta e toda a produção era uma terrível perda de tempo. Num intervalo da filmagem, o grande, corpulento Sonny caminhou até o diretor e lançou-lhe a impressionante e insultosa conversa. O diretor ficou boquiaberto com o choque, enquanto o Coronel bebia a cena, rindo consigo mesmo e esforçando-se para que seu rosto não o traísse. Finalmente Karlson gritou: "Quem é esse sujeito? Tirem-no daqui!" Quando lhe explicaram a piada, o diretor ficou espantado por Sonny West ter atuado tão convincentemente e sem dar um sorriso sequer. "Ele estava hipnotizado" explicou o Coronel. "Ele não poderia ter feito isso de outro jeito". Virando-se para Sonny o diretor do filme perguntou: "Isso é verdade?" "Sim Senhor, é verdade sim", admitiu Sonny. Os dotes psíquicos do Coronel não eram limitados apenas à hipnose. Há anos ele sofria de uma ruptura de disco na coluna, motivo pelo qual ele sempre usava uma bengala. Mas nunca se submeteu a uma cirurgia, preferindo controlar a dor, às vezes insuportável, através do poder de sua mente.

Outubro de 1962 - A RCA lança o single "Return do Sender".
Para promover o filme "Girls, Girls, Girls" é lançado o single "Return To Sender / Where do You Come From". Return To Sender (Blackwell / Scotty) - O grande sucesso do filme. Foi lançado como lado principal de um single de grande sucesso. Chegou ao segundo lugar nas paradas. Aqui Elvis homenageia o estilo do cantor de soul Jackie Wilson. Inclusive na cena em que ele canta esta música ele faz questão de usar os mesmos movimentos de Wilson. Um fato curioso e engraçado: Uma vez em Las Vegas um sujeito jogou um sapato no palco, Elvis que não perdia uma piada, pegou o sapato e jogou de volta cantando "Return to Sender" (de volta ao remetente). A platéia foi ao delírio. Em tempo: a música é de autoria do guitarrista Scotty Moore. Where do You Come From (Batchelor / Roberts) - Lado B do único single extraído deste disco. A introdução é puro romantismo, com Elvis acompanhado sozinho pelo piano. Logo após entra o apoio vocal do grupo The jordanaires de forma soberba. Em resumo: Elvis, o pianista Dudley Brooks e os Jordanaires em grande momento.

Novembro de 1962 - Estréia "Girls, Girls, Girls" (Garotas, Garotas e mais Garotas no Brasil). "Girls, Girls, Girls" é um típico filme de Elvis Presley dos anos 60. Rodado no Hawaii, com direção de Norman Taurog e produzido por Hal B. Wallis, a película foi o maior sucesso do cantor nas telas no ano de 1962. Começou a ser filmado com os títulos provisórios de "Cumbo Ya-Ya", "Welcome Aboard", "Jambalaya" e "A girl in Every Port" e finalmente mudado para "Girls, Girls, Girls" por causa da música dos Drifters. O grande problema de filmes como este é que acabaram levando Elvis a se distanciar de seu público, pois nesta época ele parou de fazer shows ao vivo. Assim quem queria ver Elvis, só pagando uma entrada de cinema. Esta era a visão equivocada do empresário do cantor, Tom Parker. Sem shows, gravando as músicas que os estúdios lhe colocavam a disposição, Elvis começou a se isolar cada vez mais. As trilhas ainda faziam sucesso nesta época, mas a partir de 1963, os fãs clubes iriam promover uma campanha para ele voltar à estrada. Infelizmente isso só iria ocorrer seis anos depois. Isolado e distante da realidade das pessoas, que eram sempre a grande fonte de inspiração do estilo Presley, ele iria amargar nos anos seguintes uma grave crise artistica. Mas essa é uma outra história...

Destaques do disco: Girls, Girls, Girls (Leiber / Stoller) - Dois minutos e trinta segundos de prazer. Um dos melhores temas principais de filmes do cantor. A dupla Leiber e Stoller escreveu esta canção para o grupo The Drifters em 1961. Foi lançada no mesmo ano pelo selo Atlantic, alcançando um grande sucesso. Elvis gravou duas versões diferentes: uma na tarde do dia 27 e outra na madrugada do dia 28. Esta última versão foi utilizada na cena final do filme. Destaque para o saxofonista Boots Randolph e o grupo The Jordanaires. Because of Love (Batchelor / Roberts) - Romântica, linda, voz perfeita de Elvis, um verdadeiro prazer sem culpas. Foram gravadas 16 canções para este filme, mas só utilizaram 13, deixando de fora: "Mama", "Dainty Little Moonbeams" e "Plantation Rock", esta última aliás uma injustiça, pois é muito boa. Não perde em nada para outras canções deste disco, mas, o pessoal da Paramount resolveu fazer alguns cortes e a música foi arquivada. Uma pena. I Don't Wanna Be Tied (Giant / Baum / Kaye) - Belo embalo. Bem ao estilo do Pop dos anos 60. Aqui Scotty Moore se faz mais presente comandando a banda de apoio de Elvis. O arranjo aliás é bem elaborado com introdução de novos instrumentos de percussão. O final é característico das canções de Blues.

Dezembro de 1962 - Priscilla Ann Beaulieu chega para passar o natal e ano novo ao lado de Elvis em Graceland.

Pablo Aluísio.