sábado, 4 de junho de 2005

Elvis Presley - Amor à Toda Velocidade

Título no Brasil: Amor à Toda Velocidade
Título Original: Viva Las Vegas
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: George Sidney
Roteiro: Sally Benson
Elenco: Elvis Presley, Ann-Margret, Cesare Danova

Sinopse:
Lucky Jackson (Elvis Presley) ganha a vida cantando e divertindo os turistas hospedados em hotéis de luxo de Las Vegas, mas seu grande sonho mesmo é se tornar um grande piloto de corridas. Ele almeja vencer o primeiro Las Vegas Grand Prix que vai pagar uma pequena fortuna para o vencedor. Por acaso acaba conhecendo a linda Rusty Martin (Ann-Margret), que ele pensa erroneamente ser uma dançarina de cassinos. Indo atrás dela Lucky acaba descobrindo que não é bem isso que a apaixonante garota faz para viver.

Comentários:
Um dos grandes sucessos no cinema da carreira de Elvis Presley. Realmente é um de seus melhores musicais. O curioso foi que a fita foi produzida meio às pressas após a MGM decidir que iria aproveitar o Grand Prix de Las Vegas para locações. O enredo, escrito pela roteirista Sally Benson (a mesma de "Sombra de uma Dúvida" e "Agora Seremos Felizes"), conseguiu mesmo capturar a essência de um encontro entre Elvis e Margret, que era considerada a "Elvis de saias" naquela época. O casal que levou o romance também para fora das telas solta faíscas em cena. A produção também tem um ótimo desenrolar, fruto da competência do experiente cineasta George Sidney que resolveu dar o mesmo destaque para ambos, o que gerou ciúmes em Elvis que começou a acreditar que Sidney estava perdidamente apaixonado por Margret. Bobagem. O diretor sabia que tinha dois grandes talentos em mãos e resolveu aproveitar tudo o que poderia. O grande sucesso de "Viva Las Vegas" deu um impulso e tanto na carreira de Ann-Margret, que saiu depois em busca de novos desafios. Já para Elvis virou uma enorme camisa de força. Seus filmes seguintes, principalmente àqueles onde ele interpretava pilotos de corrida, nada mais eram do que tentativas de repetir o sucesso dessa película. Mesmo assim não há como negar, "Amor à Toda Velocidade" é de fato um marco no cinema musical dos anos 1960. Um simpático romance que uniu uma das melhores duplas já vistas em Hollywood em todos os tempos.

Pablo Aluísio

Elvis Presley - Dez curiosidades sobre "Loiras, Ruivas e Morenas"

Dez curiosidades sobre "It Happened At The World's Fair" que provavelmente você não sabia:

1) Kurt Russell, estrela do filme biográfico de Elvis em 1979, interpreta a criança que chuta as canelas de Mike.

2) Durante as filmagens Elvis se envolveu com a atriz Yvonne Craig, nada muito sério, apenas um breve romance de verão.

3) Elvis foi convidado para uma visita à rainha da Inglaterra durante as filmagens em Seattle, mas infelizmente não foi possível para ele se deslocar ao Reino Unido, por não dispor de tempo livre em sua agenda cheia de compromissos.

4) O figurino de Elvis foi criado pelo famoso estilista Sy Devore

5) Nos estúdios da MGM em Hollywood Elvis utilizou os camarins que pertenceram no passado ao lendário ator Clark Gable.

6) Esse foi o primeiro filme em que Elvis interpretou um piloto, profissão que se tornaria recorrente em seus filmes futuros

7) Foi o primeiro filme de Elvis após ele assinar com a MGM um longo contrato de sete anos

8) Elvis quis comprar o "carro dos sonhos" exibido na feira mundial em Seattle mas foi informado que o carro era apenas um protótipo

9) Foi o segundo de Elvis com a garotinha chinesa Vicky Tiu

10) Na cena em que Elvis canta "I'm Falling in Love Tonight", no restaurante, tudo foi filmado com ele cantando realmente ao vivo. A orquestra que o acompanhou ficou estrategicamente posicionada atrás das câmeras.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de junho de 2005

Elvis Presley - Loiras, Ruivas e Morenas

Título no Brasil: Loiras, Ruivas e Morenas
Título Original: It Happened at the World's Fair
Ano de Produção: 1963
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Norman Taurog
Roteiro: Si Rose, Seaman Jacobs
Elenco: Elvis Presley, Joan O'Brien, Gary Lockwood, Vicky Tiu, Kurt Russell, Yvonne Craig

Sinopse: Mike Edwards (Elvis Presley) é um piloto de aviões que ganha a vida pulverizando plantações de batatas com seu teco-teco Bassie. Seu sócio no negócio, Danny Burke (Gary Lockwood), é viciado em jogos de cartas e acaba perdendo todo o dinheiro de ambos numa noite de má sorte. Sem dinheiro e precisando de 1.200 dólares para recuperar o avião, agora dado como garantia para os devedores de Danny, os dois, completamente quebrados, pegam uma carona até a feira mundial de Seattle. Eles esperam conseguir um emprego mas no caminho se tornam amigos dos Lins e na grande cidade Mike acaba conhecendo a garota de seus sonhos, a enfermeira Diane Warren (Joan O'Brien).

Comentários:
Esse foi o primeiro filme de Elvis na MGM após firmar contrato de sete anos com o estúdio. A última produção do cantor na Metro havia sido o clássico "Jailhouse Rock" ainda na década de 50 e muitos esperavam por um filme tão marcante como aquele. Bom, quem pensou assim certamente se decepcionou. Esse "t Happened at the World's Fair" é um filme romântico muito pueril e leve que ficou muito distante da rebeldia do grande musical da era do rock. Por falar em rock não espere encontrar nada do gênero na trilha sonora que é notoriamente muito fraca e sem personalidade. O roteiro também não ajuda pois não há qualquer carga dramática. A estorinha é das mais banais e para piorar tudo Elvis passa quase todo o filme cuidando da garotinha Sue-Lin (Vicky Tiu) enquanto tenta achar seu tio desaparecido. Essa função de babá abre espaço para um monte de musiquinhas infantis sem importância que vão minando a paciência dos fãs de Presley ao longo do filme.

O personagem de Elvis é um conquistador barato que acaba caindo de amores por uma bonita enfermeira interpretada pela correta mas sem sal Joan O'Brien. Não há muita química no romance entre os dois em cena. Certamente ela foi uma das estrelas mais fracas ao lado de Elvis em sua carreira no cinema. Melhor se sai Yvonne Craig numa cena mais sensual onde o cantor apresenta a canção "Relax". Ela ficaria famosa depois ao virar a Mulher-Gato no seriado de TV "Batman" alguns anos mais tarde. Por falar em coadjuvantes roubando a cena não podemos esquecer de citar a participação muito divertida e curiosa do futuro astro Kurt Russell aqui dando uns chutes nas canelas de Elvis! Mesmo com essas curiosidades não há maiores atrativos no filme que é realmente de rotina. As boas cenas externas na feira mundial até ajudam a manter o interesse mas o clima geral é realmente pueril demais para quem um dia sustentou o título de Rei do Rock! Aliás a conclusão final não poderia ser outra, pois "Loiras, Ruivas e Morenas" definitivamente não tem nada a ver com Rock ´n´ Roll.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis, Girls e Priscilla

Enquanto o filme "Girls, Girls, Girls" ia chegando aos principais cinemas dos Estados Unidos, Elvis intensificou seus contatos telefônicos com sua antiga namoradinha na Alemanha, Priscilla. Elvis queria que ela viesse passar o natal ao seu lado. Já havia se passado dois anos mas Elvis ainda insistia com a garota adolescente que havia deixado na Europa. Era uma ironia. Enquanto tentava se divertir ao máximo possível em Hollywood, Havaí e por onde passasse, Elvis ia também sentindo um vazio em sua vida emocional, afinal de contas as garotas eram muitas mas nenhuma delas conseguia preencher sua solidão que havia se agravado muito depois da morte de Gladys.

O interessante disso tudo é que Priscilla parecia se enquadrar no ideal de mulher que Gladys sonhara para seu filho. Era de uma boa família e como também era muito jovem poderia ser moldada no ideal feminino que Presley procurava. Assim Elvis jamais fechou essa porta. Estava sempre fazendo longos telefonemas internacionais para Priscilla, comentando sobre seus filmes, suas trilhas, os acontecimentos que vivia nas longas filmagens.

O Coronel Parker sabia da existência de Priscilla e recomendou cautela a Elvis. Afinal era uma adolescente e qualquer coisa poderia causar um escândalo na imprensa como aconteceu com Jerry Lee Lewis. Assim Elvis resolveu pedir aos pais de Priscilla que ela viesse passar o natal ao seu lado em 1962. Tudo seria mantido como um grande segredo e ninguém poderia comentar nada sobre isso fora dos muros de Graceland.

Elvis Presley estava prestes a reencontrar a garota que havia mexido com ele enquanto estava no exército. Mal sabiam eles que isso seria apenas o recomeço de uma longa história que não teria fim tão cedo! O destino realmente tinha várias surpresas para o casal.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de junho de 2005

Elvis Presley - Garotas e mais Garotas

Título no Brasil: Garotas e mais Garotas
Título Original: Girls, Girls, Girls
Ano de Produção: 1962
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Norman Taurog
Roteiro: Allan Weiss, Edward Anhalt
Elenco:  Elvis Presley, Stella Stevens, Laurel Goodwin, Jeremy Slate

Sinopse: Ross Carpenter (Elvis Presley) é um pescador americano no Havaí que de repente se vê perto de perder seu emprego uma vez que seu patrão está para vender todos os barcos de sua frota para ir morar no Arizona, por recomendação médica. Ross tem especial carinho por dois barcos, "West Wind" e "Kingfisher" que construiu ao lado de seu pai antes de falecer. Agora terá que arranjar dinheiro para comprá-los de um dono de companhia pesqueira inescrupuloso, Wesley Johnson (Jeremy Slate). Enquanto tenta arranjar a quantia ele vai também levando em frente os relacionamentos complicados que tem com duas mulheres, a cantora de boates Robin Ganter (Stella Stevens) e a jovem riquinha Laurel Dodge (Laurel Goodwin). Quem afinal conquistará o coração de Ross Carpenter?

Comentários:
Via de regra os filmes de Elvis Presley na Paramount eram mais bem realizados. Havia um cuidado maior com cenários, figurinos e produção. Um exemplo podemos encontrar aqui. Elvis tinha emplacado um grande sucesso no estúdio no ano anterior, "Feitiço Havaiano", e agora estava de volta com praticamente a mesma equipe técnica do seu último filme nesse estúdio. De certa forma "Girls! Girls! Girls!" é um genérico de "Blue Hawaii". Obviamente existem mudanças mas tudo segue uma linha ao estilo "Diferente, mas igual". Afinal o que desejava o produtor Hall Wallis era repetir o sucesso do musical havaiano. E até que deu certo. Esse foi o maior êxito de bilheteria de Elvis em 1962, faturando bem mais do que os dois filmes que havia rodado na United Artists recentemente. O roteiro como sempre é básico. Na vida profissional o personagem de Elvis precisa de 10 mil dólares para comprar os barcos que foram construídos por ele e seu pai já que seu antigo patrão os estão vendendo. Na vida amorosa Elvis tem que se decidir entre uma garota mais jovem (e mais rica) e uma mulher mais velha que canta na mesma boate que ele. Esse padrão de roteiro iria se repetir várias e várias vezes em seus filmes, por isso não existe grande surpresa nesse aspecto.

Há um excesso de músicas ao longo do filme. Isso é bem fácil de notar pois sempre que o enredo vai caindo no lugar comum há um número musical com Elvis para acordar o público. Como seu personagem é um pescador resolveu-se colocar o cantor para no meio de uma pescaria de atum soltar a voz. São três as cenas em que isso acontece. Soa estranho, claro, mas os fãs de Elvis queriam isso mesmo, temos que admitir. Numa das cenas o próprio Elvis parece tirar onda da situação forçada. Já no palco da pequena boate onde canta em busca de alguns trocados Elvis apresenta o grande sucesso do filme, a boa "Return to Sender" (grande canção apesar da letra ser nada original). Analisando friamente temos aqui mais do mesmo. Elvis namora um pouquinho, pesca um pouquinho e canta um monte de músicas, tudo em pouco mais de 90 minutos de duração. O clima de maneira em geral é simpático, fruto natural das belas locações do Havaí. Curiosamente nenhuma das atrizes se destaca muito, exceto Stella Stevens que tem a chance de apresentar no mínimo três canções, algo bem raro dentro da filmografia do cantor. Interessante é que na cena final, que fecha a estória, Elvis dá passos de twist (a moda musical da época) enquanto dança ao lado de bailarinas representando todos os povos da Terra (inclusive brasileiras, citadas até na letra da versão alternativa da canção título que dá nome ao filme). Assim "Girls! Girls! Girls!", tal como os dois filmes anteriores realizados por Elvis na United Artists, também fica no meio termo. Não é dos melhores filmes de Presley mas tampouco fica entre os desastres que iria fazer a seguir como "Harum Scarum", por exemplo. É um filme de verão realmente, para ver nas férias escolares, como bem queria o Coronel Tom Parker. Dentro dessa proposta até que pode ser considerado um bom entretenimento despretensioso e inofensivo.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Talhado Para Campeão

Em outubro desse ano após mais uma ótima sessão de gravação em Nashville, Elvis foi filmar o seu décimo filme, Kid Galahad (Talhada para Campeão), uma refilmagem de um filme homônimo de 1937, dirigido por Michael Curtiz (o mesmo que dirigiu Elvis no excelente King Creole) e estrelando Edward G. Robinson, Bette Davis e Humphrey Bogart. Na refilmagem, a idéia básica da trama foi mantida, com as alterações no nome do personagem principal que seria agora Walter Gulick e na sua ocupação anterior com a entrada no mundo do boxe, que agora seria de um mecânico recém-saído do exército que volta para sua cidade de nascimento e acaba encontrando um promotor de lutas (interpretado pelo ótimo Gig Young) que acaba descobrindo que o mecânico Walter leva jeito para o esporte. Logo, o personagem de Elvis se apaixona pela irmã do promotor interpretada por Joan Blackman, (mais linda do que nunca!). Para quem não se lembra Joan já havia trabalhado com Elvis em "Blue Hawaii". Walter tem que lidar com os problemas com a máfia de Gig e uma luta final com o campeão e invencível lutador de boxe Sugarboy.

Como treinador Elvis tem ninguém menos que Charles Bronson, o mesmo que dez anos depois estrelaria o filme “Desejo de Matar”. Bronson e Elvis não se deram bem nos sets de filmagem. Bronson considerou as habilidades de luta de Elvis como ridículas e ele sentiu-se ofendido com isso. Apesar disso a química entre os dois na tela é boa. O filme tem um roteiro superior aos demais filmes de Elvis, um elenco de apoio ótimo, uma trilha interessante sem músicas horrendas. Seleção musical equilibrada. Além desses aspectos positivos Elvis ainda tem a chance de participar de algumas cenas mais dramáticas, como a que ele discute com Gig, quando este o proíbe de sair com sua irmã. As cenas de lutas são razoáveis e o câmera mostra alguns ângulos interessantes. Porém o papel aqui exigia de Elvis uma personalidade um pouco menos educada e mais casca grossa. Infelizmente sua interpretação não consegue ser forte o suficiente e Elvis, sem querer, acaba suavizando muito o personagem, o que é um ponto negativo. Interessante é que o cabelo de Elvis está quase ao natural, com pouca brilhantina e loiro, pela última vez em sua carreira. O final, felizmente, não acaba com uma música, apesar de ser um pouco sem graça.

O grande problema de Kid Galahad é que as músicas não se contextualizam no filme, que poderia muito bem ter sido rodado sem elas. Interessante é que quando Elvis foi rodar o filme ele levou o famoso macaco chimpanzé Scatter em sua primeira viagem para Holywood. Scatter havia sido comprado recentemente e era tratado como se fosse um membro da Máfia de Memphis. Gostava de beber cerveja e olhar embaixo das saias das garotas e era responsável por uma verdadeira bagunça nos estúdios o que deixava os diretores loucos. "Kid Galahad" foi o último filme um pouco mais sério de Elvis. No final das contas teve uma bilheteria fraca se comparada à de "Blue Hawai" e foi apenas o 37º filme mais assistido do ano. Lançado em agosto de 1962 a trilha sonora chegou ao mercado como EP alcançando pouca expressividade nas paradas. A carreira cinematográfica de Elvis, após essa película, foi jogada em um mar de produções que tentavam copiar de certa forma a fórmula de seu sucesso no Havaí. Era a busca pelo sucesso perdido.

Talhado Para Campeão (Kid Galahad, EUA, 1962) Direção: Phil Karlson / Roteiro: William Fay, Francis Wallace  /  Elenco: Elvis Presley, Gig Young, Lola Albright, Joan Blackman, Charles Bronson, David Lewis / Sinopse: Jovem sai do exército e acaba encontrando sua verdadeira vocação no boxe. Com talento para cantar ele vai levando sua vida entre os ringues e o violão. No meio do caminho acaba encontrando o grande amor de sua vida.

Victor Alves e Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de junho de 2005

Elvis Presley - 1961 / 1962

Quando Elvis voltou do exército ele tinha duas grandes pretensões. Uma era se tornar um grande ator e a outra desenvolver sua habilidade vocal. Primeiro fez "G.I. Blues" (Saudades de um Pracinha), um filme que ele não gostou de jeito algum, criticando inclusive a qualidade da trilha sonora. Porém, a ele era dito para fazer "G.I Blues" para reconquistar os fãs e depois lhe seriam oferecidos papeis mais dramáticos. "Flaming Star" (Estrela de Fogo) seu filme seguinte foi um bom início, seguido de "Wild in the Country" (Coração Rebelde) que, originalmente, tinha um ótimo roteiro, mas foi estragado pelos engravatados de Hollywood e pela raposa velha Coronel Tom Parker. A segunda pretensão, todavia foi alcançada: Elvis nunca cantou melhor e sua voz nos três primeiros anos da década de 60 estava em grande forma, excelente, com performances lindíssimas em clássicos como "Are You Lonesome Tonight?", "It´s Now Or Never" (há quem odeie essa canção hoje em dia mas não há como negar sua boa perfomance na gravação), além das bonitas e românticas "They Remind Me Too Much Of You", "There´s Always Me" e muitas outras.

O ano de 1961 chegou e definitivamente foi um ano que dividiu a carreira de Elvis. Ele começou o ano com dois shows beneficentes em Memphis em fevereiro, seus primeiros após a sua volta do exército e em março gravou o álbum "Something for Everybody", que apesar de ser muito bom e ter chegado ao primeiro lugar, perde se comparado com "Elvis is Back", um magistral álbum, muito eclético em sua diversidade de ritmos. Logo após as sessões de gravação Elvis viajou para o Havai para filmar "Blue Hawai" (Feitiço Havaiano) e fazer um show beneficente, que acabou sendo seu último até 1968. "Blue Hawai" foi a pior coisa que aconteceu na carreira de Elvis por ter sido um sucesso fora do comum, realmente espetacular. O álbum passou absurdas 20 semanas em primeiro lugar e o filme foi um estrondoso sucesso, apesar de ser muito fraco. A sua trilha é na verdade uma das piores de Elvis, se salvando apenas umas quatro músicas, incluindo o clássico absoluto "Can´t Help Falling in Love". Afinal botar o rei do rock para cantar uma dúzia de músicas havainas era o fim!!!

Em junho, antes de ir filmar "Follow that Dream" (Em Cada Sonho Um Amor) Elvis ainda entrou em estúdio e gravou entre outras, um de seus melhores singles: “His Latest Flame / Little Sister”, que injustamente não chegou ao primeiro lugar nos EUA. Na Inglaterra ambas as músicas atingiram o topo das paradas. "Surrender" foi a música de Elvis nesse ano que alcançou o número 1 nas paradas em ambos lados do Atlântico."Follow That Dream" era um comédia bem leve onde Elvis se saiu muito bem. Infelizmente, foi durante as sessões desse filme que o cantor perdeu um de seus melhores guitarristas: Hank Garland, vitimado em um acidente de carro que quase tirou sua vida e destruiu sua carreira de guitarrista. O som de Elvis perderia muito com a saída de Garland. Fora isso, o quadro profissional de Elvis era excelente. Ele ainda chegava fácil ao primeiro lugar, seus filmes ainda mantinham um certo nível, ele ainda gravava em ritmo muito bom e produtivo e a qualidade das músicas era ainda muito boa. Tudo parecia ainda caminhar relativamente bem por essa época.

Já na vida pessoal Elvis parecia determinado a se divertir o máximo possível! Por essa época ele resolveu romper com a namorada Anita Wood e como Priscilla ainda não havia chegado aos Estados Unidos para morar em Graceland, Elvis ficou completamente solto, solteirinho da silva! Se Elvis era um garoto que na década de 50 levava uma vida nada mundana, namorando firme garotas e morando com os pais, a situação se inverteu nessa fase de sua vida. Elvis agora, sem a balança moral de sua mãe, entupia sua mansão da maior quantidade de mulheres possível. Nos primeiros anos em Hollywood Elvis ficava hospedado em alguns hotéis da cidade mas suas festas com muita gente e muito barulho de música alta lhe trouxeram vários problemas. Alguns estabelecimentos o convidaram gentilmente a ir embora. Assim Elvis pensou em uma solução. Aconselhado pelo empresário Tom Parker ele acabou comprando uma casa em Bel Air. Afinal Parker queria manter as festas extravagantes de Elvis fora do radar da imprensa. Assim Elvis encontrou um lugar ideal para descansar, relaxar e se divertir, longe dos olhos da imprensa marrom da capital do cinema.

O ponto negativo é que por essa época Elvis também começou a aumentar seu consumo de drogas prescritas. Ele passou a se interessar pelo assunto e começou a ler livros de medicina onde eram explicadas as principais pílulas do mercado, seus efeitos e suas contra indicações. Elvis que odiava drogas de rua como maconha e cocaína havia encontrado um jeito seguro, limpo e longe de problemas de também ficar alto em suas festas privadas. Tudo ainda era um grande segredo guardado a sete chaves. Nem mesmo Parker tinha consciência do que acontecia nesse aspecto na vida de Elvis. Também não havia qualquer sinal em sua vida pública e profissional sobre isso. Na época ele era apenas o "Solteirão mais cobiçado da América". Sua imagem pública era impecável e Evis era considerado um dos homens mais bem sucedidos dos EUA. Tudo parecia muito bem em sua vida mas nuvens negras estavam para chegar em sua carreira.

Pablo Aluísio e Victor Alves

Elvis Presley - O Começo da Queda

Além da apresentação em Pearl Harbor, Elvis também realizou dois concertos em Memphis antes de se retirar de forma prolongada dos concertos ao vivo durante os anos 60. No dia 25 de fevereiro de 1961 Elvis subiu ao palco do Ellis Auditorium. Foi um evento de homenagem ao próprio Elvis - o governador do estado Buford Ellington declarou o dia como 'Elvis Presley Day' - e também uma forma de arrecadar fundos para a caridade - mais de 50 mil dólares foram arrecados ao fim do concerto. Antes dos shows houve um evento em honra a Elvis no Hotel Claridge. O cantor não gostava muito de jantares sociais como esse mas foi convencido por Vernon a comparecer. Distribuiu sorrisos, autógrafos e recebeu as devidas homenagens. Depois disso Elvis só voltaria a se apresentar em Pearl Harbor no Havaí e só retornaria em 1968 no especial de TV na NBC e no ano seguinte em Las Vegas para temporadas longas no International Hotel (depois Las Vegas Hilton). Mas o que levou Elvis a ficar tantos anos fora dos shows ao vivo? Logo ele que tanto gostava do calor humano proporcionado por seus fãs?

A verdade é que Elvis queria de todas as formas dar certo no mundo do cinema. Ele estava vivendo seu sonho de ser James Dean, seu grande ídolo nas telas. E o Coronel Parker resolveu adotar o lema: "Se quiser ver Elvis cantando pague uma entrada de cinema". Nada de shows, nada de aparições em programas de TV, nada de entrevistas. Parker (e Elvis concordava com isso) entendia que se Elvis começasse a fazer turnês as pessoas deixariam de assistir seus filmes. Afinal se podiam ver Elvis em carne e osso para que iriam até o cinema para vê-lo em celulóide? É incrível mas eles insistiram nisso por praticamente toda uma década!

Com Elvis fora do caminho no mundo musical os jovens acabaram adotando outros ídolos. Os Beatles chegaram nos EUA e varreram as paradas de sucesso como nunca ninguém havia visto antes. Eles chegaram a ocupar os quatro primeiros lugares da Billboard em sequência, sem ninguém por perto para ameaçá-los. Elvis? Estava praticamente fora da lista dos mais vendidos. Era considerado carta fora do baralho. E logo após outros grupos semelhantes surgiram, tanto ingleses como americanos. Tudo estava mudando, as letras, as mensagens das músicas, os figurinos dos grupos de sucesso. Era uma nova onda musical surgindo, um novo estilo que vinha para romper com o marasmo.

Enquanto o mundo musical mudava e passava por uma revolução sem precedentes, Elvis que tinha de certa forma começado tudo aquilo nos anos 50, afundava em Hollywood estrelando filmes ruins e tolos que eram ignorados pela juventude da época. Só para se ter uma idéia do tamanho do desastre para a carreira de Elvis basta citar que ele ficou de 1962 a 1969 sem conseguir emplacar nenhum sucesso musical no topo da parada de singles da Billboard! Suas novas canções não tocavam mais nas rádios e ele foi desaparecendo lentamente do meio. Afinal quem não era visto não era lembrado.

Até no Brasil a crise foi sentida. A filial brasileira da RCA deixou até de lançar seus álbuns por aqui após um certo tempo. Elvis não vendia mais a ponto de justificar o lançamento de seus discos fora dos EUA. As fãs que gritavam pelos Beatles empunhavam cartazes onde se podia ler: "Viva os Beatles! Elvis já morreu". O pior era saber que nisso havia de fato um fundo de verdade. E pensar que tudo poderia ter sido diferente. Assim seus shows em Memphis e Pearl Harbor se tornaram significativos e simbólicos da crise que surgia no horizonte. Era o começo da queda. Foi a despedida de uma era de ouro para o artista Elvis.

Pablo Aluísio.