sexta-feira, 4 de março de 2005

Elvis Presley - Elvis e Bill Haley

Quando se trata de citar nomes essenciais para o surgimento do rock nos Estados Unidos, dois ícones surgem logo na mente. O primeiro é Elvis Presley, considerado o Rei do Rock. O segundo é Bill Haley, o primeiro artista a romper definitivamente as paradas de sucessos musicais com seu grande sucesso "Rock Around The Clock". Elvis e Haley tinham coisas em comum. Ambos nasceram dentro do universo da country music. Ambos também tinham origens sulistas. E Elvis chegou a gravar alguns sucessos de Bill Haley.

“Shake Rattle and Roll” foi o primeiro grande sucesso de Bill Haley a ser gravado por Elvis. O curioso é que enquanto Elvis era a personificação do superstar jovem, bonito e jovial, Haley tinha uma imagem completamente diferente. Ele era gordinho, cara de lua, homossexual dentro do armário, com cara e jeito de “tiozão”. A verdade é que Bill Haley era um roqueiro improvável para a época, mas mesmo assim conseguiu seu espaço. Quando estourou com seu primeiro rock nas paradas Haley já tinha muitos anos de estrada e provou que ter experiência no meio de todos aqueles artistas jovens, na faixa de 20 e poucos anos, tinha sua importância

Ele era um batalhador na profissão musical, já tinha formado várias bandas de bailinhos, gravado alguns singles country mas nunca havia conseguido projeção nenhuma na carreira. Até que em 1953 formou mais uma banda chamada “Bill Haley and The Comets” (usando um trocadilho infame e divertido). Com essa nova formação Haley resolveu mudar os rumos de sua música. Deixou o country de lado e resolveu investir numa nova linguagem musical que nascia naquele momento: O Rock n Roll.

A sorte de Haley mudou definitivamente quando a música “Rock Around The Clock” foi incluída na trilha sonora de “Sementes da Violência”. A canção explodiu nas paradas se tornando um dos maiores sucessos da primeira geração do Rock. Depois desse enorme hit Bill Haley começou a colecionar novos sucessos nas paradas. A venda de milhões de discos transformou Haley em um homem rico que a partir daí apenas administrou sua fama e seu sucesso pelos anos seguintes, participando de apresentações fora dos EUA (como sua bem sucedida turnê na Inglaterra) ou de especiais nostálgicos nas décadas que viriam. Virou símbolo de uma era da música americana. Milionário, comprou uma enorme mansão no Texas, onde passou seus últimos dias, cercado de grande respeito só dado aos grandes pioneiros do surgimento do Rock´n´Roll. Bill Haley morreu tranquilamente em seu rancho texano em Harlingen no ano de1981.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de março de 2005

Elvis Presley - Elvis e Anita Wood

Após as coisas esfriarem completamente com Dixie Locke, sua namoradinha de colégio, Elvis ficou alguns meses sem uma “namorada oficial”. Para ele foi muito bom, cada vez mais popular por causa dos shows e apresentações na TV o cantor aproveitou para curtir um pouco de sua fama. Teve flertes com dançarinas, teenagers, tietes e quem mais lhe agradasse e lhe aparecesse pela frente. Ele queria aproveitar sua juventude acima de tudo. As coisas mudariam quando casualmente assistindo ao programa Top 10 Dance Party em um sábado à noite Elvis viu de relance uma das garotas mais bonitas que já tinha visto desde então. Ela era uma das adolescentes que dançavam no programa. Seu nome? Anita Wood.

Quando colocou os olhos em Anita, Elvis quis conhecê-la imediatamente. Para isso designou o gordinho Lamar Fike para descolar o telefone da beldade. Lamar fez um bom trabalho. Conseguiu através de seus contatos o número da garota e sem muitas delongas se apresentou a ela dizendo que Elvis Presley queria lhe encontrar. Atônica e surpresa Anita se desculpou com Lamar e disse que não desmarcaria um encontro que já tinha com outro rapaz para ir ao encontro de Elvis. Imaginem a cara de surpresa de Lamar quando soube disso. Sem pensar duas vezes disparou: “Você está louca?! Nenhuma garota rejeitaria um encontro com Elvis Presley!” Anita não se importou e recusou o encontro. Na realidade ela nem era fã do cantor na época. Esse seu lado durona deixou Elvis ainda mais intrigado em conhecer a espevitada loirinha. Nada atiçava mais seu lado conquistador do que uma garota durona que não lhe dava muita bola. Jovens se atirando aos seus pés não faltavam, mas Elvis queria agora acima de tudo conquistar a jovem dançarina do Top 10 Dance Party.

Elvis não desistiu e colocou o DJ George Klein na tarefa de convencer Anita a lhe encontrar. Lamar Fike também ficou no pé na garota fazendo de cupido pelos dias seguintes. Depois de muita insistência e desencontros finalmente Elvis mandou George e Lamar irem buscar Anita para um encontro reservado com ele. O encontro inicial de Elvis e Anita não poderia ser mais despojado e despretensioso. Elvis a encontrou em seu boteco preferido, um local nos arredores de Memphis que vendia Hambúrgueres e refrigerantes chamado “Crystal Hamburgers”. Apresentações formais foram feitas e depois de um breve bate papo Elvis disparou: “Você gostaria de conhecer minha casa Graceland?” Um convite assim poderia obviamente ser muito ousado para a época, afinal garotas não iam para as casas de rapazes em seu primeiro encontro. Elvis porém foi cuidadoso ao explicar a Anita que vivia com seus pais em Graceland e que eles certamente estariam lá durante a visita. Anita Wood era uma típica garota sulista que prezava muito por sua reputação mas diante das circunstâncias acabou aceitando ir para a casa do cantor famoso.

Anita e Elvis se deram bem imediatamente. Ela tinha tido a mesma educação sulista que ele, gostava das mesmas piadas, tinham gostos parecidos por música e cinema e se entrosaram de uma maneira incrível desde o primeiro encontro. Além disso Anita cultivava uma imagem de moça de família, pura e virgem, que caiu como uma luva no ideal que Gladys imaginava para ser uma boa namorada para Elvis. Anita e Gladys se deram muito bem. Despojada Anita logo no primeiro encontro ajudou a mãe de Elvis com a arrumação da cozinha, ganhando muitos pontos com a futura sogra. Também se deu muito bem com Minnie Mae, a avó de Elvis, que morava com eles desde os tempos de dureza em Tupelo.

Elvis ficou gratificado, tinha a aprovação da família, gostava de Anita, adorava sua presença e em pouco tempo estava completamente apaixonado por ela. Não tardou a Gladys dizer a Elvis que “Anita era uma boa moça para ele”. O começo do namoro com Anita foi tão gratificante para Elvis que ele até parou de correr atrás de outros rabos de saia quando estava na estrada fazendo shows ou gravando discos. Mal chegava em uma nova cidade sempre ligava para as duas pessoas mais importantes para ele na época, Anita e Gladys, para dizer que tinha feito boa viagem e estava tudo bem. O romance em pouco tempo ficou sério e todos ao redor de Elvis acreditavam que mais cedo ou mais tarde ele se casaria com Anita.

Elvis gostava de se referir a Anita como “a minha pequena”. Quando estava em Memphis Anita Wood ficava ao seu lado 24 horas por dia, indo ao cinema, fazendo lanches em seu boteco preferido ou em casa, assistindo filmes e ouvindo música. Anita era presença constante como namorada, companheira e amiga de todas as horas. Depois quando Elvis começou a rodar seus primeiros filmes logo levou Anita com ele para Hollywood. Viviam juntos e continuaram assim por longos seis anos. De fato Anita só deixou Elvis quando esse realmente se decidiu por Priscilla Presley. Quando Elvis conheceu Priscilla na Alemanha ele ficou em uma dúvida incrível sobre qual das duas iria construir uma vida em comum. Embora tenha se apaixonado perdidamente pela adolescente durante seu serviço militar, Elvis não conseguia romper com Anita, tanto que quando voltou aos EUA foi recebido por sua família e Anita no aeroporto.

Depois da volta Anita percebeu que Elvis não era mais o mesmo. Gladys havia falecido alguns meses antes e Presley não conseguia superar essa perda. Para piorar Anita descobriu sobre a existência de Priscilla através de cartas de amor que achou casualmente em Graceland. Além disso o romance de Elvis com Priscilla, a adolescente de 14 anos, foi muito divulgado pela imprensa sendo simplesmente impossível ignorar tal fato. Sem intenções de ser traída por uma adolescente Anita confrontou Elvis durante uma viagem e o clima azedou. Presley ainda tentou amenizar toda a situação afirmando que Priscilla era “apenas uma criança” e o caso “não tinha importância” mas Anita não quis mais saber e colocou um ponto final no longo romance. Ela pensou que Elvis esqueceria sua aventura com Priscilla após retornar aos EUA mas isso efetivamente não aconteceu. Assim ela resolveu colocar um ponto final em seu relacionamento com o cantor. Elvis ficou desolado e com medo de entrar em uma profunda depressão bombardeou Priscilla com telefonemas tentando convencer seus pais a deixa-la vir morar em Graceland, obviamente para ficar no lugar deixado por Anita – Elvis era um homem que detestava ficar sozinho. Anita pegou suas coisas e deixou Graceland definitivamente logo no começo de 1962. Em poucas semanas chegava Priscilla para iniciar um longo caso com Elvis o que culminaria no casamento de ambos cinco anos depois.

O curioso é que Elvis ainda tentou algumas reaproximações com Anita mas foi mal sucedido. Ela estava cansada das traições, das meias verdades e da indefinição de Elvis em relação ao seu romance. O cantor parecia incapaz de partir para o próximo passo natural entre eles que seria logicamente o casamento. Com medo de ficar solteirona ao lado de uma pessoa infiel por natureza, Anita resolveu tocar o barco da sua vida em frente. Conheceu um novo pretendente e se casou com ele alguns anos depois. Só muitos anos depois, quando morava em uma cidadezinha chamada Vicksburg, no Mississippi e que ao ler o jornal matinal Anita soube da morte de Elvis. Ela ficou chocada e triste pelo acontecimento. Apesar de tudo ainda nutria um sentimento de carinho por Elvis.

Ao longo dos anos Anita sempre foi muito discreta sobre os anos que passou ao lado de Elvis Presley, sempre evitando falar sobre o ex namorado famoso mas recentemente abriu algumas exceções, concedendo algumas entrevistas esporádicas. Ela estava decidida quando rompeu com Elvis e nunca mais olhou para trás mas obviamente ficaram as boas lembranças ao lado do antigo namorado. Essas nunca se apagarão.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis e Otis Blackwell

Alguns dos maiores sucessos de Elvis Presley nos anos 50 foram compostos por Otis Blackwell. Ele foi um cantor, pianista e compositor negro nascido no Brooklin na cidade de Nova Iorque em 1931. Para se ter uma ideia de sua importância na carreira de Elvis basta citar que ele escreveu praticamente sozinho as canções "Don't be Cruel", "All Shook Up", "Fever" (com o pseudônimo de John Davenport), "One Broken Heart for Sale" e "Return to Sender", entre outros hits.

Blackwell desde jovem era fã de ídolos da música country como Tex Ritter, adorava também R&B e cantores como Chuck Willis. Em 1952 resolveu se inscrever como calouro em um programa de show de talentos no Apollo Theater. Para surpresa de todos e do próprio Otis, venceu o concurso. Mas o mais importante deste evento foi conhecer pessoalmente o compositor Doc Pomus, que o incentivou a escrever suas próprias canções. O próprio Pomus iria escrever também vários sucessos para Elvis durante os anos 60. Era um compositor profissional e disse a Otis que ele deveria seguir pelo mesmo caminho.

Assim em 1953 a sua primeira música foi gravada: "Daddy Rollin' Stone". No Natal de 1955, em sérias dificuldades financeiras, Otis vendeu um lote de 6 músicas, por apenas 150 dólares, para uma editora musical. Eventualmente as músicas foram parar nas mãos de Steve Sholes, o produtor de Elvis, que mostrou as canções para o cantor. Ele adorou "Don't be Cruel" e "All Shook Up" e resolveu gravá-las. Resultado: milhões de discos foram vendidos e de uma hora para outra o nome de Otis Blackwell se tornou mundialmente famoso.

Ele então começou a compor para outros artistas como Jerry Lee Lewis (Breathless e Great Balls Of Fire) e Dee Clark (Hey Little Girl e Just Keep It). Consagrado como compositor (chegou a compor mais de 1000 canções), Blackwell resolveu retomar sua carreira como cantor em 1976. Começou a trabalhar também com artistas como Stevie Wonder. Seus maiores sucessos como interprete foram os discos "These Are My Songs" e "Singin' The Blues". Em 1977 após a morte de Elvis, Blackwell o homenageou com a canção "The No. 1 King Of Rock'n'Roll". Em 1994 vários artistas se reuniram para homenagear o legado de Otis Blackwell no album "Brace Yourself!". Depois do sucesso resolveu se mudar definitivamente para Nashville, a capital americana do Country & Western. Viveu até seus últimos dias na cidade que adorava e onde veio a falecer em maio de 2002.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 2 de março de 2005

Elvis Presley - Elvis na TV

Muita gente se pergunta como foi possível a Elvis se tornar tão popular em tão pouco tempo. Foram vários os fatores para que em poucos meses o cantor se tornasse tão conhecido mundo afora. Dentro dos EUA Elvis contou com a excelente estrutura de divulgação da RCA Victor. RCA é uma sigla que significa em português Corporação de Rádios da América. Fácil entender então que se tratava de uma rede nacional de rádios interligadas pelo país afora que obviamente promoveria o novo cantor. Assim da noite para o dia Elvis começou a ser ouvido de costa a costa da América, uma vez que a RCA tinha o controle de centenas de rádios espalhadas pelo país.

Outro fator de grande divulgação da música de Elvis foi uma nova invenção que invadia os lares americanos: a Televisão. Embora alguns anos depois o Coronel Parker tenha esnobado a TV e seus programas de auditório, o fato é que nos primeiros anos de Elvis na RCA a TV teve uma função vital para tornar o jovem cantor tão popular quanto se tornou. Logicamente se Elvis não fosse tão talentoso de nada adiantaria todo esse esquema promocional. A questão é que com tantos instrumentos para divulgação aliado ao talento nato do artista não haveria como dar errado. Em pouco mais de um mês Elvis já estava na boca do povo, comentado, debatido e o mais importante conhecido. Afinal ele não apenas se tornava popular por sua música mas também por sua dança e seu estilo de se apresentar, considerado imoral ou selvagem nos moralistas anos 50. Elvis Presley era diferente de tudo, muito além do que se esperava ver na TV daqueles tempos. Um furacão de novidade, excentricidade e explosão sensual.

Nos primeiros meses de 1956 Elvis se apresentou várias vezes na TV americana. Veja a relação de suas aparições na telinha nessa época (com datas e músicas):

JACKIE GLEASON'S STAGE SHOW
Apresentado por Tommy Dorsey e Jimmy Dorsey, CBS TV
a) 28/01/56 - "Heartbreak Hotel" e "Blue Suede Shoes"
b) 04/02/56 - "Tutti Frutti" e "I Was the One"
c) 11/02/56 - "Shake Rattle and Roll", "Flip, Flop and Fly" e "I Got a Woman"
d) 18/02/56 - "Baby, Let's Playhouse" e "Tutti Frutti"
e) 17/03/56 - "Blue Suede Shoes" e "Heartbreak Hotel"
f) 24/03/56 - "Money Honey" e "Heatbreak Hotel"

THE MILTON BERLE SHOW
Apresentado por Milton Berle, NBC TV, Hollywood
a) 3/04/56 - "Heartbreak Hotel", "Money Honey" e "Blue Suede Shoes"
b) 5/06/56 - "Hound Dog" e "I Want you, I need You, I love you"

THE STEVE ALLEN SHOW
Apresentado por Steve Allen, NBC TV, Hollywood
a)1/07/56 - "I Want you, I need you, I love you" e "hound Dog"

TOAST OF TOWN
Apresentado por Ed Sullivan, CBS STUDIOS TV, Hollywood
a) 9/09/56 - "Don't be Cruel", "Love me Tender", "Ready Teddy" e "Hound Dog"
b) 28/10/56 - "Don't be Cruel", "Love me Tender", "Love Me" e "Hound Dog"
c) 06/01/57 - "Don't be Cruel", "Love me Tender", "Heartbreak Hotel", "Hound Dog", "Peace in the valley" e "When my Blue Moon turns to gold again"

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis e a Stripper

Elvis e Tempest Storm! Quem? Isso mesmo uma veterana dançarina de striptease de Las Vegas afirmou inúmeras vezes que teve um longo relacionamento com o cantor Elvis Presley. Isso aconteceu nos anos 50, quando ambos eram jovens, bonitos e tentando uma carreira de artista na cidade do entretenimento número um dos Estados Unidos. Verdade ou pura tentativa de ganhar alguns minutos de fama com Elvis?

Tempest disse que conheceu Elvis quando ele se apresentou na cidade pela primeira vez. Não que Elvis frequentasse cabarés noturnos da cidade onde jovens garotas tiravam a roupa por dinheiro. Na verdade Tempest o conheceu na beira de uma piscina de Las Vegas. Era o final da tarde, Elvis estava ali tomando uma Coca-Cola e ficou impressionado pelas curvas da garota. Sem saber que Tempest era uma stripper eles começaram um breve flerte que em pouco tempo havia se transformado em romance ardente.

"Elvis e eu tivemos um caso em Las Vegas, mas o empresário dele, o Coronel Parker, soube de tudo. Ele tinha pavor de escândalos sexuais envolvendo Elvis e por isso colocou abaixo nosso namoro!" - Acusou a stripper. De qualquer forma, segundo ela, o casal continuou se encontrando regularmente até o final do ano seguinte, mas dessa vez Elvis procurava se esconder, para que o Coronel e a imprensa não descobrissem nada. "Elvis me encontrava em pequenos motéis de estrada, aqui em Las Vegas e também em Los Angeles. Uma vez a gente se encontrou em San Francisco também".

Depois de um tempo Elvis foi embora, servir o exército americano na Alemanha e o romance secreto chegou ao fim. "Nunca mais o vi de novo!" - Lamenta Tempest. "Eu quase fui a um show dele em 1969, no International, mas deixei para lá". Segundo a veterana strpper não havia mais interesse em reviver um passado que há muito tinha ficado para trás. "Ficaram as recordações dos encontros que tive com ele. Isso já está bom, é uma recordação. Eu nunca exigi nada dele e ele também sempre foi um perfeito cavalheiro comigo. Que bom que eu tive a oportunidade de conhecer o Elvis aos 21 anos de idade. Foi mágico!" - finalizou Tempest Storm.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de março de 2005

Elvis Presley - Elvis em Hollywood

Foi em 1º de abril que Elvis Presley conseguiu realizar o sonho de sua vida. O ano era 1956 ele transpôs pela primeira vez os portões de ferro torneado da Paramount para um encontro com o produtor Hal Wallis. Junto com ele ia o inseparável manager, o coronel tom Parker. Ainda garoto, em Tupelo, Elvis já sonhava com as luzes do cinema. Queria ser ator, mais do que qualquer outra coisa. Voltou-se para a musica porque não via perspectivas de realizar o sonho em sua cidade natal.

Mas adorava tanto os filmes que chegou a trabalhar como lanterninha em Tupelo. São relações contidas no vídeo Elvis in Hollywood, The 50's, de Frank Martin, lançada pela BMG-Video. Vale a pena assistir á fita, Elvis, rei do rock, sempre foi espancado pelos críticos. Nunca foi considerado um verdadeiro ator. No Maximo era um cantor que rebolava diante das câmeras – e que foi engordando até perder o pique. Seu primeiro filme estreou em novembro de 1956. em Ama-se com Ternura [Love me Tender], ele desafiou duplamente os códigos de Hollywood, morreu no final e protagonizou um drama de época, desenrolado em plena guerra Civil. Nada mais estranho ao mito do jovem com o qual a teen generation da América queria tanto se identificar.

Elvis não freqüentou cursos de arte dramática. Tinha ídolos, Marlon Brando, James Dean, Humphrey Bogart. Assistiu muitas vezes ao filme que eles interpretavam. Queria captar as sutilezas da técnica de interpretação de cada um. Em Loving You [1957], sua primeira preocupação, ao chegar ao set, foi perguntar ao diretor Hal Kantes se seu personagem teria de sorrir muito. Ao atônito diretor, explicou que Bogart não ria, e por isso era grande. Para Elvis, os jovens curtiam seus shows e sua presença na tela porque a América era muito repressiva nos anos 50.

Os jovens não podiam se soltar em casa e na escola. Soltavam-se com ele, ao som do rock'n'roll. Nunca radicalizou sua rebeldia e até foi impedido pelo coronel Parker de ser o astro que queria. Mas uma vez, pelo menos, chegou perto do seu ideal ao interpretar, sob a direção de Michael Curtiz, um papel que só não foi de James Dean porque o astro de Juventude Transviada morreu. Não por acaso, os críticos consideram Balada Sangrenta [King Creole, 1958] o melhor momentos de Elvis no cinema.
 
"Love Me Tender" fez um belo sucesso de bilheteria. De fato conseguiu o feito de ser um dos 20 filmes mais vistos de 1956, uma posição importante em se tratando de um faroeste B, onde a principal atração era um jovem cantor que ainda não era tão conhecido de todo o público. Os mais velhos, por exemplo, torciam o nariz para Elvis e seus discos, pior, quando o viam dançando na TV ficavam horrorizados. E era justamente o público mais velho na época que curtia esse tipo de produção western.

De uma maneira ou outra duas coisas positivas aconteceram nesse filme. Os produtores entenderam que Elvis tinha jeito para a coisa. Fotografava muito bem nas telas e apesar de não ter experiência como ator não era tão ruim representando como se esperava. Pelo contrário, ele chegou até mesmo a ganhar alguns elogios da crítica da época. Alguns disseram que ele tinha "boa presença de cena". Seja lá o que isso realmente significava não era uma coisa ruim, uma crítica negativa em sua essência.

A RCA Victor compilou as músicas do filme e as lançou em um EP (um compacto duplo). Também colocou no mercado um single com a música "Love Me Tender" como Lado A. Os dois disquinhos venderam muito, levando o nome de Elvis Presley novamente para o topo das paradas, dos mais vendidos. O Coronel Parker não precisou de muito tempo para entender que Elvis assim poderia ser duplamente lucrativo, não apenas nas bilheterias de cinema, mas também nas lojas de discos, pois o filme impulsionava a venda de discos e vice versa. Os lançamentos fonográficos de Elvis também serviam como publicidade para os filmes. Discos vendiam filmes e filmes vendiam discos. Na visão do Coronel Parker era uma combinação comercial perfeita!

Por essa razão a Paramount Pictures anunciou logo após o sucesso de "Ama-me Com Ternura" que Elvis já estava contratado para atuar em seu próximo filme justamente pelo estúdio. A Paramount era na época um dos maiores estúdios de cinema de Hollywood. Entre seus contratados estavam John Wayne, Jerry Lewis, Dean Martin, Alfred Hitchcock, Frank Sinatra, James Stewart, Grace Kelly e tantos outros astros e estrelas da constelação do cinema. E a Paramount estava decidida a começar um novo filão de filmes feitos especialmente para Elvis. Ele seria a mais nova estrela do cinema. As apostas eram altas em relação ao seu futuro em Hollywood. O próprio Elvis sabia disso e apostava numa longa carreira de ator. Sobre isso ele chegou a declarar para uma revista de cinema na época: "Cantores aparecem e desaparecem muito rapidamente, da noite para o dia. Já se você for um bom ator poderá ficar em evidência por muitos anos".

O primeiro filme de Elvis no cinema, o faroeste "Love Me Tender" (Ama-me com Ternura, no Brasil) foi praticamente um teste. Os produtores queriam conferir se Elvis levava jeito para a coisa, se ele se saía bem em uma tela de cinema. Os resultados foram muito bons. Para um western B o filme, impulsionado pelas músicas e pela fama de Presley, se tornou um sucesso de bilheteria.

Para o segundo filme a Paramount Pictures resolveu investir em Elvis sem receios. Agora sua chegada em Hollywood era pra valer. O filme iria se apoiar exclusivamente nele. Se fizesse sucesso todos os méritos seriam de Elvis. O mesmo aconteceria se fosse um fracasso. Poderia enterrar suas pretensões de ter uma carreira em Hollywood.

A RCA Victor aproveitou o bom momento e editou a primeira trilha sonora de Elvis em um álbum completo. No lado A apenas as músicas do filme e no lado B uma série de boas canções que estavam arquivadas na sede da gravadora em Nova Iorque. O sucesso do disco antecipou o sucesso do filme. Elvis procurou estudar as atuações de seus dois maiores ídolos no cinema, James Dean e Marlon Brando. Ao diretor Hal Kanter, Elvis disse que não queria que seu personagem risse muito em cena, nada de sorrisos, isso porque Brando e Dean "sempre interpretavam personagens sérios". Bom, essa não era bem a intenção do estúdio. Eles já tinham em seus quadros os verdadeiros Marlon Brande e James Dean, assim não queriam um terceiro astro na mesma linha. Elvis era de outro tipo. Ele deveria basicamente cantar e encantar suas fãs nos filmes, nada mais. Ele seria um astro romântico ao velho estilo.

Como Elvis ainda era muito inexperiente no quesito atuação o estúdio escalou a veterana Lizabeth Scott para trabalhar ao seu lado. Era uma maneira de Elvis pegar dicas e sugestões na hora de atuar. Os dois eram sempre vistos juntos nas filmagens o que levantou alguns boatos de que estariam tendo um caso. Nada verdadeiro. Ela era bem mais velha do que ele e exercia uma certa autoridade sobre Elvis. Além disso a atriz era lésbica e mantinha sua vida privada bem longe das revistas de fofocas da época. Assim o jovem Elvis estava interessado mesmo em Dolores Hart, a bela atriz que tinha praticamente a sua idade. Não demorou muito e o cantor demonstrou estar apaixonado por ela. Anos depois Dolores largaria tudo, sua vida em Hollywood para se tornar freira numa ordem católica e sua história ao lado de Elvis seria contada no documentário "Deus é o Elvis Maior".

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - O Primeiro Single

"That's All Right (Mama) / Blue Moon of Kentucky". Esse foi o primeiro single da carreira de Elvis Presley. Não foi a primeira gravação dele, como muitos jornalistas sempre se enganam. Também não foi o disco que ele supostamente gravou para dar de presente para sua mãe. Esse acetato é outro, com uma única faixa, "My Happiness". Esse Elvis aqui já deu um passo adiante, um jovem que queria tentar uma carreira de cantor, muito embora esse fosse ainda um sonho muito, muito distante. Tão distante como a lua. Na época em que Elvis entrou na Sun Records para gravar essas duas músicas ele ainda ganhava a vida como motorista da companhia de luz de Memphis. Nas horas vagas estudava para ser eletricista.

Sam Phillips costumava dizer que poucos dias depois de Elvis gravar as duas músicas ele resolveu levar o single para uma estação de rádio da cidade. Uma vez lá o DJ teria tocado o lado A pela primeira vez. A recepção teria sido ótima a ponto de muitos ouvintes ligarem, pedindo um bis. Foram tantos os telefonemas que, segundo Sam, as duas músicas de Elvis tocariam durante toda a noite. O DJ tocava "Mama" e depois virava o disquinho para tocar "Kentucky" e só rolou isso durante a noite inteira. Claro que os ouvintes gostaram, era um som novo mesmo, com uma sonoridade que ainda era desconhecida, mas dizer que só tocaram as duas canções naquela noite de sábado, naquele programa de rádio de Memphis, já era um exagero de Sam. Ele estava apenas se gabando de seu novo contratado. Esse tipo de coisa era típica dos sulistas.

Pablo Aluísio.

domingo, 27 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - Clean Up Your Own Backyard / The Fair Is Moving On

Embalado por uma sucessão de bons singles, Elvis conseguiu um inesperado sucesso com o lançamento de mais um compacto, "Clean Up Your Own Backyard / The Fair Is Moving On" em junho de 1969. O fato é que os fãs pareciam ter renovado o interesse no trabalho de Elvis após ele retornar aos palcos no programa da NBC no final de 1968. Desde que aquele especial foi exibido, Elvis foi colecionando sucessivos sucessos de singles. Esse aqui nem tinha tanto potencial assim para se sobressair nas paradas, mas como havia uma onda de boas músicas gravadas recentemente por Elvis (em destaque aquelas vindas de suas sessões no American Studios em Memphis) o disquinho acabou sendo beneficiado. Como se diz no ditado popular ele foi na onda do sucesso de outros lançamentos mais recentes da carreira de Elvis. A faixa título "Clean Up Your Own Backyard" fazia parte da trilha sonora do filme "The Trouble With Girls" (Lindas encrencas, as Garotas). Com boa sonoridade e uma letra que mandava cada um cuidar de sua própria vida, era uma boa faixa que até mereceu o relativo sucesso que fez nas rádios do sul do país. Os autores Mac Davis e Billy Strange também representavam a força de uma nova geração de compositores na discografia de Presley. Temas mais interessantes, falando de aspectos atuais, modernos e mais de acordo com a realidade em que a nação americana atravessava naquele momento histórico. Uma renovação mais do que bem-vinda.

A canção do Lado B, "The Fair Is Moving On", havia sido gravada em fevereiro nas premiadas sessões do American Studios em Memphis. Foi uma faixa finalizada já no final das gravações, quando Elvis já estava um pouco cansado da maratona de trabalho. Por isso a RCA Victor não viu muito potencial nela, nem para entrar nos discos oficiais compostos pelas músicas do American. Usá-la como Lado B desse compacto parecia assim uma boa ideia. Iria chamar a atenção dos colecionadores, fazendo com que eles acabassem comprando o single. Somando-se tudo, a boa canção do filme "The Trouble With Girls" com uma gravação inédita do American e a boa fase artística pela qual Elvis passava, o resultado não poderia ser ruim - como realmente não foi. A única crítica partiu justamente do Coronel Parker. Ele se irritou com a capa pois queria que fosse usado material promocional do filme, justamente para promovê-lo (já que estaria entrando em cartaz justamente no mês de lançamento do single). A RCA acabou reconhecendo seu erro, enviando um pedido de desculpas ao empresário de Elvis. No final tudo saiu bem e Elvis ganhou mais um disco de ouro para sua coleção.

Pablo Aluísio.