quinta-feira, 2 de junho de 2011

Jesus e a Teologia da Prosperidade

A teologia da prosperidade, muito difundida nos meios protestantes, afirma que Deus lhe dará prosperidade financeira e econômica caso contribua com as igrejas que servem à sua mensagem. É uma troca, o fiel dá o dízimo e Deus em troca lhe dá graças, não espirituais, mas sim materiais. Dinheiro, carros, apartamentos, joias, luxo, enfim, riquezas do mundo material.

É uma barganha com Deus! Alguns líderes protestantes foram além e disseram com todas as palavras que Deus seria obrigado a dar riqueza aos fieis que contribuíam com as denominações evangélicas. Tudo isso tem um nome, é a tal "teologia da prosperidade". Dê dinheiro que receberás em troca muita prosperidade material!

Não precisa ir muito longe para perceber a mediocridade desse tipo de pensamento religioso (ou melhor dizendo, corrupção religiosa). Não faz parte da mensagem de Jesus a promessa de riquezas nesse mundo. Muito pelo contrário, Jesus sempre deixou claro que sua mensagem era de riqueza espiritual! O próprio Nazareno era um homem humilde, que não tinha posses e nem bens materiais. Ele próprio deixou claro que o homem não deveria juntar riquezas na Terra, onde tudo é corroído pelas traças ou levado pelos ladrões.

Jesus também deixou claro que a verdadeira riqueza estava no céu, ao lado do Pai. Esse tesouro obviamente não era composto de dinheiro, joias, carros de luxo e apartamentos na praia. Quem pensa isso está completamente equivocado, chegando a ser grotesco! A teologia da prosperidade vai no fundo da alma do homem e de lá atinge sua ganância em cheio! O puxa não pela mensagem de Deus, mas pela pura e simples ganância! A mensagem subliminar é "Venha, lhe tornarei rico e cheio de posses!". Isso não é bíblico e não há nenhum trecho do novo testamento que pregue algo nesse sentido! Você tem que amar a Deus acima de todas as coisas e não apenas se ele lhe der dinheiro, bens, carros! Se você ainda não entendeu isso, você certamente não entendeu nada da mensagem de Jesus de Nazaré!

Ao contrário da promessa de dinheiro, Jesus ofereceu o céu, a vida eterna. E deixou claro que aquele que o segue deve-se decidir entre amar a Deus ou amar ao dinheiro. Em Mateus 6:24 isso fica cristalino como a graça de Deus, quando Jesus afirma: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.". Em outro momento o próprio Jesus deixa claro que ele próprio não tinha nem onde descansar sua cabeça durante as noites, ou seja, era um homem sem posses, sem casas, sem dinheiro, mas muito iluminado, pois não estava juntando riquezas nesse mundo em que tudo um dia irá virar pó! Quem ofereceu bens materiais a Jesus nesse mundo foi o diabo, quando resolveu tentar o mestre da Galileia quando Ele estava no deserto, orando e jejuando! Ou seja quem oferece riquezas materiais nas escrituras? Não é Jesus, mas sim o diabo, o anjo caído. Afinal você quer a riqueza espiritual ou a material? Decida se aceita a oferta de Jesus ou a do diabo!

Pablo Aluísio.

A Teologia da Prosperidade e o Anjo Caído

Vou contar aqui uma experiência que vivi no último fim de semana. Fui ao shopping no domingo, mas chegando lá descobri que as portas só seriam abertas dali uma hora! O que fazer para passar o tempo? Pois bem, ali pertinho estava havendo um culto de uma conhecido igreja evangélica, aquela mesma de um pastor bem conhecido no Brasil. Embora eu seja um católico convicto não me senti inibido em entrar lá. Na pior das hipóteses iria ouvir um pouco da palavra de Deus, mesmo vindo da boca de um pastor.

Minha primeira surpresa foi descobrir que havia poucas pessoas no culto. Embora as instalações fossem enormes, havia ali no máximo 25 pessoas. Foi um impacto porque sempre ouvi falar que essas igrejas estavam sempre lotadas. Acho que isso é puro marketing. Havia mesmo quase ninguém, a maioria senhoras. E olha que isso era um domingo! A crise pelo visto chegou por lá. Afinal a tal prosperidade pregada por essa igreja não anda abençoando muitos mesmo, afinal o Brasil passa por uma grande crise.

Quando o pastor começou a pregar não houve surpresas. Era pura teologia da prosperidade. A velha conversa de sempre. Que Deus iria abençoar materialmente todas aquelas pessoas, que elas iriam vestir as melhores vestes, que teriam os melhores carros, apartamentos de luxo. Depois pediu, vejam só, ofertas a Deus. Primeiro disse que as pessoas levantassem o dinheiro para a benção. Depois o obreiro - um garotinho magrinho com óculos grossos - começou a passar uma sacolinha amarela, recolhendo o dinheiro. Quando pensei que estava acabado veio mais pedidos. O pastor disse que aqueles que doassem cinquenta ou cem reais subiriam ao palco, onde seriam presenteadas com o privilégio de usar parte das vestes pastorais.

Depois na saída elas poderiam comprar por também cinquenta reais uma aliança de plástico branca. Elas teriam que trocar a aliança preta pela branca, na saída. Não entendi o propósito. Em qual lugar da Bíblia se afirma que Deus vende alianças de plástico e que elas precisam trocar toda semana? A partir daí pude perceber que tudo o que se dizia sobre a teologia (nem merece essa denominação) da prosperidade é tudo verdade. É tudo uma grande barganha com Deus. Não há espiritualidade ali, apenas busca por favores materiais, riqueza, dada por Deus aos (poucos) fiéis que estavam assistindo àquele culto. Volto a afirmar, quem dá riqueza material em troca de adoração é o anjo caído, está lá nas escrituras. Assim a teologia da prosperidade ao meu entendimento não tem nada a ver com Deus e sua palavra, mas sim com o anjo caído que tentou Jesus no deserto, sem sucesso. E então, você quer seguir a Jesus ou ao anjo caído? Decida o seu lado.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A Igreja Católica e a Criação das Universidades

O conceito moderno de universidade surgiu através dos esforços da Igreja Católica em organizar os estudos da sociedade durante a época medieval. Sempre ligada a Educação a Igreja começou a usar seu clero, sempre muito preparado e culto, para o ensino de diversas matérias aos jovens. As primeiras universidades da história surgiram assim na Itália. Sob o patrocínio e incentivo do Papado um grupo de bispos, padres, professores e especialistas organizaram os primeiros cursos universitários da humanidade.

A primeira universidade do mundo foi organizada por cardeais católicos na cidade de Salerno. Com a proliferação de doenças e pestes, o Papa achou por bem fundar aquela que seria a primeira universidade moderna de medicina do mundo. Os primeiros livros foram fornecidos pelo Vaticano, retirados diretamente de sua milenar biblioteca. Eram antigos tratados clássicos sobre o corpo humano escrito por pensadores gregos, romanos e árabes. Era necessário aos estudantes o domínio do latim pois esses documentos foram escritos nessa língua.

A ideia da criação de um centro de estudos universais (daí a nomenclatura universidade) deu tão certo que a Igreja Católica resolveu fundar outra, ainda maior e com maiores ambições, na cidade de Bolonha. Essa foi durante muitos anos a principal e maior universidade do mundo na época. Além de medicina a universidade de Bolonha criou o curso de direito para o estudo das leis civis e canônicas. As primeiras turmas foram criadas no século XII e se tornaram referência, vindo jovens de todas as partes da Europa para estudar em seu campus. Tamanha foi a quantidade de alunos que uma cidade inteira foi fundada pela Igreja apenas para abrigar alunos, professores e estudiosos. O saber virava assim uma verdadeira instituição, organizada, com cursos regulares e currículos bem determinados. Não era mais algo solto e aleatório como tinha sido até então.

Depois de Bolonha foi a vez de Paris receber sua primeira universidade que era administrada pela Catedral de Notre Dame. A área de conhecimentos foi ampliada. Além de medicina e direito haveria diversos outros cursos temáticos como artes e teologia, um dos mais procurados da França e Espanha. O modelo bem sucedido de Paris acabou sendo copiado para a criação da universidade de Oxford, na Inglaterra. A língua oficial da Igreja era o latim e foi justamente essa língua a primeira a ser utilizada para a troca de conhecimentos entre as diversas universidades do mundo. Uma vez que os alunos e professores dominassem esse idioma eles poderiam trabalhar e estudar em qualquer uma das universidades católicas da Europa que cultivavam uma língua comum.

Depois dos principais centros do mundo a Igreja Católica virou-se para o leste europeu. Universidades prestigiadas foram fundadas em Praga e Cracóvia. Depois não houve mais limites. Toda grande cidade europeia tinha sua própria universidade. O conhecimento não encontrava mais fronteiras. E por uma trágica ironia do destino os primeiros protestantes, reformadores da doutrina cristã, era formada basicamente por pessoas formadas em universidades católicas, mostrando que o saber adquirido também poderia ser usado para a contestação das ideias teológicas dominantes naquele momento histórico.

Pablo Aluísio. 

Calvino O Torturador

Uma das figuras históricas mais sinistras da reforma protestante foi Calvino. Dono de uma visão completamente fanática da religiosidade, não admitia qualquer contestação ao seu modo de pensar. Todo aquele que ousasse divergir de sua ideologia e teologia era imediatamente preso e levado para calabouços imundos, escuros e infectos onde todo tipo de tortura era praticada. Calvino dizia que para purificar a alma era necessário destruir o corpo e nesse aspecto ele se tornou notoriamente infame. Calvino, ao lado de Lutero, acabou se tornando um dos ícones da chamada inquisição protestante, ou como é mais conhecida em países de língua inglesa, a caça às bruxas.

Quem quisesse escapar das câmaras de tortura de Calvino e seus seguidores fanáticos tinha que respeitar uma estrita regra moral que não admitia nenhuma exceção. Calvino determinava que os protestantes não poderiam dançar, pois a dança era encarada como a manifestação de Satã na Terra. Cantar também era proibido, a não ser que fossem cânticos religiosos e mesmo assim a letra e melodia teriam que ser aprovadas pelos censores calvinistas. Caso alguém fosse visto cantarolando publicamente qualquer outra música fora dessa lista de aprovação era imediatamente aprisionado e levado para o calabouço pois para Calvino ali também estaria a manifestação do diabo. Uma sessão de tortura era o recomendado. De preferência com a quebra de todos os dentes e o esmagamento da língua do torturado para que ele nunca mais cantasse sem permissão dos protestantes.

Para controlar a sociedade como um todo Calvino incentivava a espionagem e a traição. Todos deveriam contar para as autoridades protestantes o menor desvio de conduta dos membros da comunidade. Se alguém fosse vista flertando com outra pessoa tal fato deveria ser imediatamente comunicado a ele. Beijos então, nem pensar. Se alguém fosse visto beijando alguma jovem seriam ambos levados para os ferros, as correntes subterrâneas dos calabouços controlados pelos protestantes de Calvino. Assim a vida pessoal e privada praticamente inexistia. Todo mundo tinha que dar satisfação para todo o mundo de quem estava interessado, apaixonado, namorando, etc...

Aos que não submetessem ao império de terror de Calvino só sobrava mesmo a câmara de torturas de sua propriedade. Ele era conhecido por ser absolutamente cruel nas torturas que promovia. Até mesmo chumbo quente e derretido era jogado nas cabeças de seus prisioneiros. Mãos eram amputadas, dentes quebrados com marretas, pessoas eram penduradas de ponta cabeça e não faltava também a cadeira do dragão - uma cadeira de metal cheia de pontas perfurantes da carne humana. Para as pessoas comuns ele era visto como um monstro, mas seus inúmeros escritos sobreviveram e deram a Calvino uma posição de destaque dentro do protestantismo. O que poucas pessoas sabem até hoje é que por trás daqueles textos existia uma pessoa absolutamente cruel e sádica, nada condizente com os valores que hoje entendemos como verdadeiramente cristãos.

Pablo Aluísio.

domingo, 29 de maio de 2011

Skyfall: Original Motion Picture Soundtrack

Vamos falar um pouco sobre trilhas sonoras? Eu sou de opinião de que a experiência cinematográfica só é plena e completa quando o cinéfilo também começa a se interessar pela música dos filmes, parte essencial de toda e qualquer obra cinematográfica. Infelizmente no Brasil esse sempre foi um ramo musical muito complicado. Poucas trilhas sonoras foram lançadas em nosso mercado – geralmente apenas as chamadas trilhas de sucesso! Com isso muitas jóias nunca chegaram em nossas lojas, verdadeiros clássicos foram deixados de lado por causa da mentalidade tacanha de que o público brasileiro não consome esse tipo de produto. Nos países europeus o quadro é bem diferenciado. As trilhas possuem seu próprio nicho comercial e sua própria parada, devidamente categorizada. Dentro desse universo de trilhas algumas coleções ganharam vida própria. Uma delas é da longa franquia de 007. São discos maravilhosos e grande parte deles nunca foi lançado no Brasil. Já na Inglaterra contam com clubes organizados de colecionadores próprios, o que torna a experiência de colecionar essas trilhas um hobby muito agradável e satisfatório.

A música dos filmes de James Bond sempre foram um caso à parte. Não existe, para falar a verdade, uma relação direta entre trilhas excepcionais com os melhores filmes do agente secreto inglês no cinema. Geralmente filmes medianos acabam rendendo as canções mais marcantes da série. Um exemplo? A música tema escrita por Paul McCartney, “Live and Let Die”, que fez parte da trilha sonora de um filme que nunca foi considerado dos melhores da franquia, “007 Viva e Deixe Morrer” com Roger Moore. Aqui em Skyfall temos finalmente uma trilha para se destacar nas paradas. A música tema como todos sabem é interpretada por Adele, uma cantora cujo timbre vocal simpatizo. Ainda há um caminho a percorrer até ser considerada uma excelente intérprete mas não há como negar que o potencial está lá. Essa “Skyfall” me lembra muito os arranjos das primeiras trilhas de Bond e isso é certamente um ponto positivo. Outro destaque vem nas excepcionais faixas incidentais da trilha, todas de excelente nível técnico. O único cuidado que o fã de James Bond teve ter ao comprar essa trilha é conferir se é mesmo a edição que vem com a canção de Adele (a primeira triagem não saiu com a música por alguns problemas contratuais).  Uma vez feito isso basta apenas se esbaldar com a ótima qualidade de todo o CD.

Skyfall: Original Motion Picture Soundtrack (2012)
Grand Bazaar, Istanbul
Voluntary Retirement
New Digs
Sévérine
Brave New World
Shanghai Drive
Jellyfish
Silhouette
Modigliani
Day Wasted
Quartermaster
Someone Usually Dies
Komodo Dragon and others
Skyfall

Pablo Aluísio.

sábado, 28 de maio de 2011

Bob Dylan

Não me entendam mal. Eu gosto do Bob Dylan. Inclusive o considero um dos grandes letristas da história do rock e do folk americanos. Só não consigo entender o que deu na cabeça dos votantes do Prêmio Nobel em dar a ele o prêmio na categoria Literatura. Essa categoria não é a adequada para premiar Dylan, aliás o Prêmio Nobel sequer possui uma categoria própria para premiar compositores ou grandes nomes da música mundial. Ao invés de criar uma, eles fizeram uma gambiarra que não convenceu ninguém, pegou mal e pareceu estranho. O próprio Bob Dylan parece ter pensado a mesma coisa. Ele passou semanas sem dar qualquer declaração sobre o prêmio, a tal ponto que o Nobel pensou em voltar atrás do anúncio. Dylan parecia se esconder dos promotores do Nobel, ninguém conseguia encontrar pessoalmente o artista para lhe comunicar formalmente de que havia vencido.

Bob Dylan assim se comportou de forma mais estranha do que o próprio prêmio que lhe foi concedido. Quando tudo parecia perdido ele soltou um comunicado breve, dizendo que agradecia sua escolha, mas que não iria comparecer na cerimônia de entrega pois "teria outros compromissos a cumprir" - só não soube explicar que compromissos seriam esses, que afinal de contas teriam que ser mais importantes do que receber um prêmio Nobel! Assim fica a lição. O Nobel deveria mudar alguns aspectos de sua premiação. Certamente é um prêmio voltado mais para as ciências de um modo em geral. Porém se o prêmio considera a literatura, que é uma arte, digna de ter uma categoria, por que não criar outras para a música, o cinema, o teatro, a poesia e a pintura? Penso sinceramente que nenhuma dessas artes deve ser desmerecida. Se uma foi contemplada com um prêmio Nobel, que as demais também o sejam. Modernizar é preciso, ser justo mais ainda.

Bob Dylan definitivamente não é Frank Sinatra. A prova disso está nesse álbum triplo lançado pelo cantor e compositor em 2017. São três álbuns reunidos em único box. Dylan os nomeou como "Til The Sun Goes Down", "Devil Dolls" e "Comin' Home Late". Depois de ouvir os três longos CDs não há outra conclusão a que se chegar. É um lançamento excessivo que vai cansar o ouvinte. Dylan já tinha usado essa fórmula de cantar grandes clássicos do passado antes, em "Fallen angels". O problema básico, que já tinha percebido no disco anterior, é que Bob Dylan não tem um estilo vocal adequado para esse tipo de repertório. Ele é ótimo cantando folks, blues e outros gêneros musicais mais despojados, mas aqui derrapa feio, por não ter o timbre vocal adequado. Ao invés de gravar um álbum triplo ao estilo indie, que seria mais adequado, ele resolveu dar um passo maior do que a perna.

Claro que por ser uma espécie de "queridinho da mídia" praticamente todo mundo elogiou. Um tipo de Caetano Veloso gringo, tudo o que Dylan lança é encarado como um Santo Graal musical. Bobagem. O CD triplo é obviamente cheio de problemas, quando você chega lá pela metade do segundo disco já fica complicado avançar. Aquela voz anasalada de Dylan consegue enganar por três ou quatro faixas, mas quando você chega na décima quinta a audição se torna penosa. São músicas para o repertório de Frank Sinatra ou Nat King Cole, não para Dylan. Ele forçou a barra em inúmeras faixas. Provavelmente seria melhor digerido se fosse lançado em três discos separados, com intervalo de um ano entre eles. Lançado tudo de uma vez só, ficou demais, complicado de absorver. Muitas vezes o simples é o melhor caminho. Overdoses musicais como essas são contraindicadas.

Bob Dylan - Triplicate (2017)

Disc 1 – 'Til the Sun Goes Down
1. I Guess I'll Have to Change My Plans / 2. The September of My Years / 3. I Could Have Told You / 4. Once Upon a Time / 5. Stormy Weather / 6. This Nearly Was Mine / 7. That Old Feeling / 8. It Gets Lonely Early / 9. My One and Only Love / 10. Trade Winds.

Disc 2 – Devil Dolls
1. Braggin' / 2. As Time Goes By / 3. Imagination / 4. How Deep Is the Ocean? / 5. P.S. I Love You / 6. The Best Is Yet to Come / 7. But Beautiful / 8. Here's That Rainy Day / 9. Where Is the One? / 10. There's a Flaw in My Flue.

Disc 3 – Comin' Home Late
1. Day In, Day Out / 2. I Couldn't Sleep a Wink Last Night / 3. Sentimental Journey / 4. Somewhere Along the Way / 5. When the World Was Young / 6. These Foolish Things / 7. You Go to My Head / 8. Stardust / 9. It's Funny to Everyone But Me / 10. Why Was I Born?

Pablo Aluísio.

Kurt Cobain

5 de abril de 1994. O cantor e compositor Kurt Cobain se mata em sua casa na cidade de Seattle, Washington, Estados Unidos - assim foi noticiada a morte do líder do Nirvana. Incrível mas já faz 26 anos que Cobain resolveu acabar com tudo após uma crise suicida. Sua morte talvez tenha significado não apenas o próprio fim de sua existência física, mas também o fim da criatividade no mundo do rock americano.

Sinceramente não consigo lembrar de ninguém surgido após a década de 1990 que tenha me chamado a atenção por mostrar algo de novo no gênero. Papo de quem está envelhecendo? Pode ser, mas o fato é que a morte de Cobain também marca de certa maneira o fim de minha procura por sons novos e realmente inovadores dentro do rock americano.

Claro que na Inglaterra ainda tivemos um sopro de vida com o Britpop, onde ainda se encontra coisa boa, mas no geral a coisa anda bem feia. Em relação ao Kurt só posso lamentar. Era um artista realmente talentoso mas corroído completamente pelas drogas pesadas que tomava, por isso no final não sobrou muito do ser humano para contar história. Li várias de suas biografias e tudo que encontrei foi o retrato de um homem perdido, que afogava suas mágoas em doses cavalares de heroína e outras substâncias ilegais. Acabou perdendo a vida como tantos outros.

Por isso digo que o chavão "Sexo, Drogas e Rock ´n´ Roll" poderia ser facilmente substituído por "Morte, Drogas e Rock ´n´ Roll" porque as drogas só fizeram mal ao mundo do rock. Levaram seus principais nomes e deixaram uma cultura de drogas que ainda persiste entre os jovens que não conseguem entender que não existe nada de glamoroso na morte de roqueiros como Kurt. Um tiro de fuzil na cabeça não tem nenhum aspecto positivo... É apenas um evento triste... Só isso.

Pablo Aluísio.

Walk The Line

O  filme “Johnny e June” (Walk The Line) conta a história do cantor Johnny Cash. O principal fator de ir vê-lo mesmo era o fato de Johnny ter sido um artista nascido na Sun Records e ter sua história bem próxima a do próprio Elvis. Isso é facilmente explicado porque os caminhos de Cash sempre cruzaram com os de Elvis, desde os primeiros anos na Sun. Era uma película que eu simplesmente não podia perder de jeito nenhum. Como fiquei muito ansioso em ver um grande filme, minha decepção foi um pouco maior. No conjunto ele pode até ser considerado um bom entretenimento, mas se formos levar a coisa mais a fundo, analisando várias passagens que acontecem no filme do ponto de vista histórico, não podemos deixar de ficarmos bem decepcionados. Sam Phillips, por exemplo, que foi uma figura chave na trajetória de Cash é colocado para escanteio, aparecendo basicamente na cena em que Johnny faz um teste na Sun. Depois disso ele desaparece totalmente do filme. Nada é dito sobre o fato de Sam ter praticamente tomado todas as grandes decisões da carreira de Cash no começo de sua vida artística. No que se refere a Elvis a coisa é bem pior.

A participação de Elvis no filme se resume a quatro cenas rápidas, nenhuma delas muito proveitosa ou relevante. Na primeira cena em que aparece Elvis, Johnny Cash está passando pela frente da Sun Records em Memphis e lê o famoso cartaz da gravadora anunciando que um disco pode ser gravado por apenas 4 dólares. Ele dá a volta e entra pelas portas do fundo da Sun no exato momento em que Elvis está gravando uma de suas músicas do período Sun, Milkcow Blues Boogie. Sinceramente, o ator que faz Elvis é tão péssimo que ficamos mesmo na dúvida que aquele que aparece naquele momento é mesmo Elvis! Ele não se parece nada (nada mesmo) e não dispensa todos os requebros extremamente mal feitos, que já estamos acostumados, com atores que tentam dançar igual a Elvis em filmes em que ele aparece como personagem. O constrangimento nessa cena é total, eu particularmente fiquei extremamente decepcionado ao constatar como ela foi mal feita. Na verdade sua caracterização está muito mais para Hank Williams do que para Elvis, confundiram os ídolos ou a coisa toda foi mal feita mesmo. Uma decepção. Logo aparece o engenheiro de som e fecha as portas do fundo, deixando Cash do lado de fora. Outra cena péssima é o encontro de Cash com Elvis nos bastidores de um dos festivais que ambos participaram no começo da carreira deles. Elvis aparece escondido num local do teatro, assistindo ao show, tentando passar despercebido da plateia, comendo comidas gordurosas e as oferecendo para Cash. O recado que o roteirista utiliza para deixar bem claro que aquele é Elvis é sua gulodice. É algo do tipo: “Elvis já era um glutão desde o começo!”. Forçou a barra em cena totalmente desnecessária, infantil e sem qualquer importância para o restante do filme. Mas o pior momento é aquele em que um cara da banda oferece pílulas a Johnny Cash afirmando que “Elvis também as toma!”.

Para quem pensa que a cena é totalmente gratuita e vai acabar logo é surpreendido com o que acontece depois. O pior acontece mesmo quando o próprio Elvis aparece do nada e fazendo sinais de aprovação com a cabeça incentiva Cash e usar as drogas. Essa cena é um recurso do roteiro para explicar o começo dos problemas químicos de Cash e historicamente é totalmente improvável por vários motivos! Elvis jamais iria aparecer em público, mesmo que fosse ao lado de seus próprios músicos, e incentivar alguém a usar pílulas. Isso nem sequer é sugerido na autobiografia de Cash. Elvis não é mencionado e nem muito menos apontado como uma pessoa que o incentivou pessoalmente a usar pílulas. O que ele afirma é que começou a usar pílulas durante os festivais dos quais participava durante os anos 50. Elvis participou de dois bem conhecidos jamborees ao lado de Cash e June. O primeiro foi liderado por Hank Snon e o segundo pelo próprio Elvis quando ele já era uma estrela nacional. Mas fora esses dois momentos ao lado de Elvis, Cash participou de muito outros e com muitos outros artistas e músicos. Cash não especifica quem lhe deu as drogas em seu livro. Jogar a culpa do vício de Cash, mesmo que indiretamente, sobre os ombros de Elvis não foi uma coisa honesta dos roteiristas. Naqueles tempos o uso de pílulas por parte de Elvis passava longe de ser um fato notório comentado pelos músicos dos festivais de forma tão natural e simples. Isso era um segredo muito bem guardado por todos ao redor do cantor. Outro personagem ainda chega a comentar com Cash que Elvis só conversava sobre sacanagem durante as excursões! Eu fiquei particularmente espantado com essa bobagem. De onde esses caras tiram essas ideias?!

Outro furo do roteiro é a não menção ao Million Dollar Quartet. Mesmo que a participação de Cash nesse evento tenha sido secundária, era para ser retratada no filme. É muito mais importante do que mostrar Elvis comendo frituras ou incentivando Cash (pessoa a quem ele nem tinha muita intimidade) a usar drogas. Por fim, após Cash fazer uma apresentação no filme, Elvis entra no palco para tocar “That’s All Right” (Mama). O ator, como bem já frisei, é horrível. Sinceramente, já que a pessoa que faz Elvis não precisou atuar, porque eles não contrataram logo um cover de Elvis dos anos 50? Ficaria muito melhor e muito menos constrangedor. A cena é digna de qualquer programa de auditório da TV brasileira, de tão mal feita. Enfim... o filme passou de ser razoável na minha opinião. As partes em que Elvis participa como personagem são horríveis. Vocês podem até me perguntar: E o resto do filme Pablo? Bom... tem altos e baixos. Joaquim Phoenix está muito bem, tanto que vem sendo premiado por sua atuação, O fato dele cantar em várias cenas, dispensando o uso de playback, é realmente impressionante. Mas como disse antes, a tentativa por parte dos produtores de fazer algo bem comercial, pesa contra o resultado final positivo. Muita coisa importante ficou de fora, enquanto coisas dispensáveis e irrelevantes foram incluídas. No final o filme leva uma nota 7,0 de minha parte.

Pablo Aluísio.