sábado, 4 de junho de 2011

As Bruxas

Até o século X a Igreja não levou muito à sério a figura das bruxas. Elas já existiam como personagens de ficção na literatura há muito tempo, geralmente surgindo como antagonistas em contos e fábulas bem comuns na Europa medieval. Só a partir de alguns séculos depois foi que a Igreja começou a entender e associar os atos de bruxaria com heresias. Antes disso porém alguns estudiosos do tema afirmavam que o que era chamado de bruxaria nada mais era do que antigos rituais das religiões pagãs que tinham sobrevivido em cidades e vilas mais afastadas do continente europeu. O culto às forças da natureza provavam bem isso. Era uma espécie de revitalização de antigas deusas como Diana, por exemplo. Assim as autoridades da Igreja católica afirmavam que o ato de bruxaria certamente era um pecado, mas como pura mágica ou crentice não tinha como influenciar o mundo real e nem fazer o mal a quem quer que seja.

Curiosamente em países com influência nórdica começou a surgir a crença teológica que as mulheres que cometiam atos de paganismo estavam na verdade cultuando ao anjo caído, Satanás. Essa nova visão pregava que a bruxaria não era apenas um resquício pagão, mas sim um novo culto, de devoção ao diabo. A partir do século XIII essa visão foi se acentuando.  Em 1258 o Papa Alexandre IV condenou toda prática mística que envolvesse atos de mágica, adivinhação e tentativa de contato com pessoas mortas. Em 1320 o Papa João XXII ficou extremamente preocupado ao ser informado de que atos de bruxaria estavam se espalhando em regiões da França, em especial Toulouse. Ele assim ordenou que autoridades religiosas do Vaticano fossem enviadas até lá para investigar tudo mais a fundo. Mesmo com o combate da Igreja contra esse tipo de prática ela não parecia surtir muito efeito. O Papa Nicolau V ficou extremamente irritado ao descobrir que a adivinhação por cartas ainda era muito comum em feiras mercantis por todo o continente.

Entre os séculos XIV e XV chegaram ao seio da Igreja diversos estudos e tratados sobre a bruxaria na Europa. Eles contavam que as mulheres que se dedicavam a esse tipo de coisa se diziam possuídas pelo próprio demônio, não apenas mentalmente, mas fisicamente também. Algumas iam além dizendo que tinham tido relações sexuais com seres das trevas. Havia também a descrição de inúmeros rituais de magia e feitiços, algo que alarmou a cúpula da igreja. Não era mais apenas uma questão de teologia, de paganismo ou algo semelhante. Era algo mais grave. Muitas mulheres confessaram que faziam parte de comunidades de adoração ao diabo que se reuniam para blasfemar contra Deus, a trindade e Maria, mãe de Jesus. De fato os velhos rituais pagãos tinham se tornado algo mais grave e severo, abraçando o satanismo em seus cultos. Era algo assustador.

Diante de tais relatos o Papa Inocêncio VIII editou a bula papal Summis desiderante affectibus que tinha como objetivo deter a proliferação de cultos satânicos por toda a Europa. Foram criados cargos de inquisitores para procurar, localizar, identificar e prender pessoas acusadas de bruxaria e satanismo pelas nações cristãs. A bula foi imediatamente apoiada por nobres e reis por toda a Europa. O imperador Maximiliano da Áustria, por exemplo, deu total apoio às novas medidas. Nesse mesmo ano foi publicado o livro Malleus Maleficarum, que passou a ser conhecido como "O Martelo das Bruxas" onde se procurava tratar a questão da bruxaria de forma codificada, estudada em cima de casos reais que aconteceram em cidades da Alemanha e Áustria. Esse livro escrito pela dupla de teólogos Krämer e Spengler afirmava que as bruxas existiam, faziam parte de grandes comunidades e que tinham como inspiração maior em suas vidas o próprio Satanás.

Com o livro em mãos qualquer inquisidor poderia identificar uma bruxa real ou um feiticeiro ou mago. Havia métodos de identificação, as principais características desses cultuadores do mal e elementos que provavam sua presença. Ignorar a existência de bruxas, de magia negra e de satanismo era por si só também um ato de heresia. Esse tipo de visão deu origem a uma série de perseguições por todo o continente, atingindo não apenas os católicos, mas também os protestantes que para muitos historiadores foram mais violentos e repressivos do que os próprios membros do catolicismo. Em países onde o protestantismo se disseminou a caça às bruxas deu origem à infame inquisição protestante que levou para a fogueira milhares de pessoas. A Europa passaria assim nas décadas seguintes  por um novo e tenebroso período histórico de consequências imprevisíveis.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O Comércio da Fé

Eu fico muito entristecido quando vejo pessoas - algumas até queridas, de meu círculo social - usando a fé como fonte de comércio. É o infame comércio da fé. Não preciso apontar o dedo para a Igreja A ou B pois acredito que todos saibam muito bem do que estou dizendo. Exemplos não faltam. É algo que no Brasil perdeu o controle. Mal fecha um mercadinho, um cinema ou uma bodega qualquer e de repente lá temos mais uma Igreja de ocasião, geralmente visando única e exclusivamente o dinheiro dos potenciais fiéis que venham a aparecer. Na revista Veja vi até mesmo o caso de um profissional que atua em Rio e São Paulo que é contratado exclusivamente para dar nomes a Igrejas - geralmente fundadas por ex-comerciantes que viram seu comércio ir a falência. Assim ao invés de abrir um mercadinho ou uma padaria essas pessoas resolvem abrir Igrejas, afinal o custo é baixo - vai se gastar apenas com cadeiras e alguns outros equipamentos - e não haverá qualquer custo com matéria prima uma vez que só se está vendendo fé e essa não tem fornecedor. Além disso não se paga impostos. Por outro lado se terá um dízimo muito atraente todos os meses.

E Jesus onde está? Jesus nesses lugares é apenas uma marca, um chamariz para se atrair mais clientes, digo, fiéis. É uma triste realidade desse país onde vivemos. Desde muito jovem sempre dissociei fé de bens materiais. A fé em Jesus deve ser separada da vida material de cada um. Jesus foi o mais pobre dos homens, e deixou claro que não se pode viver para dois deuses, o verdadeiro Deus e o dinheiro. É triste ver que o Cristianismo em nosso país está virando puro comércio. A tal teologia - ou teoria - da prosperidade prega sucesso material, dinheiro, carro, casa nova. Espiritualidade? Bem pouco, quase nada. Deus nessa visão vira um gerente de banco - você paga a Ele seu dízimo e supostamente Ele lhe retorna sucesso material na vida. Só que no final quem ficam realmente ricos são os tais donos dessas Igrejas. Compram carros de luxo, apartamentos milionários e até aviões. E a mensagem do Cristo? É praticamente ignorada.

Isso muitas vezes me lembra a passagem na Bíblia em que Jesus é tentado por Satã. Esse lhe oferece tesouros, riquezas sem limites, reinos inteiros e Jesus recusa. Será que ainda hoje não conseguiram entender a essência desse trecho? A mensagem de Jesus não é de promessa de vida material desfrutada em riqueza mas sim de vida espiritual plena. Francisco de Assis, o pobrezinho, certamente entendeu a mensagem de Jesus Cristo. Renunciou a todas as riquezas e foi viver na pobreza, ajudando ao próximo. O próprio Jesus afirmou que será mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus! Então porque tanta gente insiste em usar a fé como fonte de riqueza material? Será que nunca compreenderam a verdadeira intenção de Jesus em todos esses trechos em que Ele expôs seu pensamento?

Nesse jogo de comércio da fé os dois lados estão completamente equivocados. O fiel está errado pois entra em um jogo imaginário de barganha com Deus! Ele paga o dízimo e Deus lhe voltará sucesso, riqueza e poder. Já o líder religioso se coloca numa posição muito mais delicada e equivocada ao insistir nessa "troca de favores" e quando fica rico com isso acaba condenando sua própria alma. Não transformem algo tão lindo como a fé em Deus numa bodega comercial. Deus não é comércio, Deus não é dinheiro. É triste ver massas de brasileiros entrando nesse jogo insano. Quem acredita verdadeiramente em Deus sabe que a verdadeira riqueza é a espiritual e não bens e objetos materiais que mais cedo ou mais tarde serão corroídos pelas areias do tempo.

Pablo Aluísio.

Os 10 Erros da Teologia da Prosperidade

Nossos irmãos protestantes infelizmente estão se afundando nessa famigerada falsa teologia que está se disseminando em certas denominações evangélicas. Graças ao bom Deus esse tipo de "barganha" com Deus jamais adentrou os portões da Igreja Católica, que segue firme no caminho do verdadeiro evangelho. O fiel católico pode até mesmo ficar em dúvida sobre do que tudo isso se trata. Afinal o que é a tal falada teologia da prosperidade? Em uma maneira muito simples de explicar podemos dar exemplos do que vem acontecendo. Basta você ligar qualquer canal de TV em horários comprados por certos setores e você facilmente entenderá. Lá estará um religioso prometendo prosperidade e riqueza material em troca de doações para sua Igreja. É grotesco, mas funciona dessa forma mesmo: o fiel paga o dízimo e Deus em troca abençoa a vida dessa pessoa de maneira material, com dinheiro e riquezas. Depois o espectador é bombardeado com depoimentos de pessoas dizendo que eram pobres e ficaram ricas da noite para o dia depois de pagarem fielmente o tal dízimo. Ora, qualquer pessoa minimamente versada na Bíblia sabe que se trata de um erro teológico! Não existe nenhuma passagem no novo testamento que corrobore tal "teologia" (entre aspas, pois não se trata de uma verdadeira teologia). Duvida disso? Vamos dar dez razões bíblicas para demonstrar a falsidade desse tipo de pensamento nada cristão.

1. Jesus nunca prometeu riqueza material
A palavra de Jesus prega a riqueza espiritual, não material. Ele nunca prometeu riqueza na Terra para seus seguidores, pelo contrário, em várias passagens afirmou que não se deve gananciosamente buscar riquezas na Terra pois a verdadeira riqueza está ao lado do Senhor. Sua frase "É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus" (Mateus 19:24) é mais do que clara! Seu próprio exemplo de vida já diz tudo. Jesus veio ao mundo como um homem rico e cheio de dinheiro? Não, claro que não, ele veio como o mais pobre e humilde dos homens. Nasceu de forma humilde e viveu de forma humilde, dando exemplo pela palavra e não pelo dinheiro.

2. Jesus nunca pregou uma "barganha com Deus"!
A teologia da prosperidade é baseada numa verdadeira "barganha com Deus". O fiel dá dinheiro pensando estar dando a Deus e em troca esse seria obrigado a lhe dar riqueza material! Um absurdo completo! Deus não quer seu dinheiro, coloque isso na sua cabeça e nem tampouco você comprará a vontade divina. O dinheiro que você dá em sua igreja vai para pastores que ficam ricos prometendo algo que eles não podem prometer em troca. São vendilhões do templo, os mesmos que Jesus Cristo combateu em vida. Certas seitas deixaram de ser casas de orações para se tornarem covis de ladrões - e isso ficou bem claro no que disse Jesus. Só não entende sua palavra quem realmente não quer! ("Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a fazeis covil de salteadores." Mateus 21:12-13)

3. Jesus recusou riquezas na Terra
Em uma das passagens mais importantes do novo testamento o próprio Satã vem tentar Jesus no deserto. O que esse lhe oferece? Todas as riquezas do mundo, reinos e palácios sem fim. Ele promete a Jesus prosperidade e riqueza no mundo (o mesmo que oferece a tal teologia da prosperidade). O que Jesus faz após receber essa proposta? Recusa e deixa claro que a verdadeira riqueza vem de Deus apenas, ou seja, ele recusa completamente a tentação de aceitar riquezas no mundo, pois o que ele busca mesmo é a riqueza da alma. Por que então tantos evangélicos se empenham tanto em obter algo que o próprio Jesus, com seu exemplo, recusou de forma veemente? A verdadeira riqueza é a espiritual, da plena comunhão com Jesus e sua palavra e nada mais. (Depois, o Diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor. E disse-lhe: "Tudo isto te darei se te prostrares e me adorares". Jesus lhe disse: "Retire-se, Satanás! Pois está escrito: 'Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto'". Mateus 4)

4. A teologia da Prosperidade é uma corrupção religiosa
 O fiel que se coloca na posição de barganhar com Deus riquezas materiais está ofendendo a divindade frontalmente. Ele está tentando corromper com dinheiro a própria vontade de Deus! É uma forma de corrupção religiosa vil e perigosa que certamente custará a alma de muitos. Deus não é um banco ou um gerente de financiamentos para lhe dar sucesso financeiro na vida. Ele não serão corrompido por seu dinheiro! O próprio Jesus deixou claro que não se pode servir a dois senhores, a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo! Então faça sua escolha de uma vez, seu deus será o dinheiro ou o verdadeiro Deus, cujas riquezas não se encontram nesse mundo e definitivamente não podem ser comprados ou corrompidos? Você quer mesmo continuar a tentar subornar a Deus? Pense muito bem sobre isso! ("Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro." Mateus 6:24)

5. Templos de ostentação não são obras de Deus
Templos de rica ostentação não fazem parte do verdadeiro cristianismo. É um boa peça de marketing para a teologia da prosperidade mas apenas isso! Em sua época o próprio Cristo condenou tal ostentação e deixou claro que Deus não habita em templos feitos pelos homens, mas em seus próprios corações. A riqueza na Terra, a ostentação e o luxo não fazem parte da obra de Deus, mas de homens gananciosos que usam o nome de Jesus para ganhar cada vez mais dinheiro em cima da fé dos cristãos. Depois da vinda de Jesus os antigos templos, seus rituais e simbolismos perderam a razão de ser. Jesus com a cruz revogou todos esses símbolos e isso ele deixou claro. A cortina do templo foi rasgada de alto a baixo! Quem cultua templos ao invés da verdadeira palavra do Cristo está na realidade cuspindo na cruz, na obra de Jesus. O salvador deixou claro mais de uma vez que o verdadeiro templo de Deus é o corpo de cada cristão verdadeiro. Quem cultua templos está cheio de idolatrias e heresias. E depois procure saber onde Jesus pregou... Foi em templos? Não, foi no meio das pessoas, nas montanhas, nas praias da Galiléia, ao ar livre! Jesus jamais precisou de qualquer tipo de ostentação para passar sua palavra divina em frente! O verdadeiro templo é o Deus que habita em seu coração! (Atos dos Apóstolos 17:24: "O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens") ( Coríntios 3:16 "Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?")

6. Jesus não conhecerá dos verdadeiros mercadores da fé
Esses mercadores da fé que ludibriam milhares terão que prestar contas a Deus por suas heresias e iniquidades. Deus não os conhecerá quando os encontrar e eles pagarão por suas mentiras e golpes. Você quer mesmo ficar ao lado dessa gente? Sobre os que usam a fé para enriquecer Jesus disse: “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!” (Lucas 18:24).

7. A teologia da Prosperidade é uma terrível união de ganâncias
Onde está na Bíblia que o homem tem que buscar a ganância acima de tudo? Em lugar nenhum. Pelo contrário. Mesmo assim a teologia da Prosperidade é um grande encontro de ganâncias humanas. A primeira do próprio pastor e seu líder, que quer acima de tudo o dinheiro dado pelos dizimistas. Campanhas são feitas e membros da igreja são incentivados a dar dízimos de todas as maneiras possíveis. Por outro lado a ganância também está nas atitudes dos membros dessas igrejas que doam esperando receber de volta o mesmo valor duplicado ou triplicado! Maior prova de ganância vinda de todas as partes não existe! Os dois lados - pastores e fiéis - estão afundados completamente na lama da ganância humana! E onde está Deus no meio de todo esse lamaçal? Em lugar nenhum, ambos os lados só estão se enganando mutuamente! ("Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis” (Mt 7. 15,16 a).

8. Deus é amor, não dinheiro
Parem de tentar encontrar Deus em notas de dinheiro. Isso é uma forma grotesca de encarar um ser tão grandioso como Deus. Jesus e sua palavra não estão em notas de valor econômico. Deus está no amor, na palavra redentora de Cristo. Quem oferece prosperidade material e riquezas na Bíblia não é Deus, mas o próprio Satã. Pare de procurar por isso pois no final de contas tudo o que encontrará pela frente são os portões do inferno à sua espera!  ("Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” Cl 2.8).

9. A teologia da Prosperidade simplesmente não funciona
Mesmo que você não queira acreditar na essência da palavra de Jesus Cristo e nem queira saber de ter uma verdadeira prosperidade espiritual em sua vida, saiba que a teologia da prosperidade simplesmente não funciona. De cada 100 pessoas envolvidas nessa barganha com Deus, nenhuma consegue realmente prosperidade por causa dessa falsa teologia. As pessoas progridem por seus próprios méritos, trabalho e esforço pessoal em crescer na vida. A imensa maioria dos que acreditam nessa "barganha" com Deus acabam mesmo ficando cada vez mais pobres, ao doarem seus bens para pastores espertos. Deus não quer que você doe sua casa para esses sujeitos, Deus quer que você conserve sua casinha, por mais humilde que seja. Entenda de uma vez por todas: Deus não quer seu dinheiro! Ele é o centro do universo, Senhor de tudo, e não precisa de seus bens e nem dinheiro. Quem deseja isso são os falsos profetas que querem enriquecer a custa dos outros, usando do nome de Jesus para ficarem ricos, imensamente ricos! Com a teologia da prosperidade você ficará mesmo é cada vez mais pobre materialmente, além de espiritualmente comprometido a cada dia. (Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mateus 6:19).

10. Faça caridade em prol dos mais humildes, não para pastores milionários
A caridade que Jesus pregou em sua passagem terrena foi para com os mais pobres e humildes, não para vendilhões milionários do templo. Ajude aos carentes, aos que não possuem nada. Faça a caridade e não transforme esse ato em qualquer tipo de atitude de auto promoção. Ajude ao próximo que realmente necessite de ajuda e não a pastores milionários, donos de jatinhos, helicópteros e mansões! Esse dinheiro não se reverterá a quem realmente precisa. Sua relação com Deus não precisa passar por esse intermediários danosos, verdadeiros mercadores da fé alheia. Você só precisa de Jesus ao seu lado e de mais ninguém. A verdadeira riqueza de Deus vem do coração, é espiritual, nada de riquezas materiais que serão corroídas pelo tempo. ("Se você quer ser perfeito, vá, venda os seus bens e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro nos céus. Depois, venha e siga-me". Mateus 19:21)

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Jesus e a Teologia da Prosperidade

A teologia da prosperidade, muito difundida nos meios protestantes, afirma que Deus lhe dará prosperidade financeira e econômica caso contribua com as igrejas que servem à sua mensagem. É uma troca, o fiel dá o dízimo e Deus em troca lhe dá graças, não espirituais, mas sim materiais. Dinheiro, carros, apartamentos, joias, luxo, enfim, riquezas do mundo material.

É uma barganha com Deus! Alguns líderes protestantes foram além e disseram com todas as palavras que Deus seria obrigado a dar riqueza aos fieis que contribuíam com as denominações evangélicas. Tudo isso tem um nome, é a tal "teologia da prosperidade". Dê dinheiro que receberás em troca muita prosperidade material!

Não precisa ir muito longe para perceber a mediocridade desse tipo de pensamento religioso (ou melhor dizendo, corrupção religiosa). Não faz parte da mensagem de Jesus a promessa de riquezas nesse mundo. Muito pelo contrário, Jesus sempre deixou claro que sua mensagem era de riqueza espiritual! O próprio Nazareno era um homem humilde, que não tinha posses e nem bens materiais. Ele próprio deixou claro que o homem não deveria juntar riquezas na Terra, onde tudo é corroído pelas traças ou levado pelos ladrões.

Jesus também deixou claro que a verdadeira riqueza estava no céu, ao lado do Pai. Esse tesouro obviamente não era composto de dinheiro, joias, carros de luxo e apartamentos na praia. Quem pensa isso está completamente equivocado, chegando a ser grotesco! A teologia da prosperidade vai no fundo da alma do homem e de lá atinge sua ganância em cheio! O puxa não pela mensagem de Deus, mas pela pura e simples ganância! A mensagem subliminar é "Venha, lhe tornarei rico e cheio de posses!". Isso não é bíblico e não há nenhum trecho do novo testamento que pregue algo nesse sentido! Você tem que amar a Deus acima de todas as coisas e não apenas se ele lhe der dinheiro, bens, carros! Se você ainda não entendeu isso, você certamente não entendeu nada da mensagem de Jesus de Nazaré!

Ao contrário da promessa de dinheiro, Jesus ofereceu o céu, a vida eterna. E deixou claro que aquele que o segue deve-se decidir entre amar a Deus ou amar ao dinheiro. Em Mateus 6:24 isso fica cristalino como a graça de Deus, quando Jesus afirma: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.". Em outro momento o próprio Jesus deixa claro que ele próprio não tinha nem onde descansar sua cabeça durante as noites, ou seja, era um homem sem posses, sem casas, sem dinheiro, mas muito iluminado, pois não estava juntando riquezas nesse mundo em que tudo um dia irá virar pó! Quem ofereceu bens materiais a Jesus nesse mundo foi o diabo, quando resolveu tentar o mestre da Galileia quando Ele estava no deserto, orando e jejuando! Ou seja quem oferece riquezas materiais nas escrituras? Não é Jesus, mas sim o diabo, o anjo caído. Afinal você quer a riqueza espiritual ou a material? Decida se aceita a oferta de Jesus ou a do diabo!

Pablo Aluísio.

A Teologia da Prosperidade e o Anjo Caído

Vou contar aqui uma experiência que vivi no último fim de semana. Fui ao shopping no domingo, mas chegando lá descobri que as portas só seriam abertas dali uma hora! O que fazer para passar o tempo? Pois bem, ali pertinho estava havendo um culto de uma conhecido igreja evangélica, aquela mesma de um pastor bem conhecido no Brasil. Embora eu seja um católico convicto não me senti inibido em entrar lá. Na pior das hipóteses iria ouvir um pouco da palavra de Deus, mesmo vindo da boca de um pastor.

Minha primeira surpresa foi descobrir que havia poucas pessoas no culto. Embora as instalações fossem enormes, havia ali no máximo 25 pessoas. Foi um impacto porque sempre ouvi falar que essas igrejas estavam sempre lotadas. Acho que isso é puro marketing. Havia mesmo quase ninguém, a maioria senhoras. E olha que isso era um domingo! A crise pelo visto chegou por lá. Afinal a tal prosperidade pregada por essa igreja não anda abençoando muitos mesmo, afinal o Brasil passa por uma grande crise.

Quando o pastor começou a pregar não houve surpresas. Era pura teologia da prosperidade. A velha conversa de sempre. Que Deus iria abençoar materialmente todas aquelas pessoas, que elas iriam vestir as melhores vestes, que teriam os melhores carros, apartamentos de luxo. Depois pediu, vejam só, ofertas a Deus. Primeiro disse que as pessoas levantassem o dinheiro para a benção. Depois o obreiro - um garotinho magrinho com óculos grossos - começou a passar uma sacolinha amarela, recolhendo o dinheiro. Quando pensei que estava acabado veio mais pedidos. O pastor disse que aqueles que doassem cinquenta ou cem reais subiriam ao palco, onde seriam presenteadas com o privilégio de usar parte das vestes pastorais.

Depois na saída elas poderiam comprar por também cinquenta reais uma aliança de plástico branca. Elas teriam que trocar a aliança preta pela branca, na saída. Não entendi o propósito. Em qual lugar da Bíblia se afirma que Deus vende alianças de plástico e que elas precisam trocar toda semana? A partir daí pude perceber que tudo o que se dizia sobre a teologia (nem merece essa denominação) da prosperidade é tudo verdade. É tudo uma grande barganha com Deus. Não há espiritualidade ali, apenas busca por favores materiais, riqueza, dada por Deus aos (poucos) fiéis que estavam assistindo àquele culto. Volto a afirmar, quem dá riqueza material em troca de adoração é o anjo caído, está lá nas escrituras. Assim a teologia da prosperidade ao meu entendimento não tem nada a ver com Deus e sua palavra, mas sim com o anjo caído que tentou Jesus no deserto, sem sucesso. E então, você quer seguir a Jesus ou ao anjo caído? Decida o seu lado.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A Igreja Católica e a Criação das Universidades

O conceito moderno de universidade surgiu através dos esforços da Igreja Católica em organizar os estudos da sociedade durante a época medieval. Sempre ligada a Educação a Igreja começou a usar seu clero, sempre muito preparado e culto, para o ensino de diversas matérias aos jovens. As primeiras universidades da história surgiram assim na Itália. Sob o patrocínio e incentivo do Papado um grupo de bispos, padres, professores e especialistas organizaram os primeiros cursos universitários da humanidade.

A primeira universidade do mundo foi organizada por cardeais católicos na cidade de Salerno. Com a proliferação de doenças e pestes, o Papa achou por bem fundar aquela que seria a primeira universidade moderna de medicina do mundo. Os primeiros livros foram fornecidos pelo Vaticano, retirados diretamente de sua milenar biblioteca. Eram antigos tratados clássicos sobre o corpo humano escrito por pensadores gregos, romanos e árabes. Era necessário aos estudantes o domínio do latim pois esses documentos foram escritos nessa língua.

A ideia da criação de um centro de estudos universais (daí a nomenclatura universidade) deu tão certo que a Igreja Católica resolveu fundar outra, ainda maior e com maiores ambições, na cidade de Bolonha. Essa foi durante muitos anos a principal e maior universidade do mundo na época. Além de medicina a universidade de Bolonha criou o curso de direito para o estudo das leis civis e canônicas. As primeiras turmas foram criadas no século XII e se tornaram referência, vindo jovens de todas as partes da Europa para estudar em seu campus. Tamanha foi a quantidade de alunos que uma cidade inteira foi fundada pela Igreja apenas para abrigar alunos, professores e estudiosos. O saber virava assim uma verdadeira instituição, organizada, com cursos regulares e currículos bem determinados. Não era mais algo solto e aleatório como tinha sido até então.

Depois de Bolonha foi a vez de Paris receber sua primeira universidade que era administrada pela Catedral de Notre Dame. A área de conhecimentos foi ampliada. Além de medicina e direito haveria diversos outros cursos temáticos como artes e teologia, um dos mais procurados da França e Espanha. O modelo bem sucedido de Paris acabou sendo copiado para a criação da universidade de Oxford, na Inglaterra. A língua oficial da Igreja era o latim e foi justamente essa língua a primeira a ser utilizada para a troca de conhecimentos entre as diversas universidades do mundo. Uma vez que os alunos e professores dominassem esse idioma eles poderiam trabalhar e estudar em qualquer uma das universidades católicas da Europa que cultivavam uma língua comum.

Depois dos principais centros do mundo a Igreja Católica virou-se para o leste europeu. Universidades prestigiadas foram fundadas em Praga e Cracóvia. Depois não houve mais limites. Toda grande cidade europeia tinha sua própria universidade. O conhecimento não encontrava mais fronteiras. E por uma trágica ironia do destino os primeiros protestantes, reformadores da doutrina cristã, era formada basicamente por pessoas formadas em universidades católicas, mostrando que o saber adquirido também poderia ser usado para a contestação das ideias teológicas dominantes naquele momento histórico.

Pablo Aluísio. 

Calvino O Torturador

Uma das figuras históricas mais sinistras da reforma protestante foi Calvino. Dono de uma visão completamente fanática da religiosidade, não admitia qualquer contestação ao seu modo de pensar. Todo aquele que ousasse divergir de sua ideologia e teologia era imediatamente preso e levado para calabouços imundos, escuros e infectos onde todo tipo de tortura era praticada. Calvino dizia que para purificar a alma era necessário destruir o corpo e nesse aspecto ele se tornou notoriamente infame. Calvino, ao lado de Lutero, acabou se tornando um dos ícones da chamada inquisição protestante, ou como é mais conhecida em países de língua inglesa, a caça às bruxas.

Quem quisesse escapar das câmaras de tortura de Calvino e seus seguidores fanáticos tinha que respeitar uma estrita regra moral que não admitia nenhuma exceção. Calvino determinava que os protestantes não poderiam dançar, pois a dança era encarada como a manifestação de Satã na Terra. Cantar também era proibido, a não ser que fossem cânticos religiosos e mesmo assim a letra e melodia teriam que ser aprovadas pelos censores calvinistas. Caso alguém fosse visto cantarolando publicamente qualquer outra música fora dessa lista de aprovação era imediatamente aprisionado e levado para o calabouço pois para Calvino ali também estaria a manifestação do diabo. Uma sessão de tortura era o recomendado. De preferência com a quebra de todos os dentes e o esmagamento da língua do torturado para que ele nunca mais cantasse sem permissão dos protestantes.

Para controlar a sociedade como um todo Calvino incentivava a espionagem e a traição. Todos deveriam contar para as autoridades protestantes o menor desvio de conduta dos membros da comunidade. Se alguém fosse vista flertando com outra pessoa tal fato deveria ser imediatamente comunicado a ele. Beijos então, nem pensar. Se alguém fosse visto beijando alguma jovem seriam ambos levados para os ferros, as correntes subterrâneas dos calabouços controlados pelos protestantes de Calvino. Assim a vida pessoal e privada praticamente inexistia. Todo mundo tinha que dar satisfação para todo o mundo de quem estava interessado, apaixonado, namorando, etc...

Aos que não submetessem ao império de terror de Calvino só sobrava mesmo a câmara de torturas de sua propriedade. Ele era conhecido por ser absolutamente cruel nas torturas que promovia. Até mesmo chumbo quente e derretido era jogado nas cabeças de seus prisioneiros. Mãos eram amputadas, dentes quebrados com marretas, pessoas eram penduradas de ponta cabeça e não faltava também a cadeira do dragão - uma cadeira de metal cheia de pontas perfurantes da carne humana. Para as pessoas comuns ele era visto como um monstro, mas seus inúmeros escritos sobreviveram e deram a Calvino uma posição de destaque dentro do protestantismo. O que poucas pessoas sabem até hoje é que por trás daqueles textos existia uma pessoa absolutamente cruel e sádica, nada condizente com os valores que hoje entendemos como verdadeiramente cristãos.

Pablo Aluísio.

domingo, 29 de maio de 2011

Skyfall: Original Motion Picture Soundtrack

Vamos falar um pouco sobre trilhas sonoras? Eu sou de opinião de que a experiência cinematográfica só é plena e completa quando o cinéfilo também começa a se interessar pela música dos filmes, parte essencial de toda e qualquer obra cinematográfica. Infelizmente no Brasil esse sempre foi um ramo musical muito complicado. Poucas trilhas sonoras foram lançadas em nosso mercado – geralmente apenas as chamadas trilhas de sucesso! Com isso muitas jóias nunca chegaram em nossas lojas, verdadeiros clássicos foram deixados de lado por causa da mentalidade tacanha de que o público brasileiro não consome esse tipo de produto. Nos países europeus o quadro é bem diferenciado. As trilhas possuem seu próprio nicho comercial e sua própria parada, devidamente categorizada. Dentro desse universo de trilhas algumas coleções ganharam vida própria. Uma delas é da longa franquia de 007. São discos maravilhosos e grande parte deles nunca foi lançado no Brasil. Já na Inglaterra contam com clubes organizados de colecionadores próprios, o que torna a experiência de colecionar essas trilhas um hobby muito agradável e satisfatório.

A música dos filmes de James Bond sempre foram um caso à parte. Não existe, para falar a verdade, uma relação direta entre trilhas excepcionais com os melhores filmes do agente secreto inglês no cinema. Geralmente filmes medianos acabam rendendo as canções mais marcantes da série. Um exemplo? A música tema escrita por Paul McCartney, “Live and Let Die”, que fez parte da trilha sonora de um filme que nunca foi considerado dos melhores da franquia, “007 Viva e Deixe Morrer” com Roger Moore. Aqui em Skyfall temos finalmente uma trilha para se destacar nas paradas. A música tema como todos sabem é interpretada por Adele, uma cantora cujo timbre vocal simpatizo. Ainda há um caminho a percorrer até ser considerada uma excelente intérprete mas não há como negar que o potencial está lá. Essa “Skyfall” me lembra muito os arranjos das primeiras trilhas de Bond e isso é certamente um ponto positivo. Outro destaque vem nas excepcionais faixas incidentais da trilha, todas de excelente nível técnico. O único cuidado que o fã de James Bond teve ter ao comprar essa trilha é conferir se é mesmo a edição que vem com a canção de Adele (a primeira triagem não saiu com a música por alguns problemas contratuais).  Uma vez feito isso basta apenas se esbaldar com a ótima qualidade de todo o CD.

Skyfall: Original Motion Picture Soundtrack (2012)
Grand Bazaar, Istanbul
Voluntary Retirement
New Digs
Sévérine
Brave New World
Shanghai Drive
Jellyfish
Silhouette
Modigliani
Day Wasted
Quartermaster
Someone Usually Dies
Komodo Dragon and others
Skyfall

Pablo Aluísio.

sábado, 28 de maio de 2011

Bob Dylan

Não me entendam mal. Eu gosto do Bob Dylan. Inclusive o considero um dos grandes letristas da história do rock e do folk americanos. Só não consigo entender o que deu na cabeça dos votantes do Prêmio Nobel em dar a ele o prêmio na categoria Literatura. Essa categoria não é a adequada para premiar Dylan, aliás o Prêmio Nobel sequer possui uma categoria própria para premiar compositores ou grandes nomes da música mundial. Ao invés de criar uma, eles fizeram uma gambiarra que não convenceu ninguém, pegou mal e pareceu estranho. O próprio Bob Dylan parece ter pensado a mesma coisa. Ele passou semanas sem dar qualquer declaração sobre o prêmio, a tal ponto que o Nobel pensou em voltar atrás do anúncio. Dylan parecia se esconder dos promotores do Nobel, ninguém conseguia encontrar pessoalmente o artista para lhe comunicar formalmente de que havia vencido.

Bob Dylan assim se comportou de forma mais estranha do que o próprio prêmio que lhe foi concedido. Quando tudo parecia perdido ele soltou um comunicado breve, dizendo que agradecia sua escolha, mas que não iria comparecer na cerimônia de entrega pois "teria outros compromissos a cumprir" - só não soube explicar que compromissos seriam esses, que afinal de contas teriam que ser mais importantes do que receber um prêmio Nobel! Assim fica a lição. O Nobel deveria mudar alguns aspectos de sua premiação. Certamente é um prêmio voltado mais para as ciências de um modo em geral. Porém se o prêmio considera a literatura, que é uma arte, digna de ter uma categoria, por que não criar outras para a música, o cinema, o teatro, a poesia e a pintura? Penso sinceramente que nenhuma dessas artes deve ser desmerecida. Se uma foi contemplada com um prêmio Nobel, que as demais também o sejam. Modernizar é preciso, ser justo mais ainda.

Bob Dylan definitivamente não é Frank Sinatra. A prova disso está nesse álbum triplo lançado pelo cantor e compositor em 2017. São três álbuns reunidos em único box. Dylan os nomeou como "Til The Sun Goes Down", "Devil Dolls" e "Comin' Home Late". Depois de ouvir os três longos CDs não há outra conclusão a que se chegar. É um lançamento excessivo que vai cansar o ouvinte. Dylan já tinha usado essa fórmula de cantar grandes clássicos do passado antes, em "Fallen angels". O problema básico, que já tinha percebido no disco anterior, é que Bob Dylan não tem um estilo vocal adequado para esse tipo de repertório. Ele é ótimo cantando folks, blues e outros gêneros musicais mais despojados, mas aqui derrapa feio, por não ter o timbre vocal adequado. Ao invés de gravar um álbum triplo ao estilo indie, que seria mais adequado, ele resolveu dar um passo maior do que a perna.

Claro que por ser uma espécie de "queridinho da mídia" praticamente todo mundo elogiou. Um tipo de Caetano Veloso gringo, tudo o que Dylan lança é encarado como um Santo Graal musical. Bobagem. O CD triplo é obviamente cheio de problemas, quando você chega lá pela metade do segundo disco já fica complicado avançar. Aquela voz anasalada de Dylan consegue enganar por três ou quatro faixas, mas quando você chega na décima quinta a audição se torna penosa. São músicas para o repertório de Frank Sinatra ou Nat King Cole, não para Dylan. Ele forçou a barra em inúmeras faixas. Provavelmente seria melhor digerido se fosse lançado em três discos separados, com intervalo de um ano entre eles. Lançado tudo de uma vez só, ficou demais, complicado de absorver. Muitas vezes o simples é o melhor caminho. Overdoses musicais como essas são contraindicadas.

Bob Dylan - Triplicate (2017)

Disc 1 – 'Til the Sun Goes Down
1. I Guess I'll Have to Change My Plans / 2. The September of My Years / 3. I Could Have Told You / 4. Once Upon a Time / 5. Stormy Weather / 6. This Nearly Was Mine / 7. That Old Feeling / 8. It Gets Lonely Early / 9. My One and Only Love / 10. Trade Winds.

Disc 2 – Devil Dolls
1. Braggin' / 2. As Time Goes By / 3. Imagination / 4. How Deep Is the Ocean? / 5. P.S. I Love You / 6. The Best Is Yet to Come / 7. But Beautiful / 8. Here's That Rainy Day / 9. Where Is the One? / 10. There's a Flaw in My Flue.

Disc 3 – Comin' Home Late
1. Day In, Day Out / 2. I Couldn't Sleep a Wink Last Night / 3. Sentimental Journey / 4. Somewhere Along the Way / 5. When the World Was Young / 6. These Foolish Things / 7. You Go to My Head / 8. Stardust / 9. It's Funny to Everyone But Me / 10. Why Was I Born?

Pablo Aluísio.

Kurt Cobain

5 de abril de 1994. O cantor e compositor Kurt Cobain se mata em sua casa na cidade de Seattle, Washington, Estados Unidos - assim foi noticiada a morte do líder do Nirvana. Incrível mas já faz 26 anos que Cobain resolveu acabar com tudo após uma crise suicida. Sua morte talvez tenha significado não apenas o próprio fim de sua existência física, mas também o fim da criatividade no mundo do rock americano.

Sinceramente não consigo lembrar de ninguém surgido após a década de 1990 que tenha me chamado a atenção por mostrar algo de novo no gênero. Papo de quem está envelhecendo? Pode ser, mas o fato é que a morte de Cobain também marca de certa maneira o fim de minha procura por sons novos e realmente inovadores dentro do rock americano.

Claro que na Inglaterra ainda tivemos um sopro de vida com o Britpop, onde ainda se encontra coisa boa, mas no geral a coisa anda bem feia. Em relação ao Kurt só posso lamentar. Era um artista realmente talentoso mas corroído completamente pelas drogas pesadas que tomava, por isso no final não sobrou muito do ser humano para contar história. Li várias de suas biografias e tudo que encontrei foi o retrato de um homem perdido, que afogava suas mágoas em doses cavalares de heroína e outras substâncias ilegais. Acabou perdendo a vida como tantos outros.

Por isso digo que o chavão "Sexo, Drogas e Rock ´n´ Roll" poderia ser facilmente substituído por "Morte, Drogas e Rock ´n´ Roll" porque as drogas só fizeram mal ao mundo do rock. Levaram seus principais nomes e deixaram uma cultura de drogas que ainda persiste entre os jovens que não conseguem entender que não existe nada de glamoroso na morte de roqueiros como Kurt. Um tiro de fuzil na cabeça não tem nenhum aspecto positivo... É apenas um evento triste... Só isso.

Pablo Aluísio.

Walk The Line

O  filme “Johnny e June” (Walk The Line) conta a história do cantor Johnny Cash. O principal fator de ir vê-lo mesmo era o fato de Johnny ter sido um artista nascido na Sun Records e ter sua história bem próxima a do próprio Elvis. Isso é facilmente explicado porque os caminhos de Cash sempre cruzaram com os de Elvis, desde os primeiros anos na Sun. Era uma película que eu simplesmente não podia perder de jeito nenhum. Como fiquei muito ansioso em ver um grande filme, minha decepção foi um pouco maior. No conjunto ele pode até ser considerado um bom entretenimento, mas se formos levar a coisa mais a fundo, analisando várias passagens que acontecem no filme do ponto de vista histórico, não podemos deixar de ficarmos bem decepcionados. Sam Phillips, por exemplo, que foi uma figura chave na trajetória de Cash é colocado para escanteio, aparecendo basicamente na cena em que Johnny faz um teste na Sun. Depois disso ele desaparece totalmente do filme. Nada é dito sobre o fato de Sam ter praticamente tomado todas as grandes decisões da carreira de Cash no começo de sua vida artística. No que se refere a Elvis a coisa é bem pior.

A participação de Elvis no filme se resume a quatro cenas rápidas, nenhuma delas muito proveitosa ou relevante. Na primeira cena em que aparece Elvis, Johnny Cash está passando pela frente da Sun Records em Memphis e lê o famoso cartaz da gravadora anunciando que um disco pode ser gravado por apenas 4 dólares. Ele dá a volta e entra pelas portas do fundo da Sun no exato momento em que Elvis está gravando uma de suas músicas do período Sun, Milkcow Blues Boogie. Sinceramente, o ator que faz Elvis é tão péssimo que ficamos mesmo na dúvida que aquele que aparece naquele momento é mesmo Elvis! Ele não se parece nada (nada mesmo) e não dispensa todos os requebros extremamente mal feitos, que já estamos acostumados, com atores que tentam dançar igual a Elvis em filmes em que ele aparece como personagem. O constrangimento nessa cena é total, eu particularmente fiquei extremamente decepcionado ao constatar como ela foi mal feita. Na verdade sua caracterização está muito mais para Hank Williams do que para Elvis, confundiram os ídolos ou a coisa toda foi mal feita mesmo. Uma decepção. Logo aparece o engenheiro de som e fecha as portas do fundo, deixando Cash do lado de fora. Outra cena péssima é o encontro de Cash com Elvis nos bastidores de um dos festivais que ambos participaram no começo da carreira deles. Elvis aparece escondido num local do teatro, assistindo ao show, tentando passar despercebido da plateia, comendo comidas gordurosas e as oferecendo para Cash. O recado que o roteirista utiliza para deixar bem claro que aquele é Elvis é sua gulodice. É algo do tipo: “Elvis já era um glutão desde o começo!”. Forçou a barra em cena totalmente desnecessária, infantil e sem qualquer importância para o restante do filme. Mas o pior momento é aquele em que um cara da banda oferece pílulas a Johnny Cash afirmando que “Elvis também as toma!”.

Para quem pensa que a cena é totalmente gratuita e vai acabar logo é surpreendido com o que acontece depois. O pior acontece mesmo quando o próprio Elvis aparece do nada e fazendo sinais de aprovação com a cabeça incentiva Cash e usar as drogas. Essa cena é um recurso do roteiro para explicar o começo dos problemas químicos de Cash e historicamente é totalmente improvável por vários motivos! Elvis jamais iria aparecer em público, mesmo que fosse ao lado de seus próprios músicos, e incentivar alguém a usar pílulas. Isso nem sequer é sugerido na autobiografia de Cash. Elvis não é mencionado e nem muito menos apontado como uma pessoa que o incentivou pessoalmente a usar pílulas. O que ele afirma é que começou a usar pílulas durante os festivais dos quais participava durante os anos 50. Elvis participou de dois bem conhecidos jamborees ao lado de Cash e June. O primeiro foi liderado por Hank Snon e o segundo pelo próprio Elvis quando ele já era uma estrela nacional. Mas fora esses dois momentos ao lado de Elvis, Cash participou de muito outros e com muitos outros artistas e músicos. Cash não especifica quem lhe deu as drogas em seu livro. Jogar a culpa do vício de Cash, mesmo que indiretamente, sobre os ombros de Elvis não foi uma coisa honesta dos roteiristas. Naqueles tempos o uso de pílulas por parte de Elvis passava longe de ser um fato notório comentado pelos músicos dos festivais de forma tão natural e simples. Isso era um segredo muito bem guardado por todos ao redor do cantor. Outro personagem ainda chega a comentar com Cash que Elvis só conversava sobre sacanagem durante as excursões! Eu fiquei particularmente espantado com essa bobagem. De onde esses caras tiram essas ideias?!

Outro furo do roteiro é a não menção ao Million Dollar Quartet. Mesmo que a participação de Cash nesse evento tenha sido secundária, era para ser retratada no filme. É muito mais importante do que mostrar Elvis comendo frituras ou incentivando Cash (pessoa a quem ele nem tinha muita intimidade) a usar drogas. Por fim, após Cash fazer uma apresentação no filme, Elvis entra no palco para tocar “That’s All Right” (Mama). O ator, como bem já frisei, é horrível. Sinceramente, já que a pessoa que faz Elvis não precisou atuar, porque eles não contrataram logo um cover de Elvis dos anos 50? Ficaria muito melhor e muito menos constrangedor. A cena é digna de qualquer programa de auditório da TV brasileira, de tão mal feita. Enfim... o filme passou de ser razoável na minha opinião. As partes em que Elvis participa como personagem são horríveis. Vocês podem até me perguntar: E o resto do filme Pablo? Bom... tem altos e baixos. Joaquim Phoenix está muito bem, tanto que vem sendo premiado por sua atuação, O fato dele cantar em várias cenas, dispensando o uso de playback, é realmente impressionante. Mas como disse antes, a tentativa por parte dos produtores de fazer algo bem comercial, pesa contra o resultado final positivo. Muita coisa importante ficou de fora, enquanto coisas dispensáveis e irrelevantes foram incluídas. No final o filme leva uma nota 7,0 de minha parte.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Leo Jaime - Sessão da Tarde

Esse disco "Sessão da Tarde" foi muito provavelmente o melhor álbum da carreira de Leo Jaime. Lançado em 1985, bem no meio da efervescência do Rock Brasil, é um dos mais criativos LPs do cantor. Claro que naquela época as músicas eram bem mais simples (e até ingênuas) do que as que ouvimos atualmente, isso porém não chega a ser um problema, até porque Leo Jaime também podia ser bem irônico e sarcástico quando queria. Um exemplo disso vem da primeira faixa "O Pobre". O refrão dizia: "Ela não gosta de mim / Mas é porque eu sou pobre!". Divertido não é mesmo? Eu gosto bastante dos arranjos desse álbum porque o Leo Jaime preferiu algo menos modinha, sem a cara da sonoridade típica dos anos 80. Isso poupou o disco de ficar completamente datado. Se ele tivesse usado uma infinidade de sintetizadores a coisa teria piorado e muito com o passar dos anos.

"A Fórmula do Amor" trazia Leo em parceira com a turma do Kid Abelha e os Abóboras Selvagens.  Paula Toller, uma das melhores vozes do rock nacional, esbanja versatilidade e carisma. Ela inclusive ressuscitou a música recentemente, a trazendo de volta para o seu repertório de shows, mas claro com novos arranjos, nada parecido com o que ouvimos aqui. Bom, quem conhece o rock nacional dos anos 80 sabe que onde o Kid Abelha estava, também estava o sax onipresente de George Israel. Aqui nem incomoda muito, até que ficou legal. A letra é bobinha, mas de acordo com o estilo da época. Vale pela nostalgia envolvida. Em suma, são muitas músicas boas. Esse é provavelmente o melhor disco do Leo Jaime, mesmo tendo passado tantos anos de seu lançamento original.

Leo Jaime - Sessão da Tarde (1985)
1. O Pobre
2. A Fórmula do Amor
3. A Vida Não Presta
4. As Sete Vampiras
5. Só
6. O Regime
7. Amor Colegial
8. Solange (So Lonely)
9. O Crime Compensa
10. Abaixo a Depressão

Pablo Aluísio.

Ultraje a Rigor - Sexo!!

Voltei a ouvir, dia desses, esse segundo disco do grupo Ultraje a Rigor. Obviamente fica muito abaixo do primeiro disco (que só tem músicas boas), mas consegue se destacar em algumas momentos. O trio de canções que realmente fez sucesso nos anos 80 era formado por "Eu Gosto de Mulher", "Sexo!!" e "Pelado". O problema é que tirando esses hits radiofônicos pouca coisa se salva. Ainda são agradáveis de ouvir as músicas "Ponto de Ônibus"  e "Terceiro" . O restante é descartável, gravações feitas para preencher o disco (antigo vinil).

"Dênis, o Que Você Quer Ser Quando Crescer?" é fraca em letra e melodia. "A Festa" não se sustenta e "Maximillian Sheldon" não diz a que veio. Apenas "Will Robinson e Seus Robots" se salva um pouquinho, mas aí por causa da associação com a nostálgica série espacial "Perdidos no Espaço" (certamente o Roger deveria ser fã). Então é um disco mesmo de altos e baixos. No geral passa na média, porém fica longe de "Nós Vamos Invadir Sua Praia", aquele sim um clássico absoluto da geração que ficaria conhecida como Rock Brasil.  Ah... e antes que me esqueça, essa capa, no mais puro estilo anos 80 é realmente muito boa, uma das melhores da época - e a própria definição de ironia com sarcasmo!

Ultraje a Rigor - Sexo!!
1. Eu Gosto de Mulher
2. Dênis, o Que Você Quer Ser Quando Crescer?
3. Terceiro
4. A Festa
5. Prisioneiro
6. Sexo!!
7. Pelado
8. Ponto de Ônibus
9. Maximillian Sheldon
10. Will Robinson e Seus Robots

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

David Gilmour - Live At Pompeii

Há algum tempo David Gilmour deixou claro que o Pink Floyd acabou. A banda nunca mais vai se reunir novamente. Isso não significa que o guitarrista não utilizará esse grande legado em seus lançamentos na carreira solo. Um exemplo vem nesse box "David Gilmour - Live At Pompeii". Pois é, Gilmour voltou à Pompeia, a cidade romana que foi arrasada pelo vulcão Vesúvio no ano 79. O Pink Floyd já havia estado nesse anfiteatro na década de 1970. Foi um evento marcante na história da banda. Eles fizeram um show histórico na ocasião, sem público, muito respeitoso com o lugar milenar. Acabou virando um documentário que foi lançado nos cinemas.

Agora David Gilmour resolveu voltar por lá, cantando velhas e novas canções, mas apoiado por uma grande produção de palco, luzes, tudo classe A. O guitarrista também fez questão que a apresentação ocorresse durante à noite e não de dia como no show original. Obviamente só assim o público iria aproveitar toda a produção do concerto. O box traz dois DVDs. Além do show em si, na íntegra, temos ainda um documentário sobre a última turnê de Gilmour, entrevistas com uma historiadora especializada na história da cidade romana e muitas informações. O box traz igualmente os dois CDs gravados no mesmo evento, além de um livreto com tudo sobre a produção do show, cartões postais e posters da apresentação. Um produto de excelente qualidade, muito recomendado para quem gosta do Pink Floyd e, é claro, de David Gilmour, que sempre considerei o maior guitarrista da história do rock, em todos os tempos.

David Gilmour - Live At Pompeii (2017)

DVD 1
1. 5 A.M.
2. Rattle That Lock
3. Faces Of Stone
4. What Do You Want From Me
5. The Blue
6. The Great Gig In The Sky
7. A Boat Lies Waiting
8. Wish You Were Here
9. Money
10. In Any Tongue
11. High Hopes

DVD 2
1. One Of These Days
2. Shine On You Crazy Diamond (Parts 1-5)
3. Fat Old Sun
4. Coming Back To Life
5. On An Island
6. Today
7. Sorrow
8. Run Like Hell
9. Time/Breathe (In The Air)(Reprise)
10. Comfortably Numb
11. Pompeii Then And Now

Pablo Aluísio.

The Beach Boys - All Summer Long

A grande resposta comercial da indústria fonográfica americana contra a chamada invasão britânica não foi Elvis Presley como muitos pensam. Foi o grupo The Beach Boys. Por isso sempre considerei muito subestimado o papel que esse grupo ocupa nos dias de hoje quando se olha para trás na história da música popular mundial. Eles quase sempre são encarados como surfistas despreocupados que faziam um som de praia, para a moçada da época se divertir nas areias em noites de luar. Uma visão simplista.

Esse álbum foi lançado no auge da Beatlemania, quando o grupo inglês conseguia ocupar praticamente todos os primeiros lugares da parada. Era um fenômeno sem precedentes dentro da indústria. Para combater os cabeludos de terninho a gravadora Capital (ironicamente a mesma que lançava os discos dos Beatles nos Estados Unidos) investiu pesado na panelinha da casa. E onde estava Elvis, o Rei do Rock nesse mesmo período? Ora, estava afundando em Hollywood, estrelando coisas como "Kissin Cousins", filmes ruins que não conseguiam mais chamar a atenção dos jovens. Por isso grupos mais antenados com eles, como o próprio Beach Boys, ocupavam cada vez mais espaço, crescendo no vácuo real deixado por Presley.

O disco é inegavelmente divertido, agradável e com ótima sonoridade. A capa é uma das mais simpáticas da história de rock, como se fosse um recorte de memórias das férias de verão. Assim que se coloca para rodar o ouvinte se depara logo com um dos maiores sucessos do grupo, o clássico "I Get Around", uma faixa que fez muito bonito nas paradas de 64. É sem dúvida uma vocalização perfeita, com uma melodia que lembra um carrossel sonoro. Impecável. Depois dela não temos nada tão talentoso e inspirador. A música que dá nome ao álbum até que é bonitinha, mas nada demais. Sempre implico com seu arranjo que mais parece de canções infantis. Coisas dos garotos da praia. Se você ainda não sabe direito o que é uma beach music sugiro que ouça com atenção a terceira música do disco, "Hushabye". É uma bobagem sentimental que quase sem letra ainda consegue criar um clima de nostalgia no ouvinte. Realmente impressiona pelo clima, nos levando mentalmente a ver um casal de namorados adolescentes passeando pela praia à noite, trocando juras de amor!

"Little Honda" que vem depois foi muito promovida nas rádios, apresentando duas ousadias em se tratando de Beach Boys: tinha um ritmo realmente cortante, de puro rock dos anos 50 e uma duração que era uma verdadeira eternidade para os padrões do grupo: quase sete minutos de duração! Não era assim um Pink Floyd, mas impressionava os brotos dos anos 60. O resto do disco infelizmente é apenas uma repetição de fórmulas, com nenhum momento marcante. Apenas "Drive-In" conseguiu me chamar a atenção, com um bom arranjo e uma letra pra lá de divertida. Enfim é isso. Tudo tão descontraído e descompromissado como um grupo como esse poderia soar naqueles tempos, apesar da grande responsabilidade de ter que encarar o maior conjunto de rock da história nas paradas de sucesso.

The Beach Boys - All Summer Long (1964)
1) I Get Around
2) All Summer Long
3) Hushabye
4) Little Honda
5) We'll Run Away
6) Carl's Big Chance
7) Wendy
8) Do You Remember?
9) Girls On The Beach
10) Drive-In
11) Our Favorite Recording Sessions
12) Don't Back Down

Pablo Aluísio.