segunda-feira, 31 de março de 2008

A Bíblia é uma Mitologia? A Morte de Jesus

A Bíblia é uma Mitologia? A Morte de Jesus
Todo cristão conhece muito bem os detalhes da morte de Jesus de Nazaré. Esses eventos são conhecidos dentro do Cristianismo como A Paixão de Cristo. E que depois de todo o seu sofrimento, ele teria ressuscitado glorioso do mundo dos mortos. Como o Messias, Deus encarnado, ele teria vencido até mesmo a morte! Era a prova maravilhosa de que ele seria mesmo o Filho de Deus, o Messias ungido, enviado ao mundo para salvar toda a humanidade. 

Tudo o que você leu no parágrafo anterior é pura teologia. A Teologia procura interpretar uma história, uma narrativa, de acordo com as crenças de uma determinada religião. Para os cristãos tudo o que está escrito no paragrafo anterior é a mais pura verdade. Nada seria mais verdadeiro do que aquilo que está afirmado nos textos do Novo Testamento. 

Só que para a Ciência da Religião e a História, as coisas não funcionam dessa maneira tão simples. O que aconteceu na morte de Jesus, partindo do pressuposto de que ele tenha realmente existido, é bem mais forte e cruel, embora muito mais próxima da realidade histórica. 

Jesus teria sido morto pelo Império Romano por ter criado uma confusão no templo de Jerusalém. Ele estava tentando começar uma rebelião popular contra o poder romano, estrangeiro, em sua nação. Só que tudo deu errado. O povo judeu não se levantou para lutar ao seu lado. Ele foi preso, torturado, crucificado e morreu na cruz. Simples assim. Não houve ressurreição, nem visitas de anjos, nada. Apenas a cruel realidade de uma morte na cruz, um dos mais infames instrumentos de tortura do Império Romano na Antiguidade. 

Pablo Aluísio. 

A Bíblia é uma Mitologia? O Rei Salomão

A Bíblia é uma Mitologia? O Rei Salomão
O Rei Salomão existiu? Segundo o Velho Testamento o Rei Salomão teria vivido há mais ou menos 3 mil anos! E ele teria sido o homem mais sábio e mais rico de todo o mundo. Sua fortuna, se formos levar o que diz os antigos textos, seria algo em torno de 30 bilhões de dólares em valores atualizados. Só que passados milênios ainda não se encontrou nada, nenhuma prova história de sua existência. Tampouco se sabe nada sobre suas famosas Minas de riquezas, as tais Minas do Rei Salomão. 

Para historiadores modernos a questão é simples: O Rei Salomão jamais existiu! Ele apenas seria um personagem de ficção, de literatura. Só existiria mesmo nas páginas do Velho Testamento. Tal como o Rei Arthur da Inglaterra, ele apenas seria um personagem simbólico que representava o que se entendia ser um monarca ideal, de perfeição. 

Só que a história nos provou que não existiram Reis Perfeitos. O Rei Salomão era apenas um personagem de uma grande mitologia que tentava criar uma espécie de mito fundante dos povos que viveram na Judéia e Israel antigos. Uma maneira de fortalecer o espítiso de nacionalidade de uma nação que estava tentando se reerguer dos escombros depois de ser destruída por povos antigos como os que viviam na Babilônia e também na Pérsia. 

Historicamente nunca se achou nada da existência do Rei Salomão. Faraós do Egito, bem mais antigos do que ele, tiveram suas existências comprovadas. Já esses dois reis mitológicos da antiguidade dos povos hebraicos como Davi e Salomão, nada! Nada foi encontrado. E realmente soa mesmo como pura ficção o tamanho da riqueza de um Rei Judeu naqueles tempos distantes, uma vez que aquela era uma região de desertos, onde não havia metais preciosos, como o Ouro. Então, concluindo o texto: Salomão é apenas um personagem de ficção, sendo que nunca existiu de verdade. Apenas mais um personagem, como tantos outros, da grande ficção épica que é o texto do Velho Testamento. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 30 de março de 2008

A Bíblia é uma Mitologia? Paulo era Homossexual?

A Bíblia é uma Mitologia? Paulo era Homossexual?
Essa é uma pergunta que intriga os historiadores. Aliás até mesmo a existência de Paulo é motivo de controvérsias. São Paulo existiu ou não? Não há provas concretas de sua existência histórica. Apenas temos cartas que são supostamente de sua autoria. Nem todas as cartas que são atribuídas a ele são ditas como verídicas. Para historiadores muitas das cartas que ele supostamente escreveu não foram escritas pelo mesmo autor das outras cartas. Há diferenças significativas de estilo entre elas. Os peritos dizem que foram escritas por autores diferentes. 

Mas supondo que Paulo existiu, ele era homossexual? Bom, a tradição diz que ele nunca se casou. Até aí tudo bem, não haveria maiores problemas. O problema é que os escritos de Paulo (ou seja lá quem foi o verdadeiro autor dessas cartas atribuídas a ele) revelam mesmo um lado homofóbico inegável. Quem escreveu essas cartas tinha um ódio indisfarçável para com os homossexuais? E bem sabemos que muitos homossexuais dentro do armário acabam desenvolvendo um sentimento de homofobia contra os demais gays. Seria esse o caso de Paulo?

A questão é que o texto é muito virulento, chegando mesmo a ser ofensivo. Partindo do pressuposto de que Jesus (se ele realmente existiu) nada proclamou sobre a homossexualidade, essa visão distorcida de Paulo era algo próprio dele, de sua personalidade (se esse Paulo realmente existiu, é claro!). 

Então a origem de todo esse pensamento religioso cristão contra a homossexualidade nasce com esse escritor (ou escritores) que a tradição afirma ter sido um homem judeu, mas cidadão romano, chamado Paulo de Tarso, que não chegou a conhecer Jesus, mas que conheceu Pedro e outros dos 12 apóstolos originais. Ele foi sem dúvida um dos grandes responsáveis pela proliferação cristão na Europa de seu tempo, dali se espalhando para todo o mundo ocidental. E também pode ser apontado como o grande responsável pela homofobia dentro do pensamento cristão. 

Pablo Aluísio. 

A Bíblia é uma Mitologia? O Pensamento Mágico e a Religião

A Bíblia é uma Mitologia? O Pensamento Mágico e a Religião - Procurar por eventos históricos reais nas histórias narradas na Bíblia é um erro. A Bíblia é um conjunto de livros e como tal tem diversos gêneros de literatura em suas páginas. E dentre todos os estilos o mais comum de encontrar é justamente a mitologia. Seres com super poderes, seres alados, anjos, demônios, divindades de todos os tipos, eventos naturais explicados sob a ótica dessa mesma carga mitológica, tudo isso é característico da mitologia e tudo isso pode ser encontrado nas páginas da Bíblia. 

Assim nunca existiu cobra falante, profeta conversando com mula, Moisés abrindo o Mar Vermelho e gente vivendo na barriga de uma baleia. Nem tampouco uma arca com todos os animais da Terra dentro dela. Além disso não teve ressurreição de Jesus porque nenhum ser humano que morre ressuscita. Essa é uma construção da mitologia e da teologia. Acreditar nesse tipo de coisa é acreditar em fábulas mitológicas. 

O pensamento mágico que faz com que um ser humano racional venha a acreditar nessas coisas existe desde os primeiros tempos. As gravuras nas cavernas onde viveu os primeiros homens a andar na face da Terra bem provam isso. Entretanto uma coisa é a história fantástica, cheia de mitos e deuses. Outra coisa é o mundo real, desvendado pela ciência. 

As religiões, todas elas, são fundadas no pensamento mágico do ser humano. O Pensamento mágico é legal, divertido, alivia a agonia do ser. Ajuda a passar pelas adversidades. Afinal acreditar em um deus todo-poderoso que vai lhe ajudar nos piores momentos é algo muito acolhedor e reconfortante. Já o pensamento científico é chato, exige conhecimento e estudo, persistência, ceticismo com as coisas. Obviamente que o ser humano médio iria abraçar o pensamento mágico, a mitologia e a religião. Pena que nada disso no fundo é verdade. É apenas invenção da própria mente humana. 

Pablo Aluísio. 

A Bíblia é uma Mitologia? O Panteão dos Deuses de Israel

Nas mitologias antigas sempre existiram muitos heróis, mitos e deuses. Na cultura das antigas Judá e Israel era a mesma coisa. A religião dos hebreus foi criada com muitos deuses. E quem pensa que o principal deus dos antigos judeus era o Yaweh (o deus Jeová da Bíblia) está muito enganado. O maior dos deuses do panteão cananeu era o deus El. Inclusive o nome Israel provém desse antigo deus pois Israel significava algo como "lutando ao lado de El". 

El era representado por uma imagem que o retratava como um homem muito esbelto, com uma arma nas mãos. Na maioria das vezes ele era mostrado atirando uma flecha contra seus inimigos. Muitas dessas representações, imagens, sobreviveram ao tempo e foram encontradas em sítios de arqueologia por toda a Israel moderna. E El também é citado nas páginas do velho testamento. Ele e os demais deuses de Israel. Basta ir atrás de traduções honestas da Bíblia. 

Ninguém era maior que El para os antigos hebreus. E ele tinha uma esposa chamada Asherah que era muito popular entre o povo da época. Era considerada a Rainha do Céu, a esposa querida de El. E esse casal divino tinha filhos, que também eram deuses, sendo os mais conhecidos Baal e Pah. 

Yaweh era um deus estrangeiro quando começou a ser cultuado pelos antigos hebreus. A ciência da arqueologia o situa como surgido em terras que hoje pertencem aos povos árabes. Pois é, por uma grande ironia da história o deus que iria dominar e passar a ser cultuado de forma exclusiva pelos judeus - e depois pelos cristãos - foi fruto da criação da cultura árabe! Durma com um barulho desses!

Pablo Aluísio. 

sábado, 29 de março de 2008

O Jesus da História

O Jesus da História
Eis uma pergunta que deixa muita gente surpresa! Jesus de Nazaré era analfabeto? Para o Novo Testamento, não! Ele sabia ler e escrever. Em um dos trechos Jesus lê uma passagem da Torá em uma sinagoga. Em outro trecho Jesus escreve na areia os pecados de homens que queriam apedrejar uma mulher condenada por adultério. É a famosa passagem do "Atire a Primeira Pedra Quem Nunca Pecou!". Um dos trechos mais lindos do Novo Testamento, mas que muitos historiadores e especialistas acreditam que tenha sido colocada muito posteriormente no texto original. 

Pois bem, se a religião ensina que Jesus sabia ler e escrever, o que diz a Arqueologia e a História? Houve escavações arqueológicas na Nazaré original onde Jesus nasceu e viveu. Os pesquisadores ficaram surpresos de não terem encontrado nenhum texto escrito, nenhuma inscrição em seus muros, nada. Também era um lugar muito pequeno, com não mais do que 200 habitantes. 

A conclusão da arqueologia é que a Nazaré onde Jesus viveu era muito pequena, uma vila de camponeses que não sabia ler e nem escrever. Não podemos nos esquecer que na Antiguidade poucos eram alfabetizados. A imensa maioria da população era analfabeta, principalmente os camponeses, classe social de onde veio Jesus. 

Quem sabia ler e escreve era escriba, uma classe social muito prestigiada nos tempos antigos. Além disso Jesus não deixou nenhum texto escrito de próprio punho, o que é muito surpreendente para um homem que queria deixar sua mensagem para os séculos que viriam. Afinal nada poderia ser mais importante do que um Evangelho Segundo Jesus Cristo. Só que ele nunca existiu. Então as provas parecem mesmo caminhar para um Jesus camponês que realmente não sabia nem ler e nem escrever. 

Pablo Aluísio.

A Igreja Católica e o Clero Homossexual

A Igreja Católica e o Clero Homossexual
O Livro "No Armário do Vaticano" é bem interessante. O autor pesquisou e desvendou um segredo de polichinelo, a de que muitos membros do clero da Igreja Católica são homossexuais. Para quem viveu perto da instituição isso não foi exatamente uma grande descoberta. De fato há mesmo muitos homossexuais nas fileiras do Vaticano. Só não esperava-se que fossem tão homofônicos. Pois, infelizmente são mesmo!

O modo como essas pessoas entraram na Igreja Católica é até bem conhecido. Muitos são de famílias camponesas. A Igreja era vista como um caminho de ascensão social. E foi mesmo para muitos deles. Também seria o disfarce perfeito, pois dentro de uma instituição que cobrava celibato eles poderiam viver sem se casar e de quebra sem levantar suspeitas. 

Claro que um padre, um bispo ou um cardeal homossexual vive na mais pura hipocrisia pois as leis da Igreja proíbem a homossexualidade. Infelizmente muitos vivem como gays, tem casos, mas não se importam com isso. Vivem bem como gays de batina! São hipócritas mesmo e não se importam com isso. 

Ou você pensou que todo mundo nasceu com grandes valores? E isso me fez lembrar dos meus dias de juentude quando era aluno Marista. Não, eu nunca fui molestado por um padre, mas era claro que muitos deles eram gays. Eu me lembro de um coordenador da sexta série que era obviamente gay! Um homem muito bom e simpático, gente boa mesmo, mas que claramente era homossexual. E havia muitos outros. Uma realidade que pude ver com meus próprios olhos pelos corredores da escola católica onde estudei. 

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 28 de março de 2008

De Onde Surgiu a Alma e o Espírito?

De Onde Surgiu a Alma e o Espírito?
Hoje em dia todos sabem o que é uma alma ou um espírito. Só que esses conceitos não surgiram do nada, pelo contrário, são encontradas suas origens no pensamento humano. É uma criação cultural do homem. E ao contrário do que muitos pensam essa ideia de alma ou espírito não veio da religião judaica. Nos primórdios o povo judeu não sabia o que era isso. Eles não acreditavam em nada parecido com essa ideia. Era algo que não fazia parte de sua cultura religiosa. O sopro do deus Javé apenas era devolvido ao seu criador após o último suspiro daquele que morria. A morte era o fim de tudo. Aquela pessoa que havia morrido deixava de existir. 

Aliás o mundo dos deuses era bem concreto para os antigos judeus. O deus Javé (ou Jeová) tinha existência concreta. Homens escolhidas poderiam ver sua face e até mesmo tocá-la como fica bem claro na própria Bíblia. O lugar onde vivia tinha existência concreta. Os homens tentaram chegar lá com a Torre de Babel, mas se deram mal pois isso não era permitido. Claro, tudo dentro da visão da pura mitologia. E não podemos nos esquecer que a mais antiga representação de Javé (ou Jeová) foi achada pela arqueologia. Era um deus representado com corpo de homem e cabeça de touro, com um grande pênis que arava a terra, trazendo alimentos e vida.

Então se o judaísmo não criou os conceitos de alma e espírito, de onde eles surgiram? Se você pensou em filosofia e Grécia, acertou. Foram os filósofos gregos que criaram a ideia de que a essência do ser humano era separada do corpo físico. Para a ciência isso não é correto. O que somos, o que pensamos, nada mais é do que uma grande rede de neurônios em nosso cérebro. Nada mais. Quando se morre, nada sobrevive. 

Mas os gregos não pensavam assim. Havia a separação entre mente e corpo, pensamento e mundo físico. Disso vem a ideia de alma e de espírito. É o que sobrevive à morte física. De certo modo é uma forma de pensar que traz conforto para os familiares dos entes falecidos. Conforta pensar que aquela pessoa simplesmente não deixou de existir com sua morte, que ela vive, de alguma forma e em algum lugar. Um pensamento abstrato que apenas a filosofia da Grécia antiga teria capacidade de elaborar e criar. 

Pablo Aluísio. 

Religião é mitologia?

Religião é mitologia?
Religião é a mitologia que os incultos pensam ser a verdade dos fatos históricos. Infelizmente é isso mesmo. O sujeito vai na Igreja e pensa que um homem chamado Móises abriu o Mar Vermelho e que isso aconteceu mesmo na história. Desconhece que essa mitologia de Móises foi usada em inúmeras outras culturas da antiguidade. E se eram mitologias em outros povos, por que não seria mitologia em relação aos textos que hoje chamam Bíblia?

Incluive nunca se foi provada pela arqueologia ou história a existência de um Móises, nem tampouco que houve um exôdo em massa pelas areias do deserto contando com milhares e milhares de judeus que fugiam do Egito. Nada disso jamais foi comprovada pela ciência até os dias de hoje. 

Possa ser que alguns dos nomes citados no velho testamento sejam inspirados em pessoas reais que viveram há milhares de anos, entretanto as histórias contadas são pura mitologia mesmo. Não houve a abertura do mar vermelho, nunca existiram Adão e Eva, nem muito menos uma cobra falante, nem uma mula falante. Todos são personagens de contos antigos, pura mitologia, nada mais do que isso. 

O próprio deus Jeová é pura mitologia. Ele não difere em nada de tantas centenas de deus do mesmo período histórico, seja do povo judeu, seja de outros povos da antiguidade. Ele aliás nem era o mais importante deus do panteão dos judeus. Esse posto cabia ao deus El que inclusive deu origem ao nome de Israel, ou seja, o povo que adora El. Então vamos parar de infatilidades, por favor. Religião é mitologia, nada muito além disso. 

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 27 de março de 2008

Desvendando Jack, o Estripador - Russell Edwards

Recentemente terminei de ler esse livro intitulado originalmente de "Naming Jack the Ripper" que no Brasil recebeu o título de "Desvendando Jack, o Estripador". O autor inglês Russell Edwards comprou há alguns anos um xale que pertenceu a uma das vítimas do famoso serial killer. Era uma peça muito antiga, já com sinais de desgaste, mas que ainda despertava a atenção dos aficcionados nessa história. Acredite, tanto na Inglaterra, como nos Estados Unidos, há milhares de pessoas cujo hobby consiste exatamente em histórias de psicopatas famosos e infames. Até fóruns na internet se proliferam nesse nicho. Esse xale havia sido tirado de um dos corpos na cena do crime. Um souvenir que o policial resolveu levar para casa e dar de presente para sua esposa! Sim, é algo bizarro se formos pensar com a mentalidade moderna, de que se deve acima de tudo preservar a cena de crime, de que tudo ali deve ficar intocado até a chegada de peritos. Nos tempos de Jack porém isso simplesmente não existia. 

Russell Edwards basicamente dividiu seu livro em três partes. Na primeira ele aproveita para contar sua própria história pessoal. Ele viveu por muitos anos em Whitechapel, na mesma região onde Jack cometeu seus crimes, séculos atrás. Ele conta que ficou admirado mesmo ao saber que aquelas mesmas ruas onde caminhava todos os dias eram as mesmas em que Jack estripou as pobres prostitutas com uma selvageria que chocou o mundo naquela época. E como acontece em muitos lugares de Londres, aquelas ruas estão bem preservadas historicamente, algumas inclusive contando com os mesmos pequenos prédios e cortiços onde Jack atuou. Essa primeira parte do livro, devo dizer, é apenas mais ou menos. Na minha opinião o autor perde muito tempo falando de si mesmo. Quem comprou o livro está certamente focado em Jack e não em Russell.

A segunda parte do livro foi a mais interessante. Aqui toda a história de Jack e seus crimes é contada com riqueza de detalhes. Inicialmente mostrando tudo o que aconteceu nos crimes em si, depois listando uma série de suspeitos. A pergunta sobre quem teria sido Jack, o Estripador, ainda hoje desperta curiosidade. Ele coloca breves históricos sobre cada um dos suspeitos, depois os colocando em dúvida, mostrando evidências da época que os inocentaram. Até um neto da rainha Vitória foi suspeito. E havia advogados, médicos, etc. Qualquer um que apresentasse algum tipo de comportamento estranho, passava a ser suspeito. A polícia da Londres na época recebeu uma enxurrada de denúncias da população. Muita gente foi indicada como o criminoso. No final essa multidão de suspeitos só ajudou a atrapalhar ainda mais a solução do caso. Um fato que eu particularmente desconhecia é de que hoje em dia a Scotland Yard afirma oficialmente que Jack, o Estripador se chamava Aaron Kosminski, um imigrante polonês com problemas mentais que morava em Whitechapel na mesma época em que os crimes aconteceram. Ele chegou a ser detido pelos policiais, porém por falta de provas foi liberado.

Russell Edwards então passa a dissecar tudo o que se descobriu sobre essa estranha figura. Kosminski imigrou para a Inglaterra após a morte do pai. De origem muito pobre, acabou indo para Londres depois que seu irmão se mudou para trabalhar em pequenas fábricas de roupas. Ele teve uma infância muito dura, com muita carência alimentar e falta de apoio familiar. Quando chegou a Londres, ainda bem jovem, muito provavelmente se tornou uma vítima do trabalho infantil que ainda era comum. E sua situação só iria piorar. Aaron Kosminski tinha problemas mentais que se tornariam ainda mais graves com os anos. Quando os crimes de Jack explodiram em Londres, ela já estava ficando completamente insano. Diz o autor desse livro que a comunidade judaica de Londres descobriu que ele era Jack, mas abafou tudo, com medo de uma explosão de violência e preconceito contra imigrantes judeus. Eles providenciaram para que Kosminski fosse internado em um hospício, de onde nunca mais sairia. Morreu ali, vagando entre outros loucos internados como ele. Curiosamente após sua internação, os crimes de Jack cessaram completamente.

Na época os meios forenses de investigação eram bem primitivos. Não havia a ciência que hoje conhecemos para desvendar crimes. Porém o xale, a peça chave de uma das vítimas ainda existia. O autor Russell Edwards decidiu então submeter essa peça de roupa a um criterioso exame de DNA. E eles encontraram mesmo DNA de um homem. Ele então foi atrás de membros atuais da família do suspeito. E após vários exames os cientistas conseguiram descobrir que se tratava mesmo do DNA de Aaron Kosminski. Essa fase de exames de DNA ocupa praticamente toda a terceira e última parte do livro. Claro, é algo importante, a própria razão de existência do livro, porém não posso deixar de comentar que também é um pouco cansativo, por causa do excesso de tecnicismo envolvido. E quem disse que mesmo após todo o esforço do autor desse livro o mistério da verdadeira identidade de Jack chegou ao fim? Parece que um dos charmes dessa história é o fato de que nunca se chegou a uma verdade incontestável. Pelo visto Jack será sempre uma pergunta no ar, mesmo com todas as provas apontando o contrário.

Pablo Aluísio.