Elisabeth Amalie Eugenie von Bayern ou como ficou conhecida na história, a imperatriz Sissi, é uma das figuras históricas mais interessantes do século XIX. Ela foi imortalizada pelo cinema numa série de três filmes estrelados pela atriz Romy Schneider. Os filmes são marcantes, belíssimos de se assistir, com produção classe A e muito glamour, mas na verdade apenas tangenciam a história da verdadeira Sissi. De fato ele foi uma das mais belas imperatrizes da Europa, foi um marco no mundo da moda e da elegância, sua corte foi seguramente uma das mais luxuosas da história, porém havia também seu lado humano com diversos dramas pessoais.
Sissi era extremamente paranoica com sua aparência pessoal, a tal ponto de muitos dentro do palácio chamarem ela de louca. A imperatriz não comia comidas sólidas, com medo de engordar e perder sua fina cintura. Embora fosse alta para os padrões femininos da época, com mais de 1.70m de altura, ela mal passava dos 50kg. Não comia carne, nem doce. Para não ficar sem as proteínas necessárias para sobreviver ela mandava que pedaços de carne fossem triturados para que então ele tomasse apenas o caldo extraído desses pedaços. Também experimentou estranhos tratamentos de beleza para sua pele e seu longo cabelo, que era tratado por damas da corte especializadas em cuidar dele.
Na época pessoas depressivas eram ditas como pessoas melancólicas. Sissi, apesar de todo o luxo e riqueza que tinha era muito depressiva, passando por fases em que seu marido Francisco José I da Áustria pensou seriamente em levá-la para algum tratamento psicológico. Só não o fez para não causar escândalo nas monarquias da época. Para compensar e superar esses momentos de depressão Sissi se dedicou aos esportes. Primeiro comprou cavalos e passava horas cavalgando. Depois inaugurou a moda entre as realezas das longas caminhadas. Ela passava horas caminhando e para não ser reconhecida usava roupas discretas, de camponesas da época.
Sissi também tinha uma obsessão em viajar e navegar. Para falar a verdade nada era tão aborrecido em sua vida do que ficar em Viena. Assim ela pediu ao marido um barco para velejar mundo afora. O imperador, sempre preocupado com sua saúde mental, deu esse presente para ela e depois disso ela nunca mais parou de navegar. Como já havia dado herdeiros ao trono decidiu também "terceirizar" o próprio marido, dando de "presente" a ele uma atriz que admirava. Sissi foi franca com ela, queria que a atriz se tornasse amante do imperador, para que ela pudesse se ver livre das obrigações matrimoniais. Ao que tudo indica Sissi não queria mais ir para a cama com Francisco José. Achava aquilo tudo aborrecido, não gostava mesmo de sexo. Também não queria mais ter filhos pois isso iria estragar seriamente sua silhueta impecável.
Um aspecto interessante em Sissi é que ela tinha verdadeira obsessão não apenas pela beleza, mas pela juventude também. Conforme os anos foram passando ela foi ficando apavorada por perder sua juventude. A filha deu a luz ao seu neto quando Sissi tinha apenas 32 anos de idade, algo que a deixou enfurecida. Nada poderia ser mais longe do ideal de juventude eterna do que se tornar uma avó, principalmente naquele tempo. E foi justamente nessa idade, aos 32 anos, que ela decidiu que não mais iria ser vista em público, nem iria deixar ser retratada em pinturas ou quadros. Não queria ser lembrada com sua imagem de mulher madura. Também parou de sorrir. Numa época em que não havia pastas e nem escovas de dentes, a imperatriz teve inúmeros problemas dentários. E isso tirava a harmonia do conjunto da beleza de seu rosto.
Sissi morreu aos 60 anos de idade, assassinada por um anarquista enquanto caminhava em Genebra. O assassino pegou uma peça que era usada por ferreiros, afiou suas pontas e apunhalou a imperatriz em plena luz do dia, no meio da rua. Ela realmente havia se descuidado de sua segurança pessoal. Queria levar a vida de uma pessoa comum, o que era impossível para uma mulher que era imperatriz do império austro-húngaro. Depois que foi atacada, Sissi ainda foi levada para um hospital, mas chegou morta ao local. A arma branca do assassino acertou seu coração em cheio, colocando fim na vida de uma das nobres mais famosas da história.
Panlo Aluísio.