sábado, 18 de fevereiro de 2023

O Padre

Título no Brasil: O Padre
Título Original: Priest
Ano de Lançamento: 1994
País: Reino Unido
Estúdio: BBC Films
Direção: Antonia Bird
Roteiro: Jimmy McGovern
Elenco: Linus Roache, Tom Wilkinson, Robert Carlyle, Cathy Tyson, Lesley Sharp, Christine Tremarco

Sinopse:
Um padre católico homossexual descobre durante o confessionário que uma jovem está sendo abusada sexualmente pelo pai e precisa decidir como lidar com esse segredo e com os seus próprios segredos pessoais.

Comentários:
Ao longo dos anos, vários filmes receberam o título de "O Padre". Por isso é fácil confundir os filmes entre si. Esse aqui é um filme inglês lançado na década de 1990 e que chegou a ser lançado igualmente nas locadoras brasileiras. É uma produção em parceria entre a BBC inglesa e a Miramax norte-americana. O personagem principal é um padre que tenta esconder sua homossexualidade ao mesmo tempo em que precisa ajudar uma fiel que lhe contou em segredo um crime. Tudo lhe foi passado em confissão. Foram relatados abusos sexuais envolvendo uma jovem de sua paróquia. E aí entra diversos aspectos delicados nessa equação. Como denunciar algo da confissão? Ele não pode abertamente denunciar para as autoridades policiais o que ouviu. E como também tem seus próprios segredos, precisa agir com a devida cautela. E nesse processo, acaba sofrendo uma crise ética pessoal muito acentuada. Um filme muito bom, muito bem dirigido e com excelente elenco. O cinema inglês nunca decepciona na elegância e sofisticação ao tratar mesmo dos temas mais complicados.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Alerta Máximo

Alerta Máximo
Nesse filme o ator Gerard Butler interpreta um comandante de avião comercial que vai fazer um voo entre Cingapura e Tóquio, no Japão. A viagem conta com poucos passageiros, pois será realizada na noite de ano novo. Realmente ninguém quer passar o réveillon dentro de um avião. Entre os passageiros se encontra um criminoso condenado, acompanhado de escolta policial. Mas os problemas não param por aí. Na rota do avião está uma grande tempestade tropical. E atravessá-la vai ser um desafio. Um raio acaba atingindo o sistema de energia do avião, que sofre uma pane geral. Voando manualmente, ele precisa chegar em um lugar seguro para pousar. Acaba encontrando uma velha pista em uma ilha remota e distante das Filipinas. O problema é que a região é conhecida por ser um local de atividade de guerrilhas criminosas. Esses bandidos são acostumados a sequestraram estrangeiros e pedirem resgate por suas vidas. Não vai ser fácil sobreviver a tantos desafios. 

Esse é um bom filme, tem seus clichês e em alguns momentos você sabe com antecedência o que vai acontecer, mas ainda assim se mantém interessante do começo ao fim. Gerard Butler realmente se especializou em fitas de ação, como se tem visto em seus últimos lançamentos. São filmes com boa produção e que se tornam eficazes na tela. De certa maneira, ele tem acertado em suas escolhas, e esse filme é mais um uma boa opção para quem gosta desse tipo de produção. Há três atos distintos e bem localizados na narrativa. A crise em pleno voo, as situações de perigo em pouso e por final, a tentativa de sair daquela ilha de qualquer forma. Coloque aí um grupo mercenário de resgate, e você terá um bom filme no final de tudo.

Alerta Máximo (Plane, Estados Unidos, 2023) Direção: Jean-François Richet / Roteiro: Charles Cumming, J.P. Davis / Elenco: Gerard Butler, Mike Colter, Tony Goldwyn / Sinopse: Gerard Butler interpreta um comandante de avião comercial que vai fazer um voo entre Cingapura e Tóquio, no Japão. Uma viagem mais do que perigosa. Não vai ser nada fácil sobreviver a tantos desafios. 
Pablo Aluísio.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

O Meme do Mal

O Meme do Mal
Pelo visto, Hollywood está sempre antenada com os acontecimentos. Recentemente surgiu uma espécie de desafio para crianças e adolescentes na internet. São situações que preocupam pais e professores, pois colocam em risco a própria integridade física das crianças. Basta lembrar do desafio da baleia azul e da momo. Essa última parece ser a grande motriz incentivadora do roteiro desse fraco filme de terror. Na história, uma garota adolescente acaba se envolvendo em situações perigosas na net. E ela passa a ver uma criatura estranha que surge nas sombras. Parece existir uma ligação psicológica com os pais, mas esqueça isso. O roteiro até que começa essa discussão, mas não leva em frente. Ao invés disso, tudo se resume a partir de certo momento, em mostrar os ataques dessa criatura estranha. 

E aí está o grande problema do filme como um todo. A tal criatura é muito mal feita. Em determinadas cenas, lembra até mesmo um daqueles bonecos de Carnaval de Olinda. Os roteiristas também não se preocuparam em nada em criar uma certa estrutura fixa para o monstro. Todo momento ele aparece com tamanhos diferentes. Surge com 4 metros de altura para depois ser do tamanho de uma pessoa normal entrando em uma casa. Isso é desleixo de um roteiro realmente muito mal feito, de um filme que não assusta. E também demonstra um certo oportunismo barato em aproveitar esses desafios da internet para escrever um roteiro feito às pressas. E fechando tudo com mais uma patifaria, temos esse péssimo título nacional que se torna até mesmo um caso de humor involuntário. Assim, não há filme que sustente em pé diante de tantos aspectos negativos.

O Meme do Mal (Grimcutty, Estados Unidos, 2022) Direção: John Ross / Roteiro: John Ross / Elenco: Shannyn Sossamon, Sara Wolfkind, Usman Ally / Sinopse: Uma garota adolescente acaba se envolvendo em situações perigosas na net. E ela passa a ver uma criatura estranha que surge nas sombras. 

Pablo Aluísio.

The Requin - À Deriva

The Requin - À Deriva
Para que você venha a gostar desse filme, você tem que ter ainda paciência para filmes de tubarão. Esse tipo de filme virou um nicho cinematográfico tão explorado nos anos recentes, que virou até deboche em uma série de filmes ruins. Esse aqui tenta partir de pelo menos uma premissa um pouco diferente. Um casal de norte-americanos se hospeda em uma espécie de bangalô flutuante em um resort turístico no Vietnã. Quando chega uma grande tempestade tropical, esse bangalô se desloca do hotel e vai parar em alto mar. O marido está ferido, sangrando muito. Isso significa que em alto mar, se você sangra, você atrai um monte de tubarões brancos. Então fica assim estabelecida a situação limite central colocada pelo roteiro, com esse casal em alto mar, em um bangalô flutuante e cercado de tubarões por todos os lados. 

Eles tentam fazer uma fogueira para que a fumaça chame a atenção. Só que o tiro sai pela culatra e o próprio bangalô pega fogo, pois era de madeira. A burrice dos personagens é grande, como se pode perceber. Depois disso, não há muito o que se falar. O filme se resume a uma série de ataques sangrentos envolvendo o casal. O filme até que sustenta, porque não cai no deboche e nem na galhofa. É um filme que se leva a sério. Tem algumas boas cenas que realmente mantém o interesse, mas no geral não escapa muito da saturação que esses filmes estão sofrendo há anos. Para falar a verdade, apenas o primeiro Tubarão de Spielberg, lançado nos anos 70, tem um certo status cinematográfico. Todo o resto soa como imitação barata daquele filme original.

The Requin - À Deriva (The Requin, Estados Unidos, 2022) Direção: Le-Van Kiet / Roteiro: Le-Van Kiet / Elenco: Alicia Silverstone, James Tupper, Deirdre O'Connell / Sinopse: Um casal de norte-americanos se hospeda em uma espécie de bangalô flutuante em um resort turístico no Vietnã. Quando chega uma grande tempestade tropical, esse bangalô se desloca do hotel e vai parar em alto mar, cercado de tubarões por todos os lados. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Elvis Presley - King Creole - Parte 1

Falando sinceramente Elvis Presley nunca contou com a boa vontade dos críticos de cinema ao longo de sua carreira. Via de regra seus filmes e suas atuações eram criticadas severamente pelos especialistas da sétima arte. Porém como toda regra tem exceção, em "Balada Sangrenta" (King Creole, 1958) ele finalmente recebeu elogios. As razões são muitas e até bem diferentes entre si. "King Creole" era cinema puro, cinema de qualidade. O fato do protagonista ser interpretado por um rockstar era um mero detalhe. Penso que os fãs de cinema sempre rejeitaram quando ídolos da música tentaram fazer sucesso nesse campo cultural. Havia uma barreira entre as artes. Quem era do cinema estava dentro. Quem era do mundo da música teria que suar para provar seu valor.

Só que ficou mesmo complicado tecer a lenha nesse filme, principalmente quando se tinha Michael Curtiz como diretor. Ele era um símbolo da era de ouro do cinema americano. Dirigiu dezenas de grandes filmes, entre eles "Casablanca", considerada uma obra-prima absoluta das telas. Arrasar com "King Creole" significava arrasar também com Michael Curtiz e isso definitivamente estava fora de cogitação entre os críticos e entre os cinéfilos. Assim eles todos tiveram que reconhecer os méritos do filme, mesmo que para isso precisassem engolir Elvis Presley no elenco.

E a trilha sonora do filme? Outra surpresa maravilhosa. O puro Rock foi deixado um pouco de lado, ou melhor dizendo, as faixas fortes ainda estariam presentes no disco, mas com outra sonoridade. Não havia mais como a banda tradicional de Elvis dar conta dos arranjos, por isso um grupo enorme de músicos foi contratado pela RCA Victor. A maioria deles eram músicos de jazz, de New Orleans. Justamente o tipo de artista que essas músicas pediam. De fato essa sessão de gravação foi a mais peculirar e ímpar da carreira de Elvis até aquele momento. Um tipo de som que ele nunca havia feito antes em sua vida.

E apesar de ser uma espécie de novato nesse tipo de sonoridade, Elvis se deu bem. Ele apenas entendeu que deveria continuar a ser o mesmo cantor de antes. Os arranjos de metais ao seu lado seriam apenas um bônus. E não deixava de ser curioso também que não fazia muito tempo Elvis havia criticado sutilmente o jazz numa entrevista. O jornalista perguntara a ele se gostava de jazz. Elvis respondeu que não. Não iria falar mal do estilo musical, mas que na verdade não ouvia jazz, não gostava e não o entendia muito bem. É de se estranhar que de todos os ritmos musicais Elvis tenha implicado logo com o jazz. Em Memphis esse tipo de música era até bem comum. Só que Elvis parecia bem mais à vontade cantando gospel, blues ou country. O jazz definitivamente não fazia a cabeça daquele jovem de vinte e poucos anos. Porém lá estava ele nos estúdios da RCA Victor, gravando o seu disco mais jazzístico de sua carreira.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

James Stewart e o Western - Parte 3

Em 1946 James Stewart estrelou um dos filmes mais importantes de sua carreira: "A Felicidade Não Se Compra". Dirigido pelo mestre Frank Capra essa produção foi um marco no cinema americano, um dos clássicos mais amados da história de Hollywood. James Stewart foi indicado ao Oscar, assim como o próprio filme que injustamente não foi premiado naquele ano apesar de ter sido indicado aos principais prêmios da noite. Essa ainda hoje é considerada uma das maiores injustiças da academia, em todos os tempos.

Outro filme que marcou demais a carreira de James Stewart nessa mesma época foi "Festim Diabólico", de outro grande mestre e gênio da sétima arte, o diretor Alfred Hitchcock. O filme tinha uma trama absolutamente inovadora, além de uma linguagem dita por muitos como revolucionária, onde Stewart tinha que lidar com longos planos sem interrupção. Era praticamente um teatro filmado, com diálogos complexos e trama bem elaborada.  Essa parceria entre James Stewart e Alfred Hitchcock iria legar para a história do cinema alguns dos melhores filmes da era de ouro de Hollywood. O mestre do suspense achava Stewart o ator ideal para interpretar o homem comum, que se via em situações excepcionais.

Depois de tantos clássicos absolutos da sétima arte era de se supor que Stewart iria seguir em frente nesse tipo de produção, mas ele resolveu dar uma pausa para rodar dois faroestes em seguida. O primeiro foi "Winchester '73" de Anthony Mann. Trabalhar ao lado desse cineasta era ao mesmo tempo uma oportunidade de atuar em grandes filmes, mas também de ter grandes dores de cabeça. Isso porque Mann era um sujeito perfeccionista que exigia dose extra de paciência para os atores que trabalhavam ao seu lado. Juntos fizeram grandes filmes, mas também tiveram grandes brigas no set de filmagens. Era uma luta criativa, acima de tudo. Dois aspectos se destacam nesse faroeste: seu roteiro fora dos padrões, com várias histórias sendo contadas, tendo como referencial um rifle e o excelente elenco de apoio que contava com atores e futuros astros como Rock Hudson, Tony Curtis e Shelley Winters.

Depois desse faroeste que foi sucesso de público e crítica, James Stewart voltou ao velho oeste na produção seguinte. O filme se chamou "Flechas de Fogo" do especialista em filmes de western Delmer Daves. Ao lado de Jeff Chandler e Debra Paget, Stewart atuou nessa produção mais convencional, que contava uma história passada durante as chamadas guerras indígenas. Nesse roteiro James Stewart atuava como um cowboy que encontrava um índio muito ferido no meio das pradarias. Ao ajudá-lo acabava se tornando amigo dos indígenas da região. Em plena guerra entre os nativos e a cavalaria americana, ele se colocava à disposição para negociar um tratado de paz. Um bom faroeste, ainda hoje bem lembrado pelos fãs do gênero.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Monsieur Verdoux

Título no Brasil: Monsieur Verdoux
Título Original: Monsieur Verdoux
Ano de Lançamento: 1947
País: Estados Unidos
Estúdio: Charles Chaplin Productions
Direção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Mady Correll, Allison Roddan, Robert Lewis, Martha Raye, Isobel Elsom

Sinopse:
Após trabalhar 30 anos como bancário, Monsieur Verdoux (Charles Chaplin) é demitido do banco onde trabalha. Desesperado e desempregado, ele passa a seduzir mulheres mais velhas, ricas e solitárias. Ele planeja ficar com suas fortunas pessoais. Assim, o bancário honesto e digno do passado logo se torna um criminoso. Um assassino de mulheres. Filme com roteiro baseado em uma história real.

Comentários:
Orson Welles deu a ideia para Chaplin dirigir e atuar nesse filme. Tudo era baseado na história de um assassino conhecido em Paris como o Barba Azul. Ele cometeu seus crimes durante a primeira guerra mundial. Não foi um bom conselho de Orson Welles para Chaplin. O público não queria ver o ator que havia atuado por tanto tempo como o adorado Carlitos na pele de um criminoso, um assassino frio. A recepção, tanto de público como de crítica, foi a pior possível. Chegou-se ao ponto do filme ser boicotado. Apesar de ter defendido seu filme com veemência na imprensa, Chaplin não conseguiu salvar Monsieur Verdoux do fracasso comercial. Ele acreditava pessoalmente que o filme seria interessante. Uma mudança de ares no tipo de personagem que encarnava no cinema. A verdade é que o público não queria essa mudança. Nessa mesma época, ele foi também acusado de patrocinar atos antiamericanos, de ser um comunista. Ele ficou tão irritado com tudo o que aconteceu, que decidiu ir embora dos Estados Unidos. Decidiu que iria passar sua velhice na distante e fria Suíça, onde não teria que responder processos que o acusavam de ser um membro do partido socialista. E assim foi feito, apesar de sua boa qualidade, esse filme é considerado um de seus grandes fracassos comerciais. Só com o passar dos anos é que ele finalmente foi sendo reconhecido por seus méritos cinematográficos. Antes tarde do que nunca.

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Pinóquio por Guillermo del Toro

Pinóquio por Guillermo del Toro
Do momento em que o diretor Guillermo del Toro decidiu fazer esse filme até o dia em que ele chegou ao público levou-se longos 15 anos de produção. Isso dá uma ideia do trabalho árduo que foi feito para que esse filme fosse finalizado. Fazer mais uma versão de Pinóquio seria banal, por isso del Toro decidiu ir por outro caminho. Ele optou por realizar o filme na antiga técnica de stop motion, uma tradicional linha de animação que estava há muitos anos deixada de lado justamente por causa do grande trabalho a ser realizado. Cenas que duram apenas alguns segundos levavam verdadeiros dias para ficarem prontas. O cineasta teve que importar artistas e animadores especializados nesta técnica de outros países. No total, foram criadas 60 equipes independentes, cada uma com a função de criar uma determinada sequência. O resultado de tanto primor técnico se vê na tela. O filme é realmente tecnicamente perfeito, impecável em todos os aspectos. 

Entretanto esse novo filme do Pinóquio não se resume apenas a um grande feito do aspecto técnico cinematográfico, mas também no roteiro. O diretor Guillermo del Toro resolveu mesclar histórias do livro original com novas ideias que ele introduziu na narrativa. E disso resultou uma história muito boa, inclusive com nuances políticas sobre o fascismo na Itália. Esse é um filme que tem muita alma e coração, falando sobre relações humanas, principalmente entre pai e filho. A perda de um ente querido e a tentativa de reencontrar algum sentido na vida depois disso também são temas tratados. O filme está  concorrendo ao Oscar de melhor animação deste ano e, se vencer, não será uma surpresa pra ninguém. Pelo contrário, será um prêmio mais do que merecido e justo.

Pinóquio por Guillermo del Toro (Guillermo del Toro's Pinocchio, Estados Unidos, México, França, 2022) Direção: Guillermo del Toro, Mark Gustafson / Roteiro: Guillermo del Toro, Patrick McHale / Elenco: Ewan McGregor, Cate Blanchett, Christoph Waltz, John Turturro, Ron Perlman, Tilda Swinton, David Bradley, Gregory Mann / Sinopse: Nova versão da antiga história do boneco de madeira que queria ser um menino de verdade. Baseado no livro original escrito por Carlo Collodi.

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de fevereiro de 2023

Três Cristos

Nesse filme, o ator Richard Gere interpreta um psiquiatra que vai trabalhar em uma instituição onde ele pretende realizar uma pesquisa com pacientes esquizofrênicos e paranoicos. Seu foco se concentra em 3 doentes mentais que acreditam que são Jesus Cristo. O que aconteceria se o médico os reunisse em um ambiente fechado, onde eles poderiam falar o que bem entendessem sobre os outros "messias"? Como eles iriam interagir com outros pacientes que também acreditam que são Jesus? Assim a narrativa desse filme se desenvolve, mostrando os avanços e recuos desta pesquisa, inclusive revelando aspectos tristes e até mesmo violentos dessa aproximação entre os 3 "Cristos". 

Filmes dessa temática costumam ser muito bons e esse aqui não foge a essa regra. Eu me interessei por absolutamente tudo o que vi nesse filme. A estranha personificação de um personagem histórico e religioso por doentes mentais. E a forma como a mente humana pode seguir por caminhos até mesmo misteriosos para a ciência como um todo. O filme é baseado numa história real, o que aumenta ainda mais o interesse em tudo o que se vê na tela. Os atores são excelentes, com destaque para o próprio Richard Gere, que está muito digno em seu papel. O ator Peter Dinklage, que todos conhecem de Game of Thrones, também desenvolve um belo trabalho nesse filme relevante. Enfim, uma história para se pensar um pouco mais sobre a condição da saúde mental dos internos em instituições psiquiátricas e o que pesquisas podem revelar sobre eles.

Três Cristos (Three Christs, Estados Unidos, 2017) Direção: Jon Avnet / Roteiro: Eric Nazarian, Jon Avnet / Elenco: Richard Gere, Peter Dinklage, Bradley Whitford / Sinopse: Psiquiatra vai trabalhar em uma instituição onde ele pretende realizar uma pesquisa com pacientes esquizofrênicos e paranoicos. Seu foco se concentra em 3 doentes mentais que acreditam que são Jesus Cristo. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Gary Cooper no Velho Oeste - Parte 2

Demorou um tempo para que Gary Cooper finalmente se tornasse um astro de cinema, com seu nome estampado em cartazes dos filmes e tudo o mais que estrelas tinham direito. Apenas alguns meses depois ele finalmente foi alçado a essa posição pela Paramount Pictures. O filme se chamava "Bandoleiro Romântico" (Arizona Bound). Era um faroeste de matinê, mas com toques de romantismo, como bem deixava claro o título da produção no Brasil. Cooper interpretava um cowboy chamado Dave Saulter. Ele vagava pelo velho oeste até chegar em uma pequena cidadezinha (velha fórmula dos filmes de western americano). 

Para seu azar chegava na cidade no mesmo dia em que estava sendo roubado do banco local um carregamento de ouro em uma diligência. Claro que tanto ouro assim chamaria a atenção de ladrões e bandoleiros. Cooper assim assumia a figura do mocinho bem intencionado, que salvava inclusive a sua nova amada, interpretada pela bela Betty Jewel, até que conseguisse recuperar o ouro roubado, prendendo todos os bandidos. Filme de praxe, bem de acordo com o que era produzido naqueles tempos. Acabou fazendo sucesso de bilheteria, firmando Cooper como nome comercialmente viável para os estúdios. Nascia mais um cowboy heroico das telas.

Em Hollywood, era normal a assinatura de um contrato com os estúdios com prazo de validade de 7 anos. Esse contrato poderia ter cláusula de exclusividade ou não, dependendo da habilidade do agente de cada ator. Ele assinou um contrato desse tipo com a Paramount e outros ao longo dos anos pois seus filmes renderiam ótimos bilheterias, se transformando em um astro de cinema da velha Hollywood.  Com o dinheiro, comprou uma bela mansão em Beverly Hills, um bairro que se tornaria exclusivo de pessoas que trabalhavam no mundo do cinema. Ele mandou aumentar a piscina para o padrão olímpico, pois adorava nadar. Também construiu um estábulo nos fundos da casa, pois investiu em sua própria criação de cavalos. Não confiava muito nos cavalos de estúdio e tinha medo de sofrer algum acidente mais sério nas cenas de ação, assim começou a ter sua própria criação de cavalos puro-sangue, todos importados da Arábia Saudita. Nessa casa ele viveria até o fim de seus dias. 

Os atores trabalhavam muito. Mal saíam das filmagens de um filme e já estavam em outro. Tudo feito de forma industrializada, a toque de caixa. Logo após "Bandoleiro Romântico" Cooper atuou em um drama chamado "Filhos do Divórcio". Ele não era o ator principal do filme (coube essa honra à atriz Clara Bow), mas tinha importância dentro da trama pois interpretava Edward D. 'Ted' Larrabee, um homem cujo coração estava dividido entre duas mulheres, uma delas o amor de sua adolescência. Seu personagem também tinha nuances psicológicas interessantes para um filme dessa época, pois no fundo não queria se casar por causa dos problemas que vivenciou como filho no casamento fracassado de seus próprios pais.

Pablo Aluísio.