quinta-feira, 10 de novembro de 2022

A Vingadora

Uma jovem retorna para casa de seu pai. Logo descobre que ele está morto. Ele vivia em uma cidadezinha perdida no meio Oeste dos Estados Unidos. Lugar estranho, com gente esquisita. Na realidade, ela tinha intenção de se vingar por tudo de mal que seu pai lhe fez no passado. Só que sua suposta vingança chegou tarde demais. O velho já estava morto há alguns dias. Espalhou-se um boato pela cidade que ele teria dinheiro guardado no pequeno rancho onde morava. Logo foi morto e torturado. E a jovem logo vai descobrir que quem teria obrigação de cumprir a lei seria justamente aquele que saiu em busca desse dinheiro escondido. E assim começa o seu drama, porque ela passa também a ser caçada por esses criminosos impiedosos. Essa gente quer mesmo é colocar a mão em uma grana fácil e nada mais. 

Filme simples, mas ao mesmo tempo bem interessante. Em termos de elenco quem mais chama atenção é o ator Mickey Rourke. Ele interpreta o xerife desta cidadezinha. Nem preciso dizer que o seu personagem é um crápula completo. Um infame com uma estrela de xerife. Não está nem aí para a lei e a ordem. É um dos tiras mais corruptos que já vi em um filme recente. E está disposto a tudo. Mickey Rourke novamente surge em um papel estranho. Apesar de ser um homem da lei, seu figurino é pra lá de bizarro. E mesmo diante de um roteiro simples, ele se destaca. Afinal sempre foi um bom ator. Só foi prejudicado ao longo dos anos por sua própria bizarrice. É definitivamente um cara fora dos padrões.

A Vingadora (Girl, Estados Unidos, 2020) Direção: Chad Faust / Roteiro: Chad Faust / Elenco: Bella Thorne, Mickey Rourke, Emma-Leigh Cullum, Elizabeth Saunders / Sinopse: Uma jovem retorna para a cidade onde seu pai morou e descobre que ele foi morto. Pior do que isso. Ela descobre que está numa armadilha montada por um policial corrupto e seu irmão psicopata com uma longa ficha criminal.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Embattled: Dias de Luta

Parece filme ruim, mas surpreendentemente é um filme muito, muito bom. O ator Stephen Dorff interpreta um lutador veterano de MMA. No passado, ele teve uma vida familiar conturbada. Quando a carreira começou a decolar, ele brigou com a esposa e chegou a bater nela. Foi preso por violência doméstica. Depois abandonou a família, com um filho pequeno. Os anos passam e seu filho cresce. Ele se torna um jovem que está tentando encontrar um rumo na vida. Ainda estudante, ele vê as lutas como uma boa opção para ganhar um dinheiro rápido. E pede ajuda ao pai, que o negligenciou durante toda a sua existência. Inclusive, chegou a passar dificuldades financeiras, pois o velho, mesmo muito rico, nunca o ajudou nessa questão. Então, diante de uma vida familiar tão problemática, o velho lutador decide ajudar o filho, mas as coisas logo saem do controle. Há muitas mágoas no meio de caminho. E um choque entre eles, entre pai e filho, acaba se tornando inevitável. Conforme as tensões aumentam, logo a categoria resolve faturar. O que seria mais bem-sucedido do que uma luta entre pai e filho no octógono? 

Esse filme me surpreendeu. Eu pensei que seria um filme desses de lutas de artes marciais que são feitos em série todos os dias. Mas não, tem um roteiro excelente. Aqui, sim, os personagens são muito bem trabalhados e desenvolvidos. Embora as cenas de luta ainda estejam no centro da questão, eu diria que o mais importante é o relacionamento conturbado entre pai e filho. O ator Stephen Dorff encontra um dos melhores papéis de sua carreira. Ele realmente está excelente na pele desse veterano das lutas, que basicamente é um sujeito inescrupuloso, grosseiro, um verdadeiro escroto. O filme assim se sustenta muito bem até seu final. Vale como drama familiar e funciona também como filme de luta. Recomendo sem restrições.

Embattled: Dias de Luta (Embattled, Estados Unidos, 2020) Direção: Nick Sarkisov / Roteiro: Frank Ragen / Elenco: Stephen Dorff, Drew Starkey, Elizabeth Reaser / Sinopse: Pai e filho, ambos lutadores de MMA, acabam tendo que se enfrentar no octógono. E eles têm um histórico familiar muito conturbado e problemático. As diferenças familiares pelo visto vão acabar sendo resolvidas na base da violência.

Pablo Aluísio.

Boyka: O Imbatível

Boyka, um lutador ucraniano de MMA, durante uma competição espanca seu adversário russo no octógono. Após essa verdadeira surra, o sujeito é levado a um hospital e morre em decorrência dos ferimentos. Boyka então se sente culpado pelo que aconteceu e decide viajar até a Rússia para conhecer a esposa do esportista falecido. Ele quer se redimir e ajudar ela de alguma forma, inclusive oferecendo o valor do prêmio da luta para que ela possa levar sua vida adiante. Só que na Rússia ele acaba caindo nas garras da máfia daquele país, tendo que participar de lutas que são praticamente clandestinas, onde as regras não são bem claras. Desse modo, o que era para ser apenas mais uma disputa por um cinturão de um campeonato se torna um jogo de vida ou morte, pois aqueles mafiosos russos não estão para brincadeira, de nenhuma forma. 

Esse filme me lembrou muito de antigas produções de artes marciais dos anos 90. O roteiro se concentra basicamente em oferecer ao espectador boa cenas de luta e combate. A questão do desenvolvimento dos personagens e da dramaturgia, obviamente, fica em segundo plano. Quem quer assistir um filme desses deseja ver acima de tudo boas cenas de lutas em combates bem coreografados, realistas. Nesse aspecto o filme não decepciona. O uso de câmera lenta nas cenas foi feito especialmente para colocar o espectador ali, no centro da luta. E as tomadas são bem realizadas, com golpes que ficam muito bem em uma tela de cinema. Penso que dentro de sua categoria de filme, esse "Boyka: O Imbatível" não vai decepcionar. No final se torna uma boa franquia para o ator Scott Adkins. 

Boyka: O Imbatível (Boyka: Undisputed IV, Estados Unidos, Bulgária, 2016) Direção: Todor Chapkanov / Roteiro: David N. White / Elenco: Scott Adkins, Teodora Duhovnikova, Alon Aboutboul / Sinopse: Lutador da Ucrânia, vai até a Rússia para conhecer a esposa do adversário, que morreu após uma luta com ele. Com boas intenções, ele acaba em uma armadilha montada pela Máfia russa que organiza lutas clandestinas.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de novembro de 2022

Seminole

Rock Hudson não fez muitos filmes de western ao longo de sua carreira. Se formos analisar bem sua filmografia logo perceberemos que ele sempre foi um ator de dramas e depois de comédias românticas, como os grandes sucessos de bilheteria que filmou ao lado da atriz e cantora Doris Day. Isso porém não significa que não foi para o velho oeste nas telas. Claro que fez filmes no estilo, ainda mais na época em que os filmes de faroeste eram extremamente populares. Aqui ele volta à boa forma. Na trama um tenente do exército americano chamado Lance Caldwelll (Rock Hudson) chega em distante forte militar situado nos pântanos da Flórida. Sua guarnição tem a missão de pacificar o local, destruindo e capturando um bando de índios renegados da tribo Seminole liderados pelo rebelde chefe conhecido como Osceola (Anthony Quinn).

O argumento do filme é baseado em fatos reais. A tribo Seminole realmente lutou contra o exército americano na Flórida. O grande chefe Osceola também é um personagem real. Já o tenente Lance Cadwell (Rock Hudson) é totalmente fictício. O desfecho do filme também não condiz com a realidade dos fatos. O chefe Osceola não morreu conforme vemos na tela. Apesar disso e do fato de existir outros erros históricos no roteiro, não há como negar que "Seminole" é um western muito bom. Seus méritos surgem logo no começo do filme com uma curiosa inversão de valores - algo realmente raro na década de 1950. Aqui os índios não são vilões carniceiros e nem os soldados americanos são heróis virtuosos. Pelo contrário, o que vemos no roteiro é uma civilização tentando manter seus hábitos e costumes, seu estilo de vida, em vista da invasão do homem branco. Já era um sinal de mudança dos filmes retratando esse período histórico dos Estados Unidos. A mentalidade começava a mudar, mesmo que aos poucos.

Outra questão importante: o mais alto oficial americano na estória é simplesmente um sujeito antipático, que toma as decisões erradas. Em um grande trabalho de caracterização, o ator Richard Carlson compõe um major totalmente fora de controle, megalomaníaco e até mesmo psicótico em certos momentos. Assistindo ao filme, vendo as tropas atoladas no pântano da Flórida, me lembrei daquela frase que diz: "Não existe situação mais grave do que a de ser comandado por um idiota". É isso o que vemos aqui - uma tropa liderada por um completo inepto. Outro aspecto curioso do filme é o fato dele se passar na Flórida, no meio pantanoso, bem diferente dos faroestes que estamos acostumados a assistir, em longas planícies do deserto no oeste selvagem. Enfim, gostei bastante de "Seminole", um filme com pequenos erros históricos certamente, mas socialmente muito consciente. Um parente distante de produções como "Dança com Lobos" onde a questão do nativo americano foi tratada com respeito e seriedade.

Seminole (Seminole, Estados Unidos, 1953) Direção: Budd Boetticher / Roteiro: Charles K. Peck Jr. / Elenco: Rock Hudson, Anthony Quinn, Richard Carlson, Barbara Hale / Sinopse: Um tenente do exército americano é enviado para um forte localizado na Flórida. A região é constantemente fonte de tensão pois os nativos americanos não aceitam a presença do homem branco em suas terras ancestrais.

Pablo Aluísio.

O Justiceiro Mascarado

Na fronteira entre um reserva indígena e o território do homem branco, se instala um clima de tensão, com acusações de ambas as partes de violação do tratado que foi assinado entre os Apaches e o governo americano. Os índios acusam os brancos de invadirem suas terras sagradas e os brancos acusam os indígenas de roubo de gado e cavalos. No centro da briga se encontra uma montanha sagrada para a nação Apache. O que poucos sabem é que na realidade a região é um grande depósito de prata, o que obviamente desperta cobiça e inveja nos bandidos da região. Para evitar o iminente conflito entre as partes e manter a paz, surge um desconhecido cavaleiro errante mascarado, cavalgando nas montanhas conhecido apenas como “Lone Ranger”. Ele tentará de todas as formas desmascarar os interesses daqueles que desejam a guerra entre brancos e índios, com o claro propósito de se apoderar da prata pertencente às terras da reserva indígena. Ao lado de seu cavalo Silver e seu assistente nativo conhecido como Tonto, o Lone Ranger vem para trazer justiça e paz ao velho oeste.

Ótimo western que trouxe para as telas de cinema as aventuras desse personagem tão carismático do faroeste em sua era de ouro. Originalmente conhecido como Lone Ranger, ele no Brasil também recebeu o nome de Zorro ou "Zorro Americano", para não ser confundido com o "Zorro Espanhol", de capa e espada, que aliás era o verdadeiro Zorro. Esse Zorro Made in USA também tinha suas características pessoais como as balas de prata, o figurino azul e branco e o famoso grito “Hi-Yo Silver” – que marcou muito o Lone Ranger, ou Cavaleiro Solitário. Esse foi seu primeiro grande filme de sucesso, fruto da imensa popularidade da série de TV que ficou no ar praticamente uma década, com imenso sucesso de audiência. Para se ter uma idéia da popularidade desse personagem basta dizer que ao total foram realizados 23 filmes com ele ao longo de todos aqueles anos. Ele também virou revistas em quadrinhos e deu origem a uma bem sucedida linha de brinquedos, roupas, etc. A garotada realmente amava esse personagem, que era de certa forma um "super-herói" que atuava no velho oeste americano.

Nesse western de 1956 é interessante destacar seu roteiro bem trabalhado. Principalmente se formos levar em conta que esse filme era uma produção direcionada para o público infanto-juvenil. Outro ponto de destaque era a excelente presença do astro Clayton Moore que além de galã e herói, se revelava também bom ator, como bem prova quando interpreta “o mineiro”, um dos disfarces que o Lone Ranger usa para se infiltrar e obter informações com o inimigo. Enfim, não deixe de assistir pois é um dos filmes mais deliciosamente nostálgicos já feitos.

O Justiceiro Mascarado / Zorro e o Ouro do Cacique (The Lone Ranger, Estados Unidos, 1956) Direção: Stuart Heisler / Roteiro: Herb Meadow / Elenco: Clayton Moore, Jay Silverheels, Lyle Bettger / Sinopse: O misterioso cowboy Lone Ranger (Clayton Moore) ao lado do parceiro e amigo Tonto, tentam evitar uma guerra entre brancos e índios na fronteira de uma reserva indígena da nação Apache.

Pablo Aluísio. 


Caçada Brutal

Título no Brasil: Caçada Brutal 
Título Original: Children of the Dust
Ano de Lançamento: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: The Königsberg Company
Direção: David Greene
Roteiro: Clancy Carlile
Elenco: Sidney Poitier, Michael Moriarty, Joanna Going, Hart Bochner, Regina Taylor, Shirley Knight

Sinopse:
Gypsy Smith (Sidney Poitier) é um pistoleiro e um caçador de recompensas. Ele se alia ao Exército dos Estados Unidos em um acampamento Cheyenne para capturar um suspeito renegado, um homem violento e perigoso, procurado vivo ou morto pela lei, dando origem a muitos problemas naquela região de fronteira.

Comentários:
Originalmente esse faroeste foi lançado como minissérie na TV dos Estados Unidos. Depois de um sucesso relativo de público e crítica, acabou sendo lançado em VHS no Brasil. Em termos gerais é bem convencional. Porém, não podemos desmerecer e nem diminuir a importância de se ter um ator como Sidney Poitier no elenco. Esse foi um dos grandes nomes da cultura e das artes de seu tempo. Principalmente da arte cinematográfica. Ele é a principal razão para se conhecer esse filme. Entretanto procure pela versão original, ignore a editada que foi lançada no Brasil. Essa edição feita para o Brasil prejudicou o desenvolvimento da história, deixando tudo meio truncado. A história não flui adequadamente, por isso, a versão que foi lançada em nosso país deve ser deixado de lado. De qualquer maneira deixarei a recomendação, muito em razão da presença de Sidney Poitier.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

A História de Rock Hudson - Parte 13

Por volta da segunda metade da década de 60 o cinema americano começou a mudar. A contracultura, a geração hippie e os novos valores mudaram completamente os paradigmas que tinham sido a base da indústria do cinema por décadas. De repente o público passou a exigir uma nova postura dos roteiros e dos próprios atores em si. Galãs como Rock Hudson, que mais pareciam príncipes encantados montados em cavalos brancos, começaram a sair de moda.

O público agora estava começando a prestar a atenção em uma nova geração de atores que representavam homens comuns, com todos os problemas inerentes ao dia a dia, ao cotidiano. Novos astros surgiam como Al Pacino, Robert De Niro e Dustin Hoffman. Nenhum deles era exemplo de beleza masculina e nem lembravam em nada os antigos galãs ao velho estilo como Rock Hudson. O ator percebeu o que estava acontecendo ao seu redor. Aos mais próximos comentava estar surpreso ao ver o sucesso dessa nova geração que surgia chegando ao ponto de chamar todos eles de "monstrinhos" pois não eram nenhum exemplo de boa imagem - Pacino, por exemplo, mais parecia um pasteleiro de Nova Iorque.

De uma forma ou outra o cinema havia mudado e Rock não fazia mais parte dessa nova revolução no modo de atuar e interpretar. Suas últimas comédias românticas não faziam mais sucesso e seu contrato com a Universal chegou ao fim. Rock nasceu dentro do estúdio, foi lapidado e criado dentro dos corredores da grande empresa mas agora a Universal ja não tinha mais interesse nele como profissional. De repente Rock se viu na condição de free lancer, algo que lhe apavorava pois sempre contou com a infraestrutura de seu estúdio para resolver tudo. Com as malas na mão o antigo astro de repente se viu sem ter para onde ir. Nesse momento crucial de sua carreira ele finalmente resolveu mudar de agente. Despediu Henry Wilson, seu empresário desde os primeiros filmes, e partiu para outra.

Outro problema é que apesar de toda a discrição em sua vida pessoal os boatos de que era gay começavam a ficar mais fortes. Um dos mais persistentes afirmava que ele havia se casado com um apresentador de TV famoso. No meio de tantos problemas Rock acabou sendo salvo pela televisão. Sem espaço no cinema ele acabou indo para a série "McMillian e Esposa" que logo se tornou um grande sucesso de audiência. Rock aproveitou o que tinha ao alcance da mão mas odiava com todas as forças o novo meio onde trabalhava. De fato apenas depois quando começou a ir para o teatro é que readquiriu o gosto por seu trabalho. O mundo havia mudado e para sobreviver é preciso mudar, evoluir, uma lição que Rock Hudson aprendeu do jeito mais duro.

Pablo Aluísio. 

Cedo Demais para Amar

Título no Brasil: Cedo Demais para Amar
Título Original: Too Soon to Love
Ano de Lançamento: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Richard Rush
Roteiro: László Görög
Elenco: Jennifer West, Jack Nicholson, Richard Evans, Warren Parker, Jacqueline Schwab

Sinopse:
Amantes adolescentes solteiros recorrem a medidas desesperadas depois que seu encontro clandestino resulta em uma gravidez não planejada. E agora, como esses jovens vão lidar com uma questão tão complexa e delicada?

Comentários:
O filme foi lançado bem no começo da carreira do ator Jack Nicholson. Ele era basicamente um ator desconhecido, sem nenhuma relevância. Apesar de seu papel pequeno, ele até que se sai bem. O filme mostra a questão da gravidez indesejada na adolescência e das consequências que isso pode causar na vida de dois adolescentes. A questão sexual é amenizada, uma vez que o filme é de 1960. Ainda assim, temos questões importantes tratadas nesse roteiro. De modo em geral, é um reflexo daquela Juventude que era muito mais oprimida do que a que temos hoje. Entretanto, a questão da gravidez fora de hora ainda é um tema muito mais atual do que se pode pensar. Basta ver o alto índice de adolescentes que ficam grávidas. E acabam prejudicando o seu futuro. Não apenas no Brasil, mas nos Estados Unidos também. Enfim, um filme que se não é maravilhoso, pelo menos trata de um tema importante.

Pablo Aluísio.

domingo, 6 de novembro de 2022

Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 29

Depois de muita discussão dentro do estúdio finalmente a Paramount Pictures resolveu contratar Marlon Brando para estrelar "O Poderoso Chefão". O cachê do ator foi estabelecido em 500 mil dólares, um valor irrisório para os padrões atuais, mas que seriam muito bem-vindos para Brando que na época estava em dificuldades financeiras. Seu nome estava envolvido em muitos processos, desde os que disputavam as guardas de seus filhos com ex-esposas, como os que lhe cobravam inúmeras dívidas de sua companhia cinematográfica que havia ido à falência. Levantar dinheiro rápido era algo extremamente necessário para o ator naquele momento.

Antes das filmagens começaram Brando resolveu fazer uma viagem até Omaha, sua antiga cidade, onde havia passado a infância. Fazia muitos anos que Brando tinha ido até aquele lugar e ele se encontrava nostálgico dos velhos tempos. Assim que chegou na cidade Brando foi até sua antiga casa, que ainda estava lá, em pé. Ficou alguns minutos em frente a ela, mas logo começou a lembrar que sua mãe havia sido uma alcoólatra e que seu pai fora um homem violento e abusivo com os próprios filhos. Isso deixou a visita com um sabor de triste melancolia. Brando deu meia volta, foi até uma lanchonete próxima onde tomou café e foi embora de Omaha para sempre. Ele havia percebido que não mais pertencia àquele lugar e que não tinha mais nada a fazer ali. Nunca mais voltaria a Omaha. Aquela visita de menos de duas horas havia sido o seu adeus definitivo às suas origens.

De volta a Nova Iorque, Brando foi para seu primeiro dia de filmagem. Ele foi apresentado formalmente pelo diretor Francis Ford Coppola para todo o elenco. Al Pacino, James Caan, todos eles estavam ali diante daquele que consideravam o maior ator vivo. Brando percebeu que havia uma certa reverência em torno de si e decidiu que aquele clima não seria muito bom para as filmagens, por isso tratou logo de se tornar amigo de todos, procurando não agir como alguém superior, mas sim como a um igual, um ator a mais no elenco. Para demonstrar sua humildade mandou o estúdio parar de enviar limusines luxuosas para lhe pegar em seu hotel. Um carro comum já era o bastante. A atitude de Brando pegou muito bem entre os demais atores e a equipe técnica. Na hora do almoço Brando procurava fazer suas refeições no refeitório do set, ao lado de técnicos, câmeras e quaisquer pessoas que estivesse trabalhando no filme. Ele não queria passar a imagem de um astro arrogante e vaidoso, cheio de si.

Ele logo percebeu que Coppola era um grande diretor. Ambos conseguiam trabalhar muito bem juntos. Eles tinham uma visão parecida sobre a máfia americana. Para eles a máfia era uma instituição tão americana como a Casa Branca ou o monumento à Lincoln. Em entrevistas após o lançamento do filme Brando explicou esse ponto de vista dizendo: "No fundo tudo são negócios. A máfia não quer criar algo pessoal com seus inimigos, não, nada disso, o que se precisa é apenas acertar algo que não está indo no caminho certo nesse mundo de negócios. A máfia é capitalista. Se alguém está colocando problemas em seus negócios deve ser tirado do meio do caminho. Nada pessoal, apenas negócios!".  O filme acabou se tornando a maior bilheteria do ano. Um grande sucesso tanto de público, como de crítica. Brando sabia que seu nome estava sendo cogitado para o Oscar e preparou uma surpresinha para a Academia, caso viesse a vencer. Essa, porém é uma outra história...

Pablo Aluísio.

sábado, 5 de novembro de 2022

They / Them - O Acampamento

Nesse filme, o ator Kevin Bacon interpreta o coordenador de um acampamento. Só que não é um acampamento comum. Na realidade, é um acampamento onde jovens homossexuais que estão insatisfeitos com sua vida tentam mudar sua forma de ver a vida. Mudar sua orientação sexual. É a tal da cura gay sob um verniz mais civilizado. Vamos colocar nesses termos. Acontece que, na realidade, aquele acampamento que parece ser algo até bucólico e ligado à natureza, na verdade, foi um lugar onde no passado, vários crimes foram cometidos. E os jovens LGBTs não parecem muito empenhados em mudar sua orientação sexual. Para azar deles, também há um serial killer envolvido. Ele anda pelas sombras da Floresta, e de vez em quando mata um dos membros do acampamento. Quem poderia ser esse assassino em série? A dúvida fica no ar até a última cena do filme, como era de se esperar de um roteiro como esse.

Esse terror tem pouca coisa original e tem muita coisa copiada do passado. O roteiro é uma mistura irregular. A parte original vem do fato de que os jovens são LGBTs, que estão em um acampamento de cura gay soft. O roteiro até se esforça para desenvolver a personalidade de alguns deles. Nada muito aprofundado, apenas algo para que o público se importe quando eles estiverem em perigo. Agora, o que é realmente uma imitação barata dos filmes de terror dos anos 80 é o tal assassino mascarado com a faca. Até a máscara parece uma imitação da máscara de hockey usada por Jason na linha de filmes "Sexta-feira 13". Fica aquela sensação de que você já assistiu esse filme antes e ele era bem melhor. Assim, o que temos é um terror de mediano para fraco que não inova em quase nada. Não acho que vá satisfazer o admirador habitual de filmes de terror.

They / Them - O Acampamento (They/Them, Estados Unidos, 2022) Direção: John Logan / Roteiro: John Logan / Elenco: Kevin Bacon, Theo Germaine, Anna Chlumsky / Sinopse: Um grupo de jovens homossexuais é enviado para um acampamento sob pressão dos pais. E acabam a mercê de um perigoso assassino serial que começa a matar quem encontra pela frente.

Pablo Aluísio.