E assim, contra todas as expectativas, Marlon Brando aceitou fazer um teste de câmera para o papel de Vito Corleone no filme "O Poderoso Chefão". O ator só fez uma exigência: o teste deveria ser feito em sua própria casa em Los Angeles. Quando a equipe da Paramount chegou em sua mansão para instalar os equipamentos, Brando surgiu do alto da escada, vestindo um kimono japonês, comprado quando ele estava no Oriente filmando "Casa de Chá do Luar de Agosto". Parecia tranquilo e bem humorado, mesmo sabendo que aquele era um momento crucial em sua carreira.
Para ajudar na caracterização Brando resolveu colocar pequenas almofadas em sua boca, para da a impressão de que seu personagem tinha grandes bochechas, como um bondoso pai pois era justamente esse tipo de caracterização que o ator estava construindo. Para Brando o chefe do clã Corleone não poderia se parecer com um gângster comum, como aqueles que o cinema havia retratado nos anos 1940. Para Brando o importante era humanizar o velho Corleone, o mostrando na tela como um bom pai de família que precisou entrar para o mundo do crime justamente para proteger os seus entes queridos.
O teste foi um sucesso. Ninguém mais poderia atuar daquela forma. Mesmo estando em baixa, comercialmente falando, em Hollywood o talento inigualável continuava lá. Brando ainda era um monstro na arte da atuação, um verdadeiro gênio. Houve uma certa apreensão por parte do estúdio em relação à máfia italiana real. O centro dos negócios das grandes famílias mafiosas em Nova Iorque era situado no bairro de Little Italy. Alguns diziam que a máfia poderia causar problemas durante as filmagens. O medo era real na Paramount. Brando não se intimidou. Durante as filmagens resolveu ir lá, in loco, para testar o clima de tensão que poderia estar se formando entre a comunidade italiana. Para sua surpresa Brando foi recebido como um herói por parte dos membros reais da cosa nostra. Todos entenderam perfeitamente que Brando estava interpretando o chefão da máfia de forma muito respeitosa e coerente com a própria história de muitos dos primeiros imigrantes italianos que chegaram em Nova Iorque no começo do século.
Brando até mesmo ficou bastante admirado pois ao sentar-se em um pequeno restaurante em Little Italy, logo foi recebido com honras pelos donos da cantina, tão tipicamente siciliana. Mais do que isso, todos já sabiam de antemão os pratos favoritos do ator, seus hábitos à mesa, etc. Certamente Brando havia sido cuidadosamente estudado pela máfia italiana. Quando chegou a hora de pagar a conta o dono do restaurante foi claro: "Senhor Brando, seu dinheiro não tem valor aqui no bairro - ninguém teria coragem de cobrar de uma figura tão ilustre!". Marlon ficou envaidecido e procurou dar ainda mais o melhor de si no filme que no final das contas mudaria sua carreira para sempre. Embora tivesse uma filmografia incomparável até aquele momento, nada conseguiria superar a repercussão desse novo filme, que em breve seria considerado um dos maiores de todos os tempos.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 3 de novembro de 2022
quarta-feira, 2 de novembro de 2022
Elvis Presley - Loving You - Parte 4
Um dos aspectos que a discografia de Elvis Presley de uma maneira em geral deixou a desejar foi a ausência de músicas compostas pelos maiores compositores da história da música dos Estados Unidos. Elvis, como grande astro, poderia ter gravado discos e discos apenas com a fina flor da canção americana. Apenas com os mais consagrados autores de todos os tempos. Porém, infelizmente, só esporadicamente esse encontro entre o talentoso cantor e esses gênios da criação musical aconteceu.
Um desses raros encontros podemos encontrar aqui no álbum "Loving You". Se trata de "True Love", composta pelo grande Cole Porter, considerado por muitos historiadores de arte como um dos maiores gênios da música mundial. Porter foi aclamado desde cedo em sua carreira. Ao longo de sua vida compôs verdadeiras preciosidades em forma de notas musicais. Elvis poderia ter gravado muitas canções de Cole Porter ao longo da vida, mas isso infelizmente não aconteceu. Seus direitos autorais eram considerados caros demais pelo Coronel Parker. Além disso havia essa mentalidade de que Porter estava fora do espectro do que se esperava encontrar em um disco de Elvis Presley. Era algo mais alinhado com os álbuns de Frank Sinatra, para alguns. Um erro de percepção em minha opinião.
Outra boa aquisição ao álbum em termos de qualidade musical foi essa criação de Ivory Joe Hunter chamada "I Need You So". Aqui havia um toque de gosto pessoal do próprio Elvis. Quem conhece o material gravado de forma amadora na Alemanha, quando Elvis estava por lá servindo o exército, sabe bem que as músicas de Ivory Joe Hunter estavam sempre sendo tocadas por Elvis ao piano em sua casa. Ele gostava muito desse compositor, isso na sua esfera pessoal mesmo, de seu próprio gosto musical. Curiosamente, por anos e anos, Elvis não voltaria a gravar nada dele, só voltando a trazer para seus discos canções de Hunter já nos anos 70, quando já havia se transformado em um artista completamente diferente do começo de sua carreira.
Da dupla de compositores Johnny Russell e Scott Wiseman, o disco traz a boa "Have I Told You Lately That I Love You?". É uma boa canção country and western. Por essa época Elvis ainda surgia com esse tipo de música em seus discos. Depois de um tempo ele iria direcionar seu repertório para um material mais pop, principalmente na era dos filmes em Hollywood. De vez em quando algo country seria gravado, mas em menor escala. As trilhas sonoras exigiam um outro tipo de seleção musical. Em relação ao country Elvis só voltaria a gravar muito material dessa linha nos anos 70, quando aí sim virou um artista tipicamente saído da geração de artistas de Nashville.
Pablo Aluísio.
Um desses raros encontros podemos encontrar aqui no álbum "Loving You". Se trata de "True Love", composta pelo grande Cole Porter, considerado por muitos historiadores de arte como um dos maiores gênios da música mundial. Porter foi aclamado desde cedo em sua carreira. Ao longo de sua vida compôs verdadeiras preciosidades em forma de notas musicais. Elvis poderia ter gravado muitas canções de Cole Porter ao longo da vida, mas isso infelizmente não aconteceu. Seus direitos autorais eram considerados caros demais pelo Coronel Parker. Além disso havia essa mentalidade de que Porter estava fora do espectro do que se esperava encontrar em um disco de Elvis Presley. Era algo mais alinhado com os álbuns de Frank Sinatra, para alguns. Um erro de percepção em minha opinião.
Outra boa aquisição ao álbum em termos de qualidade musical foi essa criação de Ivory Joe Hunter chamada "I Need You So". Aqui havia um toque de gosto pessoal do próprio Elvis. Quem conhece o material gravado de forma amadora na Alemanha, quando Elvis estava por lá servindo o exército, sabe bem que as músicas de Ivory Joe Hunter estavam sempre sendo tocadas por Elvis ao piano em sua casa. Ele gostava muito desse compositor, isso na sua esfera pessoal mesmo, de seu próprio gosto musical. Curiosamente, por anos e anos, Elvis não voltaria a gravar nada dele, só voltando a trazer para seus discos canções de Hunter já nos anos 70, quando já havia se transformado em um artista completamente diferente do começo de sua carreira.
Da dupla de compositores Johnny Russell e Scott Wiseman, o disco traz a boa "Have I Told You Lately That I Love You?". É uma boa canção country and western. Por essa época Elvis ainda surgia com esse tipo de música em seus discos. Depois de um tempo ele iria direcionar seu repertório para um material mais pop, principalmente na era dos filmes em Hollywood. De vez em quando algo country seria gravado, mas em menor escala. As trilhas sonoras exigiam um outro tipo de seleção musical. Em relação ao country Elvis só voltaria a gravar muito material dessa linha nos anos 70, quando aí sim virou um artista tipicamente saído da geração de artistas de Nashville.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 1 de novembro de 2022
Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 10
A carreira de John Wayne seguiu em frente. Alguns filmes rendiam excelentes bilheterias, outros nem tanto. De uma maneira ou outra o ator foi compreendendo que seu público era formado basicamente por jovens que adoravam filmes de western. Por isso Wayne firmou seus pés nesse popular gênero cinematográfico, pronto para assumir o trono que um dia havia sido de Tom Mix e outros cowboys famosos da sétima arte. Era algo natural para ele. Poucos, porém, sabiam que John Wayne não apenas iria superar todos os anteriores em popularidade, como também se tornaria o maior astro de Hollywood nos filmes de faroeste. E seguindo nessa mesma linha John Wayne estrelou "A Ferro e Fogo" (Randy Rides Alone, Estados Unidos, 1934). No poster original desse filme ele aparecia majestoso empinando seu grande cavalo branco. Dirigido por Harry L. Fraser e contando em seu elenco com um amigo de Wayne de longa data, o divertido George 'Gabby' Hayes, o filme trazia Wayne interpretando o personagem Randy Bowers, um cowboy honesto acusado injustamente de um crime que nunca havia cometido. Durante o filme ele tentava provar sua inocência se infiltrando no bando onde estava o verdadeiro criminoso.
"Sombra de Sangue" (The Star Packer, Estados Unidos, 1934) chegou aos cinemas poucos meses depois que seu último filme havia estreado nas telas de cinema. Os estúdios produziam esses faroestes em ritmo industrial e as fitas eram tão lucrativas que em pouco tempo se tornaram o alicerce de praticamente todo grande estúdio de Hollywood. Esse filme em particular foi um dos poucos que John Wayne trabalhou numa companhia pequena chamada Monogram Pictures. Usando os cenários emprestados da Columbia Pictures o filme foi feito a toque de caixa, faturando novamente muito bem nas bilheterias. Era de certa forma lucro certo tanto para os produtores como para o próprio John Wayne. E praticamente a mesma equipe se reuniu para trabalhar novamente juntos em "Para Lá da Estrada" (The Trail Beyond, Estados Unidos, 1934). A direção foi mais uma vez entregue a Robert N. Bradbury. Esse foi o cineasta que mais trabalhou ao lado de John Wayne nessa fase de sua carreira. Muitas pessoas lembram imediatamente de John Ford quando se fala em John Wayne e seus filmes de western, porém a verdade histórica é que ele de fato trabalhou com muitos outros cineastas ao longo da vida. Apenas esses não tiveram o mesmo reconhecimento que John Ford teve e nem seus filmes (na maioria fitas B de matinê) ganharam a notoriedade dos grandes épicos do velho oeste que foram dirigidos por Ford alguns anos depois.
John Wayne teve uma longa parceria com o diretor Robert N. Bradbury (que na época assinava os seus filmes como R.N. Bradbury). Juntos trabalharam em diversas produções dos estúdios pertencentes ao produtor Paul Malvern. Muitos desses faroestes de matinê foram feitos pela Lone Star Productions, um selo cinematográfico da época especializado apenas em filmes de western. Naqueles tempos os filmes de cowboys e índios eram os mais populares do cinema, principalmente para o público mais jovem. Qualquer filme nesse estilo acabava se tornando altamente lucrativo. Era o gênero cinematográfico preferido da América. Um desses sucessos de bilheteria foi "Fronteiras Sem Lei" (The Lawless Frontier). Aqui John Wayne interpretava um personagem chamado John Tobin. Ele era um cowboy de bom coração que via sua vida virar de ponta cabeça após a morte de seus pais. O assassino era um bandoleiro mexicano violento conhecido como Pandro Zanti. Como a lei da fronteira não conseguia se impor a tantos bandidos era chegado a hora de fazer justiça pelas próprias mãos. O filme claro tinha todos os elementos que os fãs de Wayne na época adoravam. Inclusive o sempre interessante tema da vingança pessoal contra uma injustiça cometida por criminosos.
No filme seguinte, o último do ano, John Wayne voltou ao velho oeste no faroeste "Sob o Sol do Arizona" (Neath the Arizona Skie). Era uma espécie de redenção para o astro, agora já uma verdadeira estrela de Hollywood, com seu nome em destaque nos cartazes das produções em que atuava. Para quem havia começado a carreira como um desconhecido dublê, era um grande avanço, sem dúvida. A trama tinha lá seus elementos de histórias de detetive também. John Wayne era o homem da lei que tentava decifrar um mistério. Uma menina, herdeira de uma fortuna em petróleo, havia sido sequestrada. Quem estaria por trás do terrível crime? Curiosamente o próprio ator acabou não gostando muito do filme. Para ele o roteiro era mais adequado para um filme com o personagem Sherlock Holmes. Vaqueiros em seus cavalos não deveriam ser transformados em detetives. Quem poderia discordar dele? John Wayne certamente sabia das coisas em se tratando de filmes de faroeste. Isso era bem óbvio. E com a aposentadoria de Tom Mix ele estava pronto para se tornar o astro mais popular dos filmes de western.
Pablo Aluísio.
Morte sem Glória
Título Original: Attack
Ano de Lançamento: 1956
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Robert Aldrich
Roteiro: Norman Brooks
Elenco: Jack Palance, Lee Marvin, Eddie Albert, Robert Strauss,Richard Jaeckel, Peter van Eyck
Sinopse:
Em 1944, uma companhia de infantaria americana monta um posto de observação de artilharia, mas as tensões entre o capitão Cooney e o tenente Costa aumentam. Dessa maneira, os dois combatentes não precisam apenas vencer o inimigo alemão, mas também a si mesmos no campo de Batalha.
Comentários:
Clássico filme de guerra com ótimo elenco. Aqui só temos a nata dos atores casca grossa da era de ouro do cinema americano de guerra. Liderando o elenco, temos Jack Palance, que muito sucesso fez na época. Com gestos violentos e rudes e rosto de granito dinamitado, ele se destaca completamente em seu papel. Está literalmente possesso nessa interpretação. O outro destaque vem com a presença de Lee Marvin. Outro durão irremediável do cinema. Juntos, eles protagonizam esse filme que é realmente muito, muito bom. O equipamento militar usado no filme foi usado na Segunda Guerra Mundial. Afinal essa produção foi finalizada apenas 11 anos depois do fim da guerra. Assim, quem gosta de história militar vai ter um prato cheio para ver os tanques originais. As cenas de combate também são muito bem realizadas. Curiosamente, o diretor era mais espert em filmes de Faroeste. Só que aqui se sai muito bem também. Enfim, deixo a recomendação para quem gosta desse tipo de filme.
Pablo Aluísio.
domingo, 30 de outubro de 2022
A Taberna do Inferno
Título Original: Paradise Alley
Ano de Lançamento: 1978
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Sylvester Stallone
Roteiro: Sylvester Stallone
Elenco: Sylvester Stallone, Lee Canalito, Armand Assante, Frank McRae, Anne Archer, Kevin Conway
Sinopse:
Três irmãos ítalo-americanos, vivendo nas periferias da cidade de Nova York nos anos 1940, tentam se ajudar na carreira de lutador de um deles, usando para isso as habilidades promocionais de um dos irmãos e das táticas de vigarista de outro para frustrar um gerente desprezível de um clube de lutas.
Comentários:
Stallone ainda estava desfrutando do sucesso do primeiro filme da série Rocky quando estrelou e dirigiu esse filme que eu sempre considerei muito bom. Aliás, é um dos melhores filmes do ator, que ainda hoje, segue pouco conhecido. Assisti pela primeira vez nos anos 80, numa exibição no Supercine, da Rede Globo. Depois disso o filme só melhorou em diversas revisões que fiz. Realmente é muito bom, acima da média. Um fato interessante é perceber como Stallone era ousado e petulante nessa fase de sua carreira. Mesmo ainda não sendo um astro do primeiro time em Hollywood, ele assumia o controle de seus filmes, escrevendo o roteiro e atuando como ator principal. Não era pouca coisa para aqueles tempos. Tinha mesmo que ter coragem. Ainda mais um filme de época como esse, que tinha uma produção muito mais cara do que o convencional. Carros e figurinos dos anos 1940 tinham que ser utilizados. E tudo isso custava e tornava o filme muito mais caro. Penso que aqui Sylvester Stallone demonstrou que realmente tinha muito potencial. Na década que viria, os anos 80, ele iria se tornar o ator mais bem pago de Hollywood.
Pablo Aluísio.
sábado, 29 de outubro de 2022
Terra Assombrada
A história desse filme se passa no velho Oeste americano. Um jovem casal vai morar em um rancho isolado. São quilômetros e mais quilômetros de Terra seca e sem nenhuma alma viva por perto. Para a sorte da esposa, que se sente muito solitária, ela descobre que existe apenas um outro rancho ali na região. Ela encontra outro casal com a mulher da mesma idade dela. Um grande alívio, sem dúvida. No meio do caminho existe um velho cemitério entre os ranchos. E ela, sempre que está muito sozinha, vai até o rancho vizinho para conversar um pouco. A amizade começa bem, mas problemas logo surgem. A jovem vizinha começa a apresentar um comportamento fora do normal, fora dos padrões. Ela diz ver entidades no meio do nada daquele deserto. Durante a noite as coisas só complicam quando encontra um velho folhetim chamado "Demônios da pradaria". Inclusive, esse filme também é conhecido por esse título nacional.
Lobos selvagens começam a cercar o rancho. Mas isso não parece ser tudo. Parece haver uma presença sobrenatural no lugar. Esse filme é muito interessante porque mistura dois gêneros que poucas vezes são unidos com sucesso. Além do western fica bem óbvio que há no roteiro elementos de filmes de terror. A mistura ficou muito boa e bem sutil. O filme investe no suspense e na nuance. Sempre com sugestões. Não cai na bobagem de criar demônios ou figuras do inferno feitas por computação gráfica. Na maioria das vezes, apenas sugere suas presenças nas sombras. E esse é o grande mérito desse pequeno grande filme.
Terra Assombrada (The Wind, Estados Unidos, 2018) Direção: Emma Tammi / Roteiro: Teresa Sutherland / Elenco: Caitlin Gerard, Julia Goldani Telles, Ashley Zukerman / Sinopse: No velho Oeste a jovem esposa de um rancheiro começa a perceber e presenciar estranhos fenômenos sobrenaturais no meio de uma vasta e desértica pradaria.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 28 de outubro de 2022
Reparação
Esse filme, apesar de ser bom, fica ali numa tênue linha que separa dramas e comédias mais debochadas. Essa falta de definição me deixou um pouco incomodado. Até porque eu acredito que a mistura de gêneros deve ser bem dosada. E de uma maneira ou outra o diretor deve escolher que caminho seguir. A história, por sua vez, não deixa de ter sua importância. Conta a história de uma garota, de uma adolescente que se apaixona por um cara da escola. Um sujeito bonitão. Então ela tem uma péssima ideia. Ela manda uma foto de nudes para ele! Como o sujeito é um mau caráter, ele logo compartilha a foto com todo mundo na escola. E isso, obviamente, causa a destruição da reputação da garota. É a face mais moderna e cruel do velho bullying. Desesperada com a demolição de sua imagem no ambiente escolar, ela toma uma overdose de pílulas para dormir. E fica muito mal no hospital.
O pai dela não se conforma e decide fazer um plano de vingança. Atrai o jovem que vazou a imagem para sua oficina. Diz que tem grandes negócios para realizar com ele. A verdade é quer pegar o cara para valer. Pensa em matar ele. Só que punir um bullying com pena de morte seria um pouco demais. Os amigos dele tentam dissuadi-lo dessa ideia. Será mesmo que ele vai dar cabo ao tal sujeito? Assim, o filme segue. Começa com drama, se torna drama pesado e acaba optando por um desfecho que está mais para uma comédia boboca. Esse tipo de coisa não me agradou. Ainda assim, deixo a recomendação. Ter um pouquinho de paciência se torna importante. Com isso o filme até que funciona um pouco melhor.
Reparação (Small Engine Repair, Estados Unidos, 2021) Direção: John Pollono / Roteiro: John Pollono / Elenco: Jon Bernthal, Shea Whigham, Jordana Spiro / Sinopse: Um pai enfurecido e indignado com vazamento de uma foto de sua filha nua na escola decide se vingar do jovem que a vazou para todos.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 27 de outubro de 2022
Dahmer: Um Canibal Americano
Essa série foi lançada pela Netflix em setembro de 2022. No total, conta com 10 capítulos. Acabou se tornando um dos maiores sucessos da plataforma desde seu lançamento, com milhões de visualizações e muita repercussão geral entre os fãs de série. Como era de se esperar, a série conta a história do serial killer Jeffrey Dahmer, assassino em série que ficou particularmente conhecido por causa da atrocidade de seus inúmeros crimes. Ele não apenas matava os homens com quem saía e levava para sua casa, como também praticava canibalismo, necrofilia e outros atos inomináveis. Diante dos absurdos modos de execução de seus crimes, ele acabou ganhando notoriedade. A Netflix assim provavelmente vai abrir um novo leque de séries baseadas em assassinos famosos ou infames. O caminho do sucesso parece ter sido aberto justamente por esta primeira série.
Dahmer 1.01 - Episode One
Esse primeiro episódio começa com o fim de sua longa linha de assassinatos. Foi justamente com esse sujeito que ele tencionou matar e que fugiu do seu apartamento que a casa para Jeffrey Damer finalmente caiu. A série se propõe a ter um roteiro plástico, com idas e vindas no passado do assassino. Isso criou uma certa simbologia e também um bom desenvolvimento para a série como um todo, de modo geral. O modo de agir de Jeffrey Dahmer era sempre o mesmo. Ele ia em boates gays e seduzia homens, de preferência homens negros. Dizia que trabalhava com fotografia e levava esses homens para seu apartamento em troca de alguns dólares. Chegando lá, ele topava a bebida dos homens que perdiam a consciência e a capacidade de reagir. Depois disso, as suas atrocidades aconteciam em série. Esse episódio é bem sintomático do que veremos em toda a série. Há um estilo seco e bem objetivo de narrar os fatos. E tudo foi feito e roteirizado para ser o mais fiel possível ao que aconteceu na vida real. De modo em geral, gostei muito do primeiro episódio. Realmente, uma série que promete muito em termos de suspense e recriação histórica desses eventos terríveis. / Dahmer 1.01 - Episode One (Estados Unidos, 2022) Direção: Carl Franklin / Elenco: Evan Peters, Richard Jenkins, Molly Ringwald.
Dahmer 1.02 - Please Don't Go
Esse segundo episódio traz um fato que é difícil de acreditar, mas que realmente aconteceu. O assassino Jeffrey Dahmer levou um garoto menor de idade para seu apartamento. Usando de seu mesmo modus operandi, ele convenceu o rapaz que iria lhe dar alguns dólares em troca de algumas fotos sensuais. Na realidade, ele queria topar o garoto e depois jogar ácido em sua cabeça, o que fez realmente. A vítima conseguiu fugir do apartamento e foi até a rua em busca de ajuda. Encontrou dois policiais. Bom, estava tudo formado para que Jeffrey Dahmer finalmente fosse preso. Entretanto, como ele era um homem branco e bem apessoado, ele conseguiu convencer os policiais que nada daquilo era um problema. Nada haveria de ser algo sério. Ele disse que era gay, que vivia com o rapaz. E que ele simplesmente estava bêbado demais. Na verdade, havia colocado o ácido em sua cabeça. Um absurdo total. Mesmo com a reclamação das mulheres que moravam no prédio, os policiais deram de ombros e foram embora. Esse é um exemplo claro da questão racial em torno de verificações policiais. O racismo estrutural ficou bem nítido. O garoto era negro, Dahmer era um homem branco. Dizia ser gay, que o rapaz estava simplesmente bêbado. Em quem os policiais acreditaram? Pois é, acreditaram no assassino! / Dahmer 1.02 - Please Don't Go (Estados Unidos, 2022) Direção: Clement Virgo / Elenco: Evan Peters, Richard Jenkins, Molly Ringwald.
Dahmer 1.03 - Doin' a Dahmer
E por falar em inferno, assisti a mais um episódio de Dahmer: Um Canibal Americano. Esse episódio (Doin' a Dahmer) recria seu primeiro crime. Jeffrey Dahmer foi um jovem abandonado pelos pais, que passou a morar sozinho. Tinha tendências homossexuais desde adolescente. Dirigindo por uma estrada deserta, acabou encontrando um jovem que pediu uma carona. Esse jovem estava indo em em direção a um show de rock. Dahmer logo o convidou para ir para sua casa fumar maconha, ouvir alguns discos, curtir. E tudo corria mais ou menos bem nessa malícia gay. Só que quando o rapaz pediu para ir embora, Dahmer perdeu o controle. O matou com um peso de fazer exercícios. Foi seu primeiro homicídio. Curiosamente, Dahmer iria ficar 9 anos no armário. Ele não mataria nesse período. Depois de tudo, de todo esse tempo, e vendo que não foi procurado pela polícia, nem pagou pelo crime, ele entrou naquele frenesi homicida que acabaria dando origem à sua série de crimes inomináveis. Dahmer é um dos grandes sucessos da Netflix em sua história. Cada episódio foi assistido por milhões de pessoas. É um sucesso absoluto que nasceu da história de um dos mais infames assassinos em série da história. / Dahmer: Um Canibal Americano 1.03 - Doin' a Dahmer (Estados Unidos, 2022) Direção: Clement Virgo / Elenco: Evan Peters, Richard Jenkins, Cameron Cowperthwaite.
Dahmer 1.04 - The Good Boy Box
Mais um excelente episódio da série. Aqui, o pai reencontra o filho Dahmer, praticamente abandonado. A mãe foi embora com o filho mais novo e deixou Dahmer a própria sorte. Ele não tem grana e a casa parece abandonada. O pai então decide ajudá-lo. Faz com que ele vá para uma boa universidade, mas as coisas não dão muito certo. Ele é indisciplinado, tem problemas com bebidas. Acaba sendo expulso da universidade. O pai então diz que ele vai para o exército de qualquer jeito. Ele se torna militar, mas novamente as coisas dão errado. Ele aplica um golpe do "Boa noite, Cinderela" em um companheiro de farda e é expulso da corporação. Acaba indo trabalhar como açougueiro e morar com sua avó. Não demora muito e começa a frequentar saunas para homossexuais, onde fica aplicando golpes do "Boa noite, Cinderela" contra gays. O sujeito era realmente sem salvação. Mais cedo ou mais tarde, ele voltaria à matar. / Dahmer 1.04 - The Good Boy Box (Estados Unidos, 2022) Direção: Jennifer Lynch / Elenco: Evan Peters, Richard Jenkins, Molly Ringwald.
Dahmer 1.05 - Blood on Their Hands
Esse episódio traz um claro retrato de como Dahmer era maluco. Mesmo morando na casa da avó, ele não parava de matar e trazer pessoas para dentro de sua própria casa. Colocava substâncias químicas nos copos deles. Elas caíam em sua armadilha. É claro que a avó, mesmo idosa, iria descobrir que algo de errado estava acontecendo naquela casa. Além disso, o cheiro de podre que vinha do porão não deixava nenhuma dúvida. A senhora então chama o pai de Dahmer. Ele tenta dizer que tudo seria apenas seu hobby, mas era mentira. De uma forma ou outra, acabou indo para a prisão pela primeira vez. Por ser um jovem branco e loiro, acabou ganhando a simpatia do juiz. Se fosse negro, iria ganhar 10 anos de prisão, com certeza. Episódio muito bom, que mostra, acima de tudo, que o sistema judiciário americano errou com Jeffrey Dahmer. Ele deveria ter sido preso bem antes. / Dahmer 1.05 - Blood on Their Hands (Estados Unidos, 2022) Direção: Jennifer Lynch / Elenco: Evan Peters, Richard Jenkins, Molly Ringwald.
Dahmer 1.06 - Silenced
Esse episódio tem um diferencial importante pois traz a história de uma das vítimas do serial killer. Um jovem negro, gay e surdo que tinha muitos sonhos em seu futuro. Sua história de vida é contada em detalhes, o que torna ainda mais sofrido seu brutal assassinato. Dahmer usou o mesmo metodo que usava para matar suas vítimas, o velho e conhecido golpe do "Boa noite Cinderela". E o pobre rapaz que sonhava ser um modelo de sucesso pensando estar conhecendo o homem de seu sonhos. Ele queria ter um relacionamento sério em sua vida. Infelizmente encontrou apenas um psicopata em seu caminho. Excelente episódio, considerado por muitos como o melhor da série. / Dahmer 1.06 - Silenced (Estados Unidos, 2022) Direção: Paris Barclay / Elenco: Evan Peters, Richard Jenkins, Molly Ringwald.
Dahmer 1.07 - Cassandra
Esse serial killler matava suas vítimas em seu próprio apartamento, então era meio óbvio que algum vizinho iria desconfiar do que estava acontecendo. Justamente o que vemos aqui, uma velha senhora negra que percebe o fedor vindo do apartamento ao lado. Ela tenta muitas vezes alertar os policiais, mas sempre parece ser ignorada. Racismo estrutural em sua mais perfeita essência! Isso seguiu em uma rotina ate que uma das vítimas conseguiu finalmente fugir, gritando pelas ruas. Foi o fim da trajetória de crimes de Dahmer. O episódio também traz uma visão da reação da comunidade preta ao caso, com destaque para o descaso dos policiais ao longo dos crimes. Eles foram avisados, mas nada fizeram na prática pois as vítimas eram negras e pobres. / Dahmer 1.07 - Cassandra (Estados Unidos, 2022) Direção: Jennifer Lynch / Elenco: Evan Peters, Richard Jenkins, Molly Ringwald.
Dahmer 1.08 - Lionel
Esse é o episódio do julgamento. O advogado de Dahmer e seu pai pensam alegar insanidade dele. Assim, ele poderia ir para um instituto psiquiátrico ao invés de ir para uma penitenciária. O próprio Dahmer recusa esse tipo de alegação. Ele não quer alegar inocência e nem inimputabilidade e assume o que fez. Quer ser condenado como uma pessoa comum, pois ele se acha uma pessoa normal. Durante o julgamento, vários familiares das vítimas também dão seu testemunho. E como era de se esperar, a carga emocional se torna muito grande. Seu pai sente a pressão. Ele tenta alegar que nada teve a ver com os crimes. A mesma coisa vale para sua mãe, que tenta até mesmo se suicidar. No final, nada disso adianta, e o serial killer é condenado a 15 penas de prisão perpétua. Se tivesse 15 vidas a viver, ele passaria essas 15 vidas atrás das grades. Uma sentença justa para a natureza absurda de seus crimes. / Dahmer 1.08 - Lionel (Estados Unidos, 2022) Direção: Gregg Araki / Elenco: Evan Peters, Richard Jenkins, Molly Ringwald.
Dahmer 1.09 - The Bogeyman
Esse é o episódio mais fraco da série até o momento. O que vemos aqui é o Dahmer já condenado e preso em uma penitenciária Americana. E para surpresa de muitos, ele começa a receber cartas de admiradores, acredite se quiser. E seus fãs não se limitam a enviar cartas, mandam dinheiro também. Absurdo total. O episódio mostra igualmente os familiares de suas vítimas se organizando e exigindo que se pare de lucrar com os crimes infames do assassino. Esse movimento daria origem até mesmo a normas da legislação americana que impedem que um assassino em série venha ganhar dinheiro com a venda de livros ou com a produção de filmes sobre seus próprios crimes. Nada mais justo. / Dahmer 1.09 - The Bogeyman (Estados Unidos, 2022) Direção: Jennifer Lynch / Elenco: Evan Peters, Richard Jenkins, Molly Ringwald.
Dahmer 1.10 - God of Forgiveness, God of Vengeance
Este é o último episódio da série. E como termina Dahmer: Um Canibal Americano? Obviamente, mostrando sua morte. Ele foi assassinado na prisão por um outro detento que dizia estar ouvindo o pedido de Deus para mata-lo. O sujeito era esquizofrênico, paranóico e muito perigoso. Durante uma limpeza de rotina com presos dentro da prisão, Dahmer acabou sendo morto de forma brutal! Viveu de forma violenta e morreu de forma violenta. A morte de do psicopata mostrada nessa nesse episódio não é completamente de acordo com os fatos reais. Na verdade, ele foi morto com halteres. Aquelas pesos de academia que esfacelaram seu crânio. Talvez por ser muito violento, o roteiro desse episódio coloca eles sendo morto por Barras de ferro. De qualquer forma, foi o final desse assassino serial que entrou para a história por causa da insanidade de seus crimes. / Dahmer 1.10 - God of Forgiveness, God of Vengeance (Estados Unidos, 2022) Direção: Paris Barclay / Elenco: Evan Peters, Richard Jenkins, Molly Ringwald.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 26 de outubro de 2022
Elvis Presley - Loving You - Parte 3
"Hot Dog" foi escrita por Jerry Leiber e Mike Stoller. E isso leva muita gente boa a confundir com o clássico "Hound Dog". Músicas com nomes parecidos, de mesmos autores. A confusão seria bem esperada. Só que "Hot Dog" é um rock rápido, escrito especialmente para o filme e que nunca teve maior destaque dentro da carreira de Elvis. "Hound Dog", por outro lado, é um clássico absoluto na voz de Elvis Presley, ainda hoje lembrada e presente em qualquer coletânea do cantor que se preze.
Outro rock rápido, de cura duração, usado para fechar o lado A do vinil original é "Party". No disco de 1957 ela vinha logo após "Hot Dog" dando até mesmo uma impressão no ouvinte de que se tratava de um medley de rocks ligeiros por parte de Elvis. Como ele vivia sua fase mais roqueira, nada mais conveniente do que encher a trilha sonora de músicas desse estilo musical. Essa canção foi escrita por Jessie Mae Robinson. Apesar de ter um forte apelo de palco, ela nunca foi usada por Elvis em seus concertos.
"Got a Lot o' Livin' to Do"foi composta às pressas pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman para ser gravada por Elvis em janeiro de 1957, Os produtores do filme em Los Angeles ligaram para a dupla, que morava em Nova Iorque, para que eles criassem uma música para uma determinada cena, que iria trazer um dos principais momentos do filme. E assim a canção foi criada. Ficou muito boa, pode até mesmo ser considerado o melhor rock do disco. Também merecem aplausos a própria cena do filme, que ficou muito bem coreografada e fotografada. As fãs de Elvis na época, nem é preciso dizer, adoraram tudo.
Da mesma dupla de compositores, Aaron Schroeder e Ben Weisman, veio outra canção que foi aproveitada no Lado B do antigo vinil. Se trata da boa "Don't Leave Me Now". Essa canção tem uma boa pegada melódica, que inclusive me lembra de blues mais tradicionais. Gravada em fevereiro de 1957 ela nunca teve maior destaque dentro da discografia de Elvis, o que sempre achei uma pena. É uma canção subestimada, com ótimo acompanhamento de piano. A letra é bonitinha, tem um senso romântico bem típico dos adolescentes e poderia ter sido escrito por um colegial apaixonado em seu caderno escolar. Leia os versos: "Não me deixe agora / Agora que eu preciso de você / Quão triste e solitário eu ficaria / Se você disesse que terminamos / Não despedace meu coração / Este coração que te ama / Elas serão nada para mim / Se você me deixasse agora".
Pablo Aluísio.
Outro rock rápido, de cura duração, usado para fechar o lado A do vinil original é "Party". No disco de 1957 ela vinha logo após "Hot Dog" dando até mesmo uma impressão no ouvinte de que se tratava de um medley de rocks ligeiros por parte de Elvis. Como ele vivia sua fase mais roqueira, nada mais conveniente do que encher a trilha sonora de músicas desse estilo musical. Essa canção foi escrita por Jessie Mae Robinson. Apesar de ter um forte apelo de palco, ela nunca foi usada por Elvis em seus concertos.
"Got a Lot o' Livin' to Do"foi composta às pressas pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman para ser gravada por Elvis em janeiro de 1957, Os produtores do filme em Los Angeles ligaram para a dupla, que morava em Nova Iorque, para que eles criassem uma música para uma determinada cena, que iria trazer um dos principais momentos do filme. E assim a canção foi criada. Ficou muito boa, pode até mesmo ser considerado o melhor rock do disco. Também merecem aplausos a própria cena do filme, que ficou muito bem coreografada e fotografada. As fãs de Elvis na época, nem é preciso dizer, adoraram tudo.
Da mesma dupla de compositores, Aaron Schroeder e Ben Weisman, veio outra canção que foi aproveitada no Lado B do antigo vinil. Se trata da boa "Don't Leave Me Now". Essa canção tem uma boa pegada melódica, que inclusive me lembra de blues mais tradicionais. Gravada em fevereiro de 1957 ela nunca teve maior destaque dentro da discografia de Elvis, o que sempre achei uma pena. É uma canção subestimada, com ótimo acompanhamento de piano. A letra é bonitinha, tem um senso romântico bem típico dos adolescentes e poderia ter sido escrito por um colegial apaixonado em seu caderno escolar. Leia os versos: "Não me deixe agora / Agora que eu preciso de você / Quão triste e solitário eu ficaria / Se você disesse que terminamos / Não despedace meu coração / Este coração que te ama / Elas serão nada para mim / Se você me deixasse agora".
Pablo Aluísio.
terça-feira, 25 de outubro de 2022
Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 9
"Na Pista do Traidor" (Riders of Destiny, EUA, 1933) foi anunciado pelo estúdio como "um dos grandes filmes de western do ano". Não era para menos. Embora atuasse em outros gêneros cinematográficos o fato é que os filmes de faroeste estrelados por John Wayne já tinham se tornado um chamariz de bilheteria por todos os cinemas americanos. Ele podia até mesmo se considerar um astro tal como Tom Mix, seu grande espelho e fonte de inspiração nessa fase inicial de sua filmografia. Esse western de matinê foi dirigido por Robert N. Bradbury, diretor com quem Wayne sempre se deu bem. A carismática atriz Cecilia Parker foi escalada para ser sua parceria no filme. Revistas de fofocas populares da época diziam que o grandalhão Wayne estava tendo um caso amoroso com sua estrelinha loira, mas isso nunca foi confirmado pelo ator.
Seu filme seguinte, "Justiça Selvagem" (Sagebrush Trail, EUA, 1933) apelava mais para as cenas de ação. John Wayne interpretava um personagem chamado John Brant, um fugitivo da lei, acusado sem provas, que fugia para o velho oeste em busca da liberdade. Adotando o nome de "Smith" ele procurava se esconder do longo braço da lei que estava sempre em seu encalço. Essa produção da Paul Malvern Productions (uma empresa cinematográfica que iria à falência em poucos anos) contava com excelentes cenas de perseguição, usando inclusive um velho trem de carga. "Armando o Laço" (West of the Divide, EUA, 1934) foi o primeiro filme do ator a ser lançado no ano de 34. Novamente Wayne voltava a trabalhar com o cineasta Robert N. Bradbury. Se no filme anterior ele era um fugitivo perseguido, agora ele seria o perseguidor, nesse faroeste muito movimentado onde interpretava um homem em busca de vingança. Após o assassinato de seu pai ele passava a perseguir os criminosos, usando uma nova identidade, se infiltrando na quadrilha de bandoleiros. O elenco ainda contava com Virginia Brown Faire e George 'Gabby' Hayes. Lançado nas férias escolares foi outro grande sucesso de bilheteria de sua carreira.
Todos os elementos que fizeram o sucesso e a fama de John Wayne já podiam ser encontrados no filme "A Lei do Gatilho" (Blue Steel, Estados Unidos, 1934). Embora o ator ainda adotasse influências do astro Tom Mix, inclusive usando de parte de seu figurino, com aquele grande chapéu branco, já se podia notar que ele havia encontrado seu próprio caminho, seu próprio estilo. Nesse faroeste John Wayne interpreta um agente federal chamado John Carruthers. Ele acaba presenciando um roubo, um assalto, mas sem armas nada pode fazer. O pior é que o xerife da cidade onde ocorreu o crime passa a suspeitar dele como um cúmplice da quadrilha de criminosos. Dirigido pelo cineasta Robert N. Bradbury, que já havia trabalhado muitas vezes antes com Wayne, ainda trazia no elenco o ator característico George 'Gabby' Hayes, aquele velhinho de fala engraçada e boca sem dentes que Wayne iria fazer questão de levar para trabalhar ao seu lado nos filmes de John Ford. Muitas vezes usado como alívio cômico, ele costumava roubar as cenas em que aparecia por causa do humor. Era aquele tipo de ator naturalmente engraçado e divertido que não precisava fazer força para tirar risadas do público.
O próximo filme de John Wayne foi mais um western. Intitulado "O Torneio da Morte" (The Man from Utah, Estados Unidos, 1934) era mais um trabalho em parceria com o diretor Robert N. Bradbury. Anos depois ele lembraria que os estúdios economizavam o máximo possível de custos, por isso era comum a produção de três a quatro filmes em série, um atrás do outro, geralmente com a mesma equipe técnica, figurinos, cavalos, cenários, etc. Lucrar com economia era a ordem do dia para muitos produtores da época. Nesse filme havia como ponto central um importante rodeio. John Wayne interpretava um dos competidores. Ele era muito bom e tinha o melhor cavalo da competição, o que fazia com que os vilões elaborassem um plano para prejudicá-lo, inclusive tentando envenenar seu animal. O faroeste vencia pela simpatia do protagonista e pelas ótimas cenas de ação e rodeio. E quando chegou nos cinemas se tornou rapidamente mais um sucesso com o nome de John Wayne nas marquises.
Pablo Aluísio.
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