quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Elvis Presley - Love Me Tender

Toda a trilha sonora do filme "Ama-me com Ternura" (Love Me Tender, EUA, 1956) foi lançada originalmente em compacto duplo. Todas as faixas foram providenciadas pelos estúdios Fox e depois repassadas para a RCA Victor, a gravadora que tinha contrato de exclusividade com Elvis na época. O interessante é que praticamente todo o material foi composto pelo diretor musical do estúdio Fox, o maestro e arranjador Ken Darby (que não aparecia nos créditos).

Como o filme era um faroeste ao velho estilo, todas as canções tiveram de uma maneira ou outra um sabor Country and Western. Claro, esse tipo de sonoridade não soava estranha a Elvis. Afinal ele vinha de Memphis, cidade próxima a Nashville, considerada a capital da country music nos Estados Unidos. Ele estava mais à vontade do que nunca com as canções, embora soubesse também que aquele tipo de música era no fundo apenas a visão de Hollywood sobre o estilo musical que tanto conhecia. Elvis porém era um cantor profissional e resolveu dar o melhor de si para o material previamente produzido pelos estúdios da Fox.

Praticamente tudo foi gravado em apenas uma sessão de gravação realizada no dia 24 de agosto de 1956. As músicas não foram produzidas por Steve Sholes, o produtor de Elvis na RCA, mas sim por Lionel Newman, outro contratado da Fox. Esse dispensou a banda de Elvis e ele teve que gravar pela primeira vez sem estar ao lado de seus músicos habituais. Scotty Moore, Bill Black e cia, ficaram de fora. Ele não gostou dessa mudança, porém não quis criar problemas. Mais tarde Elvis iria impor sua vontade, determinando que sua banda o acompanhasse nas trilhas sonoras, mesmo em Hollywood.

A primeira música gravada foi "We’re Gonna Move". Para surpresa de muitos a canção, embora simples, acabou criando uma certa dificuldade para Elvis. Ele precisou de 10 takes para chegar onde queria. Em se tratando de Elvis Presley nos anos 50 isso era algo até incomum de acontecer. "Poor Boy" deu menos trabalho. Em apenas 3 takes a música estava finalizada. Elvis veria essa faixa ser relançada alguns anos depois no álbum "For LP Fans Only" enquanto ele servia o exército americano na Alemanha. Era um country bem simplório, tipicamente mais bobinho do que Elvis estava acostumado a lidar.

As duas músicas anteriores mais pareceram um aquecimento quando Elvis finalmente se concentrou para gravar o tema principal, "Love Me Tender". A melodia era conhecida desde os tempos da guerra civil americana. Aqui Elvis tinha como principal instrumento sua voz, uma vez que a música, que iria se tornar uma das mais conhecidas e famosas de sua carreira, contava apenas com voz e violão. A versão original ficou belíssima e em pouco tempo estava pronta para se tornar um hit absoluto nas paradas de sucesso. Elvis só retornaria ao estúdio da Fox em Hollywood em setembro para gravar algumas versões das mesmas músicas que seriam utilizadas apenas no filme. De inédita ele só completou "Let Me" . já que o compacto duplo tinha que ter quatro músicas e ele só havia gravado três em agosto.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Ama-me com Ternura

Elvis entrou em "Love Me Tender" sem nunca ter atuado antes na vida. Nem um curso de arte dramática, nem aulas de teatro, nada. Hollywood queria saber se ele conseguia segurar as pontas, se conseguia pelo menos não decepcionar em cena. O resultado acabou sendo melhor do que esperavam. Elvis foi ajudado pelos atores e atrizes do elenco, além da sempre presença do diretor Robert D. Webb, que estava sempre ao lado do novato, lhe dando instruções, mostrando a marcação da cena, etc. Foi mesmo um aprendizado na prática, sem teoria, sem preparação técnica nenhuma.

E o roteiro até tinha sua carga dramática. Claro, o filme poderia ser enquadrado tranquilamente como um faroeste B da Fox, mas isso era apenas uma visão um pouco limitada de tudo. O enredo era até muito bom. Dois irmãos. Um mais jovem ficava no rancho da família, cuidando das mulheres e do trabalho do dia a dia. O outro ia para o campo de batalha, lutar na guerra civil americana. Depois de alguns meses chegava a notícia de sua morte. O irmão mais jovem então se casava com a noiva do irmão mais velho, agora dado como morto. Só que essa era uma informação falsa. Ele ainda estava vivo. O que fazer quando ele retornasse da guerra? Como se vê é um bom ponto de partida dramático. Elvis interpretava o jovem Reno e  Richard Egan o irmão mais velho que retornava. A noiva era a bela Debra Paget.

O filme foi produzido em preto e branco. Já havia cinema em cores na época, porém esse novo sistema era exclusivo para as grande produções. Para um faroeste de rotina como "Love Me Tender" isso era um luxo desnecessário. Esse e "King Creole" foram os únicos filmes de Elvis lançados em fotografia preto e branco, dos velhos tempos de Hollywood. Confesso que há um certo charme nostálgico envolvido, principalmente para quem aprecia as produções da era clássica do cinema americano. O filme de uma maneira em geral não decepciona. Obviamente ele jamais foi esquecido pelo simples fato de trazer um Elvis Presley jovem e no começo de sua carreira. Porém mesmo que não fosse esse o caso, "Ama-me com Ternura" também teria seus méritos próprios.

Ama-me com Ternura (Love Me Tender, Estados Unidos, 1956) Direção: Robert D. Webb / Roteiro: Robert Buckner, Maurice Geraghty / Elenco: Richard Egan, Debra Paget, Elvis Presley / Sinopse: Por um acaso do destino dois irmãos acabam disputando o amor de uma mesma mulher em uma nação devastada pela guerra civil americana.

Pablo Aluísio. 

 

terça-feira, 6 de setembro de 2022

Rock Hudson e o Western - Parte 1

Rock Hudson foi mais um dos milhares de atores que saíram da fábrica de astros da Universal. A intenção era criar novos campeões de bilheteria. Com um pouco de instrução dramática, promoção e marketing, era fácil transformar qualquer jovem boa pinta em uma nova estrela do panteão de Hollywood. Bastava ter carisma e o visual certo. Rock não foi pensado como um cowboy nas telas. Os diretores e produtores da Universal tinham outros planos para ele, entre eles o de transformar Hudson em um super galã das telas em dramas românticos ao velho estilo. Antes disso porém era importante trazer um pouco mais de experiência e popularidade para sua jovem carreira. Entre os diferentes instrumentos que estavam à disposição o estúdio podia contar com a linha de produção dos faroestes. A maioria deles eram produções B, sem grandes custos e riscos, que no final das contas trazia um grande lucro para a Universal. Assim ficou decidido que seu novo aspirante ao estrelato iria aparecer em diversos westerns, para que o público em geral se acostumasse com sua presença em filmes de forte apelo popular.

E a estréia de Rock no gênero veio em grande estilo. O filme era "Winchester '73" de Anthony Mann. Estrelado pelo grande James Stewart, o elenco ainda trazia coadjuvantes de luxo entre eles a estrela Shelley Winters. O papel de Rock era pequeno e de certa maneira quase inexpressivo, mas isso no fundo não importava. O mais importante é que Rock iria desembarcar em uma viagem de promoção do filme no meio oeste americano. Isso significava desfilar em carro aberto em pequenas cidades ao lado dos outros astros da fita. Em uma delas Rock foi ovacionado pelo público que começou a gritar seu nome com raro entusiasmo. Rock ficou ao mesmo tempo assustado e lisonjeado pela homenagem. Era óbvio que sua estampa se revelava irresistível para o público feminino em geral. Os executivos da Universal estavam atentos às reações e perceberam que Rock tinha potencial, muito potencial em seu futuro.

Essa transição de ator desconhecido para astro não se deu porém do dia para a noite. Rock iria ainda transitar por outros gêneros antes de voltar a usar um chapéu em cena. Isso voltaria a acontecer em "Coração Selvagem". Esse foi um típico bangue-bangue, com nativos, cavalaria, soldados confederados e muito ouro roubado sendo disputado por todos os gananciosos personagens. Ao contrário do faroeste anterior, até hoje considerado um dos melhores de sua época, "Tomahawk" (era seu nome original) foi recebido friamente por público e crítica. Também pudera, a fita não era muito expressiva, não tinha um roteiro consistente e tudo parecia falso em cena (para se ter uma ideia, nem a linda Yvonne De Carlo conseguia convencer muito com sua personagem mestiça). Embora tenha sido dirigido por um bom diretor, o experiente George Sherman, o faroeste caiu no limbo e foi logo esquecido após uma medíocre carreira comercial nos cinemas.

Depois disso Rock Hudson ganhou seu primeiro papel de destaque no drama esportivo "O Demolidor". Com a estrela em ascensão ele logo foi escalado para "E o Sangue Semeou a Terra", outro clássico absoluto do western americano, novamente dirigido por Anthony Mann e estrelado por James Stewart. Ao contrário de "Winchester '73" onde Rock teve uma pequena participação, aqui em "Bend of the River" as coisas pareciam bem melhores. Rock interpretava Trey Wilson, um personagem bem mais consistente com ótimas cenas para que Rock chamasse mais atenção do público. As oportunidades de atuar melhor deixaram Rock bem entusiasmado. Por essa época (o filme foi rodado em 1952) o ator foi entendendo melhor como rodavam as engrenagens do chamado Star System. Ele criou uma rede de amizades e relações no meio cinematográfico que iriam trazer ótimos frutos para sua carreira. Embora não estivesse focado em se tornar um novo astro cowboy, Rock sabia que os faroestes eram vitrines maravilhosas para que ele se tornasse mais popular a cada dia. E sua relação com esse tipo de filme não iria terminar por aí, pelo contrário, muitos outros filmes marcantes viriam nos anos seguintes...

Pablo Aluísio.

Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 5

O filme "A Grande Jornada" colocou John Wayne em primeiro plano em Hollywood. Esse filme porém não significou um pulo imediato rumo ao estrelato. Wayne ainda precisaria ralar mais um pouco para se tornar um verdadeiro astro do cinema americano. Assim seus filmes seguintes foram dramas e não faroestes. Em "Girls Demand Excitement" (sem título no Brasil, jamais lançado em nosso país), o ator voltou a interpretar um estudante, um jovem atleta da classe trabalhadora que enfrentava vários desafios em sua vida.

A diva Loretta Young seria a estrela do próximo filme de Wayne intitulado "Três Garotas Perdidas" (Three Lost Girls, 1931). Aqui John Wayne voltava aos personagens coadjuvantes nesse drama urbano sobre uma jovem mulher que se tornava vítima de um crime. Ela vinha do interior e alugava um pequeno apartamento para morar com outras duas jovens. Todas as suspeitas de autoria do crime apontavam para um arquiteto famoso que havia se envolvido com uma delas. John Wayne interpretava justamente o tal sujeito. Um filme que não teve muita repercussão, mas que serviu como aprendizado para o ator.

As coisas só melhoraram mesmo para Wayne no filme seguinte com "Estância de Guerra" (The Range Feud, 1931). Aqui ele retornava para os filmes de western nessa produção estrelada por Buck Jones, um ator que na época disputava o título de ator cowboy mais popular do cinema com Tom Mix, a quem Wayne procurava seguir os passos. O filme obviamente tinha um roteiro muito simples, com bandidos e mocinhos bem delimitados, o que era próprio para um faroeste de matinê. Depois dessa produção o ator chegou na conclusão que se continuasse a aparecer em papéis secundários jamais conseguiria atingir seus objetivos.

Por essa razão ele recusou várias propostas de trabalho que pareciam não colaborar muito para o avanço de sua carreira. O ator parecia firme no sentido de só aceitar novos filmes em que ele próprio fosse o protagonista. "Águia de Prata" (The Shadow of the Eagle, 1932) era o tipo de filme que ele procurava na época. Dirigido por Ford Beebe e produzido pelo estúdio Mascot Pictures, nessa película Wayne interpretava Craig McCoy, um piloto pioneiro, veterano da I Guerra Mundial, que decidia montar sua pequena companhia aérea. Aviador inteligente ele acabaria sendo o primeiro piloto da história a colocar um rádio de comunicação em sua aeronave. Um filme muito bom, com roteiro bem escrito e ótimas cenas de aviação. Justamente o que John Wayne estava buscando em sua carreira.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Taverna Maldita

Título no Brasil: Taverna Maldita
Título Original: Pete Kelly's Blues
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Jack Webb
Roteiro: Richard L. Breen
Elenco:  Jack Webb, Peggy Lee, Janet Leigh, Edmond O'Brien, Lee Marvin, Ella Fitzgerald

Sinopse:
Durante a lei seca, o músico Pete Kelly (Jack Webb) lidera uma banda de jazz. Seus problemas começam quando um gângster chamado Fran McCarg (O'Brien) exige dele e dos demais membros de seu grupo musical um valor de 25 por cento do que ganham. Ou pagam ou terão que arcar com a violência dos criminosos. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor atriz coadjuvante (Peggy Lee).

Comentários:
Muito bom esse clássico filme que mistura dois gêneros cinematográficas, o musical e o estilo das produções contando a história de gângsters. O personagem principal vive de sua música. Não é fácil. O dinheiro é pouco e as horas tocando são muitas. Até que aparece um criminoso que passa a chantagear todo o grupo. O jovem baterista se recusa a pagar e é morto. Os demais tentam sobreviver. Um dos destaques desse clássico vem da atuação da cantora Peggy Lee. Ela interpreta uma vocalista decadente e envelhecida que passa a ser usada pelos criminosos. Sua atuação é excelente, o que lhe valeu uma indicação ao Oscar. Sua melhor cena é aquela em que já aparece mergulhada na insanidade, com uma boneca de pano nos braços. Comovente. E por falar em cantoras, há dois números musicais com a diva Ella Fitzgerald, um dos grandes nomes da história do jazz dos Estados Unidos. Enfim, uma excelente mistura de música de boa qualidade com filmes policiais, envolvendo gângsters. Fica mais do que recomendado para os apreciadores de filmes clássicos de Hollywood.

Pablo Aluísio.

A Sangue Frio

Baseado no incrível livro homônimo de Truman Capote, o filme, conta a história verídica de um crime bárbaro ocorrido em Holcomb no Kansas no ano de 1959. Dois amigos - Perry Smith (Robert Blake) e Richard "Dick" Hickock (Scott Wilson) - encontram-se depois de vários anos em que estiveram presos. Juntos, os dois presidiários - que estão em liberdade condicional - saem a procura de uma fazenda onde existe um suposto cofre com muito dinheiro. Para isto os dois lunáticos terão que atravessar angustiantes 700 quilômetros dentro de uma carro para realizar o sonho macabro. O preto e branco lúgubre confere ao longa um ar depressivo, pesado e sorumbático. Os dois amigos carregam cicatrizes indeléveis, não só no corpo, mas principalmente na mente e na alma. A medida em que o filme se desenrola essas cicatrizes vão se abrindo e revelando o pior de cada um.

Os seus traumas, os seus complexos e uma imensa revolta - que no meio do filme parece maquiada - mas depois revela-se deletéria e monstruosa. Este rosário de complexos só vem por completo à tona, após o massacre - os detalhes do crime ninguém vê pois o diretor Richard Brooks não mostra. Brooks no entanto, deixa como surpresa um dos maiores epílogos de todos os tempos em se tratando de cinema americano. Mostrado em flashback o terço final rompe com um quase marasmo da primeira parte, mostrando, em detalhes, todo o massacre da família Clutter, ao mesmo tempo em que revela a verdadeira alma demoníaca de cada um dos assassinos. Uma sequencia que ascende numa espiral inorgânica e aterradora. O corte final revela-se uma encruzilhada de sentimentos que mistura: resignação, tristeza e perturbação. Desembocando numa excruciante e emocionante execução. Um filme realmente arrebatador e rigorosamente digno de um ótimo diretor. Filmaço. Nota 10. 

A Sangue Frio (In Cold Blood, Estados Unidos, 1967) Direção de Richard Brooks / Elenco: Robert Blake, Scott Wilson, John Forsythe / Sinopse: A Sangue Frio é inspirado na história verdadeira e terrível de um crime sem piedade cometido por dois ex presidiários que vagam à deriva pelo meio oeste americano. Baseado no romance best-seller de Truman Capote.

Telmo Vilela Jr.

domingo, 4 de setembro de 2022

Samaritano

Esse novo filme de Sylvester Stallone percorreu um caminho interessante. Ele foi inicialmente produzido para ser lançado no cinema. Só que a MGM foi comprada por uma plataforma de streaming. E assim os novos produtores decidiram que o filme não seria lançado mais em circuito comercial nos cinemas, e sim na própria plataforma de filmes da empresa. Dessa maneira, o filme chega para os fãs de Stallone, que ainda se mantém em forma. O filme foi criticado por certos setores da imprensa especializada, mas eu acredito que são críticas injustas. Dentro de sua modestas pretensões, o filme funciona até que muito bem. Além disso, é bom que Stallone esteja no seu tipo habitual, o tipo de personagem em que ele se sai melhor. 

Ele interpreta um sujeito comum, que vai levando uma vida simples. Trabalha como lixeiro na suja cidade onde vive. Um lugar degradado pelo caos urbano. Até que um garoto que é louco por super heróis o descobre. O menino acredita que ele é um herói chamado Samaritano que há muitos anos está desaparecido. Supõe-se que ele morreu numa feroz luta contra seu inimigo. Mas será mesmo que isso teria algum fundo de verdade? Esse aqui é um filme que eu diria é que é sobretudo eficiente. Não é uma produção de encher os olhos, isso é certo. Entretanto, conta muito bem sua história. Samaritano é um filme que, mesmo com produção modesta, se revela muito mais interessante do que muita porcaria por aí que está sendo lançado atualmente pela Marvel. Também notei que há uma certa dose de nostalgia neste roteiro, lembrando até mesmo os filmes de Stallone de antigamente. Assim eu digo que é um filme que vai agradar aos velhos fãs do ator. Por meios tortuosos, ele acabou acertando mais uma vez.

Samaritano (Samaritan, Estados Unidos, 2022) Direção: Julius Avery / Roteiro: Bragi F. Schut / Elenco: Sylvester Stallone, Javon 'Wanna' Walton, Pilou Asbæk / Sinopse: Garoto de uma região periférica e pobre de uma grande cidade, passa a acreditar que seu vizinho, que trabalha como lixeiro, na verdade é um super-herói há muito tempo desaparecido. 

Pablo Aluísio.

O Senhor dos Anéis - Os Anéis de Poder

Depois de duas trilogias para o cinema, O Senhor dos Anéis, migra para os serviços de streaming. A boa notícia é que essa nova série parece ser bem promissora. Temos aqui uma adaptação sui generis. A história que a série conta foi apenas mencionada de relance pelo autor J. R. R. Tolkien no livro original, O Senhor dos Anéis. Tudo se passa na chamada segunda era. Os povos da realidade da Terra média estão se formando. E o mundo deles está em perigo por causa de uma ameaça sombria. Nessa fase da história, nem o anel do poder ainda existe. Ele vai ser criado justamente durante os eventos desenvolvidos pelo roteiro. De maneira geral, eu gostei bastante do resultado. 

A produção é caríssima em se tratando de séries. Para se ter uma ideia, cada episódio está custando em média, 60 milhões de dólares. Uma aposta alta! E todo esse dinheiro investido se vê na tela. Tudo é muito bem caprichado e muito bem-produzido. Não deixa a desejar em nada, principalmente se formos comparar com os filmes feitos para o cinema. Além do mais, a ideia de expandir o universo de Tolkien em uma série é mais do que bem-vinda. Algo que acontece também com Star Wars de George Lucas. Esse rico universo de fantasia e imaginação deve ser levado em frente mesmo. Alguns puristas reclamaram, mas eu não teria nada a dizer contra. Eu gostei de praticamente tudo. Estou bem animado para acompanhar a série.

O Senhor dos Anéis - Os Anéis de Poder (The Lord of the Rings: The Rings of Power, Estados Unidos, 2022) Direção: Wayne Yip, J.A. Bayona / Elenco: Morfydd Clark, Lenny Henry, Markella Kavenagh / Sinopse: Após uma longa guerra contra as forças do mal que durou séculos, a guerreira Galadriel está decidida a vingar a morte do seu irmão. Ela quer encontrar um maligno feiticeiro responsável por sua morte no campo de Batalha. 

Pablo Aluísio.



Guia de Episódios: O Senhor dos Anéis - Os Anéis de Poder 

O Senhor dos Anéis - Os Anéis de Poder 1.02 - Adrift
Um mestre elfo decide construir uma grande torre em suas terras. Só que tal projeto grandioso só seria possível com a ajuda dos anões. Eles vivem em uma grande Montanha e não são muito sociáveis. Só que esse mestre elfo quer ajuda e conhece o rei desse povo. A amizade, que começou no passado, tomou um rumo tumultuado, mas ele vai pagar o preço e tentar a reaproximação. Participa de uma competição de quebra de grandes pedras. Quem vencer vai levar tudo. O rei anão, como era de se esperar, ganha a competição. Mas acaba dando o braço a torcer e estende a mão para o seu velho amigo. Assim, eles poderiam recomeçar uma velha amizade e, quem sabe, os anõe poderiam participar da construção dessa grande torre. E qual seria o futuro dessa construção? Bom, se você conhece a obra O Senhor dos Anéis já deve ter uma ideia em mente. Bom episódio que continua muito interessante. Essa série é uma das melhores coisas que já lançaram nos últimos tempos. E mantém a chama da paixão pelo Senhor dos Anéis, sempre acesa. / O Senhor dos Anéis - Os Anéis de Poder 1.02 - Adrift (Estados Unidos, 2022) Direção: J.A. Bayona / Elenco: Morfydd Clark, Markella Kavenagh, Daniel Weyman.

Pablo Aluísio.

sábado, 3 de setembro de 2022

Elvis Presley - Love Me Tender / Anyway You Want Me

Elvis encerrou sua participação com chave de ouro em “Love Me Tender” com o lançamento desse single que rapidamente foi para a primeira posição da Billboard. Era o coroamento de um projeto que havia dado muito certo em todos os setores de mercado, na parada musical e nas bilheterias de cinema. Havia um compacto duplo com a trilha sonora vendendo muito bem, um filme fazendo bonito nas bilheterias e muita repercussão na mídia. O single também virou um êxito pois afinal era bem mais barato e em conta do que o compacto duplo (que custava o dobro, obviamente). Por essa época Elvis estava em todos os lugares, no cinema, na TV, nas revistas, nos jornais. Esse foi um dos momentos de maior popularidade de sua carreira. Não é para menos, poucos meses depois de ter assinado com a RCA Victor, Elvis já havia se tornado um fenômeno popular. Os executivos da gravadora estavam gratificados por seu sucesso. Nenhum outro nome naquele momento trazia mais lucro para a multinacional do que ele. E para surpresa de muitos, Elvis era, naquele momento, com apenas 21 anos de idade, o cantor mais popular do mundo!

O clássico romântico "Love Me Tender" foi usado como música tema de seu primeiro filme em Hollywood. Era um western passado durante a guerra civil norte-americana. Elvis interpretava o jovem irmão de um soldado que havia sido dado como morto em combate. Com isso ele se casava com sua noiva. Só que ao contrário do que todos pensavam ele não estava morto, voltando para casa, encontrando essa situação no mínimo incômoda. A canção foi gravada nos estúdios da Fox. Elvis não foi nessa ocasião acompanhado de sua banda tradicional, mas sim de músicos contratados pela companhia cinematográfica, algo que faria pouca diferença, uma vez que em termos de arranjo ela era bem simples, acústica, praticamente voz e violão. A diferença só seria notada mesmo nas demais canções da trilha sonora, que tinham um sabor bem country and western, para combinar com a temática do filme, um faroeste ao velho estilo. 

Além do hit “Love Me Tender” o lado B trazia uma bem-vinda canção inédita para os fãs, a balada “Anyway You Want Me”. A música apostava no sentimento, com uma letra bem romântica e arranjo melódico. A guitarra chorosa de Scotty Moore acabou virando a marca registrada da canção sendo imitada depois em lançamentos de outros artistas. “Anyway You Want Me” havia sido gravada na mesma sessão de “Hound Dog” e “Don´t Be Cruel” e arquivada para ser lançada em um momento adequado. Nota-se inclusive até mesmo uma certa estafa na voz de Elvis. Também não poderia ser diferente, pois nessa mesma noite ele tinha trabalhado duro para chegar nas versões definitivas de "Don't Be Cruel" e "Hound Dog" (sendo que essa última teve mais de 30 takes gravados!).

Mesmo com pouco fôlego, Elvis registrou essa balada e deu por encerrada a sessão. Depois de ser lançada no single, a canção ainda voltaria ao mercado poucas semanas depois. Não contente, a RCA ainda a lançaria em mais um compacto duplo chamado justamente de “Anyway You Want Me” com várias reprises como "I'm Left You're Right She's Gone", "I Don't Care If The Sun Don't Shine" e "Mystery Train". Era a RCA seguindo o conselho do Coronel Parker de sempre faturar duas ou mais vezes com as mesmas músicas. A velha raposa definitivamente não brincava em serviço e fazia escola por onde passava. No saldo final o single “Love Me Tender” vendeu cinco milhões de cópias,  se tornando o segundo maior sucesso de Elvis naquele ano, ficando atrás apenas de “Hound Dog / Don´t Be Cruel". Nada mal para quem havia surgido no começo do ano apenas como uma promessa! No final das contas 1956 havia se tornado o grande ano de Elvis Presley.

Love Me Tender (Vera Matson - Elvis Presley) / (Elvis Presley Music, BMI) 2:41 - Data de gravação: 24 de agosto de 1956 - Local: 20th Century Fox Stage 1, Hollywood / Elvis Presley (vocal e violão) / Vito Mumolo (guitarra) / Mike Rubin (baixo) / Richard Cornell (bateria) / Luther Rountree (banjo) / Dom Frontieri e Carl Fortina (acordeon) / Rad Robinson (vocal) / Jon Dodson (vocal) / Charles Prescott (vocal) / Arranjado por Ken Darby e Elvis Presley / Produzido por Ken Darby / Anyway You Want Me (A. Schroeder / C. Owens) / (Chappel & Co, Inc, Rachel's Own Music, ASCAP) 2:13 - Data de gravação: 02 de julho de 1956 - Local: RCA Studios, Nova Iorque / Músicos: Elvis Presley (vocal e violão), Scotty Moore (guitarra), Bill Black (baixo), DJ Fontana (bateria), Shorty Long (piano), Gordon Stoker (piano em "Hound Dog"), The Jordanaires (vocais de apoio) / Engenheiro de Som: Ernie Ulrich / Produção: Steve Sholes / Data de lançamento: setembro de 1956/ Melhor posição alcançada nas paradas: EUA #1 e UK #11

Pablo Aluísio.

The Beatles - Love Me Do / P.S. I Love You

Este pode ser considerado o primeiro single da carreira dos Beatles. Eles já tinham participado como grupo de apoio em um single de Tony Sheridan, na Alemanha, em anos anteriores, mas esse single não pode ser creditado como um produto tipicamente dos Beatles. Já aqui, temos o grupo assumindo sua própria identidade. Eles eram uma das apostas da EMI para conquistar o mercado jovem. Algo novo, bancado por George Martin, um produtor da gravadora na época. Curiosamente, o lado A do disco, apesar de hoje ser mundialmente famoso, não fez muito sucesso. Foi preciso Brian Epstein comprar milhares de cópias do single para que a música surgisse na parada inglesa de compactos. Uma jogada do empresário, que também era dono de lojas de discos em Liverpool, e em outras cidades. Com o surgimento deles na parada, veio o interesse da imprensa e do público em geral. O que Brian havia planejado acabou dando certo. 

"Love Me Do" era uma canção simples, que havia sido composta inicialmente por Paul McCartney em seus tempos de escola. Curiosamente, a música apresentou problemas no estúdio. George Martin não gostou de Pete Best na bateria. Esse músico, então, foi demitido dos Beatles! Ele foi substituído por Ringo Starr, mas George Martin continuou não gostando da bateria. Assim, ele trouxe um músico de estúdio chamado Andy White. Ele que efetivamente toca na versão oficial que conhecemos do álbum. Ringo ficou desolado com isso.

No lado B o single trazia a música "P.S. I Love You", outra composição de Paul McCartney. Ela foi composta quando os Beatles estavam em Hamburgo, durante uma turnê, isso antes do grupo ser conhecido mundialmente. Naquela época, os Beatles não passavam de um grupo de rapazes com topete e brilhantina, usando roupas de couro, tocando pelos inferninhos desta cidade portuária da Alemanha. Trata-se de uma boa música que complementou muito bem esse trabalho pioneiro dos Beatles em sua discografia.

Pablo Aluísio.