quarta-feira, 1 de junho de 2022

ID - As 93 vítimas de Samuel Little

Hoje eu assisti um documentário sobre um serial killer americano chamado Samuel Little. O sujeito ficou atuando como criminoso por mais de 40 anos! Até hoje não se sabe ao certo quantas mulheres ele matou. Estima-se que tenha sido 93 vítimas, o que aliás dá nome a esse documentário do Discovery Investigation pois se chama justamente de "As 93 vítimas de Samuel Little". O que me deixou surpreso nesse longo documentário dividido em 2 partes é que ele atravessava os Estados Unidos, ficava alguns meses em uma cidade, depois ia para a próxima e continuava sua rotina de matança. Por que nunca foi descoberto? A resposta pode vir do fato de que suas vítimas eram prostitutas de estrada. Assim como no Brasil, essas mulheres em situação de vulnerabilidade não chamam tanta atenção dos policiais. Uma prostituta morta a mais ou a menos para os policiais não importa muito. É uma constatação triste, mas quem estuda a vitimologia na matéria criminologia da faculdade de direito sabe bem que vítimas natas costumam chamar pouca atenção dos policiais. São as mulheres descartáveis na sociedade. Lamentável demais!

O documentário tem cenas reais captadas pelas depoimentos do assassino em série, trazendo também os desenhos que ele fazia das mulheres que matou. Inclusive entre as 93 vítimas fatais de sua carreira como serial killer, existem aquelas que até hoje não foram identificados pelas policiais dos estados americanos. Quem acredita que o sistema de repressão norte-americana é impecável e infalível, deveria dar uma olhada nesse documentário para ter uma ideia do que realmente se trata. Um assassino que viajou pelas principais estradas dos Estados Unidos, matando mulheres por onde passou e que só foi preso no final de sua vida, quando já estava velho, idoso, prova que o sistema de investigação das principais corporações policiais americanas não é isento de falhas. No final de tudo ele foi preso por causa dos avanços da ciência. Ele foi pego pelo sofisticado exame de DNA que o FBI aplica atualmente em casos arquivados. O DNA do criminoso foi encontrado em diversas cenas de crimes. É de se pensar que se não fosse o DNA, ele muito provavelmente iria morrer de velhice sem nunca ter se sido preso pela morte de todas aquelas mulheres.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 31 de maio de 2022

Obi-Wan Kenobi

Mais uma série "Star Wars". Desde que a Disney comprou os direitos autorais dessa franquia, o novo estúdio tem se dedicado sabiamente a produzir séries como essa. Primeiro tivemos "O Mandaloriano", depois surgiu "O Livro de Boba Fett". Agora temos temos essa nova série que explora um dos personagens mais conhecidos dos filmes para o cinema. Estou me referindo ao mestre jedi Obi-Wan Kenobi. O primeiro acerto dos produtores foi contratar o ator Ewan McGregor para trabalhar na série. Não poderia ser diferente, uma vez que ele interpretou esse jedi na segunda trilogia para o cinema. Nos filmes ele tentava ensinar a um jovem Anakin o segredos da força, mas falhava em sua missão, surgindo daí o personagem Darth Vader. Agora com essa série, temos uma continuação dessa história. 

A história nessa série se passa no planeta Tatooine, aquele lugar deserto e inóspito onde vive Luke Skywalker. Garoto, Luke é protegido em uma distância segura pelo jedi, que vive no deserto de forma incógnita e anônima, pois o Império caça os cavaleiros da ordem jedi. Seu disfarce de pessoa comum é colocado à prova quando caçadores imperiais chegam no planeta. Um plano do Império também rapta a garotinha Leia, justamente para que Obi-Wan Kenobi saia de sua toca. Gostei bastante do primeiro episódio, penso inclusive que essas séries "Star Wars" superam até mesmo os últimos filmes para o cinema. Acredito inclusive que esse é o caminho certo a seguir pela franquia "Star Wars" daqui em diante. Se as séries são tão boas e os filmes tão irregulares, que a Disney venha mesmo a produzir mais séries. O que vale no caso é a qualidade e não o meio em que as produções são lançadas. 

Obi-Wan Kenobi (Estados Unidos, 2022) Direção: Deborah Chow / Roteiro original criado por George Lucas / Elenco: Ewan McGregor, Rupert Friend / Sinopse: Um cavaleiro da ordem Jedi é perseguido pelo poderoso Império galáctico. Para fugir da morte e proteger um jovem que carrega o poder da força, ele se esconde em um pequeno planeta perdido e desértico nos confins do universo.

Pablo Aluísio.


Guia de Episódios - Obi-Wan Kenobi:

Obi-Wan Kenobi 1.02 - Part II - Para alegria dos fãs de Star Wars, Obi-Wan Kenobi está de volta. Ele desenterra seu sabre de luz no meio do deserto, daquele planeta inóspito. Seu objetivo passa a ser recuperar a jovem Princesa Lea, que foi raptada por mercenários a mando do Império. Claro tudo foi orquestrado e planejado com o objetivo mesmo de atrair Obi-Wan Kenobi, pois assim ele sairia do esconderijo onde se encontrava. Nesse episódio há um momento interessante muito curioso para os fãs dessa saga, que começou no cinema e agora está tomando o mundo das séries. Acontece quando  Kenobi descobre que Anakin Skywalker está vivo, agora respondendo pelo nome de Dark Vader. Um vilão completamente entregue para o lado negro da força. O próprio Obi-Wan Kenobi  sente na pele, pois é uma derrota pessoal uma vez que ele treinou Anakin no passado. Algo que ele sente profundamente.  / Obi-Wan Kenobi 1.02 - Part II (Estados Unidos, 2022) Direção: Deborah Chow.

Obi-Wan Kenobi 1.03 - Part III
Nesse episódio o vilão Darth Vader finalmente entra em campo, sai a caça do mestre Jedi no pequeno planeta árido onde ele tenta se esconder das forças do Império. Para a sua surpresa acaba sendo ajudado justamente por uma oficial imperial, uma rebelde infiltrada nas fileiras no mal. Uma cena particularmente engraçada acontece quando Ben e Leia sobem um caminhão de transporte de mineração e acabam tendo como companhia uma tropa de soldados do Império. Embora seja procurado nos quatro cantos do universo, aqueles soldados nem desconfiam que o que eles procuram está bem na sua frente! Essa série tem sido malhada entre fãs de Guerra nas Estrelas. Até agora não tenho achado ruim de jeito nenhum, tem me agradado, é um bom divertimento Claro, olhando tudo sem fanatismos! / Obi-Wan Kenobi 1.03 - Part III (Estados Unidos, 2022) Direção: Deborah Chow / Elenco: Artistas
Ewan McGregor, Kumail Nanjiani.

Obi-Wan Kenobi 1.04 - Part IV
Esse episódio mostra bem que a série Obi-Wan Kenobi está se arrastando. Os roteiros não são muito bons em termos técnicos. Esse roteiro, por exemplo, não é nenhum pprimor. Obi-Wan Kenobi invade uma base do Império ao lado de poucos rebeldes. Entre eles está uma ex-Oficial do Império, que agora se tornou traidora. Nada muito inspirador. É muito improvável que eles tivessem êxito em uma missão como essa. Forçaram a barra demais, senhores roteiristas! Para os fãs da antiga trilogia, Darth Vader está de volta! Como sempre, ele vem para impor hierarquia e ordem na base da violência entre seus subordinados. Eu acredito que a série tem despertado muitas críticas, justamente por causa dos fracos roteiros. Muitos deles deixam muito a desejar. / Obi-Wan Kenobi 1.04 - Part IV (Estados Unidos, 2022) Direção: Deborah Chow / Elenco: Ewan McGregor, Indira Varma, Vivien Lyra Blair.

Obi-Wan Kenobi 1.05 - Part V
Obi-Wan Kenobi consegue salvar a garotinha Leia. E a leva de volta para seus pais. Só que Darth Vader não vai acertar tão fácil esse acontecimento. Ele parte com seu cruzador espacial em busca do seu velho mestre, agora inimigo mortal. Ele quer a sua vingança. Esse episódio é todo baseado na rivalidade entre Darth Vader e Obi-Wan Kenobi. O que começou como uma relação de mestre e aluno, acabou desandando para uma situação de vida ou morte. Os dois não conseguem viver no mesmo universo. Esse episódio também faz uma ligação com os filmes da segunda trilogia de lançada no cinema. Quem não viu os filmes vai ficar um pouco perdido. É uma boa chance, assim, de fazer uma revisão. Ou então assistir pela primeira vez os filmes de George Lucas, episódios 1, 2 e 3. / Obi-Wan Kenobi 1.05 - Part V (Estados Unidos, 2022) Direção: Deborah Chow / Elenco: Ewan McGregor, Moses Ingram, O'Shea Jackson Jr.

Obi-Wan Kenobi 1.06 - Part VI
E assim chegamos ao final de mais uma série da parceria Disney e a marca Star Wars. Como todos sabemos, foi bem criticada no Estados Unidos. Recebeu poucos elogios da crítica especializada e dos fãs. Eu não achei tão desastroso assim, embora reconheça que há vários problemas. E o que acontece no final dessa série? Como era de se esperar, temos um grande duelo envolvendo o personagem principal e o vilão Darth Vader. Não deixa de ser interessante rever esses dois personagens tão simbólicos lutando com seus sabres de luz. São antigos personagens icônicos da história do cinema. Pena que não capricharam muito no quesito roteiro. Esse é o calcanhar de Aquiles desta série. Nenhum roteiro de nenhum episódio se sobressai. E tudo, assim, se torna muito banal. / Obi-Wan Kenobi 1.06 - Part VI (Estados Unidos, 2022) Direção: Deborah Chow / Elenco: Ewan McGregor, Moses Ingram, Vivien Lyra Blair.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Star Trek: Strange New Worlds

Essa nova série da franquia "Star Trek" vem recomendado especialmente para os nostálgicos da série original dos anos 60. A história se passa 10 anos antes do episódio piloto da série original. Esse episódio piloto tinha como Capitão da Enterprise o oficial Christopher Pike. Esse episódio chamado de "The Cage" não foi ao ar na época porque os produtores consideraram o roteiro cerebral demais para o publico, por isso o episódio foi arquivado e um novo episódio piloto foi produzido. Saiu o Capitão Pike e entrou o Capitão Kirk. O resto da história já sabemos. Pois bem, quando esse primeiro episódio começa, o Capitão Pike está no planeta Terra e a Enterprise passa por reparos no espaço. Ele é chamado de forma urgente para assumir o comando porque uma tripulação da federação, em uma missão de primeiro contato com uma civilização desconhecida, desapareceu e não entrou mais em contato com seus superiores. Pike precisa descobrir o que aconteceu com eles e onde estão. Para isso reúne sua tripulação, entre eles o seu comandante de ciências, o senhor Spock.

Como é uma série nostálgica, tudo remete aos primeiros tempos, os uniformes, o design da nave Enterprise, etc. Só que obviamente reproduzido com a tecnologia dos nossos dias. Os efeitos especiais por isso são infinitamente superiores àqueles que vimos na série dos anos 60. O orçamento da série original era bem restrito, por isso os efeitos eram toscos. Eu gostei desse primeiro episódio. Apreciei a proposta dessa nova série e penso que há um futuro promissor aqui. O roteiro tem seus momentos tolinhos, mas isso também aparecia na série original, ficando tudo dentro do script. O Pike é um personagem interessante e a série promete contar sua história. Claro que os fãs de Jornada nas Estrelas não vão ter do que reclamar.

Star Trek: Strange New Worlds (Estados Unidos, 2022) Direção: Akiva Goldsman / Roteiro: Akiva Goldsman / Elenco: Anson Mount, Ethan Peck, Jess Bush / Sinopse: A série conta a história do Capitão Christopher Pike no comando da nave Estelar Enterprise.

Pablo Aluísio. 


Star Trek - Strange New Worlds 1.02 - Children of the Comet
A Enterprise intercepta um cometa que está indo em direção a um planeta onde vive uma civilização primitiva. A colisão seria o fim daquele mundo. O capitão Pike decide intervir mesmo contra as diretrizes da frota estelar. O que ele nem desconfiava vem logo a seguir. O cometa estava sendo protegido por uma nave de guerra, de origem alienígena. Logo se cria um clima de tensão entre a Enterprise e essa nave. O curioso é que esses alienígenas são retratados como tipos fanáticos pois nutrem um sentimento religioso em relação ao cometa. Episódio muito bom, aliás bem superior ao episódio piloto. / Star Trek - Strange New Worlds 1.02 - Children of the Comet (Estados Unidos, 2022) Direção: Maja Vrvilo / Elenco: Anson Mount, Ethan Peck, Jess Bush.

Star Trek - Strange New Worlds 1.03 - Ghosts of Illyria
A Enterprise vai parar em um planeta distante, onde no passado funcionou uma colônia em que foram realizadas experiências genéticas. Os habitantes do planeta queriam apurar a raça. Fica claro que esse planeta nada mais é do que uma metáfora em relação ao que aconteceu na Alemanha nazista. Pois bem, os tripulantes retornam do planeta com sérios sintomas de que foram contaminados pois demonstram ter uma sensibilidade à luz fora do normal. O Capitão Pike e Spock ficam presos no planeta por causa de uma tempestade iônica e lá enfrenta estranhos seres feitos de pura energia. Mais um bom episódio dessa série que tem se revelado cada vez melhor, cada vez mais interessante, mantendo o espírito da série original dos anos 60. / Star Trek - Strange New Worlds 1.03 - Ghosts of Illyria (Estados Unidos, 2022) Direção: Leslie Hope / Elenco: Anson Mount, Ethan Peck, Jess Bush.

Star Trek - Strange New Worlds 1.04 - Memento Mori
Nesse episódio a nave interestelar Enterprise vai parar numa colônia distante do planeta Terra. Lá vive um agrupamento de pessoas que começaram a sofrer com a mudança na atmosfera do lugar. E para piorar tudo, uma raça alienígena violenta surge no espaço. Eles destroem as bases. E matam as pessoas. São conhecidos por serem violentos e irascíveis. E são várias Naves inimigas. Para a Enterprise, situação fica complicada. Para escapar da destruição o Capitão Pike manda todos para uma zona muito perto de uma Estrela que está sendo engolida por um grande buraco negro. O Horizonte de eventos pode ser a salvação, mas também pode se tornar o lugar onde a Enterprise será destruída. / Star Trek - Strange New Worlds 1.04 - Memento Mori (Estados Unidos, 2022) Direção: Dan Liu / Elenco: Anson Mount, Ethan Peck, Jess Bush.

Star Trek - Strange New Worlds 1.07 
O capitão Pike responde o pedido de ajuda de colonos além das fronteiras da federação. Péssima ideia pois a Enterprise acaba sendo tomada e dominada por piratas espaciais. E tem também o velho problema do Spock e suas emoções humanas. Ele parece apaixonada por uma vulcana, mas isso seria nada racional. Bom episódio, nada demais, apenas mostrando que Pike poderia ser tão imprudente quanto Kirk. 

Pablo Aluísio

domingo, 29 de maio de 2022

A Vida Extraordinária de Louis Wain

Esse filme conta a história de um ilustrador, desenhista e pintor inglês que viveu na era vitoriana. Seu nome era Louis Wain. A vida para ele não foi fácil. Era o irmão mais velho de 5 irmãs. Quando seu pai morreu, ele precisou sustentar a sua família e para isso contava apenas com sua arte. Viver como artista naqueles tempos não era fácil, por isso ele fazia de tudo um pouco para sobreviver, desenhava e fazia ilustrações de bichos de estimação de pessoas ricas, pintava retratos de pessoas importantes, etc. Para a sua sorte acabou sendo contratado por um jornal de Londres para ser ilustrador de suas páginas. Naqueles tempos não havia ainda uso de fotografias, então a figura de um ilustrador era essencial dentro do jornalismo. Quando foi contratado por esse jornal ele passou pela fase mais estável de sua vida. Conseguiu sustentar suas irmãs mais jovens e até mesmo se casou como a governanta de sua própria casa.

E isso era um problema dentro de uma sociedade baseada em camadas sociais rígidas. Era algo que chocava, pois ela havia sido sua empregada. Louis Wain não se importou com isso e seguiu em frente com sua vida. Em uma tarde chuvosa, sua esposa resgatou um gatinho que estava na chuva. Artista como era, ele logo resolveu fazer alguns desenhos desse gato mal sabendo que havia encontrado o estilo que o iria consagrar. Ele então começou a fazer uma série de ilustrações de gatos para o jornal onde trabalhava. Essas ilustrações foram publicadas em uma edição de Natal especial que vendeu muito. Louis Wain ficou imensamente conhecido na época. O segredo era que o artista retratava os gatos como se fossem seres humanos e isso era uma inovação e tanto. Algo que depois iria ser usado no mundo das histórias em quadrinhos e posteriormente nos desenhos animados. Nesse aspecto ele foi um grande pioneiro na arte que dominava. Esse período de felicidade não durou muito. Esse artista era uma daquelas pessoas que infelizmente o destino havia reservado várias tragédias em sua vida pessoal. A esposa morreria de um câncer de mama e a sua irmã mais jovem iria sofrer de esquizofrenia. Foi uma época dura para ele.

Tecnicamente o filme é muito bom, com ótima reconstituição de época. Uma produção classe A sem dúvida, que tenta resgatar parte daqueles tempos da era vitoriana. O ator que interpreta Louis Wain é o  nosso velho conhecido Benedict Cumberbatch, um excelente ator. A atriz Claire Foy interpreta sua esposa. Quem assistiu à série The Crown vai reconhecê-la, pois ela interpretou a rainha Elizabeth II quando jovem. Esse filme me trouxe sentimentos de ambiguidade, pois ao mesmo tempo em que eu apreciava a obra cinematográfica em si, também não pude deixar de ficar bem triste pelo destino do protagonista. Filmes baseados em histórias reais são muito interessantes, mas também podem ser bem dramáticos, pois são baseados em vidas de pessoas que realmente existiram, que não são personagens de mera ficção. O artista retratado nesse filme teve um fim de vida trágico. Infelizmente o destino nem sempre sorri para todos.

A Vida Extraordinária de Louis Wain (The Electrical Life of Louis Wain, Reino Unido, 2021) Direção: Will Sharpe / Roteiro: Simon Stephenson / Elenco: Benedict Cumberbatch, Claire Foy, Andrea Riseborough, Olivia Colman / Sinopse: O filme conta a história de um artista inglês do século 19 que se notabilizou por suas ilustrações e quadros de gatos de estimação. Filme premiado pelo British Independent Film Awards.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 27 de maio de 2022

O Homem do Norte

A história do filme se passa no século nono da era cristã, o cenário é o norte gelado da Europa. Nesse quadro histórico um rei nórdico retorna de uma campanha militar vitoriosa. Como se sabe os Vikings eram grandes navegadores e guerreiros que viajavam pelos mares do norte em busca de novos territórios para saquear e escravizar os povos vencidos. O rei retorna de sua expedição e reencontra sua esposa e seu filho. A Felicidade parece predominar, entretanto há uma conspiração em curso e o rei acaba sendo morto pelo seu próprio irmão. O jovem príncipe, apenas um garoto, consegue escapar e jura vingança pela morte do pai. Os anos passam e ele se torna um homem forte, além de grande guerreiro, sempre obcecado pela sua sede de vingança. Então ele descobre que seu tio regicida está vivendo atualmente na distante ilha gelada da Islândia. Ele se faz passar por um escravo e entra na propriedade do seu tio usurpador. Agora próximo, ele pode saciar seu desejo de se vingar pela morte do pai, algo que o move todos os dias, uma obsessão que o consome totalmente.

O roteiro desse filme pode parecer sem maiores novidades. Afinal é uma tradicional história de vingança, mas espere por surpresas. A narrativa não é tão convencional como parece ser. O protagonista tem delírios e sonhos onde interage com antigos deuses nórdicos e nesses sonhos ele se vê cavalgando em direção ao seu esplendor divino, carregado de glórias por ter matado o assassino de seu pai. A trilha sonora do filme é uma das melhores coisas dessa produção. Os produtores procuraram reproduzir a sonoridade dos antigos povos do norte da Europa, com uso intenso de tambores e uma vocalização gutural que impressiona o espectador. O clima do filme é bem tenso, não há espaço para as cenas leves.

Também destaco aqui nessa galeria de bons personagens, a rainha interpretada pela atriz Nicole Kidman. Inicialmente o espectador pensa que ela é uma mulher oprimida, obrigada a viver ao lado do assassino de seu marido, mas espere por surpresas deste roteiro. As coisas não serão tão simples. Em conclusão digo que esse não é um filme banal de vingança e lutas de espadas. Em aspecto mais profundo, é um filme que investe forte no lado mais psicológico dos personagens. Um filme que fez sucesso nos Estados Unidos e que surpreende por suas boas escolhas artísticas.

O Homem do Norte (The Northman, Estados Unidos, 2022) Direção: Robert Eggers / Roteiro: Robert Egger / Elenco: Alexander Skarsgård, Nicole Kidman, Claes Bang, Anya Taylor-Joy / Sinopse: Após a morte do rei pelas mãos do próprio irmão, seu filho jura vingança. 

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Vício Maldito

É um drama clássico que trata do delicado aspecto do alcoolismo. Jack Lemmon que se notabilizou pelas comédias em que atuou ao longo de sua carreira, fez o filme mais dramático de sua vida. Inclusive ele foi indicado ao Oscar justamente por esse trabalho. Suas cenas com camisa de força no hospital deixam claro como ele se entregou ao seu papel. Há autores que dizem que o próprio ator enfrentou batalhas contra a bebida em sua vida pessoal. Isso explicaria em parte sua boa atuação no filme. A atriz Lee Remick, por outro lado, era jovem demais para uma personagem tão complexa. Mesmo assim não compromete. Alguns observadores mais críticos poderiam dizer que o filme exagera nas tintas dramáticas. Penso de forma diferente, acredito que o filme tem o tom certo para tratar o tema, ainda mais se formos levar em conta o contexto histórico e a época em que o filme foi produzido. O fato é que o alcoolismo sempre foi um problema sério dentro da sociedade americana, basta lembrarmos da lei seca e seus efeitos. A bebida destruindo famílias, lares e o próprio conceito de sociedade saudável, uma questão de saúde pública certamente.

Em termos de diretor me surpreendeu a presença de Blake Edwards, um cineasta de comédias! Como veio parar nesse drama? E olha que ele se saiu muito bem! O resultado é muito bom, inclusive foi um dos primeiros filmes de Hollywood a tratar sobre o tema. O AA ganhou importância nesse roteiro, devo salientar. Enfim esse filme tem sua importância dentro da história do cinema.

Vício Maldito (Days of Wine and Roses, Estados Unidos, 1962) Direção: Blake Edwards / Roteiro: J.P. Miller / Elenco: Jack Lemmon, Lee Remick, Charles Bickford, Jack Klugman, Alan Hewitt, Tom Palmer / Sinopse: Joe Clay (Lemmon), um agente de relações públicas, se casa com Kirsten Arnesen (Lee Remick), uma jovem secretária. E logo as bebedeiras começam e não terminam mais. O casal se torna alcoólatra.

Pablo Aluísio. 

Morre o ator Ray Liotta

Uma notícia triste para os fâs de cinema, morreu o ator Ray Liotta. Ele tinha 67 anos de idade e estava filmando na República Dominicana onde veio a falecer de causas ainda não divulgadas pela família. O ator ficou muito conhecido por causa de seu marcante papel no filme "Os Bons Companheiros", já considerado hoje um clássico dirigido por Martin Scorsese. Após essa grande produção, ele ainda trabalhou em muitos filmes chegando ao final de sua vida com uma filmografia com mais de 120 filmes ao longo da carreira. 

Eu conheci seu trabalho justamente por causa do filme de Scorsese, onde ele estava brilhante no papel. Infelizmente depois ele nunca mais conseguiu recuperar essa fase de auge, participando de muitos filmes menores ao longo dos anos, com algumas produções B sem maior importância. Ainda assim é um nome marcante para quem acompanhou a sétima arte ao longo de todos esses anos, desde a década de 80 até os tempos atuais. Realço que mesmo atuando como coadjuvante, ele ainda fez alguns papéis bem marcantes em Hollywood. Foi uma perda sem dúvida, não apenas para seus familiares, mas também para os cinéfilos ao redor do mundo que se familiarizaram com o seu trabalho por todos esses anos. Segue abaixo uma pequena lista com os melhores filmes que assisti deste ator.

O melhor de Ray Liotta:

Campo dos Sonhos

Os Bons Companheiros

Cop Land: A Cidade dos Tiras

Profissão de Risco

Sin City: A Dama Fatal

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Vozes do Além

Título no Brasil: Vozes do Além
Título Original: From Beyond the Grave
Ano de Produção: 1974
País: Estados Unidos
Estúdio: Amicus Productions
Direção: Kevin Connor
Roteiro: R. Chetwynd-Hayes, Raymond Christodoulou
Elenco: Peter Cushing, Ian Bannen, Ian Carmichael

Sinopse:
Vários contos de terror, todos centrados nos personagens que entram numa loja de antiguidades de propriedade do sinistro dono interpretado por Peter Cushing. São quatro os contos: "The Gate Crasher", "An Act of Kindness", "The Elemental" e  "The Door".

Comentários:
Não, não se trata daquela bomba com Michael Keaton, e sim de mais um daqueles filmes da produtora Amicus com uma reunião de pequenas histórias de terror. As histórias aqui estão relacionadas a uma loja de antiguidades, onde um dono sinistro (Peter Cushing, claro) atende os fregueses. Porém, todos aqueles que resolvem trapacear roubando dinheiro, algum objeto ou algo do tipo acaba recebendo algum tipo de "maldição". A primeira história envolve um espelho, a segunda uma medalha (que não se encaixa muito bem), a terceira é um caso (meio cômico) de possessão e a última é sobre uma porta. Apesar de bastante elogiado, não acho tão bom quanto os outros de antologias da Amicus, mas não que seja ruim, pelo contrário, mas prefiro os outros. Mas este também é muito indicado, com alguns nomes bacanas no elenco e bom clima, ainda que tudo bem datado. (Ricardo Martins).

Peter Cushing empresta todo seu carisma para esse filme que de certa forma acabou se tornando um dos últimos suspiros da velha fórmula de se fazer filmes de terror. Afinal já eram os anos 70, diretores como Steven Spielberg e George Lucas estavam surgindo e com eles toda uma nova leva de cineastas que iriam mudar os conceitos de filmes de fantasia, ficção e terror. Por essa razão "Vozes do Além" é um achado com seu estilo retrô, nostálgico, de se produzir fitas de terror. A fotografia, os cenários e os figurinos são todos feitos para dar aquele clima de algo antigo, sinistro, enterrado em covas profundas, ao espectador. Os objetos parecem ter saídos de alguma casa mal assombrada, de alguma cova putefrata, de terem pertencido a algum falecido. Nada mais assustador (e divertido). O resultado é muito bom, adequado aos cinéfilos que adoram aquele velho modo de assustar o público. 

Pablo Aluísio.

O Maníaco

Título no Brasil: O Maníaco
Título Original: Maniac
Ano de Produção: 1980
País: Estados Unidos
Estúdio: Magnum Pictures
Direção: William Lustig
Roteiro: C.A. Rosenberg
Elenco: Joe Spinell, Caroline Munro, Abigail Clayton, Kelly Piper, Tom Savini, Rita Montone

Sinopse:
Um serial killer começa a matar de forma insana numa Nova Iorque com medo e tensão em cada esquina. As vítimas são mulheres sozinhas e indefesas que encontram sua morte nos becos mais escuros da cidade.

Comentários:
Quando esse filme foi lançado sofreu pesadas críticas por causa do excesso de violência e sangue na tela. Era o começo de uma nova onda de filmes que não escondiam mais as cenas mais brutais com meras sugestões. Revisto hoje em dia essa produção B deixa transparecer sua fraca produção, mas ao mesmo tempo mantém o interesse de quem gosta de filmes de terror pois o suspense, na maioria das vezes, é bem construído. Pena que a trilha sonora com excesso de sintetizadores deixe tudo ainda mais datado. De qualquer forma o filme ainda tem seus defensores nos dias atuais, justamente por ter sido um pioneiro no gênero slasher.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de maio de 2022

Jogada Decisiva

Título no Brasil: Jogada Decisiva
Título Original: A Big Hand for the Little Lady
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Fielder Cook
Roteiro: Sidney Carroll
Elenco: Henry Fonda, Joanne Woodward, Jason Robards, Paul Ford, Charles Bickford, Burgess Meredith. 

Sinopse:
Uma vez por ano os homens mais ricos de Laredo se reúnem para uma partida decisiva de pôquer. Em jogo milhares de dólares. No dia em que o jogo começa um forasteiro, Meredith (Henry Fonda), chega na cidade ao lado de sua esposa e do pequeno filho. Ele é um ex-viciado em jogos de azar que está apenas de passagem. Embora tenha prometido para sua mulher que nunca mais jogaria em sua vida, não consegue resistir à tentação de entrar naquele jogo, para quem sabe ganhar uma bolada, rápida e fácil! O problema é que Meredith realmente não tem limites e começa a apostar tudo o que tem, inclusive seu futuro.

Comentários:
"Jogada Decisiva" me lembrou muito do grande clássico "Um Golpe de Mestre". Não tecerei maiores comentários sobre essa semelhança pois corre-se o risco de estragar as surpresas do roteiro para o espectador. Dito isso, não poderia deixar de recomendar essa trama em tom de farsa que cativa o público por causa de seu roteiro bem bolado e cheio de reviravoltas interessantes. Henry Fonda interpreta um pobre coitado que chega na cidade e fica louco para participar de uma partida de pôquer onde apenas figurões jogam. Ele tem um passado como jogador compulsivo, daqueles que apostam até suas calças e não consegue parar. Sua paciente e sofrida esposa é interpretada pela linda Joanne Woodward, em ótimo momento pois sua personagem dá uma verdadeira guinada em pouco mais de 90 minutos de duração do filme. Outro destaque vem para os demais jogadores, em especial Henry Drummond (Roberts), um fazendeiro mal educado, mas prático em sua vida (a forma como faz para se livrar do noivo de sua filha é divertido e bem ácido). Por fim cabe o aviso ao espectador de que dois terços do filme se passa em volta de uma mesa de pôquer, com todas as tensões e sutilezas desse jogo. Mesmo assim não é, em absoluto, um filme maçante, pelo contrário, sua estrutura teatral vai enganar muita gente pois o roteiro, o grande achada da produção, dá de dez a zero em muito filme atual. Em suma, divertido e inteligente nas medidas certas.

Pablo Aluísio.