segunda-feira, 24 de julho de 2017

Que Papai não Saiba

Título no Brasil: Que Papai não Saiba
Título Original: Vivacious Lady
Ano de Produção: 1938
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: George Stevens
Roteiro: P.J. Wolfson, Ernest Pagano
Elenco: Ginger Rogers, James Stewart, James Ellison, Beulah Bondi, Charles Coburn, Frances Mercer

Sinopse:
Peter Morgan, Jr (James Stewart) é um sujeito todo certinho, professor universitário, que se prepara para seguir os passos de seu avô e seu pai, para um dia se tornar reitor da universidade. Durante uma visita a Nova Iorque ele conhece, se apaixona e se casa com Francey Morgan (Ginger Rogers), uma cantora de night clubs. De volta ao lar ele agora terá que encontrar um jeito de contar isso ao seu pai, um sujeito conservador, linha dura e de mente atrasada, que provavelmente terá um choque e uma explosão de raiva quando souber das novidades.

Comentários:
Esse filme foi lançado um ano antes do começo da II Guerra Mundial. Isso significa que a inocência desse tipo de enredo em breve iria desaparecer diante das atrocidades dos campos de batalha (o próprio James Stewart iria para a guerra). É um roteiro romântico, diria até bem bobinho. Toda a estória gira em torno do medo de um jovem nerd em contar para seu pai (um sujeito dominador e prepotente) que havia se casado com uma dançarina de boates! Tudo o que o velho mais abominaria. Diante do pavor da situação ele retorna para sua velha cidade com sua esposa, mas esconde dos pais que ela é casada com ele. Ao invés disso fica o tempo todo mantendo uma mentira, a de que a garota seria na verdade a namorada de seu primo! Como se pode perceber é uma comédia de costumes ao velho estilo. Tudo baseado numa peça teatral. James Stewart era muito jovem quando atuou nessa produção. Ele ainda estava um pouco distante dos clássicos do cinema que iria estrelar. Imaturo, até com um pouco de falta de jeito, seu estilo mais matuto acabou combinando muito bem com seu personagem. Já Ginger Rogers, que se tornaria imortal na história de Hollywood por causa de seus musicais inesquecíveis ao lado de Fred Astaire, estava mais bonita do que nunca! Ela tinha um excelente timing para a comédia e aqui demonstra bem isso. O filme chegou a ser indicado a dois prêmios técnicos no Oscar, o de Melhor Fotografia (Robert De Grasse) e o de Melhor Som (James Wilkinson). O diretor George Stevens, um dos grandes cineastas de Hollywood durante a fase de ouro do cinema clássico americano, aqui dirigiu um de seus trabalhos mais leves e descompromissados, e mesmo assim acabou sendo premiado no Venice Film Festival como melhor diretor estrangeiro. Não tem jeito, mesmo com produções românticas, leves e ingênuas, esses gênios da sétima arte conseguiam realmente se sobressair.

Pablo Aluísio.

domingo, 23 de julho de 2017

Drácula - O Perfil do Diabo

Título no Brasil: Drácula - O Perfil do Diabo
Título Original: Dracula Has Risen from the Grave
Ano de Produção: 1968
País: Inglaterra
Estúdio: Hammer Films
Direção: Freddie Francis
Roteiro: Anthony Hinds
Elenco: Christopher Lee, Rupert Davies, Veronica Carlson, Barbara Ewing, Ewan Hooper, Barry Andrews
  
Sinopse:
Durante uma visita à Transilvânia um Monsenhor católico (Rupert Davies) descobre que o povo daquela região ainda vive apavorado, mesmo após a morte de Drácula (Lee). Ele então decide subir as montanhas, onde está o castelo do conde vampiro, para realizar um rito de exorcismo e purificação no lugar. Após suas orações e rituais finca uma grande cruz nos portões do castelo amaldiçoado. De volta à existência, Drácula fica furioso com isso e decide seguir o sacerdote até sua terra natal, na Alemanha, para acertar contas com ele. Durante a viagem transforma um padre em seu escravo pessoal e começa a procurar obsessivamente por Maria (Carlson), a sobrinha do Monsenhor, para seduzi-la. O confronto assim se torna inevitável entre o bem e o mal. 

Comentários:
Dez anos depois de interpretar Drácula pela primeira vez em "O Vampiro da Noite" o ator Christopher Lee voltou para a Hammer para rodar mais esse novo filme de terror com o personagem. Um aspecto que chama a atenção é que de uma maneira em geral o roteiro do primeiro filme acabou servindo de base para essa nova produção. Claro que há diferenças substanciais, mas de um modo em geral ambos os filmes são bem semelhantes. O grande rival que agora enfrenta o mitológico vampiro não é mais Van Helsing, como era de se esperar, mas sim um Monsenhor que vê sua própria sobrinha cair nas garras do conde sanguinário. Por falar nessa personagem, a da indefesa jovem Maria, temos que chamar a atenção para o fato dela ter sido interpretada pela atriz inglesa Veronica Carlson, uma beldade que acabou se tornado musa dos filmes da Hammer. Modelo na juventude, ela era certamente uma boa razão para se conferir filmes como esse, até mesmo por causa das ousadas cenas de quase nudez em que aparecia. Seu namorado no filme é um rapaz que não acredita em Deus e que precisará, mesmo sem fé nenhuma, enfrentar o vampiro. Tempos difíceis.

Por fim e não menos importante, temos que sempre valorizar a presença do veterano Christopher Lee em cena. Seu Drácula aqui surge um pouco mais sedutor, com mais diálogos do que nos filmes anteriores. Nota-se, mesmo de forma bem tímida, uma pequena mudança no personagem. Ao invés de ser apenas um monstro feroz como era retratado nos primeiros filmes, aqui já há uma certa sedução no ar, principalmente nas cenas em que ele encontra a jovem Maria em seu quarto. Esse tipo de característica pessoal de Drácula só iria aumentar nos anos que viriam a ponto do conde ter se transformado quase em um personagem puramente romântico, sempre atrás do grande amor de sua vida, como no filme de 1979 onde seria interpretado por Frank Langella, em uma das melhores adaptações já feitos do imortal vampiro criado por Bram Stoker para as telas. Então é basicamente isso. Um boa produção, valorizada ainda mais pela atuação de Christopher Lee, um ator cuja a simples presença sempre valia a sessão de cinema. Em suma, uma pequena obra, um pouco esquecida, do cinema de horror inglês. Vale conferir.

Pablo Aluísio.

A Maldição de Frankenstein

Título no Brasil: A Maldição de Frankenstein
Título Original: The Curse of Frankenstein
Ano de Produção: 1957
País: Inglaterra
Estúdio: Hammer Films
Direção: Terence Fisher
Roteiro: Jimmy Sangster
Elenco: Peter Cushing, Christopher Lee, Hazel Court, Robert Urquhart, Melvyn Hayes, Paul Hardtmuth

Sinopse:
Considerado por muitos como um louco, o Dr. Victor Frankenstein (Peter Cushing) decide realizar a maior de suas experiências. Usando de energia elétrica colhida por raios, ele acredita que dará vida a uma criatura composta de vários pedaços de corpos humanos roubados de cemitérios e necrotérios de Londres. Sua ambição é demonstrar que há possibilidade científica de gerar vida em cadáveres! 

Comentários:

Mais um filme baseado na obra imortal de Mary Shelley. Essa versão da Hammer Films, produzida no auge criativo do estúdio britânico, segue bem fiel ao texto original de Shelley. Seu enredo é bem de acordo com o livro clássico. Um dos aspectos mais curiosos dessa produção é a atuação do ator Christopher Lee como a criatura criada em laboratório pelo lunático cientista Victor Frankenstein. A maquiagem que Lee usou foge dos padrões clássicos dos filmes da Universal nos Estados Unidos. Ao invés de ter parafusos e um topo quadrado em sua cabeça, como no visual antigo, aqui os diretores da Hammer preferiram algo menos cartunesco, com Lee usando algo mais discreto, mais humano, vamos colocar assim. Ele tem um rosto deformado, porém mais de acordo com o visual de um corpo humano após sua morte. Ficou muito bom para dizer a verdade. Já Cushing surpreende ao não tentar fazer o estereótipo do cientista maluco e cruel. Ele procurou ser menos exagerado, procurando até mesmo por uma interpretação mais cuidadosa do que seria um pesquisador e cientista da era vitoriana. Então é basicamente isso. Mais um belo trabalho de direção e atuação da Hammer, um estúdio que realmente marcou história no universo da cultura pop cinematográfica mundial. Esse é aquele tipo de filme que já nasce clássico, desde seu lançamento original. Imperdível.

Pablo Aluísio.

sábado, 22 de julho de 2017

Fuga de Sobibor

Título no Brasil: Fuga de Sobibor
Título Original: Escape from Sobibor
Ano de Produção: 1987
País: Inglaterra
Estúdio: Zenith Entertainment
Direção: Jack Gold
Roteiro: Thomas 'Toivi' Blatt
Elenco: Alan Arkin, Rutger Hauer, Joanna Pacula, Hartmut Becker, Jack Shepherd, Kurt Raab
  
Sinopse:
II Guerra Mundial. No campo de extermínio nazista de Sobibor, milhares de judeus são mortos em câmeras de gás. Os que possuem alguma profissão são usados como mão de obra escrava. Mulheres, crianças e idosos são mortos imediatamente. Tudo muda quando um novo grupo de prisioneiros chega. Ele é formado por soldados russos presos na invasão nazista na União Soviética. Liderados pelo tenente Alexander 'Sasha' Pechersky (Rutger Hauer) eles começam a planejar um plano de fuga em massa daquele campo da morte. Filme premiado pelo Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator (Rutger Hauer) e Melhor Minissérie.

Comentários:
Embora não seja um filme tão antigo assim, "Fuga de Sobibor" possui todos os elementos dos grandes clássicos de guerra do passado. A história é das mais relevantes, tudo baseado em fatos históricos reais. Sobibor foi um dos mais conhecidos campos de concentração da Alemanha nazista. Situada na fronteira da Polônia esse lugar tinha uma peculiaridade própria. Ao invés de servir como um verdadeiro depósito de prisioneiros (como acontecia em Auschwitz), em Sobibor os judeus eram exterminados imediatamente, assim que chegavam no local. Quando desciam dos trens de carga eles eram selecionados, sendo poupados homens com capacidade de trabalho (para servirem de mão de obra escrava) e o resto enviado para a morte instantânea em câmeras de gás. Esse foi seguramente o crime mais bárbaro já cometido na história. Um crime contra a humanidade. O filme tem o grande mérito de mostrar tudo isso, ao mesmo tempo em que conta a aliança formada entre os prisioneiros judeus e um grupo de soldados russos que planejam uma fuga em massa do campo. Historicamente aliás Sobibor foi a primeira (e última) fuga bem sucedida em campos de concentração dominados pelos famigerados SS (a tropa de elite do III Reich). 

O roteiro por essa razão se torna empolgante porque somos apresentados ao martírio insano daquelas pessoas e passamos a acompanhar sua luta para fugir daquele inferno. Rutger Hauer, como o tenente russo Sasha, nunca esteve tão bem em cena! Talvez só mesmo em "Blade Runner" ele tenha atuado tão bem como aqui - e acabou sendo merecidamente premiado com um Globo de Ouro por seu trabalho. Mesmo com Hauer em ótimo momento quem acaba mesmo roubando a cena é o ator Alan Arkin. Ele interpreta um homem comum, um judeu que viu toda a sua família ser exterminada nas câmaras de gás e que só sobreviveu por ser sapateiro. E é justamente esse simples trabalhador que se torna o pilar de sustentação moral dos prisioneiros. Dessa maneira temos duas grandes qualidades nessa produção. A primeira é sua função histórica importante, ao resgatar mais esse momento do holocausto, revivendo toda a monstruosidade nazista, como o assassinato a sangue frio de mulheres indefesas e seus bebês. A outra é o fato de ser um dos melhores filmes de guerra já produzidos, com ótimos momentos de ação e suspense. Assim não há outra conclusão. "Fuga de Sobibor" é de fato um grande filme, simplesmente imperdível.

Pablo Aluísio.

A Última Batalha de um Jogador

Título no Brasil: A Última Batalha de um Jogador
Título Original: Bang the Drum Slowly
Ano de Produção: 1973
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: John D. Hancock
Roteiro: Mark Harris
Elenco: Robert De Niro, Vincent Gardenia, Michael Moriarty, Phil Foster, Ann Wedgeworth, Heather MacRae
  
Sinopse:
Dois jogadores de beisebol, Henry Wiggen (Michael Moriarty) e Bruce Pearson (Robert De Niro), se tornam bem amigos enquanto jogam em uma equipe de Nova Iorque. Essa amizade é colocada à prova quando Henry é diagnosticado com uma doença grave, que muito provavelmente colocará fim em sua carreira e em seus sonhos. Bruce acaba se tornando assim seu grande amigo nesse momento extremamente crucial em sua vida.

Comentários:
Filmes sobre esportes só se tornam importantes quando retratam dramas da vida real. Esse "Bang the Drum Slowly" é sem dúvida um dos bons dramas esportivos do cinema americano, colocando em primeiro plano a amizade entre dois jogadores quando um deles descobre que muito provavelmente não terá mais uma promissora carreira desportiva pela frente, isso porque está com uma doença grave. O protagonista do filme é o ator Michael Moriarty, mas obviamente hoje em dia quem mais chama a atenção nesse elenco é o ator Robert De Niro, na época ainda bem jovem e prestes a se tornar um dos mais celebrados atores dos anos 70. Atualmente a carreira de De Niro está em franca decadência (há muitos anos aliás), mas nas décadas de 70 e 80 ele viveu o auge de sua filmografia, com uma sucessão incrível de grandes clássicos, obras primas cinematográficas, em sua trajetória. Curiosamente nem Moriarty e nem De Niro foram lembrados pela Academia por suas respectivas atuações, mas sim o menos conhecido Vincent Gardenia, que acabou arrancando uma indicação ao Oscar por sua participação nesse filme. Coisas de Hollywood.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Alvarez Kelly

Uma guerra não se vence apenas com tropas e armas. É preciso provisões, alimentos, para os soldados que vão lutar nela. Essa história se passa durante a guerra civil americana. Alvarez Kelly (William Holden) é um comerciante de gado, que atravessa grandes distâncias para vender os animais como alimento para o exército da União. Ele é um sujeito pragmático, disposto a vender seu produto a qualquer lado do conflito, desde que seja bem pago. Durante a entrega de mais um rebanho, Kelly é raptado por soldados da Confederação liderados pelo Coronel Tom Rossiter (Richard Widmark). A ideia é fazer com que Kelly ajude aos rebeldes do sul no roubo de todo aquele gado, o levando para Richmond, cidade confederada sitiada por tropas do general da União Grant. Com o rebanho servindo de provisão, o exército sulista poderia aguentar por mais tempo.

O filme tem várias reviravoltas, sempre com Kelly nas mãos dos confederados. Ele é um velho cowboy experiente, nascido no México, filho de pais irlandeses, que na verdade pouco está se importando com quem vencerá a guerra. A estrutura do roteiro tem alguns problemas, principalmente com quebras de ritmo, causadas principalmente por idas e vindas da história. Não consegui localizar a informação se a história contada no filme é de fato real. Pelos letreiros finais dá-se a entender que sim, porém pessoalmente acho pouco provável que de fato tenha acontecido. Roubar gado de tropas da União para levar até o front confederado soa mesmo como mera ficção.

De qualquer forma o filme vale a pena. Afinal temos aqui dois grandes atores em cena. O ator William Holden já não era o grande galã do passado. Problemas de alcoolismo crônico o debilitaram bastante. O curioso é que seu personagem fica o tempo todo em busca de bebida (de preferência whisky escocês!), numa incômoda referência com aspectos de sua vida pessoal. Melhor se sai Richard Widmark. Você não sentirá qualquer simpatia por seu personagem, um Coronel confederado com sinais de psicopatia e crueldade. Isso é sinal que Widmark fez bem seu trabalho, afinal vilões são criados para isso mesmo, causar repulsa no público. Por fim uma curiosidade interessante: o filme foi lançado nos cinemas brasileiros com o equivocado título de "Tenente Kelly" (um absurdo pois o personagem não era um tenente!). Com os anos acabou ficando conhecido apenas como "Alvarez Kelly", o que convenhamos era o mais adequado.

Tenente Kelly (Alvarez Kelly 1966) Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: Franklin Coen / Elenco: William Holden, Richard Widmark, Janice Rule / Sinopse: Alvarez Kelly (William Holden) é um comerciante de gado que vende rebanhos para as tropas da União. Durante a entrega de mais um lote de animais ele é capturado pelo exército confederado inimigo. Sob julgo do Coronel rebelde sulista Tom Rossiter (Richard Widmark) ele é forçado a participar de um plano de roubo do gado para ser levado até Richmond, cidade sob controle da confederação que está sofrendo ataque dos ianques.

Pablo Aluísio.

A Última Carroça

Título no Brasil: A Última Carroça
Título Original: The Last Wagon
Ano de Produção: 1956
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Delmer Daves
Roteiro: James Edward Grant, Delmer Daves
Elenco: Richard Widmark, Nick Adams, Felicia Farr, Susan Kohner, Stephanie Griffin, George Mathews

Sinopse:
Durante a colonização do velho oeste americano, um grupo de pioneiros são atacados por selvagens das tribos Apaches que vivem na região. Eles conseguem sobreviver, mas ficam perdidos no meio do deserto. Sua única chance aparece quando um homem branco chamado Todd (Richard Widmark), que viveu entre os comanches, surge para ajudá-los a sair dali com vida.

Comentários:
Bom faroeste, bem valorizado por ter um elenco muito bom e um roteiro eficiente, que não perde tempo com bobagens. O diretor Delmer Daves era um especialista em fitas de western e aqui resolveu não perder muito tempo, usando como estrutura de roteiro um enredo ágil, rápido, mas muito bem escrito. O filme é estrelado pelo ator Richard Widmark que interpreta um personagem bem dúbio, que ora pode ser a salvação de toda aquela gente, ora pode se tornar sua ruína final. Ele é conhecido como Comanche Todd, pois apesar de ser branco, sempre conviveu com as tribos comanches do deserto do Arizona. Ele é procurado pela lei, pela morte de três homens, em situações que nunca ficaram muito bem esclarecidas. Assim os colonos aceitam sua ajuda, mas ficam sempre com um pé atrás, pois ele pode guiar a caravana para um lugar seguro ou levá-los para uma emboscada, onde serão mortos pelos guerreiros apaches. O roteiro joga o tempo todo com essa situação de suspense, trazendo no final ótimo resultado em termos de suspense e roteiro. Como escrevi, um bom filme, muito bem orquestrado por causa de seu inteligente argumento.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Coração Selvagem

A história desse filme se passa em 1886, no território Sioux. A primeira cena já mostra uma tentativa de se assinar um tratado de paz com os indígenas. Infelizmente o cacique descobre que o homem branco já construiu um forte militar em terras Sioux e tudo vai por água abaixo. Os índios se retiram das negociações. Em pé de guerra tudo o que se precisa para se começar uma grande batalha é a morte de algum membro da tribo. Durante uma viagem o arrogante tenente Rob Dancy (Alex Nicol) acaba matando um jovem Sioux, dando começo a uma guerra violenta entre soldados da cavalaria e os nativos da região. O protagonista desse roteiro é um caçador de peles chamado John Bridger (Van Heflin). Durante anos ele viveu nas terras da nação Sioux, tendo se integrado completamente com os índios. Ele chegou a inclusive formar uma família com uma jovem Cheyenne. Só que tudo foi destruído após um ataque da cavalaria, liderada pelo mesmo tenente Dancy, que agora ele reencontra. Afinal todos perguntam: De que lado ele está? Do lado do homem branco, da cavalaria americana, ou do lado dos guerreiros Sioux, a quem tem muito respeito e amizade?

Esse é um faroeste B da Universal Pictures que traz algumas curiosidades interessantes. Uma delas é o fato de tentar mostrar o outro lado das guerras indígenas. Ao invés do mostrar a figura do nativo americano como apenas a do inimigo, do vilão, o roteiro procura mostrar as razões e as injustiças do homem branco que fizeram com que os chefes tribais entrassem em guerra. Além disso procura explorar um protagonista que viveu ao lado dos índios e que tem suas razões para odiar a política de ataques e mortes da cavalaria. Outro ponto que chama a atenção é a presença do ator Rock Hudson, ainda em começo de carreira, interpretando o cabo Hannah. Ele tem poucas cenas, mas duas são particularmente boas: Quando sai com uma tropa de soldados e é atacado pelos Sioux e quando é encurralado pelos guerreiros, perto de um riacho, onde todos acabam morrendo (numa óbvia referência ao que aconteceu com a sétima cavalaria do general Custer). Com boa produção (ergueram um forte de verdade no Arizona) e bom roteiro, esse "Coração Selvagem" é uma boa dica para se ter em sua coleção de filmes de western.

Coração Selvagem (Tomahawk, Estados Unidos,1951) Direção: George Sherman / Roteiro:Silvia Richards, Maurice Geraghty  / Elenco: Van Heflin, Yvonne De Carlo, Alex Nicol, Rock Hudson / Sinopse: Cavalaria americana decide construir um forte bem no meio do território da nação Sioux, criando uma grande tensão e clima de guerra com os nativos. No meio do conflito que está prestes a explodir, um caçador de peles que viveu muitos anos ao lado dos indígenas tenta costurar um tratado de paz entre os militares brancos e os guerreiros Sioux.

Pablo Aluísio.

O Retorno de Clint, O Estranho

Título no Brasil: O Retorno de Clint, O Estranho
Título Original: Il Ritorno di Clint il Solitario
Ano de Produção: 1972
País: Itália, Espanha
Estúdio: Doria G. Film
Direção: Alfonso Balcázar (George Martin)
Roteiro: Alfonso Balcázar, Giovanni Simonelli
Elenco: George Martin, Marina Malfatti, Klaus Kinski, Daniel Martín, Augusto Pescarini, Francisco José Huetos
                   
Sinopse:
Após vingar a morte de seu irmão, o pistoleiro conhecido como "Clint, O Solitário" resolve retornar para sua cidade natal. Ele reencontra sua esposa e seus dois filhos menores vivendo em um rancho. Há muito o que superar pois ele os abandonou seis anos atrás. Enquanto tenta convencer sua esposa a voltar, Clint precisa lidar com outra situação perigosa: um caçador de recompensas chamado Scott (Klaus Kinski) está decidido a capturá-lo vivo ou morto!

Comentários:

Esse western spaghetti também é conhecido como "Trinity... Alguém Te Espera!", pois foi com esse título que ele foi lançado em alguns cinemas brasileiros nos anos 70. Claro que é um título oportunista pois não traz o personagem Trinity, mas sim Clint, o pistoleiro criado pelo ator e diretor George Martin (cujo nome real era Alfonso Balcázar). Essa produção é obviamente a sequência de "Clint, O Solitário" e segue os mesmos passos do filme anterior. Martin tem a mesma linha de Django, ou seja, um personagem de poucas palavras e bom de mira! Ele também abusa dos closes, principalmente nos segundos que antecedem um duelo ou um tiroteio. Outro ponto a se destacar é a trilha sonora, assinada por Ennio Morricone, o maestro e mestre dos filmes italianos de faroeste. No elenco além de Martin se destaca a presença de Klaus Kinski como o caçador de recompensas. Com cabelos longos, um eterno charuto na boca e cara de maluco, ele rouba as cenas diversas vezes. Poucos cinéfilos se lembram disso, mas Klaus Kinski fez muitos filmes de bang bang spaghetti, geralmente interpretando vilões e assassinos psicóticos, um tipo de papel que, diga-se de passagem, lhe caía muito bem.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

A Estrada dos Homens sem Lei

Numa cidade infestada de gângsters e políticos corruptos, um novo capitão é designado para comandar um dos distritos mais violentos da metrópole. Seu nome é Thomas McQuigg (Robert Mitchum). Assim que assume seu posto ele precisa desvendar o assassinato de um mafioso que se colocou no caminho do violento gângster Nick Scanlon (Robert Ryan). Ele é encontrado morto, no meio de uma das avenidas mais movimentadas da cidade. McQuigg é velho conhecido de Scanlon. No passado ambos se enfrentaram, mas o policial se deu mal pois o criminoso tinha contatos com políticos importantes que o transferiram para outros distritos. Agora chegou a sua vez de se vingar de Scanlon. Para isso porém precisará superar o próprio sistema corrupto em que vive. O promotor está na folha de pagamento do chefão do crime organizado na cidade e Scanlon tem grandes contatos na prefeitura, inclusive o principal candidato ao posto de novo magistrado é um sujeito que recebe ordens dele. Para reunir provas o veterano tira McQuigg começa então a se utilizar de métodos nada tradicionais, como prisões arbitrárias, chantagens e provas plantadas. Vale tudo para prender Scanlon, tirando das ruas um criminoso perigoso e sociopata.

"A Estrada dos Homens sem Lei" é um filme policial noir, produzido pelo excêntrico milionário Howard Hughes (aquele mesmo que foi interpretado por Leonardo DiCaprio no filme de Martin Scorsese, "O Aviador"). Ele adorava um antigo filme mudo de 1928 e resolveu produzir esse remake para os estúdios RKO. Para estrelar seu filme Hughes contratou o ator Robert Mitchum (que curiosamente sempre se saía melhor no papel do gângster, mas que aqui acabou interpretando o policial honesto e íntegro). Uma velha conhecida do milionário, a atriz Lizabeth Scott, também foi contratada. Scott foi uma das primeiras atrizes de Hollywood na história a assumir sua condição de homossexual, algo que praticamente destruiu sua carreira. Como o roteiro foi baseado na peça teatral original o espectador vai sentir algumas características bem próprias do estilo teatro filmado, porém isso só ficará mais claro aos mais atentos. No geral é um bom filme policial, com cenas de ação, perseguições, tiroteios e aquele bem conhecido clima de decadência e cinismo que marcou muitos dos filmes noir. Há inclusive uma ótima cena quando Mitchum persegue um dos membros da gang em uma escada cheia de sombras e luzes, bem característico desse estilo cinematográfico. Com duração enxuta e roteiro objetivo, esse noir sem dúvida fez jus ao cinema clássico da época. 
 
A Estrada dos Homens sem Lei (The Racket, Estados Unidos, 1951) Direção: John Cromwell / Roteiro: William Wister Haines, W.R. Burnett / Elenco: Robert Mitchum, Lizabeth Scott, Robert Ryan / Sinopse: Policial honesto tenta limpar as ruas de sua cidade de uma quadrilha de criminosos que possui ramificações dentro do próprio governo, com políticos corruptos fazendo parte da folha de pagamentos do grande chefão conhecido apenas como "O Velho".

Pablo Aluísio.