sábado, 6 de agosto de 2016

Elvis Presley - Follow That Dream

E então, em 1962, Elvis Presley foi até a região turística de Crystal River, na Flórida, para rodar seu novo filme. Fugindo um pouco do habitual, Elvis agora estava trabalhando para a United Artists, através de uma pequena companhia cinematográfica chamada Mirisch Corporation. A ideia era produzir um filme leve, divertido, nada condizente com todos aqueles personagens perturbados, perigosos e rebeldes que Elvis havia interpretado nos anos 50. Depois de "Blue Hawaii" (Feitiço Havaiano) os produtores de Hollywood entenderam que era melhor vender uma imagem mais soft de Elvis. Era obviamente um claro redirecionamento em sua carreira. Nada de motoqueiros rebeldes e roqueiros com casacos de couro. Esse tempo já havia passado.

Assim Elvis interpretou um protagonista que em essência era algo bem próximo de suas próprias origens. O Toby Kwimper de Elvis era apenas um caipira de bom coração, que procurava um lugar no mundo com sua família, um bando de hillbillys. O pai de Elvis no filme era interpretado pelo bom ator Arthur O'Connell que ainda voltaria a trabalhar ao lado dele em outro de seus musicais caipiras, "Kissin Cousins" (no Brasil o filme recebeu o título nacional de "Com Caipira Não se Brinca"). O'Connell era bem requisitado na época para interpretar tipos assim, caipirões do interior. E ele era muito bom nisso, vamos reconhecer.

O filme é bom olhando-se sob um ponto de vista menos crítico. Tem uma bonita fotografia - uma das melhores em se tratando da filmografia de Mr. Presley - justamente por causa do lugar onde tudo foi filmado. Também é um filme que fugiu de estúdios fechados, preferindo o ar livre, a beleza da natureza. Em locações a produção ficou muito mais ensolarada, bonita. Elvis, bem à vontade, jovem e esbanjando simpatia acabou pegando tanto sol que seu cabelo acabou até mesmo voltando ao tom natural, loiro. O diretor Gordon Douglas (que parecia um rato de biblioteca) achou que essa imagem combinava muito bem com a proposta do roteiro e por isso persuadiu Elvis a não pintar seus cabelos de preto como sempre fazia.

Por essa época as coisas pareciam ir muito bem com Elvis. Ele estava estrelando uns três filmes em média por ano, seus discos ainda vendiam bem e não havia ainda no ar nenhum forte concorrente no campo musical. Ele ainda era o Rei absoluto das paradas de sucesso. Algo que iria mudar com a chegada dos Beatles algum tempo depois das filmagens. Isso porém ainda parecia ser um futuro distante e improvável. A trilha sonora era agradável, embora sem nenhum grande clássico no repertório. Músicas como o filme, leves e de bom astral. Eu particularmente sempre gostei muito da música tema, a própria "Follow That Dream", que tinha um ritmo ótimo, alegre, pra cima. Até "Angel", que é uma daquelas baladas que acabam se saturando um pouco com o tempo, mantém o bom nível das canções. "What a Wonderful Life" é outro atestado de boas intenções. Uma música tão otimista, tão céu azul da Flórida, jamais poderia ser encarada com maior acidez.

"I'm Not the Marrying Kind" por sua vez é pura diversão. Praticamente uma auto paródia ao próprio Elvis que na época era escolhido todos os anos como o "Solteiro mais cobiçado da América". Pois é, todas aquelas garotas queriam se casar com Elvis, famoso, rico e boa pinta... Quem poderia culpá-lo em se manter solteiro, cabeça fria e na boa vida? "A Whistling Tune" foi uma daquelas faixas que a RCA Victor não promoveu, não ajudou a divulgar e nem a fazer sucesso. Vale também pelas boas vibrações. Por fim a trilha se encerra com a boa "Sound Advice" que muitos detestam, mas que eu particularmente sempre curti muito. Enfim, esse era o Elvis em 1962... curtindo sua vida de astro de Hollywood no sol da Flórida...

Pablo Aluísio.

Visões do Passado

Título no Brasil: Visões do Passado
Título Original: Backtrack
Ano de Produção: 2015
País: Reino Unido, Austrália
Estúdio: Screen Australia
Direção: Michael Petroni
Roteiro: Michael Petroni
Elenco: Adrien Brody, Sam Neill, Robin McLeavy, Bruce Spence, Chloe Bayliss, Anna Lise Phillips
  
Sinopse:
Após perder sua pequena filha, atropelada por um caminhão, o psiquiatra Peter Bower (Adrien Brody) tenta reconstruir sua vida. Ele começa então a atender pacientes indicados por outro médico, o Dr. Duncan Stewart (Sam Neill). Aos poucos porém vai descobrindo que há algo de errado com todos eles. Pesquisando descobre que a grande maioria dos pacientes que atende já morreram, mais especificamente em um acidente de trem acontecido em 1987. Pior do que tudo, o próprio Bower parece ter tido ligação com o sinistro evento no passado.

Comentários:
Produção de terror bem interessante. A premissa envolvendo fantasmas de pessoas mortas em um acidente de trem abre margem para o protagonista, um psiquiatra traumatizado pela morte da própria filha, desvendar o que realmente estaria acontecendo. Não é, apesar de tudo isso, um filme de terror clássico. Sim, há fantasmas, aparições de pessoas mortas e pequenos sustos. Isso porém é apenas um pano de fundo para a estória principal, essa sim envolvendo culpas, traumas e arrependimentos. Quando era apenas um adolescente, o psiquiatra interpretado por Adrien Brody, ao lado de um amigo, acabou sendo responsável indiretamente por um descarrilamento de um trem de passageiros que matou 48 pessoas. É justamente as almas dessas pessoas que agora parecem assombrar sua vida. A pergunta principal é saber qual teria sido realmente sua culpa em tudo o que aconteceu... Na verdade há muito mais envolvido, especialmente em relação ao seu pai, um policial veterano com um passado negro a esconder. O roteiro assim vai desvendando todo o mistério, aos poucos. É uma trama de reviravoltas e apesar disso tudo ser hoje em dia um pouco saturado a coisa até que funciona muito bem. No geral gostei do resultado. Não aborreceu (o filme é relativamente curto, com edição bem feita, que não perde tempo com detalhes desnecessários), o roteiro é bem escrito e o filme se valoriza ainda mais por contar com mais um boa atuação do sempre competente Adrien Brody. Enfim, um filme para quem gosta de histórias de fantasmas que se recusam a ir embora para o além enquanto não acertam as contas com os vivos que ficaram para trás.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Vida Bandida

Título no Brasil: Vida Bandida
Título Original: Bandits
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Barry Levinson
Roteiro: Harley Peyton
Elenco: Bruce Willis, Billy Bob Thornton, Cate Blanchett, January Jones, Troy Garity
  
Sinopse:
Joe (Bruce Willis) e Terry (Billy Bob Thornton) são dois condenados que fogem da prisão. De volta às ruas eles começam a usar um novo método para roubar bancos, invadindo as casas dos gerentes na noite anterior ao roubo, fazendo suas famílias de reféns. Em pouco tempo o novo jeito se revela ser muito bem sucedido e eles começam a ganhar todas as manchetes. Em um desses roubos acabam esbarrando em Kate (Cate Blanchett), uma jovem mulher que está entediada com sua vida, sempre em busca de emoções. Em pouco tempo ela então se junta à dupla de ladrões. Ambos ficam apaixonados por ela, enquanto a política os persegue, pensando que Kate é uma refém do bando.

Comentários:
Muito fraco. O elenco é inegavelmente bom. Bruce Willis, em um estilo mais bem humorado e menos brutamontes. Billy Bob Thornton, sempre um ator interessante, geralmente interpretando o caipira malvado e sem misericórdia e finalmente a maravilhosa Cate Blanchett, uma das atrizes mais talentosas de sua geração, aqui em um papel que sinceramente não lhe faz jus. Até a bela January Jones está no elenco. Não está ligando o nome à pessoa? Ora, Jones é a Betty Francis Draper de "Mad Men", aquele tipo de mulher belíssima que se afunda em um casamento suburbano, cheia de filhos e pouco glamour. Aqui ela ainda estava bem jovem - e mais bonita do que nunca!. Pois é, mesmo com esse excelente elenco, com um diretor respeitado como Barry Levinson, pouca coisa funciona. O filme foi relativamente bem recebido pela crítica, mas o público não comprou muito bem a ideia. No geral, não há como negar, o filme é uma negação, uma decepção. Leva três estrelas com muita, mas muita boa vontade mesmo. Na realidade não levaria nem duas... Enfim, é tipicamente aquele tipo de película ruim que nem o bom elenco consegue salvar.

Pablo Aluísio.

O Pesadelo de Darwin

Título no Brasil: O Pesadelo de Darwin
Título Original: Darwin's Nightmare
Ano de Produção: 2004
País: França, Alemanha, Bélgica, Áustria
Estúdio: Mille et Une Productions
Direção: Hubert Sauper
Roteiro: Hubert Sauper
Elenco: Elizabeth 'Eliza' Maganga Nsese, Raphael Tukiko Wagara, Dimond Remtulia
  
Sinopse:
Em meados do século XX uma empresa acabou soltando um tipo de peixe no grande lago Vitória, na Tanzânia. A espécie não seria natural daquele país. Com sua soltura na natureza e sem inimigos naturais acabou dominando a pesca da região, causando grande fome entre a população local, impedida de pescar a cara iguaria que seria então exportada para a Europa.

Comentários:
Esse filme foi indicado ao Oscar de Melhor documentário. É uma produção entre vários países da Europa que tentam demonstrar que nem sempre um produto de exportação bem sucedido traz riqueza para as populações mais pobres dos países que o exportam. O cenário é a Tanzânia, no lago Vitória, o maior lago tropical do mundo. Nesse rico manancial de águas cristalinas tentou-se criar uma experiência que deu certo. Uma espécie de peixe foi colocada no lago para adaptação. Deu certo, só que a custa das espécies nativas do lago. Assim o povo que o pescava ficou sem opção de alimentos. O título do filme, "O Pesadelo de Darwin" faz uma referência óbvia sobre a Teoria da Evolução e da seleção natural do cientista Charles Darwin que previa que apenas as espécies mais fortes e resistentes, adaptadas ao seu habitat natural, sobreviveriam. Deu no que deu. De certa maneira tudo o que aconteceu no lago Vitória apenas confirmou as teorias do grande cientista inglês. Em suma, um documentário muito interessante, principalmente para aqueles que gostam e estudam sobre temas biológicos e ecológicos.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

William Holden - O Tigre dos Mares

Antes de literalmente beber até morrer o ator William Holden teve uma das carreiras mais bem sucedidas da história em Hollywood. Em uma época em que o western estava no auge de sua popularidade, Holden se notabilizou mesmo pelos dramas românticos e pelos filmes de guerra. Da primeira safra basta lembrar dos clássicos "Sabrina", "Crepúsculo dos Deuses" e "Suplício de uma Saudade". Da segunda leva logo nos vem à mente obras primas como "A Ponte do Rio Kwai", "O Inferno Nº 17" e "As Pontes de Toko-Ri". Era um grande astro.

Esse "O Tigre dos Mares" (Submarine Command, EUA, 1951) foi realizado um pouco antes de Holden se tornar um dos atores mais bem pagos do cinema americano. Ainda bastante jovem e ainda colhendo os frutos do maravilhoso "Crepúsculo dos Deuses" (onde havia sido indicado pela primeira vez ao Oscar), Holden resolveu aceitar a proposta da Paramount Pictures para trabalhar em um filme sobre os submarinos americanos na Segunda Guerra Mundial. Como a paz havia sido assinada pelos japoneses apenas seis anos antes os navios ainda estavam intactos e prontos para servirem de cenário para a produção.

A ação do filme se passa praticamente toda a bordo do USS Tiger Shark (Tubarão-Tigre). Um submarino veterano, com mais de 18 vitórias em batalhas navais durante a guerra. É para ele que o Tenente Ken White (Holden) é designado. A guerra então vivia seus últimos dias, com o Japão praticamente destruído. White não era bem conceituado ou considerado entre a tripulação, justamente por ser um oficial ainda sem muita experiência de fogo. E para seu azar tudo começa a acontecer rápido demais. Assim que chega no submarino esse é atacado com cargas de profundidade por navios de guerra do Japão. A violência das bombas acaba causando o caos. White manda a embarcação submergir rapidamente, mas não presta muita atenção ao fato de que o Capitão do Tiger ainda se encontrar no convés. Suas ordens acabam selando o destino do oficial. Ele morre e seu corpo desaparece para sempre no mar.

Isso cria um estigma bem ruim para White. A tripulação cria uma ojeriza em relação a ele. De volta aos Estados Unidos ele é destituído do comando, enviado para trabalhar atrás de uma mesa, em um serviço burocrático sem muita importância (uma verdadeira pena disfarçada pelo que havia acontecido). Quando a guerra da Coreia finalmente surge no horizonte sua carreira dá uma guinada novamente e o alto comando da Marinha o designa novamente como comandante do USS Tiger Shark! E agora, terá como desmistificar tudo o que foi falado de tão mal dele como oficial depois de tantos anos? É justamente em cima disso que o roteiro a partir daí desenvolve seu enredo. No geral é um bom filme de guerra, mas perde e muito se formos compará-lo com outros clássicos da filmografia de Holden. Era o tipo de papel ideal para o ator, mas em uma produção mais modesta, sem tanta pretensão de ser uma obra prima da sétima arte. Como indicação para quem gosta de filmes militares passados no front do Pacífico Sul porém não há o que reclamar. É certamente uma boa pedida.

Pablo Aluísio.

Santos e Soldados - A Última Missão

Título no Brasil: Santos e Soldados - A Última Missão
Título Original: Saints and Soldiers - The Void
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Go Films
Direção: Ryan Little
Roteiro: Ryan Little
Elenco: K. Danor Gerald, Timothy S. Shoemaker, Adam Gregory, Michael Todd Behrens, Brenden Whitney, Joel Bishop
  
Sinopse:
II Guerra Mundial. Os soldados americanos começam a entrar em território alemão. Há ainda focos de resistência das tropas nazistas. Assim um grupo de tanques dos Estados Unidos são enviados para limpar o terreno antes que mais batalhões sejam enviados além do Rio Reno. Entre eles estão um sargento negro chamado Jesse Owens (K. Danor Gerald) que após ter seu caminhão destruído encontra um tanque do exército americano e seu une a ele na luta contra os alemães. Filme premiado pelo Filmed in Utah Awards.

Comentários:
Essa série "Saints and Soldiers" tem lançado regularmente filmes sobre a Segunda Guerra Mundial. Os roteiros são simples, assim como a própria produção dos filmes, porém tudo tem um certo padrão de qualidade que faz valer a pena. Nesse aqui o foco é centrado nas colunas de tanques. Assim como foi visto no recente "Corações de Ferro" com Brad Pitt o roteiro mostra um pequeno grupo de militares americanos que rompe as linhas inimigas em uma coluna de tanques. É interessante pois demonstra que em termos técnicos os tanques americanos eram bem inferiores aos do exército alemão. O diferencial aqui foi numérico. Embora fossem piores em termos de robustez, capacidade de armamento e força, eles eram bem mais numerosos do que os alemães. Assim a guerra de tanques foi vencida não pela qualidade e sim pela quantidade. Outro ponto que o roteiro se esforça para explorar é o racismo que existia dentro do próprio exército dos Estados Unidos. Além de ser frontalmente e diretamente hostilizado o personagem do sargento negro interpretado pelo ator K. Danor Gerald tinha que passar por situações absurdas como, por exemplo, quando alguns militares racistas se recusavam a ficar sob suas ordens, mesmo sendo ele o oficial mais graduado entre os sobreviventes do front. Em suma, um filme modesto em suas pretensões, sem grande produção, mas que diverte se você ficar focado na história em si e não em exageros orçamentários da produção como um todo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Tess - Uma Lição de Vida

Um filme de Roman Polanski  que hoje em dia já não é mais tão lembrado. Uma pena pois é um dos meus preferidos da safra do diretor. O enredo mostra a vida da jovem Tess (Nastassja Kinski), uma camponesa, extremamente humilde, mas igualmente linda! Seu pai é um sujeito ganancioso que descobre pertencer a uma linhagem familiar de nobres. Embora ele seja extremamente pobre, resolve explorar esse grau de parentesco para subir na vida. Seu grande trunfo é sua própria filha, na idade de casar e arranjar um pretendente. Assim Tess acaba virando uma moeda de troca na ascensão social, indo parar nas mãos de homens de gestos e atitudes pouco nobres.

O que mais é interessante nesse roteiro é o fato de explorar a fragilidade do papel de uma mulher, principalmente quando se é bela, mas sem condições financeiras ou materiais. A vulnerabilidade de Tess nesse sentido fica logo evidente. Por outro lado o diretor Polanski, que escreveu o roteiro, procura fugir do lugar comum, colocando aspectos mais humanos em todos os personagens. Os "vilões" também possuem qualidades, assim como a "mocinha" Tess também apresenta sentimentos vis e nada condizentes com as heroínas idealizadas de outros romances. Por falar em Tess o grande atrativo desse filme segue sendo a presença da atriz Nastassja Kinski. Quando o filme foi realizado ela ainda era bem jovem e estava lindíssima, no auge de sua beleza. Em minha opinião ela sempre transpareceu uma sensualidade natural, muito erótica, sem a necessidade para apelar para cenas mais ousadas. Tanto isso é verdade que Polanski conseguiu dela uma atuação muito sedutora, sem nunca apelar para a vulgaridade.

Tess - Uma Lição de Vida (Tess, França, Inglaterra, 1979) Direção: Roman Polanski / Roteiro: Gérard Brach, Roman Polanski / Elenco: Nastassja Kinski, Peter Firth, Leigh Lawson / Sinopse: Tess (Kinski) é uma jovem camponesa, extremamente bonita e naturalmente sensual, que acaba virando alvo da sedução de homens que desejam lhe explorar. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Geoffrey Unsworth, Ghislain Cloquet), Melhor Direção de Arte (Pierre Guffroy, Jack Stephens) e Melhor Figurino (Anthony Powell). Também indicado nas categorias de Melhor Filme, Direção e Música Original (Philippe Sarde).

Pablo Aluísio.

O Homem do Perigo

Título no Brasil: O Homem do Perigo
Título Original: Tombstone - The Town Too Tough to Die
Ano de Produção: 1942
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: William C. McGann
Roteiro: Dean Riesner, Charles Reisne
Elenco: Richard Dix, Kent Taylor, Edgar Buchanan
  
Sinopse:
Tombstone é uma cidadezinha violenta do velho oeste americano. Infestada por bandidos, ladrões de gado e bandoleiros, a população já não sabe mais o que fazer para manter a lei a e ordem. Tudo muda com a chegada de Wyatt Earp (Richard Dix). Vendedor de pele de bufalos, pistoleiro e ás do gatilho, ele é o homem certo para ostentar a estrela de prata que lhe dá a autoridade de xerife no condado. Ao lado de seus irmãos e do pistoleiro Doc Holiday (Kent Taylor) ele resolve impor uma nova ordem na região, enfrentando todos os bandidos face a face, em especial os Daltons, um grupo de facínoras que o desafia publicamente. Ao se encontrarem no OK Curral acabam protagonizando uma das histórias mais conhecidas da mitologia do faroeste americano. Roteiro parcialmente baseado em fatos reais.

Comentários:
De todos os gêneros cinematográficos americanos o western sempre fora um dos mais lucrativos. Vários estúdios em seus primórdios faziam caixa justamente com esse tipo de filme. Ele tinha bilheteria certa, era muito bem sucedido em outros países (se tornando um produto de fácil exportação) e eram relativamente bem baratos de se produzir, só sendo necessário um figurino básico de época, cavalos, diligências e algumas armas antigas. A Universal, por exemplo, comprou um grande rancho na década de 1940 apenas para produzir seus filmes. A Paramount foi pelo mesmo caminho, produzindo uma série de filmes B em escala industrial que tinham como objetivo principal gerar lucros para a companhia. Tudo muito eficaz e rápido. Um deles foi esse "Tombstone - The Town Too Tough to Die". Apostar na história do xerife Wyatt Earp (Richard Dix) era seguramente uma ótima ideia. Colocar em destaque seu companheiro e amigo, o dentista e jogador inveterado Doc Holiday (Kent Taylor), também. Assim o filme acabou fazendo um belo sucesso nas matinês, onde os ingressos eram bem mais baratos e a garotada poderia se divertir sem problemas. Em termos de qualidade técnica a produção, por se tratar de um filme B, deixa um pouco a desejar. O roteiro é básico, sem muito desenvolvimento dos personagens, e a ação é usada muitas vezes para melhorar esse aspecto. Mesmo assim não há como negar que se trata de um bom faroeste, valorizado pelo bom elenco, procurando dar o melhor de si. A nostalgia para muitos também vai se tornar um ingrediente fundamental para se curtir esse filme. Boa diversão.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Arquivo X - Décima Temporada

Ontem eu terminei de assistir a décima temporada de "Arquivo X". Foram apenas seis episódios. Provavelmente os produtores resolveram fazer uma temporada curta, mais como teste de audiência do que qualquer outra coisa. A nona temporada foi em 2001 - então a pergunta era se ainda havia um público para a série. Os índices dessa temporada nova foram bons, fazendo com que uma décima primeira temporada seja possível (embora nada ainda tenha sido confirmado). Se em termos de popularidade a série parece ter passado no teste o mesmo infelizmente não se pode dizer dos roteiros dos episódios. Não há basicamente uma coluna central nos enredos, mas basicamente dois aspectos ganham importância: o filho de Mulder e Scully, que pode ter DNA alien correndo em suas veias e um suposto projeto genético do governo americano que injetou DNA extraterrestre em grande parte da população, levando os demais a uma espécie de extinção por contaminação com um vírus letal e desconhecido da ciência.

Isso levou o último episódio da temporada a apostar numa espécie de apocalipse zumbi biológico que não deu muito certo. A correria em encontrar uma cura, a forma como isso foi feito - sem muita imaginação e capricho - e o ressurgimento do canceroso em nada ajudaram o resultado final. A porta ficou aberta para uma continuação, com aquela sensação de que os produtores esperam que haja uma nova temporada. Mulder, agonizante na cadeira de um carro, vê uma nave espacial chegando e... Melhor não entregar. Basta apenas dizer que de saturação os roteiristas de "Arquivo X" certamente entendem. Espero que não caiam nesse tipo de armadilha narrativa.

Arquivo X - Décima Temporada (EUA, 2016) Direção: Chris Carter, James Wong, Darin Morgan, Glen Morgan / Roteiro: Chris Carter, James Wong, Darin Morgan, Glen Morgan / Elenco: David Duchovny, Gillian Anderson, Mitch Pileggi. /  Sinopse: Depois de anos desativado o FBI resolve retomar o departamento conhecido como "Arquivo X". O ex-agente Fox Mulder (Duchovny) não parece muito disposto a voltar, mas sua antiga companheira Dana Scully (Anderson) o convence a investigar um estranho caso envolvendo manipulação genética, mutações e DNA extraterrestre.

Pablo Aluísio.

A Lenda de Tarzan

Alguns personagens jamais devem ficar fora do cinema. Principalmente quando se trata de criações literárias que fazem parte também da história da sétima arte. Tarzan é um deles. O Rei das Selvas foi criado pelo escritor Edgar Rice Burroughs em 1912. Mal chegou nas páginas na literatura ganhou seu primeiro filme, ainda nos tempos do cinema mudo. Depois disso criou-se uma verdadeira mitologia em torno de suas aventuras nas telas de cinema. No total são mais de cem filmes - um número de respeito, sob qualquer ponto de vista! Apesar disso o herói andava longe das telas nos últimos tempos, uma lacuna que finalmente foi coberta com o lançamento desse "A Lenda de Tarzan". Particularmente gostei muito da decisão dos roteiristas em seguir em frente com as aventuras de Tarzan sem aquela coisa cansativa de contar suas origens pela milésima vez. Não que o filme não conte os primórdios de sua trajetória, mas sim que o realiza de forma eficiente e rápida, em flashbacks pontuais.

Assim o Lord Greystoke (Alexander Skarsgård) já está de volta ao mundo civilizado, morando numa Inglaterra vitoriana de fins do século XIX. O passado de garoto e jovem criado nas selvas ficou para trás. Ele agora já parece completamente adaptado ao mundo europeu, seguindo os conselhos que seu pai havia deixado em um velho diário que sobreviveu aos anos na floresta. Ao seu lado está a bela Jane (Margot Robbie), uma jovem que conheceu na África e que ficou ao seu lado desde então. Tudo começa a mudar novamente em sua vida quando recebe um convite do Rei Belga para que retorne ao continente africano para dar seu aval ao trabalho que os colonizadores europeus estão promovendo por lá. Escolas, estradas e igrejas estão sendo construídas para a melhoria da vida das populações locais. Parece ser algo positivo, que merece seu apoio. O que ele nem desconfia é que tudo não passa de uma armadilha de Leon Rom (Christoph Waltz), um agente colonial que pretende trocar o lendário Tarzan por um manancial de diamantes localizado nas terras de um tribo cujo líder jurou destruir o Rei das Selvas por ele ter supostamente matado seu único filho no passado.

O diretor David Yates (de vários filmes da série "Harry Potter") optou por seguir uma linha bem tradicional nessa nova versão, procurando respeitar a longa e histórica linhagem de filmes sobre Tarzan. Assim embora o roteiro cumpra a função de apresentar um bom background histórico sobre o protagonista, a opção é realmente valorizar a aventura e a ação. Os animais que vão surgindo na tela são todos digitais, assim como os momentos em que Tarzan sai voando nos cipós das grandes árvores da floresta. Em tempos atuais não poderia ser diferente. A sorte é que o filme apresenta um bom elenco, plenamente adaptado aos personagens. Alexander Skarsgård é um bom ator (quem acompanhou seu trabalho na série "True Blood" sabe bem disso) e escolheu o caminho de dar um semblante introspectivo ao seu Tarzan. Uma decisão acertada. Christoph Waltz interpreta o vilão. Ele aliás tem cada vez mais desempenhado esse tipo de papel, com ótimos resultados. Agora está mais contido, mas tem pelo menos duas boas cenas para atuar (numa delas usa um terço católico como arma mortal). Numa estória com tantos europeus e africanos o roteiro achou também um jeito de encaixar Samuel L. Jackson como um agente americano. Ele funciona praticamente como um alívio cômico (mas claro, sem muitos exageros nesse sentido).

O resultado é dos melhores. Claro que não pode ser considerado o melhor filme de Tarzan já feito, uma vez que esse posto ainda pertence ao grandioso "Greystoke - A Lenda de Tarzan" de Hugh Hudson. Há alguns probleminhas no roteiro aqui e acolá, mas sem nunca estragar o filme como um todo. Aqui o que temos é mesmo uma aventura honesta, bem realizada, cujo maior mérito é manter a chama acessa dessa mitologia. Afinal, como eu escrevi, o bom e velho Tarzan não pode mesmo ficar longe das telas de cinema. Um personagem tão icônico como esse deve sempre ser revisado, com lançamentos nos cinemas de tempos em tempos. A chama do Rei da Selva na sétima arte jamais deve ser apagada. Que venham novos filmes... sempre!

A Lenda de Tarzan (The Legend of Tarzan, Estados Unidos, 2016) Direção: David Yates / Roteiro: Adam Cozad, Craig Brewer, baseados na obra de Edgar Rice Burroughs / Elenco: Alexander Skarsgård, Christoph Waltz, Samuel L. Jackson, Margot Robbie / Sinopse: Anos após sobreviver nas selvas da África, Lord Greystoke, mais conhecido como Tarzan, decide aceitar o convite do governo belga para retornar ao continente. O que ele não desconfia é que na verdade está sendo manipulado em um mortal jogo envolvendo diamantes, escravidão e exploração dos nativos da região.

Pablo Aluísio.