sábado, 4 de junho de 2016

Ben Collins, o Dublê

Título no Brasil: Ben Collins, o Dublê
Título Original: Ben Collins Stunt Driver
Ano de Produção: 2015
País: Inglaterra
Estúdio: Lionsgate
Direção: James Wiseman
Roteiro: James Wiseman, Ben Collins
Elenco: Ben Collins, Peter Miles, Evangelos Grecos
  
Sinopse:
O famoso dublê Ben Collins é contratado para atuar numa cena de perseguição com carros potentes, enquanto é atacado por terra e ar com todos os tipos de armas letais. Um misterioso produtor quer Collins para criar a melhor cena de ação da história do cinema, só que Collins precisará antes achar o carro ideal para essa sequência, o que o leva a inúmeros testes de diversos tipos de modelos e marcas, até escolher o mais perfeito, rápido e veloz veículo para o filme em que irá trabalhar.

Comentários:
Praticamente um documentário, embora haja um fio de meada de ficção, esse filme é curioso porque mostra o processo que envolve a filmagem e realização de uma grande cena de ação. Collins, o protagonista, é dublê na vida real, tendo atuado na franquia "Velozes e Furiosos", além de filmes de James Bond. Assim de carros e velocidade ele entende muito bem. Na busca pelo modelo ideal para o filme ele testa desde supercarros das marcas McLaren, Jaguar, até clássicos como o Mustang que Steve McQueen usou numa famosa cena de perseguição no clássico "Bullitt" de 1968. Por mais que se esforce ele nunca consegue achar exatamente o que está procurando. Ora os carros são rápidos, mas não possuem estabilidade, ora são estáveis nas pistas, mas nem tão velozes como era de se esperar. BMW, Audi, Ford, todos os tipos são testados, o que torna o filme especialmente indicado para quem curte carros em geral. Fica óbvio desde o começo que como cinema puro essa produção não se sustenta, mas como guia de carros esportes ultravelozes ele funciona muito bem. O dublê Ben Collins não está preocupado em atuar bem, mas sim em informar ao espectador todas as qualidades (e defeitos também) dos carros que vai testando. Falando diretamente para a câmera ele cria uma espécie de clima de reality show, como aqueles que passam no Discovery Channell. Não é o tipo de filme que pagaria para ver em um cinema, mas certamente é um bom programa para se ver em casa, na telinha. Instrutivo, rápido como os carros que desfilam na tela, esse é o tipo de filme para quem deseja comprar um carrão próprio para astros de cinema. Divertido, acima de tudo.

Pablo Aluísio.

Má Conduta

A primeira impressão para um cinéfilo que se depara com dois grandes atores como Anthony Hopkins e Al Pacino em um mesmo filme é de criar altas expectativas. Goste deles ou não, o fato é que ambos são de uma espécie rara de ator, algo que ultimamente está em franca extinção. Pois bem, o filme começa e você vai percebendo que o enredo vai girar muito mais em torno do personagem interpretado pelo fraco Josh Duhamel do que pelos dois grandes astros do cinema que, para seu desgosto, vão surgir mesmo apenas como coadjuvantes de luxo de um filme que não é ruim, mas que pelos nomes envolvidos poderia ser bem melhor. O filme não foi muito bem recebido pela crítica americana justamente por isso. Há um claro desperdício de Pacino e Hopkins, dois nomes que simplesmente não podem ser colocados de lado. Pacino é até melhor explorado do que Hopkins, mas nenhum deles tem grande oportunidade de demonstrar em cena seus inigualáveis talentos. Novamente temos aqui uma daquelas tramas de suspense onde nada parece ser o que realmente é, com várias surpresas e reviravoltas pelo meio do caminho.

O enredo é relativamente simples em seu começo. O bilionário do ramo farmacêutico Arthur Denning (Anthony Hopkins) se vê extorquido após o suposto sequestro de sua jovem namorada, a bela Emily Hynes (Malin Akerman). Para que ela escape com vida os sequestradores exigem que Denning entregue um resgate de dois milhões e meio de dólares numa galeria de arte. É uma semana particularmente ruim para o ricaço. Além de ter que resolver o sequestro de sua jovem amante, ele precisa lidar com um processo milionário movido pelos advogados Charles Abrams (Al Pacino) e Ben Cahill (Josh Duhamel). Eles alegam que Denning manipulou resultados em testes de drogas de sua indústria, o que resultou na morte de dezenas de pessoas. As coisas que já eram ruins começam a ficar estranhas quando Denning descobre que o advogado Cahill foi namorado e grande paixão de sua namorada Emily no passado. Tudo soa muito esquisito, pois coincidências desse tipo dificilmente existem. Será que haveria uma ligação entre as coisas? Pois é justamente nesse misterioso elo de ligação entre os fatos que o roteiro vai desenvolver até o final, que devo avisar, poderá soar decepcionante para alguns (no meu caso não gostei realmente!). De qualquer forma é a tal coisa, com Hopkins e Pacino no elenco fica mesmo difícil ignorar esse "Má Conduta". Só não vá esperando muito, pois assim ficará decepcionado. É ver para crer.

Má Conduta (Misconduct, Estados Unidos, Inglaterra, 2016) Direção: Shintaro Shimosawa / Roteiro: Simon Boyes, Adam Mason / Elenco: Josh Duhamel, Anthony Hopkins, Al Pacino, Alice Eve, Malin Akerman, Julia Stiles, Byung-hun Lee / Sinopse: Bilionário (Hopkins) se vê encurralado ao descobrir que sua jovem namorada foi sequestrada por criminosos. Na mesma semana ele ainda precisa resolver um processo milionário movido por ambiciosos advogados que exigem uma indenização extraordinária por causa de algumas mortes causadas supostamente por drogas criadas pela empresa de sua propriedade.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Missão: Impossível 2

Título no Brasil: Missão: Impossível 2
Título Original: Mission: Impossible II
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: John Woo
Roteiro: Bruce Geller, Ronald D. Moore 
Elenco: Tom Cruise, Dougray Scott, Thandie Newton
  
Sinopse:
O agente Ethan Hunt (Tom Cruise) tem um novo desafio. Ele vai até a distante Austrália onde investigações apontam para o uso de uma poderosa arma química que poderá ser usada contra as principais potências militares mundiais. Denominada "Chimera" essa seria uma doença modificada geneticamente para promover ataques terroristas em larga escala contra populações civis. Cabe a Hunt eliminar o problema antes que ele ceife a vida de milhões de pessoas inocentes. Filme vencedor do MTV Movie Awards nas categorias de Melhor Ator (Tom Cruise) e Melhor Sequência de Ação (com as motocicletas).

Comentários:
Depois do sucesso do primeiro filme o ator Tom Cruise resolveu contratar o diretor John Woo para dirigir a primeira sequência da franquia. Esse cineasta estava muito badalado desde que fora contratado pela Paramount em Hollywood. Ele era considerado um inovador no gênero ação, criando cenas realmente de impacto na tela. De fato Woo se deu bem em "Mission: Impossible", mantendo a boa qualidade que caracteriza todos os filmes dessa série. Já Tom Cruise apostou em um visual diferente, com longos cabelos e uma imagem mais, digamos, selvagem. É curioso que de tempos em tempos Cruise lançaria mais uma nova continuação, sempre de olho em ótimas bilheterias (e comercialmente esses filmes jamais decepcionaram). Em termos de elenco de apoio porém esse foi um dos filmes mais fracos. Não há vilões tão complexos ou grandes atores o interpretando. Justamente por essa razão Cruise resolveria consertar esse pequeno problema nos filmes que viriam (lembrando que a franquia pertence a ele, que é produtor executivo de todos os filmes). Em suma, uma boa segunda parte, que manteve a chama acessa de Missão Impossível, essa velha série de TV que reencontrou o sucesso nas telas de cinema pelas mãos do astro Tom Cruise.

Pablo Aluísio.

Do Outro Lado da Porta

Título no Brasil: Do Outro Lado da Porta
Título Original: The Other Side of the Door
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: 20th Century Fox
Direção: Johannes Roberts
Roteiro: Johannes Roberts, Ernest Riera
Elenco: Sarah Wayne Callies, Jeremy Sisto, Sofia Rosinsky
  
Sinopse:
A americana Maria (Sarah Wayne Callies) tenta se recuperar após a morte de seu jovem filho. Ela mora com o marido e sua filha pequena na Índia. Depois de um acidente na estrada seu veículo foi jogado para dentro de um lago. Não houve tempo de salvar as duas crianças e o menino morreu afogado, preso dentro do carro. Deprimida e desesperada, ela resolve ouvir a sugestão de Piki (Suchitra Pillai), uma indiana que lhe recomenda ir a um antigo templo abandonado onde reza a lenda os mortos poderiam se comunicar com os vivos. Ela quer se despedir de seu filho falecido. As coisas porém logo saem do controle e Maria acaba abrindo uma porta entre o mundo dos vivos e dos mortos que jamais poderia ter sido aberta.

Comentários:
O roteiro desse filme me lembrou de velhas produções de terror, como por exemplo. "O Cemitério Maldito". A premissa é bem parecida. A dor pela perda acaba levando a uma tentativa de trazer os mortos de volta à vida. Uma péssima ideia, claro. No enredo uma mãe inconsolável ouve falar de um velho e esquecido templo hindu, onde se poderia abrir um contato direto entre o mundo dos vivos e dos mortos. Ela deveria levar as cinzas de seu jovem filho morto e as espalhar nos degraus da velha construção. Depois deveria se dirigir ao interior do templo para com orações tentar entrar em contato com sua alma. Apenas uma recomendação importante: ela nunca poderia abrir a velha porta do templo, mesmo que o espírito de seu filho implorasse por isso. Claro que ao ouvir a voz do garoto ela imediatamente ignora tudo o que lhe foi dito e sem pensar nas consequências de seus atos acaba abrindo a tal porta, liberando todos os tipos de forças sobrenaturais maquiavélicas para o seu mundo e sua vida. A quebra dos limites que separam os vivos dos mortos acabam atraindo todo tipo de maldição para sua existência, colocando em perigo toda a sua família. De forma em geral gostei bastante desse filme. 

Tem boa produção, um cenário exótico (filmado em terras indianas) e um roteiro que, apesar de não ser tão original, consegue contar muito bem sua trama. Há também bons sustos e efeitos especiais eficientes, principalmente em relação a uma entidade que vem do mundo sobrenatural para levar o garotinho falecido de volta para o mundo dos mortos. Um grupo de homens santos, bem de acordo com os costumes religiosos daquela velha religião hindu, também surge para tentar consertar o erro da americana Maria. A atriz que a interpreta, Sarah Wayne Callies, será reconhecida pelos fãs da série "The Walking Dead" onde interpretou a personagem Lori Grimes. Já o diretor inglês Johannes Roberts tem aqui sua primeira grande chance de chamar a atenção entre os fãs de terror, apesar de já ser relativamente conhecido por "Floresta dos Condenados". Enfim, é isso. Deixo a recomendação desse bom filme de horror, um dos mais interessantes que já assisti dessa safra de 2016. Vale a pena conhecer.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

A Família da Noiva

Título no Brasil: A Família da Noiva
Título Original: Guess Who?
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Kevin Rodney Sullivan
Roteiro: William Rose
Elenco: Bernie Mac, Ashton Kutcher, Zoe Saldana, Judith Scott
  
Sinopse:
Percy Jones (Bernie Mac) leva um choque ao descobrir que o novo namorado de sua filha Theresa Jones (Zoe Saldana) é um cara branco! Ele sempre foi muito cuidadoso com as escolhas dela e chega até mesmo a realizar uma pesquisa sobre seu novo amor, mas um dado é omitido: ele não era negro! Como lidar com esse sentimento de racismo às avessas? Filme indicado aos prêmios étnicos Black Movie Awards e Black Reel Award.

Comentários:
Remake do clássico "Adivinhe Quem Vem Para Jantar?" de 1967. No filme original um casal de brancos era surpreendido pelo ato da filha de levar um negro para sua casa. Aqui as coisas foram invertidas. Temos uma família negra que precisa lidar com o fato de sua filha estar apaixonado por um homem branco. É a tal coisa, não se pode nunca comparar Ashton Kutcher com Sidney Poitier. Aliás em termos de elenco a diferença é monumental. No elenco do filme original tínhamos além da elegância de Poitier dois outros mitos do cinema: Spencer Tracy e Katharine Hepburn! E nesse remake quem os substitui? Sim, Bernie Mac!!! Chega a ser covardia fazer uma comparação. Esse segundo filme jamais convence e sendo bem sincero não tem charme e nem sofisticação. Comédias ultimamente andam até mesmo vulgares, fazendo uma força absurda para parecer engraçado. Nesse filme não é muito diferente. Diante de tantas coisas contra meu único conselho é: procure assistir ao filme original. Sua cultura ganhará muito mais do que ver esse prato requentado e sem graça.

Pablo Aluísio.

Paul Newman - Rachel, Rachel

Há poucos dias assisti a "Rachel, Rachel", um drama sensível sobre uma professora oprimida numa pequena cidade interiorana dos Estados Unidos. Chegando aos 40 anos de idade, solteira e infeliz, ela acaba se agarrando ao que parece ser a última chance de encontrar a felicidade no campo amoroso ao reencontrar um velho conhecido da infância. Estrelado pela ótima atriz Joanne Woodward, o filme se destaca por ter sido dirigido pelo marido dela, o astro Paul Newman.

Os cinéfilos que gostam de cinema clássico conhecem Paul Newman pela sua maravilhosa carreira como ator. Ele certamente foi um dos maiores astros de Hollywood, mas muitos ignoram que ele também demonstrava grande talento como cineasta. Ao todo Paul Newman dirigiu seis filmes, sendo que esse "Rachel, Rachel" foi sua primeira experiência atrás das câmeras. Ao assistir percebemos logo que além de grande intérprete ele também tinha grande sensibilidade na direção.

De roteiro simples, porém bastante humano, "Rachel, Rachel" demonstra que Paul Newman era acima de tudo um cineasta eficiente. Ele realizou um filme enxuto, sem exageros e sem pretensões descabidas. Talvez seu maior desafio tenha sido expor na tela de forma convincente e não piegas os pensamentos e as angústias de sua protagonista. A personagem da professora Rachel interpretada com maestria por Joanne Woodward (que chegou a ser indicada ao Oscar por seu trabalho) tem uma personalidade interior ora mórbida, ora depressiva e em alguns momentos até mesmo irônica, mordaz. Transpor isso para o filme (que foi baseado em um romance escrito por Margaret Laurence) acabou se tornando o grande desafio de Newman. E ele, conforme podemos ver, acertou em cheio.

Como se sabe Paul Newman e Joanne Woodward tiveram um longo casamento. Ele faleceu em 2008, mas Joanne ainda vive, no alto de seus 86 anos de idade. Juntos tiveram três filhos. Um deles morreu tragicamente por overdose de drogas nos anos 70 o que fez Newman criar uma fundação de amparo a dependentes químicos. Durante décadas o casamento de Newman e Woodward foi considerado modelo em Hollywood. Em um lugar onde os relacionamentos sempre foram fugazes e descartáveis eles ficaram juntos até a morte de Newman. Essa imagem ficou um pouco arranhada recentemente com a publicação de uma biografia do ator que revelava que ele teve um caso extraconjugal por anos com uma jornalista. Não importa, filmes como "Rachel, Rachel" demonstram que o casal funcionava não apenas na vida real, mas também profissionalmente. Poderiam não ser perfeitos (ninguém é), mas diante das circunstâncias se saíram muito bem no final das contas.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Justified

Outra boa dica para os fãs do gênero western que estejam em busca de séries que lembrem nosso amado estilo na TV é esse "Justified" do canal FX. Os episódios giram em torno da figura do agente federal Raylan Givens (Timothy Olyphant). Nascido e criado numa cidadezinha do Kentucky ele acaba sendo acusado de brutalidade policial em Miami e como punição é transferido de volta para a mesma cidadela onde nasceu no meio das montanhas. O problema é que Raylan tem uma família nada convencional. Seu pai é um conhecido contraventor e criminoso local e todos os seus conhecidos de infância e juventude estão envolvidos de alguma forma com operações ilegais envolvendo tráfico de drogas ou prostituição. Levando a máxima de que "santo de casa não faz milagres" o marshal durão tem que provar aos habitantes da região que ele está ali para cumprir a lei de todas as formas, sem fazer concessões a quem quer que seja. Rodado no que podemos considerar como o moderno oeste americano o seriado tem bons episódios e tramas bem elaboradas. O curioso é que "Justified" começou de forma bem modesta, quase como um tapa buraco da série "Sons Of Anarchy" mas que logo ganhou seu próprio espaço, conquistando cada vez mais audiência com o passar do tempo.

O programa é particularmente indicado para quem aprecia séries policiais com toques de western, pois "Justified" de certa maneira une ambos os gêneros. O personagem principal é um agente federal (Marshall) dos EUA que age muitas vezes como se realmente estivesse no velho oeste americano. O curioso é que tudo foi baseado em um conto curtinho. A série nasceu para ter no máximo 12 episódios mas com o sucesso os roteiristas estão desde a primeira temporada fazendo malabarismos para ampliar a estória o máximo que podem. Novos personagens foram adicionados e outros dramas foram inseridos para alongar ainda mais os episódios. Outro detalhe importante: o seriado é sequencial o que significa dizer que se deve assistir os episódios na ordem, na sequência, caso contrário se perde o fio da meada. "Justified" também foi a única série do canal FX a ser premiada com o Emmy, o Oscar da TV americana. A atriz Margo Martindale levou o prêmio de melhor atriz coadjuvante em 2011. Ela interpretou a mãe de uma família de criminosos caipiras e armados até os dentes do interior do Kentucky que acaba cruzando o caminho do agente Raylan. Sua interpretação realmente foi digno de reconhecimento pois ela conseguia ir da ternura à violência em questão de segundos. Achei seu prêmio extremamente digno e merecido. Assim deixamos a dica de "Justified" para vocês, os amantes de western, que estejam em busca de novidades na telinha.


Justified (idem, EUA, 2010 - 2013) Direção: Jon Avnet, Peter Werner, Michael Dinner / Roteiro: Elmore Leonard, Graham Yost, Benjamin Cavell / Elenco: Timothy Olyphant, Nick Searcy, Joelle Carter, Margo Martindale / Sinopse: Após ser acusado de agir com extrema brutalidade na Flórida o agente federal Raylan Givens (Timothy Olyphant) é transferido para sua cidade natal no Kentucky onde passa a reprimir os criminosos locais, muitos deles velhos conhecidos do passado.

Pablo Aluísio. 

Deuses do Egito

Definitivamente eu já passei da idade de gostar de um filme como esse. A única coisa que me fez conferir foi o fato de que o roteiro supostamente seria inspirado na religião e nos deuses do Egito antigo. Assim lá estão o bondoso e justo Hórus (Nikolaj Coster-Waldau), o ganancioso e cruel Set (Gerard Butler) e o equilibrado Osíris (Bryan Brown), todos brigando pelo trono do Egito. E o que diferencia meros mortais de deuses? Os deuses são altos e seu sangue é formado por ouro líquido. Eles também possuem a capacidade de se transformarem em qualquer criatura. Diante de tal poder o que mais fazem é brigar entre si, tentando matar uns aos outros. No meio dessa luta entre imortais há ainda um ladrãozinho barato chamado Bek (interpretado por Brenton Thwaites, um dos piores atores que já vi em minha vida!), sempre disposto a roubar alguma joia ou vestido para a sua namoradinha. É justamente ele quem acaba roubando um dos olhos de Hórus, que havia sido brutalmente arrancado por Set durante uma luta titânica entre ambos.

Basicamente é só isso. Para esconder o vazio do roteiro nada inspirador a produção usa e abusa de computação gráfica a ponto de fazer o espectador se sentir visualmente saturado. Há muitas criaturas geradas por sofisticados programas de computador e mundos inteiros completamente virtuais. O curioso é que apesar de ter custado algo em torno de 150 milhões de dólares para a Fox esses efeitos digitais nem são tão impressionantes assim! Para muitos, eles ficaram bem longe do que era esperado para uma produção com um orçamento tão milionário como essa. Em termos de elenco o único ator que merece algum crédito é justamente Gerard Butler. Embora repita maneirismos de seu outro personagem, o Rei Leônidas de "300", ele é um dos poucos atores que parecem dispostos a trazer alguma vida para seu personagem. Todo o resto do elenco é apagado ou descaradamente sem talento dramático nenhum (com exceção apenas de Geoffrey Rush, que também não tem muito o que fazer em cena). Já o diretor Alex Proyas parece completamente perdido no meio de tantos deuses, mortais, monstros e lendas. Para quem já dirigiu coisas melhores como "Eu, Robô" e "O Corvo" só restou a decepção. Então é isso. A conclusão final a que chegamos é que "Deuses do Egito" não faz jus à rica herança cultural da religião do Egito Antigo. Não passa nem perto disso. É só mais um filme com jeitão de videogame para o público adolescente de hoje. Nem o mais pessimista espectador poderia esperar por algo tão fraco e descartável.

Deuses do Egito (Gods of Egypt, Estados Unidos, 2016) Direção: Alex Proyas / Roteiro: Matt Sazama, Burk Sharpless / Elenco: Gerard Butler, Bryan Brown, Geoffrey Rush, Brenton Thwaites, Nikolaj Coster-Waldau, Rachael Blake / Sinopse: Após reinar por séculos como o supremo rei do Egito, o Deus Osiris (Bryan Brown) resolve passar a coroa para seu filho Hórus (Nikolaj Coster-Waldau). Isso desperta a ira de Set (Gerard Butler), irmão de Osíris, que resolve matá-lo para usurpar seu trono. A morte de Osíris e a derrota de Hórus joga o antigo Egito em um reino de terror e morte sem fim.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 31 de maio de 2016

Errol Flynn - O Gavião do Mar

Errol Flynn tinha todos os defeitos do mundo que você possa imaginar. Era canalha, frívolo, mentiroso, crápula, viciado em drogas, bebum, até espião nazista durante a II Guerra Mundial. Um lixo de pessoa. Agora, como ator ele teve muita sorte na carreira. Flynn foi o maior astro da Warner Bros em um tempo em que esse estúdio resolveu apostar alto em grandes superproduções e filmes de aventura. Ao lado de Michael Curtiz, grande diretor da era de ouro do cinema americano, Flynn estrelou uma sucessão de grandes filmes e enormes sucessos de bilheteria, até porque ele era o tipo ideal para esse tipo de produção.

Jovem, atlético, Flynn era um aventureiro na vida real. Sua desenvoltura em cenas de barcos não era gratuita. Ele viajou da Austrália aos Estados Unidos em um velho veleiro, tal como seus personagens de seus filmes como em "O Gavião do Mar", um de seus grandes hits de bilheteria. Curiosamente ao mesmo tempo em que ia fazendo uma extremamente bem sucedida parceria com o diretor Curtiz, também ia tecendo sua armadilha de canalhice em relação ao cineasta. Enquanto posava de amigo de Curtiz nos estúdios, nos bastidores ia seduzindo a esposa dele. A tal ponto que ela se apaixonou por Flynn, largou Curtiz e foi viver ao seu lado por um breve tempo, já que Flynn não era homem de se amarrar a mulher nenhuma. Em pouco tempo a dispensou também. Era da natureza dele, ser um canalha, fazer o quê?

No fim da vida Errol Flynn se tornou alcoólatra e uma sombra do galã que havia sido no passado. Começou a elogiar publicamente ditaduras como a de Cuba (ele nunca escondeu sua preferência por regimes autoritários) e chegou até mesmo a ir na ilha caribenha para rodar um filme trash com atores locais. Tudo mera desculpa para encher a cara nas piores bodegas da Ilha de Fidel Castro. Esse por sua vez usou o que restou da fama de Flynn para promover seu sistema de governo que segundo a propaganda socialista era o melhor do mundo. Uma piada sem graça que nem o próprio Flynn acreditava. Depois de muitos excessos o grande aventureiro dos mares morreu precocemente. Ele havia cometido todos os excessos possíveis. Foi um sujeito que não admitia nenhum limite em sua vida. Pagou o preço devido.

Pablo Aluísio.

Mar de Fogo

Para se fazer um grande épico é necessário mais do que uma bela fotografia e cenas de impacto passadas em lugares exóticos e distantes. É justamente isso que prova "Mar de Fogo", produção de 2004. A história é baseada em fatos reais. Em 1890 um rico e poderoso líder árabe ofereceu um grande prêmio ao vencedor de uma corrida de cavalos de três mil milhas pelas regiões mais hostis do deserto da Arábia Saudita. Entre os concorrentes um cowboy americano, Frank T. Hopkins (Viggo Mortensen), se destacou por sua audácia, coragem e fibra de campeão. Cavalgando um animal da raça Mustang chamado Hidalgo ele entrou para a história por participar dessa competição. Sua proeza ficou tão conhecida dentro dos Estados Unidos que ele e seu cavalo viraram atração fixa no famoso show de Buffalo Bill no Oeste Selvagem.

"Mar de Fogo" foi dirigido pelo jovem cineasta texano Joe Johnston de "Jurassic Park III" e "Jumanji". Considerado um protegido de Steven Spielberg sua intenção se mostra bem nítida desde o começo do filme. Seu objetivo é alcançar a mesma classe e opulência do grande clássico "Lawrence da Arábia", algo pra lá de pretensioso. O problema é que tudo ficou apenas na intenção. Nem a presença do grande Omar Sharif (um dos atores preferidos do genial David Lean) melhora esse aspecto. Apesar da excelente produção, da bonita fotografia (temos que admitir) o filme não consegue convencer ou agradar. Muitas vezes na ânsia de realizar grandes tomadas abertas no deserto tudo o que o diretor consegue no final das contas é passar tédio para a película. Esse aliás é um dos grandes problemas de "Hidalgo" pois seu ritmo se torna irregular, ora acelerado demais, ora completamente parado, ficando por isso muitas vezes chato. Não foi um filme que me agradou, apesar das expectativas e boas intenções que rondaram sua chegada aos cinemas. Pode ser dispensado sem maiores problemas.
 
Mar de Fogo (Hidalgo, EUA, 2004) Direção: Joe Johnston / Roteiro: John Fusco / Elenco: Viggo Mortensen, Omar Sharif, Zuleikha Robinson / Sinopse: Cowboy americano (Mortensen) participa de uma corrida de cavalos no meio do deserto da Arábia Saudita. Filme vencedor do Western Writers of America na categoria de Melhor Roteiro.

Pablo Aluísio.