segunda-feira, 13 de julho de 2015

McMillan & Wife

Título no Brasil: McMillan & Wife
Título Original: McMillan & Wife
Ano de Produção: 1971 - 1977
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal TV
Direção: Vários
Roteiro: Série criada por Leonard Stern
Elenco: Rock Hudson, John Schuck, Susan Saint James

Sinopse:
"McMillan & Wife" mostra o cotidiano do casal Stewart 'Mac' McMillan (Rock Hudson) e Sally McMillan (Susan Saint James). Eles formariam o típico casal de San Francisco dos anos 1970 se não fosse por um detalhe mais do que importante: Ele é comissário de polícia e ela, apesar de ser apenas uma simples dona de casa, sempre acaba resolvendo os misteriosos crimes que o maridão está investigando.

Comentários:
Nunca foi exibida no Brasil em canais abertos mas nos EUA fez grande sucesso. O interesse dos cinéfilos nessa série vem do fato dela ter sido estrelada pelo ator Rock Hudson, um dos mitos do cinema clássico de Hollywood. Com a idade chegando Rock foi ficando sem trabalho, uma vez que ele era o galã típico dos anos 1950 e 1960. Galãs quando envelhecem acabam perdendo o emprego como bem se sabe. Sem grandes convites para o cinema ele acabou aceitando fazer essa série, inicialmente por pouco tempo, mas que por causa do sucesso de audiência duraria longas seis temporadas. Rock detestava TV. Não acompanhava e não gostava de estar em uma série televisiva pois a achava indigna de seu status de grande ator de cinema mas não houve outro jeito. Adotou um bigodão e procurou se divertir no novo meio. De bom havia o alto salário que recebia por episódio e a chance de trabalhar em San Francisco, uma cidade de que ele gostava muito (também conhecida como a capital gay da América). Hudson contracenou com a jovem Susan Saint James, que ele considerava uma típica hippie daqueles anos. Mesmo assim se deram bastante bem nos bastidores. Na última temporada ela deixou a série, alegando que queria construir uma carreira no cinema e o seriado passou a se chamar apenas "McMillan". Do ponto de vista de qualidade a série fica na média do que era feito na TV americana da época. Há bons episódios intercalados com bobagens. A primeira e a segunda temporada foram lançadas em DVD nos Estados Unidos e Inglaterra, o que proporcionará agora aos fãs de Rock Hudson uma ótima oportunidade de assistir à série e acompanhar o astro de "Assim Caminha a Humanidade" perseguindo bandidos pelas ladeiras de San Francisco. Um programa no mínimo bem interessante. 

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de julho de 2015

A Queda

Outro ótimo filme da safra de 2004 foi essa produção alemã chamada "Der Untergang" (A Queda, no Brasil). Durante muitos anos o nazismo foi uma verdadeira ferida aberta na alma do povo alemão. Só depois de décadas é que finalmente foi produzido um grande filme naquele país retratando os momentos finais da vida do ditador Adolf Hitler (interpretado de forma brilhante pelo talentoso ator Bruno Ganz). Em seu bunker, cercado por tropas inimigas soviéticas por todos os lados, prestes a entrar em Berlim, Hitler vê seu outrora magnífico Reich, que deveria durar mil anos, se desfarelar diante de seus olhos. O interessante nesse roteiro, que foi escrito baseado em relatos reais de pessoas que estiveram dentro do covil do lobo ao lado de seu Führer, foi mostrar as reações do infame ditador diante do fim de seus planos megalomaníacos de dominação mundial. ´

O curioso é que Hitler realmente foi até o fim, ao limite, só resolvendo se matar, colocando um fim em sua própria vida, quando as tropas russas estavam praticamente na esquina de seu bunker, o refúgio que era considerado impenetrável pelos líderes nazistas na época. Dando ordens à batalhões de um exército que já não existia mais, por ter sido aniquilado no front de guerra, o ditador não perdia sua insana maneira de enxergar a realidade ao seu redor. Sofrendo de delírios visuais, culpando o povo alemão por sua queda, a quem sentenciou que deveria ser devorado nas chamas do inimigo, "A Queda" explora como poucos filmes a mente de um sujeito que levou milhões de pessoas à morte, em um dos conflitos mais sangrentos da história. Assista e tente entender a loucura que dominou Hitler e seus asseclas durante a II Guerra Mundial.

A Queda - As Últimas Horas de Hitler (Der Untergang, Alemanha, Austria, Itália, 2004) Direção: Oliver Hirschbiegel / Roteiro: Bernd Eichinger, Joachim Fest/ Elenco: Bruno Ganz, Alexandra Maria Lara, Ulrich Matthes / Sinopse: O filme recria os últimos momentos de Hitler, antes da queda definitiva de seu III Reich. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Filme vencedor do European Film Awards na categoria de Melhor Ator (Bruno Ganz).

Pablo Aluísio.

Grey's Anatomy

Título no Brasil: Grey's Anatomy
Título Original: Grey's Anatomy
Ano de Produção: 2005 - 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: ABC
Direção: Vários
Roteiro: Série criada por Shonda Rhimes
Elenco: Ellen Pompeo, Patrick Dempsey, Katherine Heigl, Jessica Capshaw, Sandra Oh, Justin Chambers, Eric Dane

Sinopse: 
A série "Grey's Anatomy" acompanha a vida de um grupo de médicos, recém formados, residentes, que vão competir por uma vaga no Grey Sloan Memorial Hospital, um dos maiores centros hospitalares dos Estados Unidos. Narrando cada episódio surge a Dra. Meredith Grey (Ellen Pompeo), que deseja superar o legado de sua mãe, uma das mais respeitadas cirurgiãs de Seattle.           

Comentários:
Grey's Anatomy é um guilty pleasure. Você muitas vezes sabe que não é nenhuma obra de arte da TV mas continua assistindo! Por quê? É muito complicado explicar. Provavelmente seja força do hábito de assistir aos episódios ou então seja mesmo aquele tipo de masoquismo em acompanhar tudo ao limite, para ver aonde tudo aquilo vai parar. Afinal de contas são dez temporadas no ar e o programa caminha para seu décimo ano em exibição (em 2015). Muitas vezes começamos a acompanhar certas séries por motivos bobos ou até mesmo fúteis. No meu caso foi assim. Confesso que o que me levou a assistir os primeiros episódios foi a presença da atriz Katherine Heigl. Além de bonita sempre a achei muito carismática. Ela fazia o papel da Dr. Izzie Stevens e ficou na série por cinco temporadas (até 2010). Depois que ela saiu pensei em deixar de assistir mas passados cinco anos ainda acompanho (sim, para minha surpresa!). "Grey's Anatomy" deve dar pavor em quem odeia seriados americanos sobre médicos. É um drama televisivo com todos aqueles ingredientes que fazem um bom (ou ruim) enlatado Made in USA. Há tramas inconclusivas, personagens que entram e somem sem maiores explicações e muitas situações absurdas, principalmente nos episódios finais das temporadas. Numa delas um atirador entrou no Grey Sloan Memorial Hospital e saiu atirando em todos os personagens. Em outra ocasião um avião caiu com praticamente todo o elenco a bordo. Isso sempre me deixou pasmo, era tudo muito surreal. Os executivos da ABC sempre fizeram isso para tirar o poder de barganha dos atores, afinal se eles não renovassem para a temporada seguinte os roteiristas simplesmente matavam seus personagens nas tramas. Absurdo completo? Claro que sim, até porque se não fosse assim Grey's Anatomy não seria um verdadeiro guilty pleasure!

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de julho de 2015

Matadores de Velhinhas

Outro filme que foi ao passado para pegar material de reciclagem. "The Ladykillers" é o remake de um filme homônimo, clássico do humor negro inglês, estrelado pelo grande Alec Guinness! O roteiro é saborosamente dark, porém faltou aos americanos aquele típico nonsense britânico que ninguém sabe realmente imitar com perfeição. Veja o caso de Tom Hanks no papel do "professor" G.H. Dorr. Ele imprimiu um tom cartunesco ao personagem, cheio de caras e bocas, caretas e expressões forçadas. Não se via isso no original. A situação absurda que move toda a trama, onde um bando de ladrões finge ser um grupo sofisticado de música clássica ensaiando, não rende tão bem e nem é tão divertido como na comédia original. Tudo bem que Tom Hanks jamais será Alec Guiness, mas um pouquinho mais de leveza cairia bem em sua atuação.

Outro ponto que não soa muito bem vem da direção dos esquisitos Ethan Coen e Joel Coen. Eles são bem melhores em filmes tão estranhos como eles próprios. "The Ladykillers" tem um roteiro básico, ideal para um tipo de cinema que já não mais existe e nada tem a ver com o universo de seus filmes anteriores. Ethan e Joel são certamente cineastas talentosos, profissionais que merecem todo o respeito e admiração, mas aqui não há como fugir, fizeram seu filme mais fraco. Apesar de boa direção de arte e algumas novidades que acabaram dando certo o fato inegável é que se formos mesmo comparar essa nova versão com a antiga chegaremos na conclusão incômoda que é realmente uma adaptação pálida do que já foi feito no passado. Remakes são complicados e quando não se acerta a mão direito a coisa fica ainda mais

Matadores de Velhinhas (The Ladykillers, Estados Unidos, 2004) Direção: Ethan Coen, Joel Coen / Roteiro: Ethan Coen, Joel Coen / Elenco: Tom Hanks, Marlon Wayans, Irma P. Hall Sinopse: Quadrilha de criminosos, assaltantes de bancos, se passam por músicos inofensivos. embaraçosa. Filme vencedor do Cannes Film Festival na categoria de Melhor Atuação (Irma P. Hall).

Pablo Aluísio.

The Good Wife

Título no Brasil: The Good Wife
Título Original: The Good Wife
Ano de Produção: 2009 - 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: CBS
Direção: Vários
Roteiro: Série criada por Michelle King e Robert King
Elenco: Julianna Margulies, Chris Noth, Josh Charles, Archie Panjabi, Christine Baranski 

Sinopse:
Alicia Florrick (Julianna Margulies) é a esposa do poderoso procurador geral de Nova Iorque. Quando esse é denunciado por estar envolvido em uma rede de prostituição de luxo sua carreira vem abaixo e junto com ela o casamento e a dignidade de sua esposa. Depois do enorme escândalo público, Alicia resolve retomar sua vida. Vai atrás de um emprego como advogada e recomeça sua carreira trabalhando no escritório de Will Gardner (Josh Charles) e Diane Lockhart (Christine Baranski). Ao seu lado também começa a trabalhar como investigadora a misteriosa descendente de indianos, Kalinda Sharma (Archie Panjabi).

Comentários:
Continua fazendo bastante sucesso na TV americana. Já está na quinta temporada e a CBS não parece disposta a abrir mão desse sucesso de audiência. É a tal coisa, sempre existirão séries sobre médicos, policiais e advogados nos Estados Unidos. É uma tradição que segue por décadas afora. O segredo de "The Good Wife" vem do fato de colocar uma mulher traída publicamente pelo marido como protagonista. Mesmo após a queda ela consegue levantar a cabeça e ir em frente, reconstruindo sua vida emocional e profissional. Julianna Margulies como Alicia Florrick é a grande força dessa equação de sucesso. Atriz carismática e ótima em momentos fortes e dramáticos, consegue levar a série praticamente sozinha, já que nenhum outro partner em cena ameaça sua posição dentro dos episódios. Até mesmo Michael J. Fox já participou no elenco de apoio mas Margulies segue sendo o grande destaque. Assim que comecei a acompanhar "The Good Wife" me lembrei imediatamente de "Damages" com Glenn Close, já que as séries são bem parecidas entre si, enfocando a vida de mulheres advogadas. Pelo talento de Close ainda prefiro "Damages" mas não se pode deixar de reconhecer os méritos dessa série já que consegue aliar drama, questões jurídicas e conflitos familiares com raro talento. Muitos implicam com seu jeito de "novelão" mas isso no final das contas é uma bobagem. A série não fez tanto sucesso por acaso, essa é a verdade.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Um Pouco de Caos

Título no Brasil: Um Pouco de Caos
Título Original: A Little Chaos
Ano de Produção: 2014
País: Inglaterra
Estúdio: BBC Films
Direção: Alan Rickman
Roteiro: Jeremy Brock, Alison Deegan
Elenco: Kate Winslet, Alan Rickman, Stanley Tucci, Matthias Schoenaerts
  
Sinopse:
O Rei Louis XIV (Alan Rickman) da França decide construir um novo palácio, mais luxuoso e digno de sua exuberância. Em sua opinião o Palácio de Versailles deverá ser o mais opulento de toda a Europa, com o melhor em termos de construção, luxo e elegância. Para isso ele determina ao seu mestre de obras públicas, André Le Notre (Matthias Schoenaerts), a contratação dos melhores arquitetos, engenheiros e paisagistas do mundo. Entre os contratados está a Madame Sabine De Barra (Kate Winslet) que deverá criar um lindo salão de baile ao ar livre, nos jardins da formosa nova construção imperial. O projeto logo se revelará mais ousado e complicado de se realizar do que ela inicialmente poderia supor. Roteiro baseado em uma história real.

Comentários:
O monarca Luís XIV (1638 - 1715) representou o ápice do absolutismo europeu, a tal ponto que ficou imortalizado na história como o "Rei Sol". Tudo era absolutamente excessivo durante seu reinado. As roupas de sua corte eram as mais luxuosas, os protocolos de etiqueta eram os mais rigorosos e o Rei acabou passando para a imortalidade como um símbolo desse período histórico onde a vontade do soberano representava a própria essência do Estado. Tanto isso é verdade que uma das mais famosas frases de seu reinado foi a que ele mesmo proferiu, resumindo toda a questão, ao dizer: "O Estado sou eu!". Pois bem, o roteiro desse filme explora um aspecto secundário de seus projetos megalomaníacos. A história gira realmente em torno de Madame De Barra (Winslet), uma viúva de muita personalidade, que queria vencer no concorrido mercado de profissionais especializados em construções belas e luxuosas. Ela acaba sendo designada para projetar e construir uma das partes mais bonitas do novo palácio do Rei, uma espécie de salão de baile ao ar livre, com cascatas ao redor e um grande arranjo floral com as mais belas plantas e flores de toda a França. 

Por ser uma mulher do século XVII ela obviamente teve que enfrentar uma série de preconceitos e má vontade dos seus concorrentes, todos obviamente homens que duvidavam de sua capacidade de colocar o belo projeto em pé. Para piorar acabaria se envolvendo emocionalmente com seu próprio superior, o mestre  André Le Notre (Schoenaerts), que já era casado com uma dama da corte excessivamente cruel e ciumenta! Sua sorte porém vem quando cai nas graças do próprio Rei, que fica admirado com sua coragem e força de vontade em vencer todos os desafios. Esse filme de época, muito bem produzido e com uma trama mais do que interessante, é um projeto bem pessoal do ator Alan Rickman, tanto que assumiu até mesmo a direção do filme. Acabou realizando uma obra fina e elegante, tal como o próprio período retratado. Um bom drama romântico que levará o espectador a essa era histórica há muito tempo passada, tudo com muito bom gosto e talento. 

Pablo Aluísio.

Geronimo – Uma Lenda Americana

A conquista do oeste americano também foi um grande choque de civilizações. De um lado o branco, muito mais avançado do ponto de vista tecnológico, procurando expandir suas conquistas territoriais e do outro o nativo americano, ainda em um estágio mais primitivo, porém não menos forte e bravo. Por anos o conflito entre o colonizador e os grupos indígenas se prolongou dentro dos territórios mais distantes da jovem nação americana mas aos poucos as grandes tribos entraram em acordo com o governo americano. Eles desistiam das guerras em troca de lugares pacíficos para viver. Assim grandes nações de sioux, apaches, comanches e demais etnias foram enviadas para reservas determinadas por Washington. Nem todos porém resolveram abaixar suas armas. Pequenos grupos seguiram em frente contra o invasor branco, causando prejuízos e baixas entre a cavalaria americana. Muitas vezes adotando táticas de guerrilhas eles mantiveram a chama acesso dos antigos guerreiros.

Um dos mais famosos combatentes nesse período foi o líder Apache Geronimo. Ele liderou um grupo de bravos guerreiros que se recusavam a abaixar a cabeça para o exército branco. Por anos lutaram nas regiões mais hostis do velho oeste contra o usurpador de terras vindo do leste. A história desse apache rebelde é justamente o tema desse western “Geronimo – Uma Lenda Americana”. Contando com um excelente elenco, incluindo os consagrados Gene Hackman e Robert Duvall, o roteiro mostrava os fatos históricos que cercaram Geronimo sob o olhar e a visão de um jovem tenente da cavalaria americana, Charles Gatewood (Jason Patric) que é enviada para a região mais conflituosa do oeste americano, justamente o local onde Geronimo e seu grupo de guerreiros se tornavam mais presentes e ativos. O filme tem uma bela reconstituição histórica, com um roteiro que procura ser fiel aos fatos reais sem que com isso se torne chato ou enfadonho. Para quem gosta de conhecer um pouco mais da verdadeira história da conquista do oeste americano esse filme é mais do que recomendado.

Geronimo – Uma Lenda Americana (Geronimo: An American Legend, Estados Unidos, 1993) Direção: Walter Hill / Roteiro: John Milius / Elenco: Jason Patric, Gene Hackman, Robert Duvall, Wes Studi / Sinopse: Jovem tenente da cavalaria americana é enviado para um forte distante do oeste americano onde terá que enfrentar o lendário guerreiro apache conhecido como Geronimo. Filme baseado em fatos reais.

Pablo Aluísi.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Lugares Escuros

Título no Brasil: Lugares Escuros
Título Original: Dark Places
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, França, Inglaterra
Estúdio: Exclusive Media Group
Direção: Gilles Paquet-Brenner
Roteiro: Gilles Paquet-Brenner
Elenco: Charlize Theron, Christina Hendricks, Chloë Grace Moretz, Tye Sheridan, Corey Stoll, Andrea Roth
  
Sinopse:
Libby Day (Charlize Theron) carrega consigo um passado terrível. Quando era apenas uma garotinha, seu irmão mais velho teria supostamente assassinado toda a sua família em um acesso de insanidade turbinada por um fanatismo criado em sua mente por uma seita satânica frequentada por jovens da região. Agora, mais de 30 anos depois da chacina, ela é procurada por um empresário que decide contratá-la para participar de uma convenção de fãs de crimes hediondos e infames (sim, eles existem em grande número nos EUA!). Precisando de dinheiro ela acaba aceitando o estranho convite. A reaproximação com seu passado mais uma vez lança uma carga emocional muito forte sobre Libby, ao mesmo tempo em que a leva rever todos os detalhes daquele crime. O que realmente teria acontecido na noite em que sua família foi brutalmente assassinada?

Comentários:
A mente tem lugares escuros e sombrios que não devem ser sondados. Em "Dark Places" temos uma pequena amostra sobre isso. Charlize Theron decidiu deixar todo o glamour de lado para investir nessa personagem, uma mulher que teve sua família (e sua vida) destruída quando seu irmão resolveu matar todos os seus familiares em uma noite de loucura quando ela era apenas uma criança. Preso e condenado a mais de 30 anos de prisão, o assassino agora precisa rever seu próprio passado com a ajuda de sua irmã, algo que vai desvendar aspectos do passado que deveriam ficar nas sombras. É interessante perceber que de alguma maneira Charlize Theron criou uma identificação com sua personagem Libby. Recentemente ela confessou em uma sincera entrevista que sofre há muitos anos de um transtorno obsessivo-compulsivo causado por uma tragédia em sua juventude quando presenciou sua mãe matando seu próprio pai. O sujeito era um alcoólatra que maltratava sua esposa e filhas. Uma noite chegou em casa violento e quis matar as crianças, sem outra alternativa a mãe de Charlize assassinou seu pai na frente delas. Um triste retrato de violência doméstica.

Claro que um acontecimento tão violento acaba criando um trauma para o resto da vida, algo muito complicado de se superar. Assim é óbvio que o roteiro desse filme criou um vínculo imediato com a própria vida da atriz, que acabou encontrando em sua história uma forma de redenção pessoal, uma maneira de enterrar para sempre esses fantasmas do passado. Dito isso, o que há de mais interessante nessa produção é a tentativa de Libby (Theron) em reconstruir todos os detalhes do crime, para assim chegar a um conclusão mais definitiva sobre quem realmente teria apertado o gatilho contra sua mãe e suas irmãs. Devo dizer que o caminho até a descoberta de todos os eventos é muito interessante, porém o desfecho e o clímax não me convenceu muito. A sensação que ficou foi a de que a autora Gillian Flynn, que escreveu o livro que deu origem ao filme, se perdeu um pouco, criando uma situação forçada que definitivamente não me pareceu muito verossímil. Mesmo com esse deslize no final o filme vale a pena, seja pelo suspense, seja pela corajosa atitude de Charlize Theron em encarar uma história que tem muito a ver com seu próprio passado. A coragem dela acaba sendo assim o grande motivo para assistir a esse "Lugares Escuros".

Pablo Aluísio.

Battle for Skyark

Título Original: Battle for Skyark
Título no Brasil: Ainda Sem Título Definido
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Empress Road Pictures
Direção: Simon Hung
Roteiro: Simon Hung, Guy Malim
Elenco: Caon Mortenson, Garrett Coffey, Taylor Coliee
  
Sinopse:
No futuro o planeta Terra se tornou inabitável. Os recursos naturais acabaram e o clima ficou instável. A população mais rica do planeta construiu uma grande estação orbital chamada Skyark (a arca do Céu). O resto dos seres humanos ficaram relegados ao que restou do mundo, tentando sobreviver dos ataques constantes de estranhas criaturas que agora assolam o que restou de nosso antigo lar.

Comentários:
Eu sempre gosto de afirmar que o gênero ficção não é o adequado quando você não tem os recursos e o orçamento necessários para criar um mundo futurista convincente. Sem dinheiro para uma grande produção tudo corre o risco de ficar completamente ridículo. Foi o que aconteceu aqui. O roteiro até que tem pequenas boas ideias, mas sem dinheiro suficiente para desenvolve-los tudo vai por água abaixo rapidamente. Ouso dizer que noventa por cento do público abandonará o filme antes dos 30 minutos de duração, só para que você possa ter uma pequena ideia de sua completa falta de qualidade. O elenco é praticamente todo mirim e apesar do esforço da garotada nada dá certo. O cenário muitas vezes se resume a um ferro velho pouco convincente. Além disso essa estética ao estilo Mad Max (mundo pós apocalipse, etc) já está mais do que saturado. Por falar em elenco de crianças "Battle for Skyark" me lembrou vagamente de "Bugsy Malone: Quando as Metralhadoras Cospem", filme de 1976 dirigido pelo grande Alan Parker. A premissa são até parecidas, só que no filme de Parker o enredo girava em torno dos filmes de gangsteres e aqui temos uma ficção que definitivamente não deu certo. Essa comparação porém é apenas superficial, já que "Battle for Skyark" é definitivamente um mico, um abacaxi sem tamanho e sem salvação, um filme ruim.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Marcados Pela Guerra

Título no Brasil: Marcados Pela Guerra
Título Original: Camp X-Ray
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: IFC Films
Direção: Peter Sattler
Roteiro: Peter Sattler
Elenco: Kristen Stewart, Peyman Moaadi, Lane Garrison
  
Sinopse:
Amy Cole (Kristen Stewart) é uma jovem recruta do exército americano que é enviada para trabalhar como guarda de segurança na prisão militar de segurança máxima de Guantánamo. Entre suas funções está a de fazer vistorias e plantões no corredor das celas onde estão presos alguns dos mais perigosos terroristas internacionais. Na rotina de seu serviço ela acaba se aproximando aos poucos do prisioneiro Ali (Peyman Moaadi), um sujeito culto e instruído, que amarga uma longa reclusão. Ela não é informada das acusações que são feitas ao detento e ele não simpatiza com a nova guarda simplesmente por ela ser americana. Nada disso porém evita que ambos acabem criando com o tempo uma aproximação, mesmo que precária e fora das regras da prisão. Filme indicado ao Sundance Film Festival na categoria de Melhor Drama.

Comentários:
Inicialmente você pensa que vai assistir a mais uma fita daquelas bem ufanistas, ao estilo patriotada americana. Aos poucos porém você vai entendendo que está assistindo a um bom filme, que se concentra mesmo na amizade e no calor humano que pode surgir nos momentos e nas ocasiões mais improváveis. A recruta Amy é uma peça chave nessa trama. Ela sai de uma cidadezinha na Flórida, sem muito preparo intelectual ou cultural e acaba conhecendo um prisioneiro acusado de terrorismo na super fechada prisão de Guantánamo. O sujeito tem uma grande bagagem cultural, tendo estudado na Alemanha onde se tornou professor universitário. Supostas ligações com grupos terroristas porém destruíram sua carreira e sua vida. Levado para a prisão de Guantanamo ele se torna mais um prisioneiro sem julgamento, um condenado sem sentença! 

O roteiro deixa de lado os aspectos jurídicos mais absurdos dos que estão confinados naquela prisão militar (como, por exemplo, o fato de nunca terem sido julgados adequadamente como determina todas as convenções e leis do mundo ocidental) e parte para uma outra abordagem. Ao invés de ficar discutindo o ponto de vista legal das prisões, o roteiro se concentra mesmo na inusitada aproximação entre a recruta americana e o detento árabe. Sem forçar a barra e nem criar situações melosas, o argumento funciona muito bem. A militar Amy também demonstra ter pouca aproximação ou familiaridade com seus próprios colegas de farda, muitos deles sujeitos rudes e pouco éticos. Assim ela acaba encontrando amizade e humanidade não entre os seus pares, mas no prisioneiro Ali. Com esse tipo de narrativa inteligente o jogo acaba sendo praticamente vencido. Com bom roteiro (bem humano aliás), boas atuações e uma história simples que funciona muito bem, "Camp X-Ray" acaba se revelando bem melhor do que inicialmente se pensava. Um ótimo programa que além de entreter também levanta questões bem importantes. Para assistir e se pensar depois sobre tudo o que foi visto na tela. Está devidamente recomendado.

Pablo Aluísio.