terça-feira, 30 de setembro de 2014

Carrie, a Estranha

Carrie White (Chloë Grace Moretz) é uma jovem e tímida estudante que apenas quer levar uma vida normal como todas as outras garotas de sua idade. Sua vida porém passa longe da normalidade. Sua mãe caiu nas garras do fanatismo religioso, considerando tudo e a todos como seres pecadores e diabólicos. Por essa razão deu à sua filha uma educação extremamente rígida, onde tudo se revela como motivo para punição e penitência. Na escola o clima não é melhor para Carrie. Calada e retraída, ela logo vira alvo do bullying de suas colegas. As coisas pioram ainda mais quando acaba menstruando no chuveiro, pensando estar sofrendo de algum mal de saúde (por causa de sua educação religiosa fora dos limites nada lhe foi dito sobre sua própria sexualidade ao longo dos anos). Filmada em seu momento de pânico e choro no banheiro da escola é logo colocada na internet para que todos possam se divertir às suas custas. No meio de tantas turbulências Carrie acaba descobrindo que possui estranhos poderes, como mover objetos inanimados pelo seu quarto. Apesar da descoberta incrível resolve esconder isso das pessoas ao seu redor. A salvação para Carrie porém poderá finalmente vir no baile de formatura da escola, ainda mais depois de ser convidada por um aluno bonitão de sua classe. Talvez as boas notícias escondam algo ainda mais sinistro para ela. Afinal de contas a felicidade não parece ser um estado de normalidade na complicada vida de Carrie, considerada estranha demais pelos outros alunos de sua idade.

Remakes são sempre complicados e remakes de filmes já consagrados pelo público e pela crítica são ainda mais difíceis de engolir. O fato inegável é que o famoso livro de Stephen King já encontrou sua versão cinematográfica definitiva. Obviamente estou me referindo ao filme com Sissy Spacek, que foi dirigido brilhantemente por Brian De Palma em 1976. Uma obra prima do terror. Infelizmente há um certo preconceito entre os jovens com filmes antigos e somando-se a isso a falta de criatividade dos produtores e a busca pelo lucro fácil podemos entender perfeitamente porque esse novo Carrie foi realizado. A despeito da tecnologia ter evoluído muito mais nos dias atuais, não consegui visualizar nada que justificasse a realização de uma nova versão para o cinema da obra de King. Não há no novo filme nada de muito interessante ou inovador se formos comparar com o clássico dos anos 70. O roteiro se mostra até bem mais simples, sem maior desenvolvimento dos personagens principais. Embora de maneira em geral goste do trabalho da atriz Chloë Grace Moretz achei que sua atuação não encontrou o tom certo. Está muito exagerada em certos momentos, quase caindo na mais pura caricatura. Sempre com olhar assustado (para não dizer apavorado), ombros caídos e timidez extremamente patológica. O mesmo pode-se dizer da talentosa Julianne Moore, que com olhos arregalados e cara de maluca, interpreta a mãe fanática religiosa de Carrie. Sinceramente falando as duas atrizes parecem competir entre si para saber quem será mais excessiva em suas caracterizações. Os efeitos digitais também não empolgam muito (e a cena final na lápide me deu vontade de rir de tão desnecessária e boboca). Aliás se fosse definir o novo Carrie em apenas uma palavra seria justamente essa: desnecessária! A nova versão não precisava mesmo existir.

Carrie, a Estranha (Carrie, EUA, 2013) Direção: Kimberly Peirce / Roteiro: Lawrence D. Cohen, Roberto Aguirre-Sacasa, baseados na obra de Stephen King / Elenco: Chloë Grace Moretz, Julianne Moore, Gabriella Wilde / Sinopse: Carrie (Grace) é um jovem estudante muito tímida e oprimida que descobre ter poderes sensorias fantásticos. Vítima de bullying em sua escola ela decide em um momento de desespero, se vingar de todos que a humilham publicamente. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria Melhor Filme de Terror. Vencedor do prêmio de Melhor Atriz Jovem (Chloë Grace Moretz).

Pablo Aluísio.

domingo, 28 de setembro de 2014

A Marca do Medo

O professor Joseph Coupland (Jared Harris), da prestigiado universidade de Oxford, resolve reunir um grupo de pesquisas para estudar fenômenos paranormais. Seu foco se concentra numa jovem garota, com um vasto histórico de internações em instituições psiquiátricas. Abandonada e órfã, ela desenvolveu desde muito cedo em sua vida estranhos poderes telecinéticos. A jovem afirma existir uma entidade espiritual chamada Evey, mas para o renomado pesquisador tudo não passaria de uma forma de exteriorizar aspectos e poderes psíquicos de sua própria mente. O cientista rejeita explicações religiosas ou baseadas no ocultismo. O que ele pretende mesmo realizar com suas experiências é provar que tudo pode ser explicado apenas do ponto de vista científico. Assim ele resolve isolar a jovem em uma antiga casa nos arredores de Londres. Leva seu grupo de pesquisa e começam a colher dados sobre seu comportamento e suas capacidades fora do comum. O que começa de forma racional e controlada porém logo perde o controle, se transformando em um verdadeiro caos, com eventos inexplicáveis e situações completamente fora do comum, o que leva o cientista a entrar em desespero, negando inclusive suas explicações baseadas apenas na observação puramente científica.

Assim começa esse novo terror chamado "A Marca do Medo". Como o próprio roteiro informa no começo da exibição tudo se baseia em uma história real acontecida no ano de 1974. Foi uma tentativa de se explicar coisas como fantasmas e manifestações paranormais de uma forma puramente racional e com base em eventos naturais. O curioso é que o diretor desse filme realizou uma obra bem sólida, que pouca margem dá para sensacionalismos ou cenas de maior impacto. Ao contrário disso tentou reproduzir literalmente o que teria supostamente acontecido na história original. O resultado não é magistral, mas consegue certamente manter o interesse. A jovem atriz Olivia Cooke  que interpreta a personagem Jane Harper, que supostamente estaria possuída por uma entidade do mal, ora surge como uma garota que deseja ser acima de tudo normal, ora como uma figura sinistra e de complicada compreensão. Some-se a isso o fato do filme utilizar de cenários escuros e sombrios de um velho casarão e você terá um bom clima para filmes de terror em geral. Não chega a ser repleto de sustos, até porque não é um enredo meramente ficcional, mas por outro lado privilegia mesmo o suspense, a tensão e a ansiedade com os rumos que a história vai tomando. Embora o final seja um pouco rendido aos clichês mais conhecidos, a fita se mantém como boa opção para os fãs de terror em geral. Não é bobo, nem violento em demasia e privilegia uma boa história de fantasma. E o fato de tudo ser passado na Inglaterra só ajuda ainda mais pois de aparições sobrenaturais em velhas casas os ingleses sabem tudo.

A Marca do Medo (The Quiet Ones, Estados Unidos, Inglaterra, 2014) Direção: John Pogue / Roteiro: Craig Rosenberg, Oren Moverman / Elenco: Jared Harris, Sam Claflin, Olivia Cooke / Sinopse: Professor da universidade de Oxford começa a realizar uma série de experiências com uma jovem que manifesta estranhos poderes paranormais. Para o professor tudo poderia ser explicado de um ponto de vista puramente científico. O que ele não sabia é que a ciência nem sempre pode explicar tudo o que acontece em nosso mundo.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A Vida em Motéis

Depois da morte da mãe, os irmãos Flannigans ganham o mundo. Apesar de serem bem jovens, eles resolvem ir embora com medo de irem parar em algum orfanato. Para isso resolvem pular em um trem em movimento, como fazem os andarilhos americanos. No momento em que Jerry Lee (Stephen Dorff) tenta subir no vagão porém ele cai e acaba perdendo sua perna, esmagada nos trilhos. Os anos passam e os irmãos sentem como é duro ganhar a vida como eles, sem ninguém que os ajude. Vivendo de empregos medíocres, indo de motel barato em motel barato nas beiras de estrada, eles tentam levar a vida em frente, mas isso definitivamente não é fácil, muito pelo contrário, os caminhos tortuosos são muitos e uma noite, após atropelar por acidente um garoto numa noite de nevada, Jerry decide que sua hora chegou. Engatilha sua arma e... será que terminará sua vida de forma tão cruel e melancólica? A única coisa que parece lhe prender nessa vida cheia de dramas e dificuldades é mesmo a presença sempre constante de seu irmão, Frank Lee (Emile Hirsch), um jovem sonhador, que sempre lhe conta incríveis estórias envolvendo muita imaginação, em uma verdadeira fuga da dura realidade da vida. Para Frank o maior desafio é mesmo esquecer Annie James (Dakota Fanning), a problemática filha de um prostituta que ele ainda parece amar.

Gostei bastante desse pequeno, mas muito humano "The Motel Life". O roteiro é realmente muito bem escrito, mostrando a vida de dois irmãos abandonados à própria sorte. Pobres e sem destino, eles vão tentando sobreviver um dia de cada vez. Frank Lee tem uma imaginação e tanto e Jerry Lee tem bastante talento com desenhos. Essa característica dos irmãos abre margem à excelentes animações que vão se sucedendo ao longo da estória. Enquanto Frank vai contando os enredos, Jerry os imagina em seu traço de desenho. Há um constante clima de melancolia e tristeza que vai acompanhando os personagens em suas andanças rumo a lugar nenhum. Em termos gerais é um filme triste, sobre pessoas que estão à margem da sociedade, sem esperanças e sem perspectivas maiores de um dia melhorar de vida. Mesmo assim vale muito a pena. A dupla central de atores é ótima. Há muito tempo que Emile Hirsch se destaca na ala mais jovem de Hollywood, estrelando filmes ótimos como, por exemplo, "Na Natureza Selvagem". Seu papel aqui é muito emocional pois ele ama uma garota tão problemática quanto ele mesmo. Já Stephen Dorff é outra grata surpresa. Quem não se lembra de sua marcante interpretação do "quinto Beatle" Stuart Sutcliffe em "Backbeat - Os 5 Rapazes de Liverpool"? Pois é, depois de alguns anos meio sumido ele volta finalmente a um bom personagem nessa bela fita, onde tem alguns dos melhores diálogos do roteiro para declamar. Assim deixo a preciosa dica desse filme que certamente vai agradar a um tipo de público mais sensível e sentimental.

A Vida em Motéis (The Motel Life, Estados Unidos, 2012) Direção: Alan Polsky, Gabe Polsky / Roteiro: Micah Fitzerman-Blue, Noah Harpster / Elenco: Emile Hirsch, Stephen Dorff, Kris Kristofferson, Dakota Fanning / Sinopse: Dois irmãos tentam viver nos Estados Unidos após a morte de sua mãe com câncer. Vivendo de pequenos empregos, morando em motéis baratos, eles tentam se agarrar a algum fio de esperança em suas sacrificadas existências. Filme indicado ao prêmio do Chicago International Film Festival.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

3 Dias Para Matar

Ethan Renner (Kevin Costner) é um veterano agente da CIA que após um trabalho mais do que complicado descobre estar sofrendo de um câncer no cérebro. Com a notícia de sua morte iminente, sua carreira de assassino profissional dentro da agência chega ao fim. Dispensado do serviço ele então decide voltar par a Paris onde mora sua ex-esposa e sua filha, uma adolescente que ele mal conhece por causa dos anos em que passou fora de casa, trabalhando ao redor do mundo. Sabendo que tem apenas três meses de vida decide arriscar tudo para reconstruir um relacionamento com a filha, mas conforme a convivência vai se tornando mais próxima, logo descobre que lidar com uma adolescente nessa fase de sua vida não é algo muito simples de fazer. Ela é insegura e como quase toda adolescente também tem um gênio mercurial, surgindo sempre mal humorada. Mas o tempo de sossego logo passa para Ethan. Sua fama o leva a ser contactado por uma nova e misteriosa mulher que ele desconhece completamente, Vivi Delay (Amber Heard), que logo oferece uma bolada para Renner voltar ao seu velho trabalho. Ela deseja contratar Ethan para um novo serviço sujo. Ele terá que ajudá-la a localizar e eliminar o criminoso internacional conhecido como "O Lobo" que está  também em Paris. A execução porém não será tão fácil como parece, pois antes de Ethan chegar até ele terá que passar pelo Albino (Tómas Lemarquis), um sádico matador com muitos crimes em sua ficha corrida.

Assim começa o novo filme de Kevin Costner. O roteiro tenta mesclar aspectos da conturbada vida familiar de um ex-agente da CIA com sua nova realidade, a de assassino profissional da "iniciativa privada". Assim que vi o nome do diretor McG na ficha técnica desanimei completamente, afinal de contas o que poderíamos esperar de um sujeito que assinou abobrinhas ao estilo de "As Panteras: Detonando" e "Guerra é Guerra!"? Felizmente o roteiro de Luc Besson consegue salvar parte do filme da banalidade completa. Digo em parte, porque nem tudo tem salvação nesse filme. Para começo de conversa a fita se mostra longa demais e com sérios problemas de ritmo pois ora a trama avança a passos largos, ora puxa o freio de mão. Outro problema é que o filme desliza no fio da navalha entre três gêneros diferentes sem ser bom em nenhum deles. Falha na aproximação entre pai e filha, deixa a desejar nas cenas de ação e funciona muito pouco nas cenas mais cômicas ou divertidas. De bom mesmo o espectador encontrará mesmo uma Paris cada vez mais linda e bem fotografada, inclusive com direito a um show de luzes nas costas do astro Costner. Outro bom ponto vem da trilha sonora, com muita música dance e hits franceses. Kevin Costner talvez por ser "americano demais" não se enquadra muito bem no cenário, mas no geral o filme fica mesmo no padrão mediano por causa de sua presença. Há pequenos detalhes no roteiro que nos remete a outros filmes de Besson como "Nikita - Criada Para Matar" e "O Profissional ", mas curiosamente o visual arrebatador e diferenciado que sempre foi a marca do cineasta aqui se mostra ausente pois o filme é esteticamente bem quadradinho e careta, quase burocrático. Talvez se Besson tivesse assumido mesmo a direção teríamos algo bem melhor do que o toque pesado e sem graça de McG.

3 Dias Para Matar (3 Days to Kill, Estados Unidos, França, 2014) Direção: McG / Roteiro: Adi Hasak, Luc Besson / Elenco: Kevin Costner, Hailee Steinfeld, Connie Nielsen, Tómas Lemarquis / Sinopse: Ex-agente da CIA aposentado por invalidez acaba sendo contratado por misteriosa mulher para localizar e matar um assassino chamado "O Lobo" pelas ruas de Paris.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Sexta-feira 13 - Parte 5 - Um Novo Começo

Título no Brasil: Sexta-feira 13 - Parte 5 - Um Novo Começo
Título Original: Friday the 13th - A New Beginning
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Danny Steinmann
Roteiro: Martin Kitrosser, David Cohen
Elenco: Melanie Kinnaman, John Shepherd, Shavar Ross

Sinopse:
Dez anos depois de matar o assassino mascarado Jason Voorhees, Tommy Jarvis está finalmente se recuperando. Ele passou seus últimos anos internado em hospitais psiquiátricos. Apesar do longo tratamento ainda não conseguiu se livrar de pesadelos sobre o retorno de Jason. Quando Tommy é enviado para uma casa de recuperação rural na Califórnia para adolescentes com transtornos mentais, uma série de terríveis assassinatos começam a novamente acontecer. Teria Tommy enlouquecido de vez ou Jason teria encontrado uma saída para o mundo dos mortos?

Comentários:
Depois do filme anterior que se denominava "O Capítulo Final" o que os fãs poderiam esperar? Pelo lógica nada mais, afinal seria o fim da franquia mas... o fato é que a lógica não se aplica muito nos filmes da série "Friday the 13th". Os executivos então tiraram da cartola "Um Novo Começo"! Ora, não era segredo para ninguém que os filmes de Jason Voorhees tinham se transformado numa mina de ouro para a Paramount. Afinal as produções eram baratas, não precisavam contar com elenco famoso e caro e rendiam seus milhões de dólares na bilheteria sem muito esforço. E como Jason estava sempre usando máscaras não havia problemas em substituir o ator que o encarnava a cada novo filme sangrento! Bem ao contrário de "A Hora do Pesadelo", por exemplo, que a cada nova produção havia problemas para aceitar o cachê pedido por Robert Englund para voltar à pele de Freddy Krueger. Essa quinta aventura optou por incorporar elementos que estavam na moda nos filmes de terror da época (estamos falando de meados dos anos 80). O resultado em minha opinião é muito bom até, apesar da apelação. Durante toda a projeção ficamos curiosos em saber como os roteiristas levam em frente um enredo que já deveria ter acabado no filme anterior. A imaginação a serviço do lucro!

Pablo Aluísio.

Sexta-feira 13 - Parte 6

Título no Brasil: Sexta-feira 13 - Parte 6 - Jason Vive
Título Original: Jason Lives - Friday the 13th Part VI
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Tom McLoughlin
Roteiro: Tom McLoughlin
Elenco: Thom Mathews, Jennifer Cooke, David Kagen

Sinopse:
Tommy Jarvis (Thom Mathews) vai ao cemitério para se livrar de uma vez por todas do corpo do serial killer Jason Voorhees (C.J. Graham), mas ao invés disso vez acaba inadvertidamente o trazendo de volta à vida! O assassino de milhares de jovens inocentes estava de volta. Agora Jason quer vingança, e Tommy deverá derrotá-lo de uma vez por todas. Indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria de Melhor coleção em DVD / Blu-Ray.

Comentários:
Certa vez li uma crítica sobre o personagem Jason Voorhees dizendo que ele era o psicopata mais sem graça do cinema. Isso porque ele não passava de um assassino com um facão matando um bando de jovens em todos os filmes da franquia "Friday the 13th". Para piorar parecia imortal pois nunca morria, apesar de ser esfaqueado, baleado, decapitado e tudo mais que você possa imaginar. Certamente após um tempo Jason ficou mesmo completamente ridículo. A Paramount porém não queria perder sua lucratividade e por essa razão tomou um dos poucos caminhos que ainda restavam para o personagem, se auto satirizar. "Jason Lives - Friday the 13th Part VI" segue a linha violenta dos demais filmes mas pela primeira vez se dá ao luxo de rir de si próprio. Talvez por essa razão tenha sido elogiado em seu lançamento, encontrando o sucesso no mercado de VHS, onde se tornou um campeão de locações. Provavelmente o público já estava cansado de pagar entradas de cinemas para ver Jason, mas ele ainda valia o preço de uma locação no fim de semana. Assim no final das contas o humor (mesmo que negro) salvou a fita da irrelevância completa. Até hoje o filme é considerado um dos melhores da franquia. Se ainda não conhece dê uma chance a mais para Jason e sua incrível sede de sangue.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Eu Sou o Número Quatro

É uma aventura infanto-juvenil mais indicada para jovens na faixa de 15, 16 anos. Nada é muito original no roteiro. Basicamente é a velha estória de um grupo de jovens escolhidos que herdaram poderes especiais de um planeta distante e que estão escondidos na terra. Assim temos uma parte passada em um colégio americano (high School) com todos os tipos que já conhecemos de centenas de filmes anteriores (lá estão os nerds, os esportistas valentões, as patricinhas gatinhas, etc, etc). Essa parte inicial realmente é mais do mesmo. Nada de novo. No segundo ato temos o confronto entre os seres espaciais. Aqui ainda é um pouquinho mais movimentado, cheio de efeitos digitais (os vinte minutos finais do filme é todo em cima de muita pirotecnia). O grande problema dessa produção realmente é seu roteiro inexpressivo. Nada é muito desenvolvido, nem explicado. As coisas mais absurdas vão surgindo na tela sem nexo, ao acaso. A impressão que temos é que os produtores e o diretor estão pouco se importando com o público, no fundo se trata de mais um produto que tenta pegar carona no sucesso de Crepúsculo, só que saem os vampiros e entram os ETs.

O elenco é todo formado por desconhecidos. O único ator em cena que conheci foi o Timothy Olyphant dos seriados Damages e Justified. Ele interpreta um guerreiro que protege justamente o número quatro, que recebe o nome de John Smith. Esse ator que faz esse papel, chamado Alex Pettyfer, é muito fraco. Não tem expressão e nem muita presença mas tem bom look, o que no final das contas deve ser a única coisa que vá importar para as adolescentes que assistirão ao filme. A direção do D.J. Caruso é sem novidades, burocrática, feita sob encomenda para o estúdio. Enfim, o filme é isso, nada de muito relevante mas quem sabe possa vir até mesmo agradar ao público a que se destina.

Eu Sou o Número Quatro (I Am Number Four, Estados Unidos, 2011) Direção: David J. Caruso / Roteiro: Alfred Cough, Milles Milar / Elenco: Timothy Olyphant, Alex Pettyfer, Dianna Agron / Sinopse: Seres de outros planetas envolvidos numa disputa intergalática procuram se disfarçar de terráqueos. Um deles se faz passar por um simples adolescente de High School. Não tardará para que seus inimigos extraterrestres o venham caçar na Terra.

Pablo Aluísio.

Os Últimos Dias em Marte

Título no Brasil: Os Últimos Dias em Marte
Título Original: The Last Days on Mars
Ano de Produção: 2013
País: Inglaterra, Irlanda
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Ruairi Robinson
Roteiro: Sydney J. Bounds, Clive Dawson
Elenco:  Liev Schreiber, Romola Garai, Elias Koteas

Sinopse:
Um grupo de pesquisadores em Marte está em seu último dia de expedição no planeta vermelho. Durante um procedimento padrão de rotina um dos membros da equipe acaba sendo engolido por uma fenda. Enquanto os demais tentam lhe socorrer algo inesperado acontece. Uma bactéria desconhecida começa a infectar a todos, transformando a missão em uma terrível luta pela sobrevivência.

Comentários:
"The Last Days on Mars" até que começa muito bem. Em seus trinta primeiros minutos a tônica do roteiro é de seriedade, com muitas informações cientificas e bons efeitos digitais. A direção de arte, figurino e designs dos rovers espaciais são bem realizados. Eles se parecem até com antigas diligências do velho oeste, numa óbvia referência usada pelo diretor para criar um vínculo entre os pioneiros da colonização americana e aquelas astronautas em Marte, que afinal de contas também são pioneiros do espaço. Em determinado ponto chegamos mesmo a pensar que estamos vendo um filme realmente sério sobre o assunto. O problema é que como consta na sinopse logo uma bactéria começa a se alastrar entre os pesquisadores, transformando os infectados em verdadeiros zumbis espaciais. Pois bem, a partir do momento em que isso acontece a coisa toda desanda. O roteiro se torna extremamente derivativo a ponto de ser impossível não encontrar paralelos com a conhecida franquia "Aliens". Há uma tentativa de resgate desesperado dos sobreviventes mas isso também se torna caótico. No final das contas não chega a ser um filme ruim mas que deixa muito a desejar, principalmente para quem esperava encontrar por algo diferente. O clímax deixa a porta aberta para futuras continuações. Será que alguém vai se interessar?

Pablo Aluísio.

domingo, 21 de setembro de 2014

O Álamo

Título no Brasil: O Álamo
Título Original: The Alamo
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: John Wayne
Roteiro: James Edward Grant
Elenco: John Wayne, Richard Widmark, Laurence Harvey, Frankie Avalon

Sinopse:
Durante o ano de 1836 cresce o sentimento de separação do Texas do México. A intenção dos revolucionários é transformar o isolado estado em uma República independente. Para destruir o foco rebelde o governo mexicano envia um formidável exército de repressão comandado pelo general Santa Anna. Para resistir a invasão se insurge um pequeno mas valente grupo de homens no Álamo. Formado por soldados de carreira, voluntários e americanos do Tennessee liderados pelo coronel Davy Crockett (John Wayne) eles resolvem ficar no local para enfrentar bravamente o inimigo. Filme indicado aos Oscars de Melhor Filme, Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Música e Melhor Ator Coadjuvante (Chill Wills). Filme vencedor do Oscar de Melhor Som. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria Melhor Trilha Sonora Original (Dimitri Tiomkin).

Comentários:
Ao longo da carreira John Wayne dirigiu oficialmente apenas dois filmes, esse "O Álamo" e "Os Boinas Verdes" em 1968. De maneira não creditada ainda participou como co-diretor de "Rota Sangrenta" de 1955, "Os Comancheros" de 1961 (quando o diretor Michael Curtiz ficou doente demais para finalizar o filme) e por fim "Jake Grandão" de 1971. Em todas essas produções Wayne não fez feio como cineasta, muito pelo contrário, sempre pareceu tomar todas as decisões corretas. De todos os que assinou a direção nenhum foi tão pessoal quanto esse ousado faroeste de 1960. A intenção era recriar em cores épicas o famoso combate pela luta do forte Álamo (na verdade uma missão abandonada) no Texas. O evento histórico até hoje é celebrado no estado da rosa amarela justamente por ter sido um exemplo da bravura e orgulho do homem texano, que se recusou a se render mesmo diante de um poderoso exército mexicano que estava ali para garantir que o Texas continuasse a ser parte do México. No total o Álamo contava com apenas 185 homens que lutaram de forma corajosa contra mais de sete mil soldados sob comando do generalíssimo Santa Anna. Vale a pena ressaltar a coragem de John Wayne em algumas decisões que tomou ao rodar essa produção. A primeira delas foi o comprometimento com a história, evitando se render a meras concessões comerciais. Isso fez com que Wayne rodasse um filme longo, com duas horas e quarenta minutos de duração. 

Como bem sabemos filmes longos demais vendem menos ingressos pois ganham menos sessões de cinema durante o dia. Isso porém não depõe contra o resultado final, pois o filme jamais se torna pesado ou cansativo de assistir. O importante é que Wayne quis contar sua história da forma correta, sem perder nenhum detalhe histórico importante. A boa notícia é que seu objetivo foi alcançado. No desenrolar da trama também podemos notar que o cineasta John Wayne trouxe para a película muita coisa que aprendeu ao trabalhar ao lado de grandes diretores em sua carreira. A influência mais notável vem de John Ford. Wayne tenta recriar na tela pequenas nuances e detalhes que eram muito presentes na obra de Ford. Obviamente não consegue o mesmo impacto, até por falta de maior experiência atrás das câmeras, mas se sai muito bem. Assim "The Alamo" é uma prova que se quisesse, John Wayne poderia ter tido também uma bela carreira como diretor. Infelizmente o ator achava que dirigir trazia muita pressão, responsabilidades e riscos e por isso preferiu seguir trabalhando apenas como ator, atuando em seus bons e velhos faroestes. Uma pena, se tivesse seguido certamente teríamos por aí algumas pequenas jóias cinematográficas como esse "O Álamo".

Pablo Aluísio.

A Verdadeira História de Martin e Lewis

Título no Brasil: A Verdadeira História de Martin e Lewis
Título Original: Martin and Lewis
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: John Gray
Roteiro: John Gray, Arthur Marx
Elenco: Sean Hayes, Jeremy Northam, Paula Cale

Sinopse:
Jerry Lewis (Sean Hayes) é um comediante de night clubs de Nova Iorque que conhece o cantor e ator Dean Martin (Jeremy Northam). Depois de algum tempo se apresentando nas mesmas casas noturnas eles percebem que podem fazer um belo número juntos. A união de um palhaço careteiro e um galã de voz bonita acaba caindo no gosto do público e não demora para que todas as portas do show business se abram para eles, inclusive do cinema em Hollywood. Filme indicado ao Screen Actors Guild na categoria de Melhor Ator (Sean Hayes).

Comentários:
Telefilme bem realizado que se propõe a contar a história da dupla Jerry Lewis e Dean Martin. Juntos eles fizeram grande sucesso não apenas nos palcos, mas no cinema também. Foi uma parceria muito bem sucedida mas também repleta de dramas e problemas e o roteiro procura explorar o que acontecia nos bastidores. O filme é de certa forma didático e vai avançando na história até o rompimento entre eles. O primeiro desafio de se realizar uma produção como essa era encontrar uma dupla convincente de atores. Em relação ao papel de Jerry Lewis o ator Sean Hayes se sai muito bem. Para quem não lembra ele fez muito sucesso na série Will & Grace onde interpretava um gay muito divertido. Fisicamente ele lembra um pouco Lewis, mas o diferencial vem mesmo em sua atuação, que se revela bem inspirada. Já Jeremy Northam como Dean Martin está apenas correto. Também pudera, interpretar o Mr. Cool Martin não era mesmo uma tarefa das mais simples. Assim deixo a dica. O filme certamente não esgota o tema mas divertirá a quem é fã da dupla e da história do cinema americano.

Pablo Aluísio.