sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Sangue no Gelo

Os chamados Serial Killers, ou assassinos em série, são terríveis criminosos na vida real mas que no cinema acabam rendendo bons filmes. Um exemplo é esse novo "The Frozen Ground", filme que tem tido boa receptividade pela crítica na Europa e nos EUA. Um dos atrativos de seu roteiro é o fato de ter sido baseado em fatos reais o que deixa tudo ainda mais impressionante para o espectador. A história se passa em Anchorage, uma cidade isolada e fria no distante Alasca. É lá que começam a surgir vários corpos no meio da floresta. Inicialmente o departamento de polícia não vê ligação entre todas as mortes uma vez que há uma certa distância temporal entre elas. Um policial porém, o detetive Jack Halcombe (Nicolas Cage), começa a perceber que existe um padrão nos crimes. Todas as vítimas são jovens, bem parecidas entre si, com cabelos escuros curtos, sendo algumas delas prostitutas desaparecidas. Além disso os corpos revelam sinal de execução, com tiros de um potente rifle, calibre .223, dados pelas costas. O aparecimento de uma nova vítima ainda viva, uma garota que sofreu uma tentativa de estupro acaba levando o foco das investigações para o pacato cidadão e pai de família Robert Hansen (John Cusack). Mas como provar que esse sujeito acima de todas as suspeitas é na verdade um psicopata serial?

Como é um filme baseado em fatos reais o roteiro inverte de certa forma a sequência dos acontecimentos em relação aos filmes tradicionais sobre serial killers. Assim o espectador sabe logo de antemão quem é o assassino. Mesmo com essa inversão, onde não existe o impacto de se descobrir quem é o criminoso responsável pelas mortes, o filme mantém o interesse. Ponto para o ator Nicolas Cage que vem em uma maré baixa já há algum tempo. Não resta dúvida que é uma ótima notícia para os fãs de Cage que ultimamente tem se especializado em atuar em produções ruins, daquelas que viram chacotas nas mãos dos críticos. Aqui temos uma situação bem diferente, ainda bem, pois é um filme realmente bem realizado, roteirizado e com ótima reconstituição dos fatos. Outro que também está muito bem em cena é John Cusack. Sua caracterização é perfeita pois ele conseguiu trazer para as telas aquelas nuances psicológicas bem conhecidas de assassinos desse tipo. Eles geralmente mantém uma fachada social perfeita, com família e trabalho. Parecem cidadãos exemplares. Alguns são até muito pacatos e admirados pelos vizinhos. Por baixo da máscara de bom mocismo porém se esconde um predador feroz. Um retrato perfeito de um triste caso real que abalou o Alasca e que certamente abalará também o espectador. Assista sem receios, afinal Cage vinha virando sinônimo de filme ruim mas aqui felizmente isso passa longe de acontecer. 

Sangue no Gelo (The Frozen Ground, Estados Unidos, 2013) Direção: Scott Walker / Roteiro: Scott Walker / Elenco: Nicolas Cage, John Cusack, Vanessa Hudgens, Dean Norris / Sinopse: Policial prestes a se aposentar (Cage) acaba sendo designado para o caso que iria definir toda a sua carreira: a caça e captura do maior serial killer da história do Alasca.

Pablo Aluísio.

Jobs

Steve Jobs (Ashton Kutcher) é um jovem universitário que decide abandonar a faculdade para viajar pelo mundo, indo parar na Índia, onde conhece a realidade daquele povo. De volta aos EUA, sem saber direito que rumo tomar na vida, resolve se unir ao talentoso e inspirado Steve Wozniak (Josh Gad) para criar e desenvolver uma ideia nova e original, a criação de um novo conceito em informática, surgindo daí as origens do chamado PC, o computador pessoal. Inicialmente criam uma placa inovadora e depois com a ajuda de um investidor criam a Appel Computers, uma empresa que nas décadas seguintes se tornaria a mais valiosa de todo o mundo. Como se pode perceber "Jobs", o filme, tenta desvendar a figura desse famoso executivo, homem de negócios e inovador da indústria de informática. Infelizmente uma figura tão complexa e interessante para o nosso mundo moderno ganhou apenas uma pálida representação nessa produção muito burocrática, quadrada e sem inspiração, que se contenta apenas em narrar da forma mais enfadonha possível os principais eventos de sua vida.

A verdade pura e simples é que o personagem Steve Jobs retratado nesse filme não tem profundidade nenhuma. Ele é visto como um capitalista voraz, que após subir na carreira começa a se livrar de forma nada sutil de todas pessoas que o ajudaram a criar sua empresa vitoriosa. Ao mesmo tempo também mostra a terrível competição dentro das grandes empresas corporativas dos EUA, onde a puxada de tapete, a traição e o jogo de poder são fatos comuns, livres de qualquer ética pessoal. O roteiro se concentra mesmo na vida profissional de Jobs sem se importar em nenhum momento com a vida pessoal do retratado. Para se ter uma ideia o espectador é meio que informado que Jobs se recusou a assumir a paternidade de sua filha, mas tudo é jogado na tela sem qualquer complexidade, suas razões para agir assim são pessimamente explicadas em uma ou duas linhas de diálogo e nada mais. O ator Ashton Kutcher que interpreta Jobs, como era de se esperar, não consegue em nenhum momento captar a personalidade única desse executivo. Geralmente ele é retratado em cena apenas como uma pessoa extremamente rígida no trato com seus empregados. Sempre com cara de tensão e de poucos amigos o trabalho de Ashton Kutcher ficaria mais adequado se ele estivesse interpretando um psicopata e não uma pessoa tão imaginativa e criadora como Jobs. Assim o que temos aqui é um filme muito fraco, com estilo de telefilme, sem qualquer inovação ou surpresa. Bem decepcionante e vazio no final das contas.

Jobs (Jobs, Estados Unidos, 2013) Direção: Joshua Michael Stern / Roteiro: Matt Whiteley / Elenco: Ashton Kutcher, Dermot Mulroney, Josh Gad / Sinopse: O filme narra a vida de Steve Jobs. Após largar a universidade ele decide criar uma empresa na garagem de seus pais. Isso daria origem a Apple, uma das maiores empresas de informática do mundo moderno.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Invocação do Mal

Um casal e suas filhas se mudam para um velho casarão no meio do bosque. Há muitos anos o local se encontra abandonado mas pelo tamanho da propriedade e pelas possibilidades do lugar o preço se torna irresistível. Assim que se mudam começam a perceber estranhos acontecimentos. Primeiro o cão da família é encontrado morto, depois as jovens filhas começam a sentir a presença de entidades no local, tudo aliado a fatos inexplicáveis como o constante cheiro de carne podre que permeia toda a casa. Após uma noite em que fica clara a presença de espíritos no local a mãe das meninas procura pela ajuda de um casal especialista em demonologia. Após uma breve visita chegam na conclusão que realmente o local está infestado de entidades do mal. Enquanto esperam pela aprovação do Vaticano para a realização de um exorcismo tentam entender e pesquisar a natureza do mal que se manifesta no velho casarão. Essa nova produção de terror "Invocação do Mal" tem chamado bastante a atenção dos fãs de filmes de terror e suspense, tanto que está em cartaz nos cinemas brasileiros. O público em geral também tem gostado bastante da proposta da película.

A explicação não é tão complicada de entender. O filme escolheu, de maneira bastante acertada, seguir a linha dos antigos filmes de terror, principalmente dos da década de 70. Assim o que temos aqui é uma volta ao velho estilo, das casas mal assombradas e das fitas de exorcismo que tanto sucesso fizeram naquela década. O roteiro se baseia em fatos reais o que aumenta ainda mais o interesse. Obviamente que não foge a certos clichês - facilmente reconhecidos por quem costuma assistir a esse tipo de filme - mas mesmo assim temos que reconhecer que o resultado é muito eficiente. Além disso a ausência de efeitos digitais (que sempre estragam essa linha de produções de terror) é outro ponto muito positivo. Ao invés disso o diretor joga com a surpresa, com o susto e com a própria ambientação das locações (a casa velha, escura, a árvore assustadora usada para enforcamentos no passado, o lago imundo e assustador, etc). Como resultado de todos esses fatores o que temos é realmente um dos melhores filmes de terror do ano! Se você gosta de temas assim, então "Invocação do Mal" é mais do que recomendado pois os sustos estão assegurados.

Invocação do Mal (The Conjuring, Estados Unidos, 2013) Direção: James Wan / Roteiro: Chad Hayes, Carey Hayes / Elenco: Patrick Wilson, Vera Farmiga, Ron Livingston / Sinopse: Casal e suas filhas se mudam para um velho casarão que começa a dar sinais da presença de entidades sobrenaturais do mal.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Outono em Nova York

Richard Gere depois do sucesso de "Uma Linda Mulher" resolveu assumir a idade de vez, adotando seus famosos cabelos grisalhos em seus filmes, tudo sem culpa ou vergonha. Agora em "Outono em Nova York" podemos entender bem o caminho que o ator escolheu para mostrar sua persona nas telas. Velho sim, cabelos brancos certamente, até mesmo com problemas de coração, mas sem perder o charme, a elegância e o romantismo. Sua mensagem fica bem subentendida, pois velhice certamente não é sinônimo de perda da capacidade de sedução do homem moderno. No filme Richard Gere interpreta Will Keane, um coroa cinquentão que não abre mão de sua vida de playboy, sempre se encontrando com mulheres interessantes mas nunca assumindo nada mais sério em sua vida sentimental. Afinal o que ele quer mesmo é aproveitar o máximo que a vida pode lhe proporcionar. Garotas jovens, como não poderiam deixar de ser, são muito bem-vindas, embora ele nunca as leve muito à sério, até o dia em que conhece Charlotte Fielding (Winona Ryder).

Algo lhe diz que essa jovem é diferente e que pode ser até mesmo, quem sabe, sua alma gêmea! O romance, mesmo com a diferença de idade entre ambos, se fortalece a cada dia e o personagem de Gere pela primeira vez sente realmente algo profundo por alguém. Mas como o mundo não é perfeito um diagnóstico de problemas cardíacos acaba se tornando um empecilho para a felicidade do casal. Muitas mulheres, principalmente àquelas que foram trocadas por garotas mais jovens, vão sentir um certo sentimento de vingança em relação ao coroa interpretado por Richard Gere, afinal ele ter problemas de coração ao tentar levar em frente um romance com uma jovem com menos da metade da idade dele certamente seria uma ironia para colocar os velhotes em seu devido lugar. Talvez por isso os roteiristas inverteram a situação colocando a garota como a doente e não o cinquentão. De qualquer forma, tirando esse forma venenosa de ver o que se passa na tela, o que temos aqui é uma boa fita romântica indicada principalmente para o público feminino. O roteiro poderia cair em um dramalhão daqueles mas consegue evitar o sentimentalismo barato, além disso tudo é salvo pela linda fotografia da película que captou com raro talento a beleza natural de uma Nova Iorque em pleno outono. Gere e Ryder também estão muito carismáticos contribuindo ainda mais para o bom resultado do que se vê nas telas. Vale a recomendação.

Outono em Nova York (Autumn In New York, Estados Unidos, 2000) Direção: Joan Chen / Roteiro: Allison Burnett / Elenco: Richard Gere, Winona Ryder, Anthony Lapaglia, Elaine Stritch, Vera Farmiga / Sinopse: Homem bem mais velho (Gere) se apaixona por jovem (Ryder) perdidamente. Seus planos românticos porém sofre um revés ao saber que a jovem está com sérios problemas cardíacos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Viagem Insólita

Infelizmente a série "Vegas" com Dennis Quaid foi cancelada ainda na primeira temporada. Isso me fez lembrar dos bons anos do ator no cinema, principalmente nas décadas de 80 e 90 quando estrelou filmes pra lá de interessantes. Quer um exemplo? Ora, basta lembrar desse sci-fi 80´s chamado "Viagem Insólita". Como não poderia deixar de ser a idéia partiu do mago Steven Spielberg (no auge de sua criatividade artística). Relembrando os clássicos de sua infância o diretor pensou em aproveitar o argumento de "Viagem Fantástica" para captar aquela inocência das ficções do cinema durante as décadas de 50 e 60. O espírito era justamente esse. Atuando como produtor executivo Spielberg acabou designando para a direção o seu pupilo Joe Dante de "Gremlins". Usando do melhor em termos de efeitos especiais da época o filme mostrava um grande projeto de minituarização. O conceito era tão radical que até mesmo uma nave e seu tripulante eram minituarizados para estudo e exploração do corpo de seres vivos. É justamente nesse programa mais do que ousado que entra o tenente Tuck Pendleton (Dennis Quaid).

Os problemas acabam acontecendo quando ocorre um ataque ao laboratório onde as pesquisas estão sendo realizadas. No meio do caos a nave miniatuarizada com Tuck é inserida no corpo de um homem hipocondríaco, inseguro e muito atrapalhado. Assim Tuck fica literalmente dentro do organismo de Jack Putter (interpretado pelo comediante Martin Short). O filme mescla duas linhas narrativas básicas. Numa delas acompanhamos o tenente Tuck em sua expedição de conhecimento do corpo humano. As cenas são extremamente bem realizadas e isso numa época em que efeitos digitais ainda eram experimentais. Na outra linha vamos acompanhando o complicado Jack tentando entender o que se passa com ele! Divertido, bem realizado e hoje em dia com claro sabor nostálgico do cinema dos anos 80, "Innerspace" se torna um ótimo programa em um fim de noite sem nada para assistir na TV. Se ainda não assistiu não perca!

Viagem Insólita (Innerspace, Estados Unidos,1987) Direção: Joe Dante / Roteiro:  Chip Proser, Jeffrey Boam / Elenco: Dennis Quaid, Martin Short, Meg Ryan / Sinopse: Um projeto de minituarização se torna alvo de um ataque terrorista, fazendo com que no meio da confusão uma nave e seu tripulante sejam inseridos dentro do organismo de um sujeito muito atrapalhado.

Pablo Aluísio.

Surpresa de Shangai

Essa foi mais uma tentativa de transformar Madonna em uma atriz de cinema. Com produção do ex-beatle George Harrison "Shangai Surprise" acabou não agradando muito nem aos fãs de Madonna e nem muito menos à crítica que se limitou a elogiar sua boa direção de arte. Na estória Madonna interpreta a missionária Gloria Tatlock . Ela vai até Shangai em busca de um carregamento de ópio perdido desde que um traficante foi morto pela polícia. Para isso ela usa os serviços do aventureiro Glendon Wasey (interpretado pelo marido da cantora na época, Sean Penn). No meio da busca pela droga que a personagem de Madonna tenciona usar como medicamento para soldados feridos na guerra, ambos acabam se apaixonando perdidamente. O filme deixa claro desde suas primeiras imagens de que pretendia ser uma aventura ao velho estilo, da Hollywood clássica, como aquelas grandes produções estreladas pelo mito Humphrey Bogart mas a verdade pura e simples é que faltou classe para os protagonistas. O roteiro também não é bom, não indo para lugar nenhum, girando em círculos, sem objetivos.

O curioso é que apesar de ter sido lançado no auge da carreira de Madonna o filme simplesmente não fez nenhum sucesso, se limitando a render nas bilheterias apenas 1 milhão de dólares, o que deixava muito a desejar uma vez que o orçamento havia custado quase vinte vezes mais. A produtora de George Harrison, a HandMade Films, quase foi à falência por causa do péssimo resultado comercial. Na época se comentou bastante que houve muitas falhas na divulgação do filme. Ao invés de o lançar em Los Angeles ou Nova Iorque em uma grande premiere para chamar a atenção da imprensa, o que seria o esperado uma vez que se tratava de Madonna, resolveu-se distribuir o filme inicialmente em pequenas cidades do interior dos EUA, o que se revelou uma péssima estratégia de lançamento. Quando chegou nos grandes centros o filme já tinha sido malhado pela crítica e assim ninguém mesmo se interessou a ver o resultado no cinema. No Brasil as coisas foram ainda piores pois o filme só foi lançado em poucas salas dois anos depois, indo parar diretamente no mercado de vídeo onde também não conseguiu se destacar como um sucesso. Pois é, até as grandes estrelas também tropeçam em suas carreiras.

Surpresa de Shangai (Shanghai Surprise, Inglaterra, 1986) Direção: Jim Goddard / Roteiro: John Kohn, Robert Bentley / Elenco: Sean Penn, Madonna, Paul Freeman / Sinopse: Uma missionária (Madonna) vai até Shangai em busca de um carregamento de ópio que pretende usar em soldados americanos feridos na guerra. Lá resolve contratar os serviços de um aventureiro (Penn), o que acabará despertando a paixão entre ambos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Minha Vida com Liberace

Esse novo filme do ator Michael Douglas é uma grata surpresa. Ao que parece ele tem ousado bem mais na carreira após o diagnostico de um grave problema de saúde que o atingiu recentemente. Mas deixemos isso de lado e vamos ao filme em si. Aqui Douglas encarna um dos mais populares artistas do show business americano: o extravagante e exagerado Liberace (1919 – 1987). Pianista de formação clássica ele decidiu deixar tudo isso de lado para investir numa nova abordagem da música instrumental. Ao invés de gravar discos para a academia, onde seria em última analise ouvido e consumido por poucos, ele resolveu investir seu talento na ala mais popular, gravando álbuns para a classe média, ou como gostava de dizer, levar um pouquinho de música clássica mesclada com ritmos populares para as donas de casa da América. Usando trajes escandalosamente luxuosos, ele logo caiu no gosto dessas senhoras e fez fama e fortuna. Seu sucesso se consolidou em Las Vegas, a terra do brega e do mal gosto.

Amado pelas matronas americanas Liberace escondia um segredo em sua vida pessoal: era gay! Para despistar as fofocas sempre tinha uma “amada” oficial, a quem não teria casado por “circunstâncias tristes” e fora de seu controle. Claro que no fundo tudo não passava de mentiras já que Liberace gostava mesmo era da presença de jovens rapazes, de preferência loiros e atléticos. Foi assim que acabou conhecendo Scott Thorson (Matt Damon), uma das grandes paixões de sua vida. Esse filme enfoca justamente esse relacionamento, mostrando a vida de luxo e luxúria do famoso pianista. Embora esteja um pouco afetado e afeminado demais, é de se reconhecer o belo trabalho que Michael Douglas desenvolve aqui na pele de Liberace. Ele está muito bem, evitando cair em maiores exageros. Suas cenas de homossexualismo ao lado de Matt Damon podem até mesmo ser consideradas ousadas para um filme convencional, mas no final se mostram necessárias. É um filme dos mais interessantes, principalmente para quem gosta de adentrar um pouco mais na intimidade dos ricos e famosos. De quebra temos um final dos mais bem bolados, muito significativo e bem de acordo com as extravagâncias de Liberace.

Minha Vida com Liberace (Behind the Candelabra, Estados Unidos, 2013) Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: Richard LaGravenese, baseado no livro de Scott Thorson / Elenco: Michael Douglas, Matt Damon, Scott Bakula, Eric Zuckerman / Sinopse: Liberace (Michael Douglas) é um famoso pianista e showman de Las Vegas. Amado pelas donas de casa da América ele esconde um segredo em sua vida particular: é gay e apaixonado por um jovem rapaz do interior, Scott (Matt Damon). O filme narra o conturbado relacionamento amoroso de ambos.

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de setembro de 2013

R.I.P.D. - Agentes do Além

Nick (Ryan Reynolds) é um tira corrupto. Ao lado de outro policial, Hayes  (Kevin Bacon), ele resolve dividir o produto de um furto mas depois começa a se arrepender do que fez. Durante uma batida policial Hayes resolve então aproveitar a confusão para matar Nick, antes que ele, com peso na consciência, coloque tudo a perder. Morto, Nick se vê no mundo espiritual. Lá é designada por uma "burocrata celestial" para uma força policial do além conhecida como R.I.P.D. ("Rest in Peace Departament", ou em tradução livre, "Descanse em Paz Departamento"). A função dos agentes que fazem parte dessa agência é capturar fugitivos mortos que tentam fugir do inferno. Para trabalhar ao seu lado é designado o veterano tira Roy (Jeff Bridges). Ele havia sido xerife no velho oeste quando estava vivo e está há muitos anos trabalhando na R.I.P.D. Juntos terão que colocar as mãos em um artefato milenar que tem o poder de abrir definitivamente as portas do inferno, o que libertaria os maiores e mais desprezíveis criminosos da história da humanidade. E assim começa esse esquisito, para não dizer o mínimo, filme que tenta unir filmes policiais com temáticas de além-túmulo. Mas não precisa se preocupar pois a produção adota um tom de pura comédia ao estilo "MIB - Homens de Preto" só que ao invés de caçar ETs esses agentes do além partem em busca de mortos que tentam fugir do castigo eterno.

Uma das primeiras coisas que chamam a atenção aqui é o elenco acima da média que conta com grandes nomes de Hollywood. Jeff Bridges, por exemplo, repete de certa forma o personagem que ele fez em "Bravura Indômita", só que obviamente tudo aqui levado na pura galhofa. Só me admira mesmo que um ator de seu nível tenha participado de um filme assim, que certamente nada vai acrescentar em sua carreira. Afinal de contas a produção nada mais é do que um filme dirigido ao público adolescente que lota cinemas de shopping com muita pipoca e coca-cola. Outra surpresa é ver o bom Kevin Bacon fazendo o tira corrupto que mata o parceiro logo nas primeiras cenas. Impossível não lembrar seu papel na série "The Following", que aliás é extremamente superior a qualquer coisa que vemos aqui. Mas afinal o que esses dois bons atores estão fazendo em algo desse tipo? Sinceramente não tenho a menor ideia! Por fim o ator Ryan Reynolds tenta se recuperar do grande fracasso de "Lanterna Verde". Vai conseguir? Só o tempo dirá. De qualquer forma parece que ele se recusa a crescer como ator pois fica entrando em projetos como esse, bem bobinhos e descartáveis. Em suma, RIPD tem elementos de muitos filmes que você já viu na vida, desde "Ghost", "MIB" até "Os Caça-Fantasmas". A diferença básica era que essas produções eram muito, muito superiores.

R.I.P.D. - Agentes do Além (R.I.P.D, Estados Unidos, 2013) Direção: Robert Schwentke / Roteiro: Phil Hay, Matt Manfredi / Elenco: Ryan Reynolds, Jeff Bridges, Kevin Bacon, Mary-Louise Parker / Sinopse: Policial assassinado é incorporado a uma agência do além cujo objetivo é capturar fugitivos do inferno.

Pablo Aluísio.

Kick-Ass 2

E a franquia "Kick-Ass" segue em frente. Como se sabe os filmes mostram um grupo de jovens comuns que resolvem se vestir de super-heróis de quadrinhos para combater o crime e o mal nas grandes cidades. Depois dos acontecimentos do primeiro filme reencontramos Mindy Macready (Chloë Grace Moretz), na verdade Hit-Girl, que tenta levar os sonhos de seu pai em frente. O problema é que o mundo é outro e ela tenta de alguma forma se adaptar à vida de uma garota normal de 15 anos que está no high school. Enquanto isso Kick-Ass (Aaron Taylor-Johnson) continua a luta contra os vilões. Como foi de certa forma abandonado por Hit-Girl, ele decide ir em busca de um novo grupo de heróis mascarados que pensem como ele. Acaba encontrando. São novos personagens que terão que enfrentar o inacreditável The Motherfucker (Christopher Mintz-Plasse) que está atrás de Kick-Ass por causa da morte de seu pai no primeiro filme. O que poucos sabem é que ele na verdade é o nerd almofadinha Chris D'Amico. "Kick-Ass" foi um filme que me agradou bastante, era assumidamente nerd, tinha boas sacadas e um roteiro bem escrito com muitas referências ao mundo da cultura pop.

Infelizmente essa segunda parte deixa a desejar. Além da ausência de Nick Cage (que está fora do filme por motivos óbvios), o enredo se mostra bem convencional, quadradinho mesmo. Não há mais aquele timing alucinado do primeiro filme. Claro que em certos aspectos "Kick-Ass 2" chega a ser bem mais violento que o anterior mas isso não garante nenhuma inovação maior dentro da série. Na verdade o roteiro se contenta em cair naquela velha fórmula que conhecemos bem, a do vilão que está em busca de vingança pela morte de um ente querido (aqui no caso The Motherfucker deseja matar Kick-Ass e seus amigos por causa da morte de seu pai, como já foi dito). Ora, um roteiro dessas certamente não vai empolgar ninguém. O único aspecto positivo é a chance de rever todos esses personagens novamente, em especial a garotinha Hit-Girl que é uma graça. Aliás a atriz Chloë Grace Moretz cresceu, virou uma mocinha e está mais carismática do que nunca, fazendo com que o filme não seja tão cansativo e decepcionante como possa parecer. No mais, nada de muito relevante no que diz respeito ao resto da produção. Certamente dá para assistir numa boa mas para quem criou algum tipo de expectativa a decepção será certa.

Kick-Ass 2 (Kick-Ass 2, Estados Unidos, 2013) Direção: Jeff Wadlow / Roteiro: Jeff Wadlow, Mark Millar / Elenco: Aaron Taylor-Johnson, Chloë Grace Moretz, / Sinopse: Um novo vilão surge para vingar a morte de seu pai. Os alvos de sua ira são Kick-Ass e Hit-Girl que terão que enfrentar um dos grandes desafios nas suas carreiras de super-heróis.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de setembro de 2013

O Ataque

Mais uma vez o cinema americano explora a paranoia dos ataques terroristas. O alvo agora é a própria Casa Branca. Um grupo consegue entrar na sede do executivo dos EUA se fazendo passar por técnicos de manutenção. Uma vez lá dentro começam uma operação completamente insana, tomando todo o local com uma espantosa rapidez e facilidade. Sem saber de nada um ex-militar condecorado, Cale (Channing Tatum), faz um tour turístico com sua filha pelas salas e corredores da Casa Branca, o que o faz ficar no meio da crise. Por um lance de sorte do destino ele acaba salvando o próprio presidente de seus algozes e a partir daí tentará de todas as formas se manter vivo, ao mesmo tempo em que protege a mais alta autoridade da América. "O Ataque" é assinado pelo cineasta Roland Emmerich. E o que isso significa exatamente? Bom, Emmerich é um diretor de cinema na linha de outros realizadores como Michael Bay. Seu cinema é explosivo (literalmente), espalhafatoso, exagerado e é claro, completamente inverossímil. A típica produção pipoca para ser exibida em salas comercias de shopping center pelo mundo afora.

Tecnicamente tudo é muito bem realizado. Os membros da equipe do filme recriaram a Casa Branca em mínimos detalhes. O problema é que tirando isso de lado o que sobra é realmente um argumento muito absurdo, embalado por clichês por todos os lados. O presidente dos Estados Unidos, por exemplo, é interpretado pelo ator Jamie Foxx. Sua caracterização é a mais ufanista que você possa imaginar. O presidente é um homem de profunda bondade, cheio de valores e completamente íntegro! Como todos conhecemos a classe política (tanto aqui de nosso país como do restante do mundo) fica complicado acreditar nesse tipo de personalidade. Já Channing Tatum que faz o homem que impede que o presidente seja morto pelos terroristas é praticamente um Rambo da era moderna. Channing se esforça para virar um novo herói de ação mas tudo o que consegue mesmo é fazer o espectador ficar com saudades dos filmes de ação dos anos 80. Aliás ao ver um terrorista bombado, marrento, dando tiros no meio do salão oval será impossível não lembrar dos filmes de ação daquela década. Em suma, "O Ataque" é um filmão comercial, cheio de clichês, muito bem realizado do ponto de vista técnico mas que não traz absolutamente nada de novo. Para falar a verdade ele está mesmo é desatualizado, em pelo menos uns trinta anos.

O Ataque (White House Down, Estados Unidos, 2013) Direção: Roland Emmerich / Roteiro: James Vanderbilt / Elenco:  Channing Tatum, Jamie Foxx, Maggie Gyllenhaal / Sinopse: Grupo terrorista invade a Casa Branca e tenta de todas as formas colocar as mãos no Presidente que é salvo por um ex-soldado americano que está no local com a filha fazendo uma visita turística.

Pablo Aluísio.