domingo, 16 de junho de 2013

A Bela e a Fera

Após o sucesso de “A Pequena Sereia” a Disney voltou a errar com uma seqüência tardia de “Bernardo e Bianca”. Não era o momento para algo assim, pois havia um consenso de que o estúdio deveria ter avançado em suas animações inovadoras como havia acontecido em “A Pequena Sereia”. Felizmente para os fãs as coisas voltaram aos eixos com esse “A Bela e a Fera”. Com o avanço da tecnologia o estúdio produziu uma animação que realmente deixou seus espectadores de queixo caído. O nível técnico desse filme foi considerado perfeito em seu lançamento. Havia cenas de grande perfeccionismo, como por exemplo, na cena de dança entre a bela e a fera. A trama era baseada no livro escrito por Jeanne-Marie Le Prince de Beaumont. Um príncipe é amaldiçoado e se torna uma besta, uma fera de aspecto assustador e terrível. Para tentar voltar a ser um jovem e belo príncipe novamente ele terá que conquistar o amor e o coração de uma jovem chamada Bela pois caso contrário se tornará uma fera para sempre.
   
O filme foi considerado uma obra prima e causou tamanha repercussão na crítica que conseguiu ganhar uma indicação ao Oscar de melhor filme do ano! Um feito inédito até então. Outro ponto de destaque foi a parte musical da animação. Assim como aconteceu com “A Pequena Sereia” aqui temos uma trilha sonora primorosa composta pelos talentosos Howard Ashman e Alan Menken. Ashman infelizmente não viu seu trabalho concluído pois morreria de AIDS precocemente. Seu trabalho porém foi considerado tão excelente que conquistou a chamada tríplice coroa pois "Beauty and The Beast" foi premiado pelo Oscar, pelo Grammy e pelo Globo de Ouro, os três principais prêmios da indústria cultural nos EUA. Em termos de bilheteria o filme foi ainda mais bem sucedido do que “A Pequena Sereia” chegando a praticamente o dobro da bilheteria conquistada por aquele filme. Um sucesso absoluto. Revisto hoje em dia “A Bela e a Fera” mantém o encanto. É uma daquelas animações definitivas que mudaram a forma como os longas de animação seriam encarados dali em diante. Não há outra conclusão, é uma obra prima belíssima e perfeita. Um esplendor.

A Bela e a Fera (Beauty and the Beast, Estados Unidos, 1991) Direção: Gary Trousdale, Kirk Wise / Roteiro: Linda Woolverton, baseado na obra de Jeanne-Marie Le Prince de Beaumont / Elenco (vozes): Robby Benson, Paige O'Hara, Richard White, Jerry Orbach / Sinopse: Um príncipe é amaldiçoado e se torna uma besta, uma fera de aspecto assustador e terrível. Para tentar voltar a ser um jovem e belo príncipe novamente ele terá que conquistar o amor e o coração de uma jovem chamada Bela pois caso contrário se tornará uma fera para sempre. Vencedor dos Oscars de Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original ("Beauty and the Beast"). Vencedor do Globo de Ouro nas categorias Melhor Comédia ou Musical, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Canção Original ("Beauty and the Beast"). Vencedor do Grammy nas categorias Melhor Álbum Infantil, Melhor Performace Musical Pop, Melhor Composição Instrumental, Melhor Canção ("Beauty and the Beast") e Melhor Performance Instrumental Pop.

Pablo Aluísio.

A Pequena Sereia

Depois de anos em completo marasmo, com animações que eram criticadas pela imprensa especializada e solenemente ignoradas pelo grande público os estúdios Disney finalmente reencontraram o caminho do sucesso, como não acontecia há anos. “A Pequena Sereia” foi um enorme êxito de público e critica, chegando a uma cifra de bilheteria realmente fenomenal para uma animação, com mais de 200 milhões de dólares arrecadados em todo o mundo. Para falar a verdade não havia grande segredo. Bastava apenas o estúdio resgatar o espírito de seus próprios clássicos para voltar a ser a companhia número 1 dessa área. Assim como aconteceu em seus anos de ouro o estúdio Disney resolveu adaptar uma obra literária, um conto de fadas bem conhecido, escrito por Hans Christian Andersen. Seu conto cativante contava a estória de uma pequena sereia do mar que curiosa sobre o mundo dos humanos resolvia ir conhecer como era a vida deles de perto. Nessa viagem de descobrimento ela acabava se apaixonando por um príncipe, o que daria origem a muitos conflitos e confusões.

Andersen foi genial em seu texto uma vez que resolveu resgatar as sereias, seres mitológicos que sempre apareciam como entidades do mal nas antigas estórias, pois cantavam para os marinheiros com o objetivo de levá-los ao fundo do mar de onde jamais retornariam. A Ariel de Andersen por outro lado era uma figura romântica, um espelho de uma adolescente descobrindo o mundo e o amor. Além da animação da Disney ser das mais inspiradas outro ponto foi decisivo para o sucesso de “A Pequena Sereia”: sua música! Com canções desse nível o desenho certamente jamais seria ignorado como havia ocorrido com outros filmes do estúdio. O destaque obviamente vai para as canções "Under the Sea" (que inclusive levou o Oscar em sua categoria) e "Kiss the Girl" (que venceu o Grammy). O sucesso de vendas também se repetiria no mercado fonográfico coroando ainda mais o projeto. Enfim, não há muito mais o que se elogiar. “A Pequena Sereia” foi o começo de uma nova era para a Disney, iniciando uma fase brilhante do estúdio que ainda vamos comentar bastante aqui no blog. Até lá!

A Pequena Sereia (The Little Mermaid, Estados Unidos,1989) Direção: Ron Clements, John Musker / Roteiro: John Musker, Ron Clements, baseado na obra de Hans Christian Andersen / Elenco (vozes): Rene Auberjonois, Christopher Daniel Barnes / Sinopse: Pequena sereia do fundo do mar se apaixona por um príncipe humano. Adaptação do famoso conto escrito pelo autor Hans Christian Andersen.

Pablo Aluísio.

sábado, 15 de junho de 2013

Mistério no Parque Gorky

Eu indico esse filme aos cinéfilos que gostam de tramas bem intrigadas e complexas. Veja, há uma premissa inicial (a morte misteriosa de três pessoas no Parque Gorky em Moscou). A partir daí um policial russo chamado Renko (William Hurt) vai investigar o caso. O que parecia ser apenas mais um caso de triplo homicídio acaba revelando outras sub-tramas que levam a mais mistérios chegando tudo a uma verdadeira rede de conspirações, falsas pistas, KGB, contrabandistas americanos, CIA e tudo o que você mais possa imaginar. Na realidade o filme exige atenção redobrada do espectador para que não perca o fio da meada. O roteiro obviamente usa e abusa das chamadas reviravoltas que ocasionam outras reviravoltas até chegar a um clímax final. O curioso é que o filme foi rodado nos EUA em plena guerra fria. Havia de certa forma uma curiosidade dos americanos em relação aos métodos policiais de seus inimigos do leste. O tom se aproveita disso para prender ainda mais a atenção do espectador.

O elenco é muito bom, inclusive com William Hurt, ainda bastante jovem e pasmem posando de galã e herói de ação. Outro destaque é a presença do veterano Lee Marvin fazendo um personagem bem mais sofisticado do que ele costumava interpretar (geralmente Marvin representava caras durões em filmes de muita ação, algo que não se repete nesse filme). Por fim temos belas locações que tentam reproduzir a chamada União Soviética (o filme não foi filmado lá, mas sim na fria e distante Finlândia, já que ainda se vivia os dias da guerra fria, onde filmagens eram terminantemente proibidas pelo governo comunista). Mesmo não sendo a verdadeira URSS o filme consegue convencer. É isso, gosta de mistérios e tramas misteriosas? Então certamente você gostará de "O Mistério do Parque Gorky".

Mistério no Parque Gorky (Gorky Park, Estados Unidos,1983) Direção: Michael Apted / Roteiro: Dennis Potter, baseado na novela de Martin Cruz Smith / Elenco: William Hurt, Lee Marvin, Brian Dennehy / Sinopse: Mortes no parque Gorky em Moscou acabam desencadeando uma série de conspirações envolvendo pessoas acima de qualquer suspeita na União Soviética durante a chamada Guerra Fria.

Pablo Aluísio.

A Recruta Benjamin

Para quem assistiu recentemente “A Recruta Hollywood” indico esse filme, o original, “A Recruta Benjamin”. Comparações se tornam covardia aqui, é claro. Enquanto em “A Recruta Hollywood” tínhamos a celebridade (e péssima atriz) Jessica Simpson, aqui temos a ótima comediante Goldie Hawn. Simpática, talentosa e com ótimo timing para o humor, Goldie literalmente segura as pontas nessa comédia oitentista que brinca com o fato de uma garota, loira e mimada, ir parar nas fileiras do exército americano. Judy Benjamin (Goldie Hawn) acaba se iludindo com um anúncio das forças armadas e resolve entrar no serviço militar. A partir daí várias confusões são criadas por causa da disparidade entre o que ela pensava ser a vida no exército e o que ela realmente encontra no quartel.

Goldie Hawn acabou levando uma improvável indicação ao Oscar por esse filme. E não foi só, a atriz Eileen Breenan, que interpretava a capitã linha dura Lewis também foi indicada na categoria Atriz Coadjuvante, mostrando que se em termos de roteiro e argumento “A Recruta Benjamin” não era lá grande coisa, sem dúvida a atuação do elenco feminino agradou e muito aos membros da Academia. As indicações já foram um prêmio uma vez que não é comum atrizes serem premiadas por comédias (geralmente elas vencem atuando em dramas). O filme era até bem comum na programação de nossos canais abertos mas há muitos anos não é mais reprisado, uma pena pois é uma comédia acima de tudo divertida e simpática que enobrece o grande talento humorístico da sempre inspirada loirinha Goldie Hawn.

A Recruta Benjamin (Private Benjamin, Estados Unidos, 1980) Direção: Howard Zieff / Roteiro: Nancy Meyers, Harvey Miller, Charles Shyer / Elenco: Goldie Hawn, Eileen Brennan, Armand Assante, Sam Wanamaker, Mary Kay Place / Sinopse: Judy Benjamin (Goldie Hawn) acaba se iludindo com um anúncio das forças armadas e resolve entrar no serviço militar. A partir daí várias confusões são criadas por causa da disparidade entre o que ela pensava ser a vida no exército e o que ela realmente encontra no quartel.

Pablo Aluísio.

Estranha Obsessão

Uma boa dica para quem gosta de thrillers de suspense que fujam do convencional que é apresentado pelo cinema comercial americano atualmente é essa produção britânica francesa chamada "La femme du Vème". A premissa é até simples: Tom Ricks (Ethan Hawke) é um escritor e professor norte-americano que vai até Paris atrás de sua filhinha. Ele é divorciado e sua ex-esposa tem contra ele uma ordem de restrição judicial que o impede de chegar perto da garota. Tentando de todas as formas ficar em Paris o professor acaba se hospedando numa pensão de segunda categoria nos arredores da cidade. A partir daí o filme toma rumos surpreendentes. Isso porque o roteiro é bem sofisticado, ao mesmo tempo colocando o personagem principal como suspeito de algumas mortes sem nunca deixar claro ao espectador se ele tem mesmo algo a ver com os crimes ou se tudo não passa de uma estranha coincidência. O curioso aqui é que nem mesmo o professor sabe ao certo o que está acontecendo ao seu redor. Como se não bastasse a intrigante trama ainda temos a beleza natural de Paris como pano de fundo, aqui mostrada mais em sua parte menos turística - o que torna bem mais interessante para quem quer conhecer um pouco o outro lado menos glamouroso da cidade luz.

Para completar o clima de surrealismo e mistério do filme há ainda uma estranha mulher que o escritor conhece numa festa. Margit (Kristin Scott Thomas) surge do nada e traz algum consolo ao melancólico professor que parece viver em constante tristeza por causa da situação aflitiva que vive. Margit é justamente a tal mulher citada no título do filme. Sua inserção na trama é muito especial e não convém contar mais nada sobre ela para não estragar as surpresas que o roteiro tem para o público. "Estranha Obsessão" tem ritmo europeu, ou seja, nada de explosões e correrias como vemos nos thrillers americanos. Aqui a trama é desenvolvida muito mais no aspecto psicológico onde nada é explicitamente esclarecido cabendo ao espectador tirar suas próprias conclusões. Tudo acontece de forma gradual, com calma e clima dando chance de reflexão ao público. O argumento é tecido de forma muito inteligente e bem desenvolvido. O final é particularmente enigmático, o que certamente dará margem a muitas interpretações diferenciadas. Recomendo a produção para quem deseja assistir um produto mais inteligente, sofisticado, diria até sensorial. Valerá a pena a experiência.

Estranha Obsessão (La femme du Vème, França, Inglatera, 2011) Direção: Pawel Pawlikowski / Roteiro: Douglas Kennedy, Pawel Pawlikowski / Elenco: Ethan Hawke, Kristin Scott Thomas, Joanna Kulig / Sinopse: Tom Ricks (Ethan Hawke) é um escritor e professor norte-americano que vai até Paris atrás de sua filhinha. Ele é divorciado e sua ex-esposa tem contra ele uma ordem de restrição judicial que o impede de chegar perto da garota. Tentando de todas as formas ficar em Paris o professor acaba ficando numa pensão de segunda categoria nos arredores da cidade.

Pablo Aluísio

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Quero Matar Meu Chefe

Três amigos decidem conspirar para literalmente matar seus respectivos chefes, pessoas horríveis em sua forma de ver. O que parece ser um plano promissor porém logo se transforma em uma grande confusão para todos os envolvidos. Não há como negar que “Quero Matar Meu Chefe” é divertido e engraçado. São garantidas pelo menos três boas risadas nele (coisa que em produções recentes está cada vez mais raro de acontecer). Infelizmente essas três boas cenas que irão fazer rir o espectador não são tão comuns ao longo do filme. O problema é que "Horrible Bosses" é muito irregular e em muitos momentos não consegue ser tão engraçado como poderia ser. Tudo começa muito bem, as cenas mostrando como os chefes (Jennifer Aniston, Kevin Spacey e Colin Farrell) são horríveis, são bem boladas e divertidas (principalmente as que envolvem Spacey). O problema surge a partir do momento em que o trio central decide levar à frente seus planos.

Surge nessa parte do filme o primeiro bom personagem desperdiçado pelo roteiro: "Motherfucker" Jones (Jamie Foxx). Esse personagem, responsável por bons momentos de humor, não é bem aproveitado e acaba se perdendo no desenrolar do filme. Idem para a personagem de Aniston, a dentista tarada, que também poderia render muito mais mas que fica no meio do caminho. O roteiro tem muitos altos e baixos - algumas cenas são divertidas e outras bem sem graças. Alguns momentos são bem bolados e outros logo se transformam em pura baixaria. Enfim, se fosse definir essa comédia diria que é uma montanha russa - em que você se diverte mas que também sai com a sensação de que "poderia ser bem melhor".

Quero Matar Meu Chefe (Horrible Bosses, Estados Unidos, 2011) Direção: Seth Gordon / Roteiro: Michael Markowitz, John Francis Daley / Elenco: Kevin Spacey, Jennifer Aniston, Colin Farrell, Jason Sudeikis, Jason Bateman, Donald Sutherland / Sinopse: Três amigos decidem conspirar para literalmente matar seus respectivos chefes, pessoas horríveis em sua forma de ver. O que parece ser um plano promissor porém se transforma logo em uma grande confusão.

Pablo Aluísio.

Austrália

Nem sempre uma grande produção e um enredo ao velho estilo garantem a realização de um bom filme. Um exemplo disso é esse “Austrália”, uma superprodução que tinha a pretensão de reviver o clima dos grandes épicos do passado, mais precisamente da era de ouro de Hollywood. Não deu muito certo. Usando como referência um dos maiores clássicos da história, “E o Vento Levou”, o diretor Baz Luhrmann tentou recriar as tintas desse tipo de filme que sinceramente não se faz mais. Não adianta ter uma mulher forte como personagem central e nem um interesse romântico personificado em um homem rude como vemos aqui. Tem que haver mais, entre elas uma estória de fato cativante e o mais importante: muito calor humano nos dramas passados na tela. “Austrália” infelizmente não tem nada disso. O roteiro narra a luta de uma dona de fazendas naquele distante país. Ela tem que enfrentar não apenas as adversidades naturais como também os problemas causados pelo próprio homem, entre eles uma guerra internacional (a II Guerra Mundial) e conflitos internos.

Essa personagem é uma aristocrata interpretada pela atriz Nicole Kidman. Sua fazenda é um latifúndio a se perder de vista, com mais de duas mil cabeças de gado. Ao seu lado conta apenas com o apoio de seus empregados, entre eles um rústico capataz vivido pelo “Wolverine” Hugh Jackman. Como a intenção do diretor sempre foi recriar algo próximo do famoso filme com o casal Vivien Leigh e Clark Gable, seus personagens em cena lembram em muito os que vimos no clássico de 1939. O problema é que não possuem carisma nenhum. Adoro Nicole Kidman como atriz e profissional mas ela está completamente perdida aqui. Não consegue encontrar o tom certo de seu papel e se perde no meio da trama arrastada que parece nunca ter fim (o filme é longo demais, certamente confundindo longa duração com qualidade, algo que definitivamente não é a mesma coisa). No final das contas temos um verdadeiro elefante branco cinematográfico. Um filme que não agradou a ninguém (foi um fracasso de bilheteria) provando que não basta apenas tentar repetir a fórmula dos grandes filmes do passado para fazer um épico clássico, tem que ter talento para isso.

Austrália (Australia, Estados Unidos, Austrália, 2008) Direção: Baz Luhrmann / Roteiro: Baz Luhrmann, Ronald Harwood / Elenco: Nicole Kidman,  Hugh Jackman, Bryan Brown / Sinopse: Rica proprietária de uma enorme fazenda na Austrália tem que enfrentar uma série de adversidades para tocar em frente seu empreendimento.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Matador de Aluguel

Por falar em Patrick Swayze (1952–2009) me lembrei de um de seus filmes mais sui generis. Era o final dos anos 80, Swayze havia saído de um de seus grandes sucessos, Dirty Dancing, mas não conseguia mais repetir o mesmo êxito de bilheteria. Na verdade desde aquela época percebi uma certa indefinição em sua carreira. O ator não sabia ao certo se virava um galã de filmes românticos ou um novo herói de ação (afinal eram os anos 80, a época de ouro dos action movies). Tentando acertar em algum filão o ator acabou estrelando esse singular “Road House”. Recentemente o desenho animado “The Family Guy” tirou uma onda em cima do filme ao mostrá-lo como o preferido do personagem Peter Griffin. Para ele esse seria “o melhor filme de todos os tempos”! Uma piada irônica sobre as poucas qualidades da produção, é claro. Até a frase de promoção de “Matador de Aluguel” serve hoje de piada: “Ele é ligado em ação, música quente e mulheres”. Francamente...

Eu me recordo que assisti “Matador de Aluguel” em um cinema poeira da minha cidade. Na platéia apenas o público que consumia pancadaria na época: trabalhadores comuns, geralmente da construção civil e torcedores de futebol (na maioria corintianos). É claro que essa turma não queria assistir Shakespeare, queria ver ação insana da primeira à última cena. E para minha surpresa o público gostou do que viu. Claro que não era Stallone, o rei desse filão, mas sim aquele cara que rebolava em “Dirty Dancing” mas mesmo assim, com certas reservas, o povão gostou. E afinal qual era o “roteiro” de “Road House”? Bem, Swayze interpretava um leão de chácara, um sujeito bom de punhos que não levava desaforos para casa! Ele chega numa cidadezinha do Missouri e vai trabalhar em um bar – daqueles bem barra pesada – e literalmente sai no braço com os que querem anarquizar o local! Isso obviamente acaba irritando um chefão local, o bandidão Brad Wesley (Ben Gazzara). A partir daí não precisa ser vidente para descobrir o que acontece: muitas brigas e ação, com Swayze suando a camisa para demonstrar que levava jeito para os filmes de ação. O filme envelheceu? Claro que sim, mas é aquele tipo de coisa, hoje tudo soa muito mais divertido do que na época. Pelo visto Peter Griffin não estava tão errado assim.

Matador de Aluguel (Road House, Estados Unidos,1989) Direção: Rowdy Herrington / Roteiro: David Lee Henry / Elenco: Patrick Swayze, Kelly Lynch, Sam Elliott, Ben Gazzara / Sinopse: Leão de chácara sai nos tabefes com quem pretende bagunçar no bar onde trabalha. Sua pose de valentão e bom de briga logo irrita um poderoso chefão local que agora deseja tirá-lo do mapa o mais rápido possível.

Pablo Aluísio.

Ghost – Do Outro Lado da Vida

Um sucesso improvável. Assim podemos definir “Ghost”, um dos maiores fenômenos de bilheteria da década de 1990. Sua trajetória de sucesso lembra bastante a de outro filme, quase da mesma época, que também caiu nas graças do público para surpresa do estúdio, “Uma Linda Mulher”. Ambos foram filmes lançados em temporadas consideradas de baixa, quase como um “tapa buraco” na programação das salas de cinema dos EUA, mas que, contra todas as previsões, viraram grandes recordistas de vendas de ingressos. Também tem em comum o fato de serem filmes românticos, com forte apelo emocional, embora “Ghost” também tenha se aproveitado do talento de uma boa comediante e de um enredo que tangencia o sobrenatural com muita inspiração. Aqui temos a trágica estória de Sam Wheat (Patrick Swayze), brutalmente assassinado, no auge de seu relacionamento com Molly Jensen (Demi Moore). Do além ele decide resolver a trama de sua morte ao mesmo tempo em que busca punição para seu assassino.

Para isso contará com a ajuda de uma picareta, uma charlatã que finge ser médium e vidente, Oda Mae Brown (Whoopi Goldberg), que logo se tornará responsável pelas melhores cenas de humor de todo o filme. Como todo grande sucesso de bilheteria “Ghost” acabou entrando definitivamente para o universo da cultura pop com cenas marcantes, que não foram mais esquecidas pelos cinéfilos, como a famosa seqüência do vaso na argila, ao som do hit romântico “Unchained Melody” dos Righteous Brothers. Seu sucesso marcou também no mundo da estética (o cabelo curtinho de Demi Moore virou moda) e do próprio cinema (que de repente se viu lançado vários filmes com temática semelhante). No geral é um filme muito bom, que ainda resiste bem ao tempo, apesar de ter sido lançado há mais de 20 anos. Com efeitos especiais discretos e bem realizados, uma trama de assassinato, pitadas de bom humor e um toque romântico à prova de falhas, não é de se admirar que ainda continue tão cultuado e querido pelo público.

Ghost – Do Outro Lado da Vida (Ghost, Estados Unidos, 1990) Direção:  Jerry Zucker / Roteiro: Bruce Joel Rubin / Elenco: Patrick Swayze, Demi Moore, Whoopi Goldberg, Tony Goldwyn / Sinopse: Após ser morto, Sam Wheat (Patrick Swayze), tentará do além-vida prender o seu assassino. Para isso contará com a ajuda muito especial de uma médium charlatã Oda Mae Brown (Whoopi Goldberg, vencedora do Oscar por esse papel).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Psicose II

Após passar 22 anos internado numa instituição para criminosos insanos Norman Bates (Anthony Perkins) finalmente é submetido a uma comissão formada por psiquiatras e especialistas que decidem que ele está finalmente apto para voltar à vida na sociedade. Após uma tumultuada audiência judicial – que conta com a presença de parentes de vítimas indignados com a possibilidade dele ganhar às ruas novamente – Norman Bates se torna mais uma vez um homem livre. Ele passa então a ter um pequeno acompanhamento apenas como formalidade. De volta ao infame Bates Motel ele agora terá que reconstruir sua vida. Sua casa, onde viveu ao lado de sua mãe está completamente abandonada mas o motel ainda funciona, tocado por um gerente indicado pela justiça. O problema é que o local virou um ponto de encontro de usuários de drogas e prostituição o que deixa Norman chocado e irritado! Mas as mudanças terão que esperar um pouco. Como parte de sua recuperação Bates começa então a trabalhar em uma lanchonete enquanto se organiza novamente na vida. Lá simpatiza com uma garçonete, Mary Loomis (Meg Tilly) que logo se torna sua amiga. O que ele não desconfia é que ela tem uma forte ligação com seu passado violento!

“Psicose II” é uma continuação tardia do clássico de Alfred Hitchcock. Quando foi anunciado muitos acharam de muito mal gosto mexer com um enredo que havia marcado tanto na história do cinema americano. Mas como a Universal andava em uma crise financeira sem precedentes e tinha os direitos sobre os personagens de Psicose resolveu-se tentar ressuscitar todo aquele universo que tanto sucesso havia feito no passado. Assim Norman Bates ganhou a liberdade e voltou para seu sinistro motel de beira de estrada. O que mais chama a atenção aqui é a tentativa do roteiro em mexer com as neuroses de Bates de uma maneira pouco convencional. Existe um grupo de pessoas que querem que ele volte à insanidade para que seja encarcerado de novo. Também há uma sutil insinuação de que a mãe de Norman de fato é uma entidade do mal que ronda sua vida, não sendo apenas fruto de sua mente doentia. Algumas pontas ficam soltas na estória e certas situações soam forçadas demais (como o surgimento da “verdadeira” mãe de Norman Bates) mas de uma maneira em geral o filme consegue à duras penas se manter em um nível aceitável. A falta de Hitchcock se torna óbvia mas o diretor Richard Franklin faz o que é possível para preencher essa lacuna, inclusive usando de tomadas ousadas que repercutem muito bem no saldo final. Em termos de violência “Psicose II” é bem contido, existem apenas duas cenas mais explicitas mas que felizmente nunca caem no mal gosto. Assim temos um filme que a despeito de ser desnecessário pode vir a entreter aos fãs do filme original. Afinal de contas muita gente ficou curiosa no final de Psicose sobre o destino do personagem depois de todos aqueles acontecimentos.

Psicose II (Psicose II, Estados Unidos, 1983) Direção: Richard Franklin / Roteiro: Tom Holland, Robert Bloch / Elenco: Anthony Perkins, Vera Miles, Meg Tilly / Sinopse: Norman Bates (Anthony Perkins) volta para a liberdade após passar mais de 20 anos internado em um sanatório para criminosos insanos. Agora de volta à vida normal ele terá que lidar com seus próprios demônios interiores.

Pablo Aluísio.