sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Norah Jones - Feels Like Home

Segundo álbum de Norah Jones. Muito se disse na época de seu lançamento que esse trabalho trocava o jazz do primeiro trabalho solo por uma sonoridade nitidamente com sabor country. Não concordo plenamente com essa visão. Certamente há canções de raiz entre as faixas que compõem "Feels Like Home" mas o jazz tradicional que tanto impressionou o mundo no disco de estreia de Norah também está presente. Talvez pelo fato da seleção abrir com "Sunrise" tenha criado essa impressão, não sei, o que sei é que é um trabalho coeso e muito bem arranjado. Muitos críticos se limitam a ouvir apenas as primeiras faixas dos discos e ignoram todo o resto. Muito provavelmente foi o que aconteceu aqui. Embora haja canções country esse definitivamente não é o “Norah Jones Country & Western Album” como muitos querem fazer crer.  Eu gosto de insistir em dizer que os melhores trabalhos de Jones são aqueles baseados em piano e quarteto de cordas. Essa é a musicalidade definitiva de Norah Jones, não adianta mudar. De fato quando ela resolveu mudar perdeu consistência. Ela não deve sair de seu caminho melódico mais tradicional. Felizmente "Feels Like Home" deixa o experimentalismo de lado e se decide pelo estilo mais conservador da carreira da cantora. Também convenhamos, esse é apenas seu segundo trabalho - e o sucesso arrasador do primeiro disco não abria margem para mudanças significativas.

A produção é da própria Norah Jones que aqui divide a responsabilidade com Arif Mardin, veterano arranjador e maestro da era de ouro do Jazz americano. A parceria já havia dado muito certo em "Come Away with Me" então não havia razão mesmo para mudar. Já deu para perceber que "Feels Like Home" é de certa forma uma extensão de "Come Away With Me". No conjunto não consegue porém ser melhor que seu antecessor. A seleção musical é inferior. Mesmo assim a gravadora de Norah Jones resolveu investir alto. Para capitalizar em cima de seu nome foram lançados quatro singles do CD! Nos tempos atuais isso é bem incomum. As canções que saíram em single foram "Sunrise", "What Am I to You?" (uma das melhores composições de "Feels Like Home"), "Those Sweet Words" e "Sleepless Nights" (single lançado exclusivamente no mercado do Japão pois a canção virou um tremendo hit por lá). No mais após ouvir todas as faixas tiramos algumas conclusões. A primeira é que Norah Jones ainda canta lindamente, provando mais uma vez que há sim espaço para a boa música atualmente nas paradas. Segundo que country ou não, menos inspirado ou não, o fato é que o álbum foi um grande sucesso de público e crítica. Vendeu mais de 10 milhões de cópias e chegou ao primeiro lugar em praticamente todos os países ocidentais. Não foi tão bem premiado como "Come Away With me" porque afinal aquele levou todos os Grammys importantes de seu ano. Como eu já afirmei "Feels Like Home" é item obrigatório para quem gostou do primeiro CD da cantora. Não é tão brilhante mas mantém um nível de qualidade bem acima do que se produz atualmente. No fundo o que vale a pena mesmo é ouvir a voz de Norah Jones e aqui não há como negar que ela está em momento inspirado. Talento musical certamente não lhe falta.

Norah Jones - Feels Like Home (2004)
Sunrise
What Am I to You?
Those Sweet Words
Carnival Town
In the Morning
Be Here to Love Me
Creepin' In
Toes
Humble Me
Above Ground
The Long Way Home
The Prettiest Thing

Pablo Aluísio.

Norah Jones – Little Broken Hearts

Não é novidade para ninguém que adoro Norah Jones mas esse último CD que foi lançado há pouco é bem decepcionante, sinto dizer. No começo pensei tratar-se do fato de não conhecer muito bem o material (a tal síndrome da primeira audição, sempre muito complicada). O problema é que mesmo após algum tempo continuei a não gostar do resultado do disco. Nenhuma grande melodia me prendeu, não achei os arranjos particularmente bem produzidos e marcantes, até mesmo a voz da minha cantora preferida soa sem vida, sem emoção. Essa situação toda me deixou surpreso pois jamais pensaria que escreveria algo assim logo da Norah Jones. Outro ponto complicado é o fato de terem relegado o piano para segundo plano nos arranjos. Como é possível tomarem uma decisão tão infeliz como essa? Logo com a Norah que é pianista de mão cheia? E a troco de quê? De arranjos tão sem graça como o que ouvimos em músicas como “Good Morning” que sinceramente falando é bem maçante e redundante Realmente é decepcionante, não há muito o que comentar. Norah perdeu muita musicalidade nessa infeliz produção de Brian Burton, também conhecido como Danger Mouse (seja lá o que isso signifique).

A maioria das letras é depressiva e melancólica. Não a bela melancolia do primeiro álbum de Norah Jones, “Come Away With Me” mas sim uma melancolia chata, tediosa que não chega a lugar nenhum. Tudo tenta parecer moderninho demais na minha visão. Curiosamente de modo em geral o álbum recebeu críticas positivas lá fora. Além disso teve bom resultado comercial. Atribuo isso ao fato das pessoas terem esperado bastante pelo CD novo da Norah. Além disso essa sonoridade digamos. mais experimental. sempre ganha a simpatia daqueles que escrevem sobre música, principalmente nos EUA. De minha parte não gostei de praticamente nada – nem da capa que homenageia o filme. Mudhoney. Prefiro as capas mais bonitas, elegantes e bem trabalhadas dos CDs anteriores de Norah. Aqui foi caso de antipatia imediata só de olhar para aquele visual retrô trash. Enfim, o disco pode ser considerado até mesmo o mais ousado e experimental da cantora até agora mas a despeito disso não me fisgou em nada. Prefiro a Norah Jones mais tradicional, tocando piano e cantando suavemente seu lindo repertório jazzístico dos trabalhos anteriores. Esse som techno cult não me atraiu em absolutamente nada mesmo. Espero que ela volte ao velho estilo em seu próximo trabalho. Dias melhores virão!

Norah Jones – Little Broken Hearts (2012)
01. Good Morning
02. Say Goodbye
03. Little Broken Hearts
04. She’s 22
05. Take It Back
06. After The Fall
07. 4 Broken Hearts
08. Travelin’ On
09. Out On The Road
10. Happy Pills
11. Miriam
12. All A Dream

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Paul McCartney - Wings 1976

Recentemente foi divulgado uma entrevista de Linda McCartney em que ela revelava que seu marido Paul McCartney passou por situações bem ruins depois do fim dos Beatles. Embora tenha sido o primeiro a anunciar publicamente o fim do conjunto o fato é que Paul não queria que os Beatles chegassem ao fim. Ele só se antecipou aos outros porque sabia que John Lennon iria dizer nos jornais na semana seguinte que estava deixando o conjunto.

Depois do fim dos Beatles, Paul montou um novo conjunto chamado Wings. Embora tenha colecionado sucessos nessa fase, Linda revelou que Paul afundou nas bebidas e nas drogas. E isso piorava muito quando John publicamente criticava algum de seus álbuns. Esse tipo de atitude revelava um certo sentimento de inferioridade de Paul em relação a John, embora fosse fato de que ele era tão ou mais talentoso que seu colega de grupo. De qualquer forma o próprio John Lennon acabou se tornando o maior algoz de seus trabalhos solos. Mal Paul lançava um disco novo e lá estava John na imprensa o criticando. Ora dizia que os discos de Paul eram literalmente uma porcaria, ora dizendo que ele havia se tornado um velho baladeiro, sem qualquer ligação com o rock que o havia tornado famoso.

Recebendo esses ataques em sua fazenda na Escócia, Paul bebia cada vez mais. Pior do que isso, ele passou a usar algumas drogas bem pesadas ao invés da habitual maconha. Linda percebeu esse estado de coisas e resolveu dar uma dura no marido, dizendo que ele deveria mandar John Lennon se danar pela imprensa também. Muito provavelmente Paul se ressentia pelo fim da amizade com John. Afinal eles eram amigos desde a adolescência e Paul de certa forma não conseguia se imaginar sem John Lennon ao lado.

Para a tristeza de Paul eles realmente nunca mais se tornaram próximos. Paul ainda visitou John em seu apartamento de Nova Iorque em 1974, mas nada mais seria como antes. O próprio John confessou em entrevista que havia deixado subentendido que não queria mais ver tanto Paul como na época dos Beatles. Ele afirmou: "Depois do fim dos Beatles Paul começou a querer frequentar minha casa. Uma noite eu lhe disse: Da próxima vez que você aparecer, por favor avise antes. Não estamos mais em 1956 e eu não sou mais um amigo da escola. Abrir a porta agora já não é mais a mesma coisa. Com o passar do tempo você deixa os velhos amigos da escola para trás. Se aos 40 anos você ainda sentir a necessidade de ter um bando de caras ao redor, como nos tempos da escola, então isso significa que você ainda não saiu dos 16 anos em termos de mentalidade". Depois desse verdadeiro sermão de John, Paul entendeu que era melhor se afastar. Nunca mais voltaram a se ver pessoalmente. Foi o último encontro da velha dupla Lennon e McCartney.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

The Beatles - O Verão do Amor

Em 1967 ocorreu a primeira transmissão ao vivo por satélite da história. O evento contou com a presença dos Beatles que naquela ocasião cantaram uma música inteiramente composta apenas para a apresentação: All You Need is Love. A canção pacifista e lírica trazia uma mensagem positiva por parte do grupo britânico ao mundo. A transmissão foi gerada diretamente pela BBC de Londres para 26 países ao redor do mundo. Anos depois Elvis Presley utilizaria da mesma tecnologia para cantar ao vivo ao mundo em seu show Aloha From Hawaii. A mensagem dos Beatles certamente repercutiu, pois foi justamente em 1967 que aconteceu o famoso verão do amor (The Summer of Love). Em poucos meses de intervalo um grande grupo de artistas surgiu e outros, já consagrados, lançaram discos fenomenais, gerando na música mundial uma verdadeira transformação cultural.

O Rock deixou seu lado mais juvenil de lado e investiu pesado no psicodelismo. O álbum primordial nessa transformação foi justamente o antológico LP dos Beatles, Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band. Esse disco certamente mudou o mundo da música para sempre, pois da noite para o dia o Rock, antes um gênero visto com reservas pela crítica musical, passou a servir de referência e paradigma do bom gosto e qualidade sonora. Porém a revolução não parou no quarteto britânico. Outros grupos essenciais ao psicodelismo surgiram com seus primeiros álbuns comerciais nas lojas: Pink Floyd e The Doors. O Pink Floyd, liderado pelo enigmático (e alucinado) líder Syd Barrett, chegava aos ouvidos do grande público com um disco diferente de tudo o que havia no mercado: The Piper At The Gates of Dawn. Embora o grupo se tornasse nos anos que viriam o maior símbolo do Rock Progressivo, em 1967 ele ainda era na essência um grupo psicodélico por excelência. Outro grupo também rompeu barreiras sonoras: Os Doors. Investindo fundo em poesia, o grupo de Jim Morrison trazia em suas letras temas que jamais antes havia sido explorado pelo mundo do Rock.

Para muitos críticos 1967 significou antes do que qualquer coisa uma verdadeira virada artistica do mundo da música. A lista de grandes astros que surgiu nesse ano fala por si: Jimi Hendrix, Janis Joplin, The Velvet Underground, David Bowie, Jimi Hendrix, Bee Gees, Creedence Clearwater Revival e Genesis. Em poucos períodos da história tivemos a oportunidade de ver tanta gente talentosa surgindo ao mesmo tempo. Realmente 67 foi um ano que jamais será esquecido do ponto de vista cultural.

Pablo Aluísio.

The Beatles - 10 Opiniões de Paul McCartney

10 Opiniões de Paul McCartney

1. John Lennon: "Era um gênio mas não um santo"

2. Inglaterra: "É o país que eu amo, nasci aqui e morrerei aqui. Muitos artistas foram embora da Inglaterra por causa dos impostos. Eu preferi ficar"

3. O Fim dos Beatles: "Na época não tinha essa consciência mas hoje, como homem de negócios que também sou, posso dizer que perdemos muito dinheiro com a separação. Foi muito prematuro"
 
4. Wings: "Nunca havia tocado sozinho. Sempre fiz parte de uma banda, fiz o Wings basicamente por isso. O John também com sua Plastic Ono Band"

5. Magical Mystery Tour: "Dias melhores virão. Acho que daqui alguns anos vai finalmente virar um cult"

6. Suas habilidades musicais: "Faço o que posso. Quando os Beatles precisaram de um baixista fui lá aprender a tocar aquele instrumento. Modestamente eu sou bom!"

7. Ter sido convidado a posar na Playboy: "Não sei de onde tiraram essa ideia. Eu não tenho as habilidades necessárias. Provavelmente estivessem atrás de meus dotes intelectuais. rs"

8. Liverpool: "Vou sempre a Liverpool. Meu irmão ainda mora lá e meus filhos adoram a cidade. Nunca deixarei de ir em minha cidade querida"

9. Yoko Ono: "Nunca tivemos um bom relacionamento mas hoje posso dizer que nossa relação é civilizada, não próxima, nem constante, mas civilizada, acima de tudo".

10. George Harrison: "Meu irmão. Eu coloquei ele em minha banda quando George tinha apenas 14 anos! Era meu amigo de escola, íamos juntos às aulas de ônibus, ida e volta. Meu irmão, assim eu me sinto em relação a ele".

Pablo Aluísio.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

The Beatles - 10 Perguntas sobre John Lennon

Um dos textos mais acessados do nosso blog é "John Lennon - Verdades e Mentiras" onde tento de forma simples esclarecer algumas dúvidas recorrentes sobre John Lennon. Aqui vão mais dez questões curiosas sobre a vida do ex-beatle.

1. Como ficou a amizade de John Lennon com Paul McCartney depois do fim dos Beatles? Ficou bem distante e fria e não por culpa de Paul. Ele tentou manter uma linha de amizade, chegando inclusive a visitar regularmente o apartamento de Lennon, sem avisar. Isso aborreceu John que certa noite o chamou de lado e disse: "Não apareça mais sem avistar por aqui. Não estamos mais em 1956 e abrir a porta para você já não é mais a mesma coisa". Paul entendeu o recado e nunca mais visitou Lennon. Ficou anos sem ver o velho colega de banda.

2. Como era o relacionamento de Lennon com seu primeiro filho? Era bem ruim. E isso foi mantido em segredo por anos até que recentemente Julian Lennon abriu o jogo para um amigo em um vídeo que foi postado no Youtube. Julian disse que passou por dificuldades financeiras quando era garoto pois sua mãe pediu apenas que John pagasse sua escola e nada mais. Para Julian houve ocasiões em que faltou dinheiro até para mesmo para comprar sapatos. Para piorar Julian esclareceu que passou anos sem ver John e quando o via ele era indiferente, rude e frio com ele. Uma imagem bem distante do humanista que Lennon vendia para a imprensa.

3. O que aconteceu com o corpo de John Lennon após sua morte? Foi cremado. Lennon teria dito a sua esposa Yoko que tinha pavor de que sua tumba virasse um local de peregrinação ou veneração como iria acontecer com Elvis Presley e seus fãs em Graceland. Assim Lennon decidiu pouco antes de sua morte que queria ser cremado e suas cinzas espalhadas (até hoje não se sabe ao certo onde as cinzas de Lennon foram jogadas pois Yoko se recusa a falar sobre isso). Para alguns ela teria guardado um pequeno pote com algumas cinzas de Lennon em seu apartamento de Nova Iorque mas isso não é algo confirmado com certeza.

4. Por que John Lennon foi morar em Nova Iorque? Perguntado sobre isso Lennon disse que todas as pessoas deveriam ir em direção ao centro do mundo que para ele era a cidade de Nova Iorque. John até ironizou dizendo que quando morava em Liverpool achava que Londres fosse o máximo mas que depois descobrira que a Inglaterra não era nada e que o ideal era morar em Nova Iorque onde poderia desenvolver melhor sua arte. Depois que fixou residência em Nova Iorque jamais voltou à Liverpool.

5. Quem controlava as finanças de Lennon após a saída dos Beatles? Yoko Ono tomou conta de tudo. O próprio Lennon esclareceu em entrevistas que havia jogado tudo nas mãos da mulher, e que ele próprio nem sabia direito o valor de sua fortuna, o que tinha em propriedades e cabeças de gado (um dos investimentos mais fortes da família Lennon). Em relação aos seus direitos autorais Lennon também abriu mão de grande parte deles, colocando tudo sob controle da editora Lennono. Segundo John ele passava o dia cuidando do filho, fazendo pães caseiros na cozinha de seu apartamento, enquanto Yoko administrava seus bens e investia seus milhões de dólares mundo afora.

6. O que John Lennon fazia em suas horas vagas? Lennon dizia publicamente que não fazia nada de especial, que tinha uma rotina banal e maçante em Nova Iorque. Acordava cedo, fazia o café da manhã de Sean, esperava ele chegar da escola por volta das doze horas da manhã e depois passava o dia inteiro ao lado do filho, assistindo TV ou fazendo atividades do dia a dia, afazeres domésticos e coisas banais. Já o autor Albert Goldman em seu livro sobre Lennon conta uma versão diferente contada por ex-empregados do Beatle. Para Goldman o cantor ainda não havia superado seu problema com drogas pesadas, o que o fazia ficar muitas horas chapado dentro de seu quarto no Dakota.

7. O que John Lennon achava dos primeiros discos dos Beatles? Assim que os Beatles acabaram Lennon definiu em entrevistas que os primeiros discos dos Beatles eram ruins, primários, mal gravados, verdadeiras porcarias. Curiosamente anos depois mudou de ideia e disse que estava contente com os dois primeiros álbuns, que os tinha ouvido novamente com atenção e que achava que eram realmente bons, embora poderiam ter sido melhores se eles tivessem experiência na época de sua gravação.

8. Quais foram as últimas palavras de Lennon antes de morrer? "Eu Sou John Lennon" - essas foram as últimas palavras de John antes de morrer. Ele estava no banco de trás de um carro da polícia de Nova Iorque após ser baleado por um lunático fã dos Beatles. O policial que o acompanhava pediu que ele falasse quem era pois assim teria uma noção de como estava seu estado de saúde - era uma forma de saber se ele ainda estava consciente. Após dizer isso Lennon perdeu seus sentidos e morreu no meio do caminho para o hospital. Sim, John Lennon morreu no banco de trás de um carro policial de Nova Iorque naquela noite.

9. O que Lennon achava do guru dos Beatles? Achava um farsante, um enganador. Enquanto estavam na Índia começaram os boatos de que o Maharishi Mahesh Yogi estaria abusando sexualmente de algumas seguidoras. Quando o boato se espalhou os demais membros do grupo de meditação indicaram Lennon para enfrentar o guru. John diria sobre isso depois que quando se tratava de alguém fazer o trabalho sujo dos Beatles ele era sempre o indicado! Após indagar ao Yogi se aquilo era de fato verdade, John percebeu que o antigo mestre e guru dos Beatles estava com ódio nos olhos, que teria partido para cima de John para lhe agredir fisicamente se isso não causasse um escândalo. Para Lennon: "Se ele fosse realmente cósmico saberia o que estava acontecendo".Depois disso Lennon e os demais Beatles arrumaram suas malas e foram embora da Índia para sempre.  

10. Lennon foi perseguido pelo governo Nixon? Na época John denunciou que o governo de Richard Nixon o estava espionando, vigiando, e que suas linhas de telefone estavam todos sob monitoração do FBI. Depois que falou sobre isso para a imprensa o governo republicano de Nixon foi a público negar que tal vigilância existia. Recentemente documentos secretos comprovaram que sim, Lennon tinha razão, pois ele foi intensamente monitorado pelo governo enquanto estava em Nova Iorque envolvido com campanhas de paz, contra a guerra do Vietnã.

Pablo Aluísio.

The Beatles - O Fim

Por volta de 1969 John Lennon avisou a Paul McCartney que iria deixar os Beatles. Estava cansado de tudo e achava que o grupo não tinha mais futuro. Paul tentou de todas as formas manter Lennon no conjunto mas foi em vão. Ele dizia "Não" para tudo. Mesmo que fosse processado por quebra de contrato (pois os Beatles tinham contrato com a EMI até 1975) ele não voltaria atrás, nada mesmo o faria mudar de ideia. Para Lennon os Beatles tinham chegado ao fim com a morte de Brian Epstein e ele só havia se mantido fiel ao grupo por não saber o que fazer dali em diante. Com Yoko Ono ao seu lado isso mudou pois ele já conseguia planejar sua carreira após o fim dos Beatles.

Na visão de Lennon os Beatles tinham sido criados e fundados por ele e apenas ele, como líder do grupo, cabia a prerrogativa de acabar com tudo. Com muita diplomacia Paul pelo menos convenceu John a esperar um pouco mais, havia dois discos dos Beatles que ainda seriam lançados no mercado ("Abbey Road" e "Let It Be") e não seria o momento adequado para que John Lennon anunciasse publicamente que iria abandonar os Beatles. Depois desse encontro decisivo, Paul ficou pensando alguns dias sobre seu futuro. Era certo que nunca mais os Beatles voltariam ao estúdio novamente, já que era um grupo musical que naquela altura já tinha chegado ao seu final. Paul então comunicou a decisão de John para George e Ringo, que ficaram muito surpresos com a decisão de Lennon de ir embora de uma vez por todas.

Nesse meio tempo Paul McCartney tomou uma decisão que iria enfurecer John. Antecipando-se a ele foi até a imprensa e declarou que ele, Paul McCartney, não fazia mais parte dos Beatles. Quando a notícia pintou nos jornais no dia seguinte John Lennon ficou possesso com o ato de Paul que ele interpretou como uma verdadeira traição, uma apunhalada nas costas. John tentou entrar em contato com Paul por telefone para lhe passar um sermão mas ficou a ver navios. Paul se mandou para a Escócia e deixou a batata quente nas mãos da EMI e da Apple. John o acusou de ser mentiroso, oportunista e egocêntrico ao extremo. Dois dias depois Paul McCartney tomou outra decisão radical e agiu novamente, abrindo um pesado processo contra Allen Klein, o empresário do grupo, que Paul acusava de estar literalmente roubando os Beatles, principalmente nos direitos autorais e nas vendas de discos e compactos.

O fim dos Beatles foi uma coisa feia! Para processar Klein, Paul teve que também processar John, George e Ringo! Quando a caixa de Pandora foi aberta a coisa ficou muito feia. John imediatamente contra-atacou e abriu processos contra Paul McCartney e em pouco tempo todo mundo estava processando todo mundo, em uma briga infernal nos tribunais. Acusações de roubo, fraude e estelionato estavam nas páginas dos processos. Para quem falava tanto em amor em suas composições os Beatles agora estavam se matando dentro dos tribunais ingleses! Paul queria acima de tudo se livrar da agência de Allen Klein pois não admitia que tivesse que pagar dinheiro a ele por seus discos solos. Ele nunca gostara de Klein, que foi trazido aos Beatles por John Lennon, contra sua vontade. Nesse aspecto Paul tinha razão. A administração de Klein era pouco transparente e havia suspeitas que ele estava vendendo material inédito dos Beatles por debaixo dos panos, tudo para lucrar nas costas do quarteto. Paul tentou despedir Klein mas John e George foram contra. John chegou a dizer para Paul que ele sabia que Klein era um crápula mas que os Beatles precisavam de alguém assim para gerir seus negócios.

De uma forma ou outra Paul queria cair fora da Apple e abrir seu próprio selo que se chamaria MPL Communications! John enviou as sessões de "Let It Be" para Phil Spector em Nova Iorque para que ele transformasse aquele monte de sessões desorganizadas em um disco. Chegou a chamar as gravações de "a pior merda que os Beatles já gravaram". Spector mexeu nas gravações originais e adicionou novos arranjos nas músicas de Paul que o desagradaram completamente. Infelizmente ele não podia fazer mais nada pois como grupo musical os Beatles não mais existiam. O pior era saber que Paul não tinha mais controle sobre as músicas que tinham sido compostas para os discos dos Beatles.

Grande parte das canções dos Beatles pertenciam à Northern Songs, uma editora musical que havia mudado de mãos. Paul viu isso como um desastre financeiro para ele (e era mesmo!). Ele tinha que recomeçar a vida, formar um outro grupo e colocar o pé na estrada pois por incrível que pareça seus anos nos Beatles não foram tão lucrativos como todos pensavam, na verdade tinham sido um enorme desastre em termos de dinheiro - onde quem menos ganhou foi o próprio quarteto. Havia problemas legais e fiscais por todos os lados. A Apple só trazia prejuízo e em pouco tempo estaria falida. O rompimento traumático fez com que Paul e John ficassem muitos meses sem se falar. Além disso, juridicamente falando, os Beatles só deixariam de existir cinco anos depois, quando todas as arestas foram amparadas. Até lá houve muitos atritos e brigas, ofensas e xingamentos entre eles, o que serviu para aumentar ainda mais a tensão entre todos os membros. Mas, como diz o ditado, dias melhores viriam pela frente e Paul estava pronto para recomeçar tudo de novo em sua vida! No final Lennon resumiu tudo com sua famosa frase: "O Sonho Acabou!".

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

The Beatles - John Winston Lennon

Se estivesse vivo John Lennon teria completado 69 anos de vida. Eu me sinto completamente à vontade para escrever sobre Lennon porque por toda a minha vida ouvi Beatles. Essa é a primeira lembrança musical que me lembro, pois antes mesmo que eu tenha tido consciência da minha existência, já ouvia o grupo. Acontece que meus irmãos mais velhos sempre foram fãs de carteirinha dos rapazes de Liverpool, então certamente ouvi Beatles ainda no berço. Obviamente só muitos anos depois foi que entendi que aquele grupo que tanto ouvia no meu dia a dia nem mais existia e que era um som que vinha do passado, que havia feito sucesso muitos anos antes do meu próprio nascimento...

Pois bem, acompanhando a celebração da data pela internet e pela TV não pude deixar de constatar como a consciência coletiva das pessoas de um modo geral é simplória, para não dizer boba. Muitos sequer conhecem a biografia de Lennon razoavelmente bem mas não hesitam em utilizar velhos paradigmas para definir o cantor e compositor. Para a grande massa John Lennon era um símbolo da paz, um mártir do movimento pacifista, um homem puro e bom que foi morto por um gesto estúpido de um fã enlouquecido. Para outros ele teria sido um dos maiores músicos da história, mas que se casou com uma japonesa esquisita e pôs fim aos Beatles por isso...

O general Romano Marco Antônio costumava dizer que a massa tinha a mentalidade de um garoto de 4 anos. Acompanhando tudo o que foi escrito nessa semana não posso deixar de concordar com o que foi dito por ele. As pessoas geralmente possuem apenas pequenas informações sobre os personagens históricos, raramente alguém se aprofunda sobre as biografias deles e tudo que resta é apenas uma visão caricata, que não passa de um conjunto de informações moldadas pela grande imprensa, sempre pronta a fazer a cabeça do garotinho de 4 anos, digo, da massa.

Com John Lennon não é diferente. Certamente ele promoveu eventos em prol da paz. Não resta nenhuma dúvida de seu talento, mas muitos se esquecem da motivação que gerou muitos de seus atos. É fato que Lennon muitas vezes utilizou sua imagem pública em prol de si mesmo e de sua fama. Suas declarações bombásticas e de efeito estavam em todos os jornais. Poucos artistas souberam tão bem utilizar o poder da mídia como John. Enquanto estava vivo ele não perdeu nenhuma oportunidade de aparecer nas manchetes. Oportunismo? Para Paul McCartney sim, seu ex - companheiro certa vez ironizou e disse que ele certamente não era nenhum Martin Luther Lennon (fazendo um trocadilho em cima do símbolo da luta pelos direitos civis, Martin Luther King).

As simplificações continuam. Hoje, após vários livros publicados, sabemos que os Beatles não se separaram apenas por causa de Yoko Ono. Isso é uma simplificação boba. Os Beatles chegaram ao fim principalmente porque Lennon sentia-se, em seu íntimo, intimidado e ofuscado, pelo grande talento de McCartney em escrever um clássico após o outro. Além disso se sentia pouco seguro sobre seu próprio trabalho. Pois é, Lennon nada mais era do que um ser humano, cheio de virtudes e falhas em seu caráter, como todos nós, como eu e você, coisa que muitos fãs ignoram, preferindo abraçar o clichê criado em torno de sua vida. Yoko tampouco era a "mulher dragão" que o transformou em um mero escravo. Simplificações são tão bobas não é mesmo? Marco Antônio certamente riria de algo assim...

Pablo Aluísio.

The Beatles - Let It Be Sessions

O tempo passa voando amigos. Hoje se celebram os 40 anos de lançamento do álbum Let It Be dos Beatles. Muitos o conhecem como o último disco do grupo mas não é bem assim. Apesar de ter sido o último a ser comercializado, Let It Be foi gravado antes de Abbey Road, esse sim o último registro do quarteto britânico em estúdio. Tirando essas questões mais gerais do disco de lado, gostaria de dizer que Let It Be foi um dos primeiros LPs que comprei na minha vida, ainda bastante jovem. Também tinha sido o último que sobrara, já que meus irmãos mais velhos já tinham toda a coleção do grupo inglês em casa, alguns comprados bem antes de eu nascer. Assim quando a EMI Odeon relançou o disco nos anos 80 eu não perdi tempo e fui correndo comprar, claro que para impressionar a todos. São lembranças que ficam.

Quando eu o ouvi pela primeira vez ficou patente qual viria a ser a minha canção favorita: One After 909. Belo rock, com tintas dos anos 50 que já até havia sido gravado pelos Beatles em estúdio antes, ainda na primeira fase do grupo, mas que fora arquivada pelo produtor George Martin. Nessa nova versão os Beatles a tornaram bem mais poderosa, com guitarras fortes e marcantes, o que para um garoto como eu, que sempre fui fã do rock classic mais barulhento, caiu como uma luva. Também adorei o lirismo de The Long and Winding Road (Paul McCartney sempre foi meu Beatle preferido, justamente por ter belas melodias e ser um romântico sem culpas).

Essa canção se tornou especialmente importante para mim porque embalou minhas primeiras paixões adolescentes. Havia uma garota que sempre pegava o ônibus escolar comigo e eu costumava imaginar que o caminho até sua casa era uma estrada longa e sinuosa (e era mesmo já que ela morava numa rua meio fora de rota rs). Obviamente não citarei seu nome aqui mas ainda me lembro dela perfeitamente, embora tenha sumido no decorrer dos anos, sendo que nunca mais ouvi falar dela novamente. O que será que aconteceu com essa minha paixão adolescente? Será que se casou, teve filhos? Não importa. Melhor assim pois sempre terei sua lembrança quando tinha 16 anos. Hoje não deixam de ser engraçadas essas recordações dos primeiros amores mas na época marcou.

Voltemos ao álbum então. Estranhei um pouco o uso de trechos de canções inacabadas como Maggie Mae e Dig It. Pareciam mais uma bagunça de estúdio do que canções para valer. O estilo cru das gravações também marcou bastante. Na época nunca tinha ouvido um disco que procurava capturar os efeitos e o clima de um estúdio de gravação, com os músicos conversando e batendo papo entre si. Era uma novidade e tanto. Mal sabia naquele momento que o projeto desse LP resultou em centenas de horas gravadas, num caos inacreditável, que foi organizado às pressas pelo produtor (e maluco de plantão) Phil Spector. Muitos inclusive até hoje escracham o disco, afirmando que nem parece um disco oficial dos Beatles. Bobagem, para mim soa muito bem, até porque eu o comprei e o defendo até hoje. Afinal ele era o único álbum dos Beatles que eu tinha lá em casa. Sim, o tempo passa voando...

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de outubro de 2011

The Doors - Bright Midnight

Jim Morrison era um louco alucinado que fazia de tudo um pouco no palco. Fumava Marijuana na frente de todos (até da polícia), brincava com animais domésticos afirmando que iria possuí-los em rituais de zoofilia e outras barbaridades. Era o Rasputin louco do Rock como se dizia na época. Mas nem tudo era alucinação sem controle, quando queria o Sr. Morrison também sabia se apresentar bem, cantar corretamente e não enlouquecer seu grupo de apoio, os Doors. Esse CD, lançado tardiamente, traz um Jim sóbrio, embora em certos momentos seu lado mais diabólico insista em aparecer. Seu grande mérito é registrar que além de causar polêmicas sem fim nos concertos Morrison também era um grande cantor, com pleno domínio de seus malabarismos vocais.

É um material essencial para quem um dia já se interessou pelo som maluco de Morrison. Em pouco mais de dez faixas Jim destila seu lado roqueiro porra louca dos anos 60, alucina em grandes momentos como em Roudhouse Blues e canta suavemente quando possível - nos poucos momentos em que isso seria cabível na alucinada bagagem musical de um dos grupos mais fantásticos da historia musical norte americana. Assim como aconteceu com outros astros do passado, como Elvis e Beatles, a gravadora do The Doors correu atrás de material inédito da banda em seus arquivos e conseguiu resgatar várias faixas gravadas ao vivo em diversos shows do grupo pelos EUA. Saiu em edição limitada e por isso hoje o CD é considerado uma verdadeira preciosidade entres os fãs. Ouça e entenda porque o King Lizard ainda é tão lembrado nos dias de hoje.

The Doors - Bright Midnight: Live in America
1. Light My Fire
2. Been Down So Long
3. Back Door Man
4. Love Hides
5. Five to One
6. Touch Me
7. Crystal Ship
8. Break on Through (To the Other Side)
9. Bellowing
10. Roadhouse Blues
11. Alabama Song (Whisky Bar)
12. Love Me Two Times / Baby Please Don't Go
13. The End / The Celebraton of the Lizard

Pablo Aluísio.