quarta-feira, 4 de maio de 2011

Paul McCartney e os Wings - Parte 5

Durante o período em que Paul levou os membros do Wings para os Estados Unidos as coisas só pioraram. Todos ficaram hospedados em um rancho nos arredores de Nashville para ensaios, antes que a banda finalmente saísse para realizar suas turnês. Só que os músicos não se deram bem, viviam brigando e criando atritos entre si. Não eram amigos e nem queriam ser.

Anos depois o baterista Geoff Britton relembraria aquela época: "Paul queria forçar uma amizade entre os músicos. Isso tornou as coisas piores. Eu não gostava do Henry McCullough que era um cara que bebia muito e usava drogas. Eu não usava drogas. Não queria. Me sentia bem tocando bateria para Paul, mas todo o resto era uma chateação".

Não satisfeito com essa situação ruim, Paul ainda piorou ainda mais tudo ao dizer que não queria assinar contratos com os músicos. Ele explicou que tudo teria que ser feito na camaradagem, na amizade. Paul disse que havia assinado contratos na época dos Beatles e isso só havia trazido problemas. Era uma visão infantil do que estava acontecendo. Aqueles eram músicos profissionais, pessoas que viviam de seu trabalho e que não estavam dispostos a trabalharem sem ter uma garantia. Henry McCullough foi o primeiro a dizer que iria embora. "Ganho mais trabalhando em estúdio na Inglaterra. E com contrato assinado" - disse o guitarrista a Paul em pleno ensaio.

Já havia outra briga instalada dentro dos Wings quando o próprio Henry teria dito durante uma jam session que Linda McCartney literalmente "Não tocava porcaria nenhuma!". Para Henry ter uma pessoa que não sabia tocar dentro da banda só a puxaria para baixo. Linda realmente não era tecladista ou pianista, Paul só havia ensinado a ela os acordes básicos. Quando o grupo se reunia para tocar ela sempre se perdia no meio das músicas, colocando tudo a perder.  Henry McCullough, um músico profissional e muito perfeccionista achou aquela situação uma palhaçada. Era complicado levar um trabalho à sério com Linda errando o tempo todo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de maio de 2011

The Doors - Morrison Hotel

Em 1970 Jim Morrison já tinha ultrapassado todos os limites. Ele já havia sido preso, processado e execrado pela mídia por causa de alguns concertos muito loucos que havia feito ao lado de sua banda. Não havia mais espaço para a inocência. Quando não estava sendo massacrado pela imprensa ou prestando depoimento em algum tribunal, Jim procurava relaxar. Seu lugar preferido para isso era o bar mais próximo. Quanto mais vagabundo fosse o boteco, melhor para Jim. Ele adorava passar horas e horas ouvindo blues, bebendo muito, nesse tipo de lugar. E foi em um desses bares que ele teve duas ideias que pareciam brilhantes: um disco mais visceral, cru, com muitos blues intitulado simplesmente "Morrison Hotel", justamente o mesmo nome de um dos botequins que Jim mais apreciava.

Os Doors estavam mesmo precisando cumprir seus contratos com a gravadora. Desde que Jim tinha se metido em apuros legais, ele não havia entrado mais em estúdio. A lata estava vazia! O problema para os produtores era conseguir levar Jim para trabalhar sem que ele estivesse completamente bêbado ou narcotizado. Como seu lema preferido dizia: "Os excessos levam aos palácios da sabedoria". Pelos excessos que tinha cometido certamente, naquela altura de sua vida, Jim já poderia se considerar um sábio!

De uma forma ou outra Jim prometeu cumprir o contrato, procurando beber menos durante a semana de gravações do novo álbum (algo que cumpriu apenas em parte pois em algumas faixas o ouvinte podia notar claramente que Jim estava embriagado!). Assim uma semana antes de entrar em estúdio Jim e os Doors se encontraram para os primeiros ensaios. Morrison havia escrito algumas letras, adaptado até mesmo velhos poemas de sua autoria. Como sempre o material era de primeira. Meio ao acaso, administrando o caos, então os Doors começaram a dar os primeiros acordes. O novo disco estava prestes a ser produzido.

1. Roadhouse Blues (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - O álbum "Morrison Hotel" começa com aquele que considero o melhor blues dos Doors, "Roadhouse Blues"! Que grande gravação! Dentro dos estúdios, quando os Doors se entrosavam completamente, eles conseguiam o melhor em termos musicais. Essa faixa é certamente uma das melhores da discografia do grupo, porém uma ressalva é importante. Embora seja uma das melhores gravações dos Doors, a melhor versão de "Roadhouse Blues" não está nesse disco. Uma versão ao vivo, maravilhosa, foi descoberta anos depois. Quem adquiriu o CD com a trilha sonora do filme "The Doors" de Oliver Stone certamente saberá do que estou escrevendo. Essa "Live Version" é seguramente a melhor performance do grupo interpretando esse blues. Contando com o calor e reação do público presente no concerto, esse é seguramente o auge dos Doors em relação a essa música. A Warner Music (atual detentora dos direitos autorais dos Doors) bem poderia lançar uma versão Luxe de "Morrison Hotel" com essa faixa. Ficaria perfeito.

2. Waiting for The Sun (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - Outra que também não fez parte das sessões originais do "Morrison Hotel" foi "Waiting for The Sun". Essa destoa muito das outras músicas desse álbum. Ela foi gravada originalmente em 1968 e sabe-se lá a razão ficou pegando poeira nos arquivos da gravadora em Nova Iorque por dois anos! É uma composição que foi creditada a todos os membros do grupo  (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek e Jim Morrison), embora saiba-se que os que mais contribuíram mesmo para sua elaboração tenham sido Manzarek, Krieger (nos arranjos) e Morrison (na letra e nos versos). Sinceramente falando não gosto muito dessa música porque ela quebra o ritmo de "Morrison Hotel", se mostrando bem fora de rota mesmo da linha dorsal melódica desse disco.

3. You Make Me Real (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - A primeira vez que ouvi "You Make Me Real" eu pensei comigo mesmo que essa canção era alegre demais para ter saído da pena de Jim Morrison. Realmente, o verdadeiro autor desse momento pra cima era o guitarrista Robby Krieger. Ele a compôs após um encontro com uma garota que estava apaixonado há muitos anos. Por isso o tom para cima, contagiante, como se alguém realmente comemorasse aquela noite. Algum tempo depois Jim declarou: "Eu nunca escrevi nem uma linha para You Make Me Real. Acho que Robbie colocou meu nome na autoria da música por amizade ou misericórdia, ou ambos, quem sabe..."

4. Peace Frog (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) -
"Peace Frog" por outro lado traz uma das melhores melodias do disco. Puro swing. Essa é mais uma criação do guitarrista Robbie Krieger que a compôs com sua guitarra (nada de violão ou piano). Por isso se nota o intenso uso do instrumento durante toda a execução. Curiosamente a voz de Morrison foi gravada em dois canais diferentes, dando a impressão de que ele também realiza os vocais de apoio a ele mesmo! Há até espaço para Jim declamar um verso de um de seus poemas. Outro aspecto digno de nota é que a fita original de gravação apresentou um pequeno defeito, o que levou muitos a pensaram que a cópia de vinil que tinham comprado nas lojas estava com defeito de fabricação. Não era! Foi um problema do rolo de gravação dentro do estúdio mesmo. O grupo percebeu o problema técnico, mas o take havia ficado tão bom que foi lançado assim mesmo.

5. Blue Sunday (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - A baladinha "Blue Sunday" não acrescenta muito. Jim, com a voz encharcada de álcool (e outras coisinhas mais) canta a canção com convicção, mas sem maior envolvimento. A letra é um tanto banal, o que nos leva a pensar que foi composta exclusivamente por Krieger, já que Jim não era adepto de letras pueris e banais em excesso. Ele sempre preferia o excesso, até mesmo o barroco em seus textos. Afinal era exatamente isso que o levava aos pilares da sabedoria!

6. Ship of Fools (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - O bom e velho Jim Morrison só retorna mesmo em "Ship of Fools", um blues acelerado que ele pensou enquanto estava em uma mesa de bar da periferia de Los Angeles. No meio dos seus delírios alcoólicos ele escreveu as primeiras linhas. Depois como era de hábito enviou o esboço com cheiro de vodka e maconha para o tecladista Ray Manzarek. Morrison, como todos os fãs sabem, era um grande letrista e poeta, porém não entendia nada de notas musicais ou harmonia. Seu método de trabalho era justamente esse, escrevendo a poesia da música para que depois Manzarek e os demais Doors se virassem para compor arranjos e melodia. O curioso é que como foi provado esse tipo de  parceria sempre funcionava bem.

7. Land Ho! (Robby Krieger, Jim Morrison) - "Land Ho!" foi uma parceria entre Jim Morrison e o guitarrista Robby Krieger. Dentro dos Doors eles tinham uma amizade especial. Krieger sempre foi um cara na dele, introspectivo, até mesmo tímido. Morrison gostava muito dele. Ao contrário de sua relação ruim com o baterista John Densmore, Jim apreciava a companhia e a presença de Krieger ao seu lado. Desses encontros, geralmente no apartamento de Morrison, surgiram composições como essa. "Land Ho!" é uma expressão que significa "Terra à Vista!", sempre dita por marinheiros quando encontravam terra firme. A letra é uma referência indireta ao próprio pai de Jim, que era da Marinha dos Estados Unidos. Claro que para disfarçar um pouco Jim diz na letra que seu avô era um baleeiro, em um universo de ficção, porém fica óbvio desde os primeiros versos a associação com o velho pai. Eles sempre tiveram uma relação muito complicada, a ponto de certa vez Jim mentir durante uma entrevista dizendo que ele estava morto!

8. The Spy (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - "The Spy" por sua vez tem uma carga erótica muito grande, embora quase ninguém tenha percebido isso ao ouvir a canção pela primeira vez. Jim Morrison tinha grande habilidade nas letras, conseguindo transmitir mensagens em linguagem cifrada que poucos conseguiam compreender de imediato. Versos como "Eu sou um espião na casa do amor" não eram tão inocentes como inicialmente poderiam soar. Para pessoas próximas Jim explicou que a letra havia sido escrita após uma aventura sexual pelas noites de Los Angeles (provavelmente com uma prostituta). Para que Pamela, a garota de Jim, não pirasse, ele resolveu colocar tudo sob um véu de metáforas, algumas parecendo simples banalidades românticas. Ficou bonita, com melodia envolvente.

9. Queen of the Highway (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - "Queen of the Highway" é uma homenagem de Jim às mulheres que conhecia pelas noites de Los Angeles. Diretamente ele não assumia isso por causa de seu relacionamento com Pamela, mas todos sabiam que a rainha da Highway era um protótipo ou uma imagem das milhares de prostitutas que ficavam nas pistas de alta velocidade da cidade para arranjar seus clientes. Jim achava muito interessante o estilo e modo de vida daquelas moças. Durante uma conversa de bar ele chegou a dizer que havia feito a música em homenagem a todas essas mulheres que lutavam por sua sobrevivência nas noites da cidade. Jim as admirava e as respeitava, acima de tudo.

10. Indian Summer (Robby Krieger, Jim Morrison) - "Indian Summer" não foi gravada nas mesmas sessões das outras canções desse álbum "Morrison Hotel". Na verdade essa era uma faixa que estava arquivada na Elektra Records desde o ano anterior. Deveria ter saído como single, mas ficou perdida, no limbo, sem espaço na discografia oficial da banda. Antes que surgisse na praça em algum disco pirata acabou sendo encaixada aqui no disco. Não é um blues como as demais canções. É uma bela balada escrita por Robby Krieger que mais uma vez foi generoso, colocando Jim como parceiro na composição.

11. Maggie M'Gill (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) -
Outra canção que também falava sobre as ditas "garotas de vida fácil" era "Maggie M'Gill". Essa segunda música sobre prostitutas já era mais complicada de disfarçar pois Jim resolveu homenagear a Maggie, uma garota que fazia ponto perto do bar onde ele bebia todos os dias. A letra é direta. Maggie contou a Jim que era uma garota do interior que apanhava do pai alcoólatra. Assim resolveu deixar seu passado para trás e foi para as ruas de Los Angeles ganhar sua vida. Jim ouviu tudo atentamente e disse a Maggie: "Farei uma canção em sua homenagem no meu próximo disco!". Promessa que aliás cumpriu justamente aqui nesse álbum, "Morrison Hotel".

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

John Lennon - Imagine (Single)

Esse é o single original lançado por John Lennon em outubro de 1971. Como se trata de um dos maiores sucessos de sua carreira solo (provavelmente o maior), o single acabou sendo relançado inúmeras vezes ao longo dos anos, geralmente com capas melhores, mais bem trabalhadas. O fã porém deve priorizar o disco lançado pelo cantor em vida e não as reedições plastificadas, manipuladas pela indústria fonográfica.

É interessante que o single vendeu mais do que o álbum. Penso que isso refletia uma certa fragilidade artística no LP. Nele temos uma música forte, marcante, que é a própria "Imagine", irretocável em sua mensagem pacifista. Porém depois dela não havia nada de seu nível. As demais músicas do álbum eram apenas razoáveis, nada maravilhosas. Também não fizeram sucesso, não tocaram nas rádios, não se tornaram conhecidas do público em geral. Só circulou mesmo entre os fãs de John e dos Beatles.

Assim para o fã médio, o consumidor comum que entrava numa loja de discos na época bastava mesmo ter o single, o compacto simples, ou como muitos diziam, o disquinho com apenas duas canções, uma no lado A e outra no lado B. Nada mais, estava de bom tamanho. Abaixo você pode conferir uma nova reedição do single, já com a moderna direção de arte dos tempos atuais. Na minha opinião a versão original era bem mais charmosa, além do fator nostalgia que sempre conta muito.

Pablo Aluísio.

The Beatles - 12-Bar Original

The Beatles - 12-Bar Original
Grupo: The Beatles
Música: 12-Bar Original
Compositores: Lennon / McCartney / Harrison / Starkey
Álbum: Anthology 2
Selo: EMI Odeon
Data de Gravação: 4 de novembro de 1965
Produção: George Martin
Local de Gravação: Abbey Road, Londres

Músicos: John Lennon (guitarra), Paul McCartney (baixo), George Harrison (guitarra), Ringo Starr (bateria), George Martin (harmonium).

Comentários:
Essa canção foi gravada em novembro de 1965, mas só chegou ao grande público em um álbum original dos Beatles em março de 1996, pois a gravação (o Take 2) foi escolhido para fazer parte do CD dupls "Anthology 2". Como se sabe é uma canção solo, instrumental, creditado aos quatro Beatles, algo que era bem raro de acontecer (apenas algumas pequenas faixas de discos como Abbey Road tiveram esse tipo de compartilhamento de composição entre todos os membros da banda).

Até hoje não se sabe com certeza qual teria sido a finalidade dos Beatles em gravá-la. Seria lançar como parte do disco "Mystery Magical Tour"? Faria parte do repertório de algum outro disco dos Beatles? Seria lançada como Lado B de alguma grande composição do conjunto? Várias são as hipóteses levantadas. O que podemos notar com certeza é que a canção foi excepcionalmente bem gravada, dando a entender que "12-Bar Original" foi gravada mesmo para fazer parte de algum lançamento oficial do grupo, só que acabou sendo arquivada, mesmo estando pronta para o mercado.

Muitos também dizem que seria uma faixa tipicamente de Paul McCartney, por causa de seu estio mais antigo, tipo som de blues dos anos 20 ou 30. É possível que tenha sido originalmente composta por Paul, só que também contando com contribuições importantes também de John, Ringo e George. Nos instrumentos houve a formação original, ou seja, Paul no baixo, Ringo na percussão, George Harrison e John Lennon em suas respectivas guitarras. Na pior das hipóteses perdeu-se a chance de aproveitá-la em sua discografia original, na melhor fomos presenteados, mesmo que tardiamente, com essa bela canção instrumental.

Pablo Aluísio.

domingo, 1 de maio de 2011

The Beatles - Act Naturally

The Beatles - Act Naturally
Grupo: The Beatles
Música: Act Naturally
Compositores: Johnny Russell, Voni Morrison
Álbum: Help!
Selo: EMI Odeon / Parlophone
Data de Gravação: 17 de junho de 1965
Produção: George Martin
Local de Gravação: Abbey Road, EMI Studios

Músicos: John Lennon (guitarra), Paul McCartney (baixo), George Harrison (violão e guitarra), Ringo Starr (bateria e vocal).

Comentários:
Esse foi um cover que os Beatles gravaram para ser lançado no álbum "Help!". Como se sabe todos os discos dos Beatles traziam pelo menos uma faixa para ser cantada pelo baterista Ringo Starr. Geralmente, como explicou anos depois John Lennon, eram as músicas mais simples para se cantar. A gravação original foi lançada em 1963 na gravação do grupo Buck Owens and the Buckaroos pelo selo Capitol. O estilo country foi o que mais atraiu Ringo para a música, pois era um dos seus gêneros musicais preferidos.

Antes das gravação os Beatles já tinham apresentado a música ao vivo, principalmente no programa Ed Sullivan Show. O interessante é que os Beatles a colocaram para abrir o lado B do disco trazendo a trilha sonora do filme "Help!", a promovendo também como lado B do single "Yesterday", ou seja, apesar de ser uma canção secundária dentro do repertório dos Beatles na época o grupo a divulgou bastante, obviamente valorizando a figura de seu simpático baterista. Em 1989, muitos anos após o fim dos Beatles, Ringo voltou a interpretar a canção na turnê de sua banda Ringo Starr & His All-Starr Band.

Pablo Aluísio.

The Beatles - Across the Universe

The Beatles - Across the Universe
Grupo: The Beatles
Música: Across the Universe
Compositores: Lennon / McCartney
Álbum: Let It Be
Selo: EMI Odeon / Apple
Data de Gravação: 4 Fevereiro de 1968
Produção: Phil Spector
Local de Gravação: Abbey Road, Londres

Músicos: John Lennon (vocal, violão), Paul McCartney (baixo), George Harrison (violão e guitarra), Ringo Starr (maracas), Phil Spector (coro e cordas).

Comentários:
É uma das mais lindas composições de John Lennon, composta e criada quando ele estava meditando na Índia com o guru Maharishi Mahesh Yogi. Como se sabe, algum tempo depois John se decepcionou completamente com ele e chegou na conclusão que era uma fraude, mas antes disso pelo menos ele criou essa bela balada com toques psicodélicos e letra bem mística. Sem dúvida é uma criação solo de Lennon, sem a participação de Paul McCartney. Talvez por essa razão John tenha se ressentido pela gravação da música que ele criticaria anos depois. Ele havia criado uma opinião de que os Beatles se esforçavam muito nas composições de Paul, mas quando chegavam nas suas criações pintava um certo clima de preguiça e má vontade dentro do estúdio!

Ouvindo essa faixa do álbum "Let It Be" ouso discordar da opinião de John Lennon. A música, ao contrário do que ele disse, está muito bem gravada, com todos os arranjos bem feitos, tudo no lugar certo. Essa versão oficial de "Across the Universe" é uma das poucas que pode ser considerada irretocável. isso em um disco dos Beatles que sempre foi alvo de críticas, muitas delas partindo dos próprios ex-membros do grupo, como Paul por exemplo, que nunca gostou do trabalho de produção feito por Phil Spector. Enfim, "Across The Universe" é um dos maiores clássicos da discografia dos Beatles. Uma verdadeira obra prima.

Pablo Aluísio.

sábado, 30 de abril de 2011

Maria Antonieta - Verdades e Mentiras

Maria Antonieta realmente disse a frase: "Se não tem pão, que comam brioches"? Não. Hoje em dia os historiadores concordam que a Rainha francesa nunca disse essa frase. Um dos aspectos que mais reforçam isso é o fato de que essa mesma frase foi atribuída a outras rainhas da França no passado, como Ana da Áustria. O que realmente ocorreu foi uma mentira inventada pela máquina de propaganda dos revolucionários franceses, sem base na realidade.

Qual era o problema sexual do Rei Louis XVI? Marie Antoinette foi uma linda arquiduquesa austríaca cuja principal função ao se casar com o Rei Luís XVI era gerar filhos para a dinastia Bourbon. Só que o tempo passou após seu casamento e nada de ficar grávida. O jovem rei francês não era impotente e nem homossexual como se chegou a dizer na época, mas apenas tímido em excesso e portador de fimose, o que lhe dificultava imensamente na hora de cumprir suas obrigações sexuais com sua esposa. Suas dificuldades de alcova levaram a boatos, de que os filhos de Maria Antonieta fossem mesmo de seu grande amor, o Conde Hans Axel von Fersen.

Maria Antonieta e o Conde Fersen realmente tiveram um romance? Outro ponto sempre debatido sobre a história da rainha. Alguns historiadores afirmam que sobre isso não restam dúvidas. Inclusive cartas foram descobertas em que Maria Antonieta escreveu: "Eu te amo loucamente e não há um momento sequer em que eu não vos adore”. Tudo bem, a Rainha seria mesmo apaixonada pelo Conde, já que o rei não era bem um exemplo de paixão romântica (ela se casou em um casamento de conveniência entre as cortes francesas e austríacas). A questão principal é: foi um amor puramente platônico ou chegou às vias de fato. Para alguns autores pelo menos um dos filhos da Rainha era filho de Fersen. Como a moralidade era flexível em Versalhes não seria de toda surpresa que a Rainha tivesse mesmo traído o Rei Luís XVI.

Marie Antoinette era parente da Imperatriz Leopoldina? Sim, ambas vinham da mesma dinastia familiar, a Casa de Habsbourg-Lorraine da Áustria. A rainha francesa era sua tia-avó. O curioso é que a Imperatriz do Brasil (casada com D. Pedro I) tinha muito receio de que lhe acontecesse a mesma coisa, que alguma revolução a tirasse do trono. Por essa razão ela sempre resistia aos avanços liberais do Imperador. A dinastia Habsbourg foi por nove séculos um símbolo máximo do absolutismo europeu.

Maria Antonieta foi tão culpada como quis fazer a Revolução Francesa? Uma injustiça foi cometida contra a Rainha quando os revolucionários a culparam de diversos crimes cometidos durante o reinado de Luís XVI. As rainhas francesas tinham pouco poder político na chefia dos assuntos de Estado. Por essa razão a maioria dos crimes atribuídos a Maria Antonieta não são verdadeiros. O que existiu foi um ato de vingança e não de justiça contra ela e sua família. Inclusive a Rainha foi acusada de coisas absurdas, como ter relações com seus próprios filhos! A única coisa que parece ter sido comprovada foi a suposta conspiração de Maria Antonieta contra o Reino da França ao pedir aos seus parentes austríacos que a salvassem da morte. Isso na época era considerada alta traição. Fora isso nada a mais foi comprovado por historiadores que estudaram seu processo.

O que aconteceu com o corpo de Maria Antonieta após sua execução na guilhotina? O ódio dos revolucionários franceses contra a monarquia era tão grande que sequer deram um enterro digno à Rainha após sua morte na guilhotina. Seu corpo foi simplesmente jogado numa cova coletiva e coberta de cal. Sua cabeça por sua vez foi comprada pelo famosa Madame Tussauds para a confecção de um rosto preciso a ser usado em seu museu de cera. A peça ficou anos em exposição. Depois que a Dinastia Bourbon retomou o poder o corpo de Maria Antonieta foi resgatado dessa cova e colocado em um belo mausoléu na Basílica de Saint-Denis onde praticamente todos os Reis Franceses da história foram sepultados. Ela está até hoje sepultada nesse monumento.

Os móveis e utensílios do Palácio de Versalhes são originais? O Palácio de Versalhes é um dos pontos turísticos mais famosos da França. Lá o visitante pode ver a cama real de Maria Antonieta, seus móveis e pertences. Tudo muito bonito e luxuoso, só que não são verdadeiros, mas sim réplicas. Os revolucionários franceses roubaram praticamente tudo o que havia dentro do palácio. Apenas alguns quadros (gigantes demais para se roubar) ficaram intactos. Depois da loucura da revolução o governo francês entendeu a importância histórica desse lugar e passou a reconstruir tudo. Alguns itens originais até foram recuperados, em leilões por toda a Europa, mas o estrago da turba revolucionária foi realmente imenso.

Qual é a importância do Petit Trianon na história de Maria Antonieta? Esse pequeno palacete, próximo de Versalhes, é um dos melhores lugares para se visitar caso você queira reencontrar lugares importantes na história de Maria Antonieta. Quando era Rainha da França ela o reformou, remodelou e foi lá morar, viver em paz, longe da corte de Versalhes que era composta basicamente por víboras. Foi uma forma que Maria Antonieta encontrou de ter um pouco de paz, privacidade e sossego, longe das conspirações políticas da corte.

O que aconteceu com o Conde Fersen e a Madame Du Barry? O Conde sueco Hans Axel von Fersen, o grande amor de Maria Antonieta, teve um destino trágico. Ele foi morto por uma multidão em fúria, bem em frente ao palácio real da corte da Suécia. Esse foi outro momento de extrema violência, ocorrida durante os ares revolucionários que varreram a Europa. Já a Madame Du Barry, amante do Rei Luís XV, também foi guilhotinada como muitos outros nobres absolutistas que foram mortos de forma violenta pela Revolução Francesa. O mesmo destino teve o Rei Luís XVI, colocando fim na monarquia original Bourbon.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Anne Frank

Anne Frank era uma mocinha cheia de sonhos, que tragicamente viveu dentro de um dos maiores pesadelos da história da humanidade, a invasão de seu país (a Holanda) por tropas nazistas durante a II Guerra Mundial. Como era de família judia ela e seus pais precisaram se esconder da barbárie racista do nazismo. Eles foram para um sótão secreto e lá viveram por alguns anos, completamente confinados, muitas vezes em silêncio absoluto, para que ninguém desconfiasse de nada.

Para suportar o tédio e aquela vida absurdamente opressora para uma garotinha de sua idade, a Anne Frank começou a escrever seus pensamentos em um diário, igual a muitos outros de meninas de sua idade. Esse diário sobreviveu ao horror do nazismo e se tornou um dos livros mais importantes da história, porque deu voz e rosto para uma vítima do holocausto. Uma coisa é afirmar que seis milhões de judeus foram mortos em campos de concentração. Outra completamente diferente é mostrar essa adolescente, cheia de esperanças no futuro, ser morta de forma tão covarde e desumana como foi.

Não se sabe exatamente o que aconteceu, mas a família Frank acabou sendo descoberta pelos nazistas. Historiadores dizem que muito provavelmente eles foram denunciados aos nazistas por alguém que sabia de tudo - onde eles se escondiam. Um empregado? Um amigo da família? Quem foi o traidor? Não há como dizer. Porém é fato que os Frank foram descobertos, presos e enviados para um campo de concentração. Anne Frank foi enviada para o complexo da morte de Bergen-Belsen, Alemanha.

É muito complicado saber com exatidão como ela morreu. Até a data de sua morte é incerta, mas presume-se que ela morreu doente (e não executada na câmara de gás) em fevereiro ou março de 1945. Uma dupla tragédia já que a guerra não iria durar muito mais do que isso. Em poucos meses os aliados iriam destruir a máquina de guerra do III Reich e os nazistas iriam se render incondicionalmente. Se tivesse sobrevivido por mais algum tempo naquele inferno, Anne Frank, a menina cheia de sonhos, teria ficado viva. Ela foi transferida de campo em campo durante um certo tempo, trabalhando como mão de obra escrava, até ficar doente com sarna.

Já em Bergen-Belsen contraiu tifo e essa doença foi fatal. Muitos sobreviventes dizem ter encontrado Anne nos campos de concentração. Uma amiga disse que ela estava pálida, tremendo e com fome. Outros que ela sofreu muito em seu isolamento nas celas, chorando muito. A uma conhecida disse que seus pais estavam mortos e que não queria mais viver. De uma forma ou outra ela não resistiu e morreu. Seu pai achou o diário no chão do esconderijo da família e resolveu publicá-lo, até como uma homenagem à curta vida da filha. Tornado best-seller "O Diário de Anne Frank" é leitura obrigatória para quem deseja entender a tragédia humana que se abateu sobre o mundo durante o horror nazista.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

D. Pedro II

D. Pedro II
Nossa história não foi feita apenas de homens execráveis e inescrupulosos, muito pelo contrário. Também tivemos bons homens em momentos chaves. Um deles foi o segundo e último imperador do Brasil, Dom Pedro II. Ao contrário de seu pai que muitas vezes podia ser temperamental e rude, Pedro II era um homem elegante, educado, muito solícito e ponderado. Ele herdou todas essas características de temperamento de sua mãe, a bondosa Imperatriz Leopoldina. Ao longo de todo o seu duradouro reinado D. Pedro II jamais se envolveu em algum escândalo envolvendo corrupção ou desvio de dinheiro público. O Imperador era muito respeitado por sua honestidade e bom caráter.

Isso ficou bem claro quando foi proclamada a República. Geralmente em outros países os monarcas eram depostos com extrema violência e até assassinato. Nenhum republicano brasileiro da época levantou a hipótese de sequer tocar no Imperador e sua família, como tristemente aconteceu com o último Czar da Rússia. Ao invés disso ele foi convidado a ir para o exílio na França, mas tudo feito com o devido respeito a ele e seus familiares. A filha de D. Pedro II, Princesa Isabel, aboliu a escravidão sob sua bênção. Aliás verdade seja dita, a Princesa deveria ser a verdadeira madrinha dos movimentos negros no Brasil, pois lhes deu a liberdade há tanto desejada. Ao invés disso resolveram dar tal prestigio a Zumbi, que tinha escravos negros em seu quilombo. E isso tudo só pelo fato dele ser negro, mas enfim.

D. Pedro II também foi um exemplo de bom governante. Durante o II Reinado ele exercia um poder denominado pela constituição de Poder Moderador. Ele estava acima dos demais poderes (judiciário, executivo e legislativo), sempre permanecendo numa distância prudente de todos eles, só intervindo em situações excepcionais, quando era realmente necessária sua presença. Respeitava todas as posições políticas e sociais, ouvindo liberais, conservadores e reformistas com a mesma paciência e atenção. Um homem polido, diplomata e muito íntegro.

D. Pedro II também se notabilizou por ser um amante das artes e da ciência. Sempre procurava se inteirar das novas descobertas cientificas e não raro procurava dar apoio a cientistas inteligentes, geniais, mas pobres demais para colocar em prática suas ideias. Foi com sua intervenção direta que a máquina fotográfica chegou ao Brasil. Ele era um amante das ciências naturais e amava a natureza. Tinha um grande carinho e amor pelo Brasil e no final da vida não lamentou a perda de seu poder, mas sim o fato de não poder passar seus últimos dias em seu país querido. Não resta dúvidas que o maior legado de D. Pedro II foi sua bondade. Ele foi um homem bom.

Pablo Aluísio.

A Independência do Brasil

Em 7 de setembro de 1822, D. Pedro I deu o famoso grito de independência do Brasil, "Independência ou Morte!". E de lá para cá tivemos uma longa história, de muitos altos e baixos. Hoje o Brasil passa por um momento importante, de luz na podridão da escuridão da corrupção que vem assolando nossa nação há tempos. É um momento muito peculiar. Obviamente que sempre existiu corrupção e roubo no Brasil, principalmente de sua classe política. Porém o povo não tinha realmente noção do tamanho da roubalheira. É de fato uma coisa impressionante. O bom de tudo isso é que do choque está nascendo uma nova mentalidade em nosso povo. Não mais acreditar em partidos de esquerda imundos, que apenas usaram de uma velha ideologia para literalmente roubar os cofres públicos da nação.

No fundo tudo se resume em mudar a própria mentalidade. O patriotismo, que sempre foi muito valorizado em outras nações, deve ser resgatado em nosso país. Não o usando de uma maneira boba e ufanista, mas sim como amor à terra onde nascemos. O Brasil deve ser valorizado pelo seu povo, para superar esse complexo de inferioridade que atinge grande parte da população. Claro que diante de tantas decepções com a classe política, dentro de uma democracia que até agora gerou muitos frutos podres, a sensação geral que se abate é de desânimo. Mas isso não deve ser encarado dessa maneira. Pelo contrário. Devemos aprender com os erros do passado para erguer a cabeça, valorizar e pensar melhor naqueles que iremos dar nossos votos nas próximas eleições e partir para um futuro melhor.

E assim voltamos a 1822. D. Pedro I não era um exemplo de herói virtuoso. Pelo contrário, ele tinha inúmeros defeitos. Falhou muitas vezes como pai, como marido e como político. Porém a importância de seu ato, de libertar o Brasil dos desmandos das cortes portuguesas, tem uma importância histórica inegável. Graças a D. Pedro I o Brasil não apenas alcançou sua independência, como também manteve-se unido, em um grande território unificado, com a mesma língua e as mesmas raízes culturais. A definição de nação é justamente essa. Dessa forma é fato histórico que D. Pedro I foi de fato o fundador da nação brasileira tal como a conhecemos.

Basta olharmos para nossas nação vizinhas - do antigo domínio espanhol - para entendermos bem isso. São vários países diferentes, não unificados, dispersos no mapa. Obviamente que hoje no Brasil temos inúmeras correntes políticas de pensamentos diferentes. Há os que pedem intervenção militar, os que querem a volta da monarquia, os republicanos arrependidos. Não quero criticar nenhuma forma de pensamento. Afinal vivemos numa democracia. Uma democracia machucada, explorada, expropriada. Porém como afirmou Churchill não existe opção melhor, mesmo que imperfeita. O momento assim é de reavaliação de nosso país. Que os corruptos paguem por seus crimes, que sejam presos, sem ares de seitas malucas (como acontece no caso do petismo). Olhar para a frente e partir para um futuro melhor. Afinal ser brasileiro é algo único. Não é fácil, mas a força do povo voltará a salvar nosso querido país.

Pablo Aluísio.