James DeanNa foto James Dean banca o cowboy no deserto do Texas durante as filmagens de "Assim Caminha a Humanidade". Na verdade o eterno rebelde de Hollywood carregava diversos traumas de infância que o fazia se esconder embaixo de uma personalidade complicada de se relacionar. A mãe de Dean faleceu quando ele era ainda muito jovem, apenas uma criança. Depois seu pai o enviou para ser criado pelos tios em Indiana. O velho estava casando novamente com outra mulher e Dean não fazia mais parte dessa sua nova vida. Assim o ator acabou criando uma sensação de rejeição e problemas familiares que o seguiria pelo resto de sua curta vida. Depois de sua morte alguns textos escritos pelo próprio Dean foram encontrados. Em um deles o ator desabafava sobre a morte precoce de sua mãe ao dizer: "O que ela esperava que eu fizesse? Salvar o mundo inteiro sozinho?".
James Dean - O Rebelde Sem Causa
James Dean posa para uma foto do filme "Juventude Transviada" que no original se chamava "Rebel Without Cause". O roteiro explorava a geração jovem da década de 1950. Na época a expressão Rebelde Sem Causa se disseminou nos meios acadêmicos pois para os especialistas os jovens daquela época não tinha contra o que se rebelar. Os Estados Unidos passavam por um período muito próspero, com grande desenvolvimento econômico. E pela primeira vez na história os mais jovens não eram mais pressionados para largar os estudos para trabalhar no campo. Com tantos pontos positivos os psicólogos simplesmente não conseguiam entender porque tantos jovens se tornavam delinquentes juvenis, rompendo com o American Way of Life de forma tão contundente. A única coisa que ignoraram foi o extremo vazio existencial que atingia muitos adolescentes da época. Isso não poderia ser curado tão facilmente como muitos faziam crer.
Marlon Brando - Espíritos Indômitos O primeiro filme da carreira de Marlon Brando foi Espíritos Indômitos (The Men, EUA, 1950), dirigido por Fred Zinnemann. Existem filmes que são verdadeiras experiências de vida para os atores. Foi isso que aconteceu com Brando no set de filmagens de sua primeira produção. O roteiro mostrava as dificuldades de um jovem soldado que voltava da guerra paralítico. Após ser atingido no campo de batalha ele perdia a capacidade de andar. Esse é um lado da guerra que geralmente era jogado para debaixo do tapete em filmes de guerra. Os soldados eram mostrados como homens bravos, quase super-heróis. Em seu primeiro filme Brando teve a oportunidade de mostrar o lado mais humano dessas pessoas.
O drama de se tornar deficiente ainda tão jovem, com um longo futuro pela frente. Em sua autobiografia Marlon Brando recordou que teve que conviver com veteranos reais, que ficaram aleijados por ferimentos nos campos violentos da Guerra da Coreia e da Segunda Guerra Mundial. Brando contou que aqueles homens não queriam a pena das pessoas e nem tampouco que fossem lamentados. Eles na verdade ansiavam por um tratamento igualitário, queriam ser vistos como pessoas normais e não como verdadeiros coitadinhos. Muitos deles eram jovens que tinham perdido não apenas a capacidade de andar, mas também de fazer sexo. Imagine isso na cabeça de um homem de 20, 21 anos de idade? Algo realmente terrível. A convivência com aqueles homens mudou a visão de Brando sobre o militarismo para sempre. Ele que havia estudado numa escola militar se sentia arrasado sempre que ouvia alguma história triste contado por aqueles sujeitos. A guerra não é um lugar bonito para se estar. E o lar muitas vezes também pode se tornar um verdadeiro inferno quando você volta do combate incapacitado de alguma forma. A lição de vida fica assim para todos.
Marlon Brando - The MenBrando estuda o script de "Espíritos Indômitos" ainda na cadeira de rodas de seu personagem. Durante muito tempo Brando afirmara que não faria cinema. Ele era um ator respeitado e conceituado em Nova Iorque com suas peças teatrais e ir para Los Angeles filmar todos aqueles filmes sem muito conteúdo não o animava. Era uma forma de arte menor, não à altura de seu talento. Em sua autobiografia o ator confessa que via os atores de Hollywood como verdadeiras prostituas da arte de atuar, mas que ele não tinha forças suficientes para recusar os altos cachês que a indústria cinematográfica lhe oferecia. De forma irônica Brando escreveu: "Pois é, eu também era uma prostituta, fazer o quê?". Coisas de Brando.
Marlon Brando e o PaiNa foto Marlon Brando e seu pai surgem sorridentes em um momento bem divertido. Na realidade esse foi um raro momento de descontração. Brando e seu pai tinham um relacionamento tumultuado, agravado pelo alcoolismo de sua mãe (que ele atribuía como culpa do comportamento nada fiel e muito cruel do seu velho) e por uma frieza que deixava Brando muito desconcertado. Na juventude Brando até tentou ser um bom aluno, indo para uma escola militar que também havia sido frequentada pelo pai, mas tudo ruiu quando ele foi expulso por mau comportamento. Isso deixou tudo ainda mais tenso entre ambos. Nem quando Brando se tornou famoso as coisas serenaram. Viviam brigando e jogando coisas horríveis um na cara do outro. No final da vida o velho se tornou ainda mais frio e distante com o filho o que fez Brando confessar em sua autobiografia: "Queria que ele tivesse vivido mais, pois queria dar um soco em sua cara que quebrasse todo os seus dentes" - uau, nem Johnny o motoqueiro de "O Selvagem" teria tanto ódio no coração assim!
Brando na BroadwayFoto clássica de Marlon Brando nos bastidores da Broadway onde trabalhava na famosa peça "Um Bonde Chamado Desejo". Para Brando era essencialmente a consagração de sua carreira de ator teatral, algo que ele almejava conquistar desde quando chegara a Nova Iorque, ainda na década de 1940. Inicialmente Brando não tinha intenção de fazer cinema porém a equação menos trabalho e mais dinheiro falou mais alto. Em Hollywood Brando logo descobriria que a arte não estava em primeiro lugar como nos teatros da grande maçã. O importante era lucrar e fazer sucesso e isso significava muitas vezes mudar os textos originais que eram adaptados para o cinema, algo que geralmente enfurecia o ator.
Pablo Aluísio.