quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Paul Newman e Joanne Woodward

Paul Newman e Joanne Woodward
Eles se conheceram em 1953, e após trabalharem juntos em "The Long Hot Summer" de 1957 decidiram que não poderiam viver um sem o outro. Um ano depois resolveram se casar. Ao contrário de muitos em Hollywood, que se casavam várias vezes ao longo da vida, eles ficaram juntos por muitas décadas, até o fim da vida. Poucos meses antes da morte de Paul Newman celebraram juntos bodas de ouro em 2008, comemorando 50 anos de um casamento feliz e duradouro. Quem disse que em Hollywood não existem finais felizes para o casamento dos grandes astros e estrelas?

Para o ator esse casamento foi fruto de muita dedicação e paciência. Em uma época em que os astros de Hollywood casavam e se separavam na mesma rapidez, eles foram um casal diferente. Recentemente uma biografia do ator foi lançada jogando um pouco de terra em cima dessa imagem de casamento ideal. Segundo o autor dessa biografia Paul Newman também pulou a cerca durante seu casamento, mantendo uma amante por longos anos. Só que isso não foi o suficiente para destruir seu casamento oficial e eles ficaram juntos até o fim, apesar dos pesares.

Pablo Aluísio.

Cinema Clássico - Rita Hayworth, Glenn Ford, Ava Gardner

 

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Paul Newman - The United States Steel Hour

Depois do sucesso de "Marcado pela Sarjeta" o ator Paul Newman voltou para a TV. Ele foi convidado para participar de "The United States Steel Hour", uma série semanal que trazia para os telespectadores adaptações de peças teatrais que eram apresentadas ao vivo.

O formato era muito interessante para Newman pois o deixava afiado, atuando em peças que eram levadas para um enorme público. Além de ser culturalmente relevante ainda o tornava cada vez mais popular. Newman acabou participando de três adaptações: "Bang the Drum Slowly", "The Five Fathers of Pepi" e "The Rise and Fall of Silas Lapham", todos com ótimos resultados de audiência. Abaixo uma pequena sinopse sobre cada participação de Paul Newman.

Bang the Drum Slowly
Direção: Daniel Petrie / Roteiro: Mark Harris, Arnold Schulman / Elenco: Barbara Babcock, Rudy Bond, Paul Newman / Clu Gulager / Sinopse: Um técnico de um time de beisebol da liga principal do esporte, descobre que seu apanhador está desesperadamente tentando esconder alguma coisa e depois descobre que ele está morrendo de uma doença terminal e não quer que o proprietário descubra pois tem receios de ser demitido.  

The Five Fathers of Pepi
Direção: Daniel Petrie / Roteiro: Arnold Schulman / Elenco: Ben Astar, Phyllis Hill, Paul Newman / Sinopse: Paul Newman interpreta Giorgio, o filho mais jovem de uma família de imigrantes italianos em Nova Iorque. A vida, ele logo descobrirá, não será nada fácil para uma pessoa de sua origem.

The Rise and Fall of Silas Lapham
Direção: Daniel Petrie / Roteiro: William Dean Howells, Robert Wallstens / Elenco: Dorothy Gish, Colin Keith-Johnston, Paul Newman, Thomas Mitchell / Sinopse: Drama sobre a queda de um homem ambicioso. Adaptação da peça teatral escrita por William Dean Howells (1837 - 1920).

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Almas em Chamas

Oficial General linha dura (Gregory Peck) é designado para comandar uma esquadrilha de bombardeiros da força aérea americana durante a II Guerra Mundial. Sua missão é realizar várias excursões sobre as instalações industriais do Terceiro Reich visando destruí-las, quebrando assim o eixo econômico do inimigo. Para isso deveriam realizar operações diurnas que eram extremamente perigosas para os pilotos que participavam dessas incursões ao território inimigo. "Almas em Chamas" é um excelente filme de guerra que foi realizado apenas quatro anos depois do fim do maior conflito armado da história da humanidade. Essa proximidade temporal permitiu aos realizadores do filme se utilizarem dos mesmos aviões reais que participarem dessas missões. Além disso a maioria dos figurantes eram aviadores da USAF que inclusive estiveram lá no front, no campo de batalha, a começar pelo próprio Peck que foi educado em colégio militar e se alistou durante a Guerra indo para a Europa enfrentar as forças nazistas. Com tanto grau de veracidade o resultado não poderia ser melhor. As cenas de batalha que surgem no filme com a guerra nos ares entre os pesadões bombardeiros americanos e os caças alemães são todas verídicas, reais, como é informado ao espectador logo no começo do filme.

"Almas em Chamas" tem além das excelentes cenas de guerra um bônus a mais. Seu roteiro é extremamente bem escrito com muito cuidado no desenvolvimento dos personagens em terra. Cada membro da equipe é cuidadosamente construído. O General Frank Savage, personagem de Peck, por exemplo, é mostrado como um militar que sabe que tem que cumprir uma perigosa missão e vai fazer de tudo para cumpri-la da melhor forma possível. Ao contrário do comandante anterior ele não tinha a menor intenção de ser popular entre seus pilotos, pelo contrário, logo impõe respeito e ordem à esquadrilha. Em outras palavras é um sujeito realmente "Caxias" que não se importa de ser assim, pelo contrário, faz questão de ser. "Almas em Chamas" foi dirigido pelo ótimo Henry King de tantas aventuras medievais. Apesar de veterano nas telas esse foi apenas seu segundo filme de guerra (curiosamente o anterior, "Um Americano na Aviação", também focava em membros da força aérea). Seu grande mérito aqui realmente foi não cair na armadilha de fazer um filme vazio de ação e nada mais. Seu cuidado com os personagens em cena fez toda a diferença. Em suma "Almas em Chamas" é quase um documentário dessas missões de destruição do parque industrial alemão. Se você gosta de história militar o filme é obrigatório. Não perca!

Almas em Chamas (Twelve O'Clock High, Estados Unidos, 1949) Direção de Henry King / Roteiro: Sy Bartlett, Beirne Lay Jr./ Elenco: Gregory Peck, Hugh Marlowe, Gary Merrill, Dean Jagger / Sinopse: Oficial General linda dura (Gregory Peck) é designado para comandar uma esquadrilha de bombardeios da força aérea americana durante a II Guerra Mundial. Sua missão é realizar várias excursões de bombardeios sobre as instalações industriais do Terceiro Reich.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Marilyn Monroe e Joyce

Todos os anos em 16 de junho, os fãs de James Joyce em todo o mundo pegam cópias de sua obra-prima, Ulysses, vestem o seu melhor traje e se reúnem para celebrar a vida do escritor irlandês aclamado. Por quê? É a data em que Leopold Bloom, o protagonista de Joyce, fez sua famosa viagem no livro. 

Um dos maiores romances do século 20, Ulysses é conhecido por sua revolucionária narrativa de fluxo de consciência; inúmeros leitores e críticos têm elogiado como uma obra de gênio, enquanto outros o entendem como uma obra impenetrável, embora ambiciosa, modernista.

Mas aqui está algo que você pode não saber: Marilyn Monroe era uma grande fã de Joyce. E o fotógrafo Eve Arnold, uma vez a fotografou fazendo sua leitura de Ulysses. Em um maiô. Em Long Island. A sessão de 1955 foi supostamente feita por acaso: Os dois tinham viajado para a área porque Monroe estava visitando o poeta Norman Rosten, e ela havia trazido uma cópia do livro.

Quando pararam em uma praia, Monroe sacou o romance de sua bolsa para colocar a leitura em dia. Arnold então começou a tirar fotos. Durante as fotos, Monroe disse que gostava de ler o livro em voz alta e revelou que gostava de mergulhar nele, em vez de lê-lo capítulo por capítulo. (O mesmo método de leitura, aliás, favorecido por muitos estudiosos de Joyce e apaixonados "amadores" os fãs de literatura). Marilyn no fundo foi um exemplo de que todos podem buscar por cultura e saber, basta realmente querer isso.

Pablo Aluísio. 

Rebelião na Índia

Em essência o filme é uma aventura romântica de colonizadores ingleses na Índia. Até ai tudo bem, afinal não foi o primeiro e nem o último a mostrar essa história. O que diferenciou aqui na minha opinião foi uma visão bem corajosa do roteiro de tocar, em plenos anos 50, na questão do racismo. O personagem interpretado por Tyrone Power é mestiço, filho de pai inglês com mãe muçulmana. Isso basta para ser olhado de lado pelos vitorianos oficiais da rainha em sua própria tropa. Como se não bastasse ele ainda se apaixona pela filha do comandante que obviamente fica bem insatisfeito com toda a situação.

Claro que por ser um filme da década de 50 nada é demasiadamente aprofundado. O roteiro é simples, o enredo é eficaz e rápido (o filme tem noventa minutos apenas) mas de qualquer forma só o simples fato de tocar no assunto já desperta o interesse do espectador. Em cena nenhum grande ator. O elenco é liderado pelo galã Tyrone Power (um dos primeiros Zorros do cinema). Ele não era um grande ator (nenhum galã para falar a verdade era) mas não compromete em momento algum. A atriz Terry Moore era bonitinha mas convenhamos bem ordinária no quesito interpretação. Por fim o grande destaque do filme fica mais uma vez pela direção segura de Henry King (que logo após realizaria o clássico "As Neves do Kilimanjaro"). Há uma sequência inicial no filme, em que rebeldes atacam as tropas ingleses em uma montanha, que mostra bem o talento desse grande diretor. Então fica a dica, se você encontrar esse filme um dia para assistir, não deixe de conferir, vale a pena.

Rebelião na Índia ("King of the Khyber Rifles, Estados Unidos, 1953) Diretor: Henry King / Elenco: Tyrone Power, Terry Moore, Michael Rennie, John Justin, / Sinopse: Baseado no romance de Talbot Mundy, trata-se da história passada no século 19, na Índia, sobre o capitão Alan King, oficial britânico de origem hindu que luta contra o preconceito no exército. Mas quando a filha de um general é salva por King numa tentativa de sequestro, ele gradualmente vai ganhando confiança. Principalmente quando ele é o único que domina a língua Pashtun e se coloca à disposição de seus superiores para negociar com um perigoso rebelde e assim conquistar a paz entre as tribos locais.

Pablo Aluísio.

domingo, 30 de setembro de 2007

Marilyn Monroe

 

Marilyn Monroe
Essa foto é simplesmente maravilhosa, captando toda a essência da eterna estrela de Hollywood. A jovem que havia criada em diversos lares por causa da internação de sua mãe em uma instituição psiquiátrica. Ela deu a volta por cima e se tornou uma verdadeira deusa da sétima arte em sua era de ouro.

Marilyn Monroe


Marilyn Monroe NYC
Famosa foto de Marilyn olhando para a imensidão de Nova Iorque lá embaixo. A atriz tinha um sentimento de amor e ódio com a grande maçã. Ora dizia amá-la, por causa da chance de estudar no Actor´s Studio, onde pretendia se tornar uma grande atriz dramática, ora dizia que o mar de cimento e prédios a sufocava. Como boa californiana, Marilyn nunca se adaptou direito em NYC. Embora tenha morado por uns tempos na cidade, em seu famoso apartamento branco (onde todos os móveis, cortinas e equipamentos eram brancos), assim que pôde Marilyn foi embora para Los Angeles, a cidade que realmente amava. Marilyn dizia sentir saudades das palmeiras, dos campos abertos e do cheiro do oceano. Nova Iorque poderia ser muito bom para visitar ou estudar, mas o coração da deusa loira pertencia mesmo à ensolarada California.


Marilyn Monroe
Essa foi uma das fotos mais populares e conhecidas de Marilyn Monroe. Quando a tirou ela já era um dos maiores símbolos sexuais do planeta. Ela estava no pique da glória - aproveitando todos os louros de sua carreira vitoriosa. Seus filmes rendiam excelentes bilheterias e ela começava a ser notada pela crítica - e não vista apenas como uma mulher bonita e sensual que só sabia interpretar loiras burras nas telas. Isso é curioso porque Marilyn passaria praticamente toda a sua vida tentando ser levada à sério como atriz dramática. Além disso foi uma das profissionais mais corajosas da época ao brigar abertamente com os estúdios por melhores papéis, que não ficassem apenas explorando a sua sensualidade à flor da pele para atrair público. Nesse aspecto Marilyn conseguiu se impor, ganhando respeito e dignidade profissional. Pena que o mesmo controle que teve para sua carreira não foi repetida na vida pessoal. Marilyn teve realmente uma vida pessoal conturbada - algo que iremos aos poucos tratar aqui em nosso blog. De qualquer maneira uma coisa é certa: ela entrou para a história da sétima arte como poucas atrizes. Sob esse ponto de vista ela sempre será eterna.


Marilyn Monroe, a modelo
Ótimo GIF animado com a eterna estrela Marilyn Monroe. Aqui uma sucessão de fotos de Marilyn tiradas durante uma sessão fotográfica realizada em Los Angeles no ano de 1962. Como se pode perceber Marilyn jamais esqueceu seus dias de modelo.

Marilyn Monroe e Frank Sinatra
Segundo um recente livro publicado nos Estados Unidos chamado "The Chairman" (escrito por James Kaplan), o cantor Frank Sinatra teria pedido Marilyn Monroe em casamento em 1962, no mesmo ano da morte da atriz. É sabido que Marilyn e Frank tiveram um relacionamento conturbado, com muitos excessos de ambos os lados. O envolvimento da atriz com os irmãos Kennedy porém teria jogado um balde de água fria nesse breve romance. Depois disso Marilyn teria guardado muita mágoa em relação a Frank, que teria abusado de sua confiança.

A informação me deixou um pouco surpreso por vários motivos, entre eles o fato de que em todas as biografias anteriores - que foram escritas embasadas em farto material de pesquisa - Frank nunca surge levando Marilyn muito à sério. Na verdade ele via ela quase como um affair passageiro, algo para não se dar importância. Fora isso existe aquela velha lenda muito difundida de que Sinatra teria abusado sexualmente de Monroe em uma noite quando ela estava embriagada e desnorteada por bebidas e pílulas. Segundo os relatos mais escabrosos dessa história um Sinatra fora de controle teria feito até mesmo uma orgia com a atriz que semi inconsciente não teria como se defender da situação. Vários homens teriam estuprado Marilyn em um triste momento de exploração sexual por parte do famigerado Frank Sinatra.

Ora, se algo assim tem algum fundo de verdade como Sinatra poderia pedir Marilyn em casamento depois de tudo o que aconteceu? A verdade obviamente foi para o túmulo com Marilyn e Sinatra, porém essa nova revelação me soa um pouco forçada, até sensacionalista. O caso entre Sinatra e Marilyn sempre pareceu ser uma aventura fugaz, sem qualquer tipo de profundidade. Em certos aspectos Marilyn via Sinatra como um colega de farras e vice versa e não como alguém que ela quisesse subir ao altar em algum momento de sua vida.

Marilyn Monroe e Billy Wilder
Marilyn nos estúdios da Fox é clicada e surpresa não consegue sequer fazer uma pose - mesmo assim se mostra linda para a lente da máquina. O diretor Billy Wilder dizia que Marilyn Monroe tinha um caso de amor com a câmera e sempre se surpreendia quando assistia suas cenas na tela. Wilder dizia que acompanhar Marilyn atuando - ou tentando atuar bem - no set de filmagens não era algo impressionante de se ver. Porém quando o filme era revelado a mágica acontecia, Marilyn ficava completamente deslumbrante no cinema.

Billy Wilder aliás foi um dos diretores que melhor entendeu o estilo de trabalhar de Marilyn. Para Wilder a atriz não deveria fazer todas aquelas sessões de psicanálise que ela era submetida. Para Wilder o grande segredo da musa eram "os seus dois pés esquerdos", ou seja, um jeito meio estabanado de ser, confuso, caótico, fora de sincronia. Para Wilder Marilyn tinha um grande talento para comédias em geral e a psicanálise que tentava "endireitar" sua personalidade só iria mesmo atrapalhar sua carreira no cinema.

"Veja, essas pessoas que fazem análise saem dos consultórios como pessoas duras, enquadradas, certinhas demais" - observava Wilder. "O grande diferencial de Marilyn são seus dois pés esquerdos. Marilyn não deve ser modificada, consertada! Ela é Marilyn por ser quem é - não tentem mudar essa realidade". Muitos autores parecem concordar com a visão de Wilder, sob um outro ângulo. Para eles as inúmeras sessões de psicanálise apenas serviam para confundir ainda mais sua cabeça. Marilyn passou a se absorver sobre si mesmo, numa viagem autodestrutiva com muitas pílulas, insegurança e ataques de auto piedade. Ela procurava pela felicidade com esses médicos, mas no final não encontrou paz e nem conseguiu ser feliz.

Pablo Aluísio. 

Greta Garbo

Greta Garbo
Greta Garbo foi uma das maiores estrelas da história de Hollywood. Depois de uma sucessão de grandes sucessos de bilheteria, ela decidiu, ainda no auge de sua carreira, abandonar tudo e se refugiar em uma vida reclusa e isolada, bem longe da imprensa. Na época sua decisão causou perplexidade. Ninguém entendeu nada. Enquanto os estúdios ofereciam fortunas por seu trabalho, ela simplesmente decidiu que iria deixar tudo para trás. Nunca mais deixou se fotografar e procurou manter uma vida das mais discretas. No fundo ela queria que a imprensa, principalmente os jornais da época, a deixassem em paz.

Isso só aumentou ainda mais seu mito, pois os mistérios que rondavam sua vida pessoal despertavam a curiosidade e a imaginação de todos os seus admiradores. Espirituosa explicou suas escolhas ao dizer: "Eu nunca disse 'Quero ficar sozinha'. Eu disse 'Quero que me deixem sozinha'. Aí está toda a diferença. Há muitas coisas em seu coração que você nunca deve contar a ninguém. Seria baratear o seu íntimo sair espalhando-as por aí."

Anos apos sua morte algumas biografias levantaram a tese de que Greta Garbo era na verdade homossexual. Ela teria amado uma jovem que conheceu nos estúdios de cinema. Em uma época em que o preconceito era muito forte e sem barreiras legais, ela teria sido destruída publicamente por jornais sensacionalistas, caso fosse descoberto que ela seria lésbica. Assim ela na realidade se viu em um dilema. Acabou optando por viver esse "amor proibido" em sua vida pessoal. A escolha de deixar Hollywood ainda no auge da popularidade parece confirmar que ela optou por ter uma vida pessoal longe da atenção do público, o que foi uma decisão sábia. Afinal ela queria acima de tudo ser apenas uma pessoa feliz.

Pablo Aluísio.

A Morte de Peter O'Toole

Disponibilizo a seguir texto que escrevi na ocasião da morte do ator Peter O'Toole em 14 de dezembro de 2013. O astro da antiga Hollywood tinha 81 anos ao falecer. Eis o texto original: Foi com grande pesar que recebi a notícia da morte do mito Peter O'Toole, até hoje considerado um dos grandes atores da história do cinema. Ator teatral se rendeu à TV ainda na década de 50 onde participou de três telefilmes que hoje em dia são considerados verdadeiras raridades. Só em 1960 estreou no mundo do cinema. Aos 28 anos surgiu como Robin MacGregor em "A Espada de um Bravo" uma aventura capa e espada muito colorida da Disney. Embora não tenha sido uma grande participação em um filme menor o estilo pareceu combinar muito bem com o jeito elegante de Peter O'Toole. Em "Sangue Sobre a Neve" (que já comentamos aqui em nosso blog) o ator novamente chamaria a atenção embora seu personagem fosse um mero coadjuvante para o esquimó interpretado por Anthony Quinn. Nos dois anos seguintes a carreira passou por um impasse. Embora reconhecido como um bom ator as coisas pareciam meio paradas para ele, tanto que retornou para a TV onde apareceu na série "Rendezvous".

A sorte só mudaria definitivamente quando o diretor David Lean o escolheu para ser T.E. Lawrence no grande clássico "Lawrence da Arábia". O papel seria de Marlon Brando mas ele desistiu ao descobrir que as filmagens no deserto seriam longas e exaustivas. Peter O'Toole até aquele momento não era um astro mas o diretor Lean confiou que ele faria um grande trabalho. Acertou em cheio. Essa foi a interpretação da vida do ator que, com o sucesso espetacular do filme, virou um astro de primeira grandeza praticamente da noite para o dia. Sua formação de ator clássico caiu como uma luva para seu personagem nesse que foi um dos mais marcantes épicos da história de Hollywood.

Após "Lawrence da Arábia" as portas do cinema americano e mundial se abriram para Peter O'Toole e ele acertou novamente no filme seguinte ao atuar de forma majestosa em "Becket, O Favorito do Rei". No lançamento do filme explicou que estava se sentindo um pouco pressionado pois depois do grande sucesso do épico de David Lean todos estavam ansiosos pela sua próxima atuação. Assim Peter decidiu ficar por longos dois anos fora das telas. O sucesso de crítica de "Becket" acalmou seus ânimos mas não sua vida privada. O ator tinha um sério problema com a bebida. Não raro passava semanas completamente embriagado. Isso, como ele próprio admitiu em sua autobiografia mais tarde, o prejudicaria muito em sua carreira.

Em 1965 voltaria a brilhar numa boa adaptação para o cinema de uma novela de Joseph Conrad chamada "Lord Jim". O roteiro explorava mais um roteiro histórico onde Peter O'Toole interpretava um nobre inglês na marinha britânica no começo do século XX. A boa fase seguiria pelos anos 60 adentro com mais pelo menos dois ótimos filmes, "A Noite dos Generais" (onde interpretava um oficial nazista psicopata) e "O Leão no Inverno" (onde teve a oportunidade de contracenar com outro grande mito da história do cinema, Katharine Hepburn). Sua interpretação do rei Henrique II nesse último filme é até hoje considerada uma das melhores encarnações do famoso monarca no cinema.

Nos anos 70 como ele próprio admitiu seus problemas etílicos lhe prejudicaram. As bebedeiras sem fim afastaram os grandes estúdios que tinham receios de o escalar para grandes e milionárias produções. Peter O'Toole começou a sentir que estava sendo deixado de lado. Mesmo assim ainda realizou bons filmes e alguns até marcantes. "O Homem de la Mancha", "Setembro Negro" e o polêmico "Calígula" onde interpretava o pedófilo imperador Tiberius marcaram época. Na década de 80 tentou enveredar por outros estilos como na comédia "Um Cara Muito Baratinado" ou na fracassada ficção "Supergirl". Nada que abalasse seu prestígio porém era fato que sua estrela começava a se apagar lentamente. Embora respeitado como um dos grandes atores do cinema ele sentia dificuldades em encontrar bons personagens em filmes relevantes. Apesar disso nunca ficou realmente preso ao ostracismo, procurando sempre trabalhar, mesmo em filmes muito abaixo de sua dignidade.

Seu último grande filme foi "O Último Imperador", o grande vencedor do Oscar em seu ano de lançamento. Seu papel de Sir Reginald 'R. J.' Johnston demonstrava que apesar de todos os grandes problemas enfrentados ao longo da vida seu talento ainda continuava lá, intacto. Depois de oito indicações ao Oscar, sem ganhar nenhum, a Academia resolveu lhe homenagear lhe dando um Oscar pelo conjunto da obra. Um reconhecimento tardio mais do que merecido. No total foram 94 películas, sendo a última, "Katherine of Alexandria", ainda inédita nos cinemas. Só nos resta em última homenagem conferir sua última atuação. Que o grande ator agora finalmente descanse em paz!

Pablo Aluísio.