segunda-feira, 10 de abril de 2006
Terra Bruta
Algumas curiosidades sobre o filme:
a) Este foi um dos últimos filmes em que James Stewart usou seu velho chapéu de cowboy. Até este ponto, ele o tinha usado em todos os seus westerns desde "Winchester '73" (1950), com exceção de "Flechas de Fogo" (1950). Este foi o primeiro filme de Stewart com John Ford e o diretor considerava aquele "o pior chapéu de cowboy que já tinha visto na vida!" Stewart porém adorava aquele velho chapéu surrado e voltou a usá-lo mais uma vez em "O Homem Que Matou o Facínora" (1962).
b) Richard Widmark ficou relutante em fazer o filme, já que ele sentiu que tinha quinze anos a mais do que o personagem do jovem tenente do roteiro original.
c) Este filme marcou a última participação do ator cômico Edward Brophy no cinema. Ele morreria em 27 de maio de 1960, pouco tempo depois do final das filmagens.
d) James Stewart admitiu mais tarde que estava desapontado porque o lado escuro de seu personagem não foi explorado adequadamente no filme.
e) John Ford admitiu mais tarde que ele só tinha feito o filme por dinheiro, e sentiu que estava ficando "uma porcaria". Sua opinião não mudou mesmo depois que ele trouxe seu roteirista favorito, Frank Nugent, para reescrever todo o texto.
f) Fracasso comercial e de crítica, o resultado ruim do filme foi em grande parte atribuído à idade mais avançada dos atores, uma vez que James Stewart, aos 52 anos, e Richard Widmark, aos 45 anos, estavam ambos muito mais velhos do que seus personagens.
g) Filmado em 1960, não foi lançado até 1961.
h) O filme foi amplamente considerado como uma variação pouco inspirada do anterior de John Ford, "Rastros de Ódio" (1956).
i) Richard Widmark e James Stewart ambos usaram perucas, e ambos tinham problemas de audição . Em um ponto durante as filmagens John Ford gritou: "Ótimo, então é isso a que minha carreira chegou - dirigir dois apliques surdos!" .
j) De acordo com Peter Bogdanovich em "Pieces of Time" Widmark afirmou que ele tinha se divertido mais neste filme do que em qualquer outro de sua carreira. O ator contou uma piada sobre as filmagens: "Eu sou um pouco surdo desse ouvido... e Ford era um pouco surdo no outro! Já Jimmy tinha dificuldade de audição em ambos! ... Então, tudo se resumia a três caras nas filmagens falando uns para os outros: "O quê? O quê? O quê?"
Pablo Aluísio.
domingo, 9 de abril de 2006
Robert Mitchum
O ator Robert Mitchum em foto promocional para o clássico do western "El Dorado". Bem humorado costumava brincar sobre seus filmes e suas atuações ao dizer: "Eu usei a mesma roupa e o mesmo dialogo durante seis anos. Só trocava o título do filme e a mocinha" Uma frase divertida mais pouco condizente com a realidade pois ao longo de uma produtiva carreira Mitchum estrelou alguns dos maiores clássicos do cinema americano, incluindo muitos filmes de western.
Ele também trabalhou ao lado de Marilyn Monroe em seu primeiro e único faroeste. Na ocasião o ator tentou uma aproximação romântica com a famosa atriz, mas logo entendeu que iria ser complicado, já que o marido da loira sensual também participava das filmagens. Mesmo de longe, ficava o tempo todo de olho na esposa.
Em suas memórias, o ator relembrou que enquanto ele, Marilyn e os demais membros da equipe de filmagem trabalhavam, Joe DiMaggio ficava pescando nas redondezas, sempre cercado de um grupo de puxa-sacos profissionais. Todos italianos de Nova Iorque, contratados para basicamente rirem das piadas sem graça do maridão de Marilyn Monroe. Ele nunca simpatizou com Joe e ele sabia disso.
Outro fato que surpreendeu Mitchum foi o fato de que "Marilyn era boa de copo", sempre sentando com os homens do filme, bebendo de madrugada até cair de bêbada. "Essa garota não era brincadeira!" - brincou o astro do passado. No final de uma dessas noites Robert brincou e disse para Marilyn: "Ei, porque não vamos brincar só nós dois ali no escuro?". Marilyn riu e para desapontamento de Mitchum recusou o convite assanhadinho. Dono de uma extensa lista de conquistas, Mitchum não conseguiu levar Marilyn para a cama.
Pablo Aluísio.
Enterrem Meu Coração na Curva do Rio
Esse clássico da literatura do Estados Unidos, escrito por Dee Brown, conta a verdadeira história da conquista do velho oeste. É a verdadeira face da chegada do homem branco em terras que pertenciam a nações de nativos, índios que viviam naquelas planícies há séculos. E essa não foi uma história de heroísmo como se vê em tantos filmes antigos de western. Na realidade o que se passou foi uma história de conquista violenta, sangue e muitas vezes desonra.
O livro narra uma série quase interminável de tratados que os homens brancos firmaram com os índios e a sistemática quebra desses mesmos tratados. É fato histórico que os nativos foram enganados, enganados e sempre enganados. Mal um tratado era assinado e selado uma paz, logo ele era desrespeitado pelos colonizadores brancos. Uma coisa desonrosa, uma amostra que muitos pioneiros que foram para o oeste não tinham honra nenhuma, não cumpriam sua palavra.
E diante dessa situação a guerra se tornou inevitável. Afinal os índios cansaram e partiram para o campo de batalha, mesmo que não tivessem nem a tecnologia e nem a quantidade de homens suficientes para isso. Inicialmente eu pensei que esse seria um livro com um certo tom poético, bem subjetivo, narrando a história de sofrimento dos índios americanos. Mas estava parcialmente equivocado. Esse livro é bem objetivo, histórico, registrando os eventos vergonhosos que os brancos protagonizaram na tomada de terras que nunca havia lhes pertencido. Como eu frisei no texto, essa é uma história da desonra dos primeiros brancos que chegaram nas terras do velho oeste dos Estados Unidos.
Pablo Aluísio.
sábado, 8 de abril de 2006
Rio Vermelho
Essa produção, um clássico do western, registrou momentos marcante sda história do cinema americano, onde duas grandes gerações de atores se encontram nas telas. Montgomery Clift e John Wayne dividiram o mesmo set no imortal "Red River" (Rio Vermelho, no Brasil). No enredo o choque de dois modos de pensar, viver e amar, tudo se passando no velho oeste dos Estados Unidos.
O interessante é que Montgomery Clift relutou muito em aceitar o convite para atuar nesse filme. Ele se considerava acima de tudo um ator de teatro, no rico universo teatral de Nova Iorque. Na verdade não tinha muito interesse em migar para o cinema. Não gostava de Los Angeles e nem no esquema industrial de se fazer filmes na costa oeste.
Embora tivesse respeito por John Wayne, também não considerava esse astro do cinema um bom ator. Para Clift, Wayne era apenas um tipo que fazia sucesso de bilheteria, mas não um ator de amplos recursos dramáticos. Quem acabou convencendo Clift a aceitar o papel nesse faroeste foi o diretor Elia Kazan, que disse para o jovem ator que aquela era uma oportunidade única de atuar em um filme realmente muito bom, com excelente roteiro.
E assim, depois de semanas sem dizer sim e nem não, finalmente Montgomery Clift aceitou fazer o primeiro faroeste de sua carreira. O resto é história. Esse é considerado um dos melhores filmes de western de todos os tempos, sempre presente em listas que elegem os melhores nesse gênero cinematográfico. E acabou igualmente se tornando um dos filmes preferidos do próprio Clift que aprendeu que o cinema nem sempre era um veículo menor para grandes atores.
Pablo Aluísio.
Roy Rogers e Trigger!
Roy Rogers e seu famoso cavalo Palomino Trigger no pique de sua glória. O animal seria tão querido e estimado por Rogers que esse o teria empalhado após sua morte como uma homenagem ao seu trabalho ao lado do cowboy da sétima arte em tantos e tantos faroestes que fizeram a alegria da garotada da época.
Curiosamente o império financeiro que o ator criou em torno de si mesmo não teve longa duração. Quando ele morreu uma série de disputas judiciais envolvendo sua herança e o direito de licenciamento de produtos acabou nublando a marca Roy Rogers. Sem os filmes, que eram a maior locomotiva de publicidade de seus produtos, os brinquedos, quadrinhos e tudo mais envolvendo seu nome foram desaparecendo das lojas até que sumiram definitivamente após alguns anos.
A única coisa que pareceu ter sobrevivido aos anos foi o cavalo de Roy Rogers que foi empalhado. Por longos anos Trigger foi exposto em vários museus e feiras por todos os Estados Unidos. Depois ficou em exposição por longos anos no Roy Rogers and Dale Evans Museum em Branson, Missouri, até esse ser fechado em 2009. Em 2010 o animal empalhado foi colocado à venda pela prestigiada Christie’s, sendo vendido em leilão a um colecionador particular por U$385,000. Uma relíquia dos anos mais românticos do western americano. Hoje em dia a peça pertence a um colecionador particular
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 7 de abril de 2006
Tom Mix
Tom Mix foi o mais popular ator de filmes de western durante a era do cinema mudo. Hoje em dia ele é pouco conhecido pelos mais jovens porque o passar do tempo cobra seu preço. Porém, em seu tempo, ele era tão conhecido quanto Charles Chaplin. Enquanto Carlitos era o rei da comédia, Tom Mix era o rei do faroeste. E sua imagem era extremamente conhecida nos Estados Unidos a ponto de seus filmes chegaram ao Brasil, isso em um tempo muito remoto e primitivo da indústria cinematográfica em nosso país.
Realizando fitas para serem exibidas nas matinês, Tom Mix virou ídolo das crianças e jovens das décadas de 1910 e 1920. Ao todo estrelou incríveis 285 filmes, sendo que muitos deles se perderam no tempo infelizmente. A película dessas produções não sobreviveu ao tempo e muitas dessas fitas foram também queimadas em um grande incêndio do acervo de velhos filmes da RKO, estúdio em que Mix trabalhou em diversos faroestes. Em termos históricos foi realmente uma grande perda da história do cinema.
Tom Mix nasceu em 6 de janeiro de 1880, na pequena cidade de Mix Run, na Pennsylvania. Ele vinha de origens humildes. Seu pai era lenhador e ganhava a vida com muitas dificuldades. Sem estudo e sem maiores esperanças para o futuro, Tom Mix entrou para o exército aos 18 anos de idade. Acabou lutando numa guerra real, entre os anos de 1898 a 1901 nas Filipinas. Escapou por pouco da morte.
Após seu falecimento em 1940, aos 60 anos de idade, um autor descobriu que ele na verdade havia deserdado do exército, algo que poderia ter levado esse ex-soldado da infantaria a uma corte marcial. Porém ele conseguiu escapar disso e as autoridades militares nunca o pegaram. Ao invés disso Mix foi para Hollywood e na ensolarada Califórnia conseguiu se destacar, por saber montar bem e fazer boas cenas de ação. Acabou tendo uma carreira de sucesso, que o transformou em astro. Ele morreu feliz e rico em sua mansão, de um belo rancho localizado nos arredores da cidade de Florence, Arizona. Provavelmente rindo por ter passado a perna nos militares americanos.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 6 de abril de 2006
Giuliano Gemma
Foi justamente nesses lugares que astros como Giuliano Gemma reinavam. Seus filmes baratos e de forte apelo popular levaram multidões aos cinemas brasileiros. Filmes como "O Dólar Furado", "Adeus Gringo", 'Sela de Prata", "Califórnia Adeus" e "Ringo Não Discute... Mata" se tornaram grandes campeões de bilheteria por aqui. Seu público no Brasil era formado pelo fã de faroeste europeu (em especial do cinema italiano), que desejava apenas se divertir por duas horas em um cinema de bairro da sua cidade. Assim quanto mais bala voasse pelas telas, melhor era considerado o filme. Desse modo Giuliano Gemma acabou formando sua própria massa de fãs em nosso país.
Em sua época de grande sucesso popular Giuliano Gemma era tão ou mais popular do que seu "rival" Franco Nero (o Django). Estrelando uma série de filmes de "Ringos", "Gringos" e mais uma infinidade de cowboys e pistoleiros do velho oeste ao estilo italiano de se fazer cinema, ele se tornou um chamariz e tanto de público. As produções eram geralmente rodadas na Espanha, com produção de companhias cinematográficas da Itália, pois as locações eram muito parecidas com o oeste americano. Nem precisa dizer que os filmes de baixo orçamento eram extremamente lucrativos e fizeram a fortuna de muitas produtoras da terra do Papa. Era o advento do chamado western spaghetti, um estilo que marcou época.
O curioso é que o western spaghetti, apesar de imitar o western americano, considerado o original e "legitimo", acabou atravessando fronteiras, influenciando inclusive as fitas americanas que abraçaram o realismo, os roteiros crus e as cenas de ação mais exageradas e absurdas. De repente os imitados estavam imitando os imitadores! Giuliano Gemma foi um dos grandes ídolos desse movimento. Ao todo o ator participou de 102 filmes em cinco décadas de muito trabalho. Seu visual parecido com um americano lhe rendeu participação em muitos faroestes spaghetti, até o ponto em que ele virou de fato um astro. Assim fica aqui nossa homenagem ao Giuliano Gemma que tanta diversão trouxe para o público de nosso país. Ainda falaremos muito dele por aqui, afinal os seus filmes, que não foram poucos, ainda são apreciados por fãs de faroeste. É o seu legado para a história do cinema."
Pablo Aluísio.
Randolph Scott: A Film Biography
O texto vai direto no ponto, mas apresenta detalhes técnicos de praticamente todos os filmes do ator. Intercalando tudo temos, como já dito, excelente registro fotográfico de Randolph Scott, quase sempre em atuação, em cena, nos seus memoráveis filmes de western. Assim se torna muito prazeroso a leitura da obra. O livro é bem em conta, nada caro, e pode ser encontrado à venda em sites da internet. São mais de 300 páginas para deleite dos fãs de Scott.
E aqui vão alguns números sobre a carreira do ator. Ele atuou em 109 filmes. O primeiro filme de sua carreira foi "Rumo ao Amor" de 1928. O último foi "Pistoleiro do Entardecer" de 1962. Ele também foi produtor de seus filmes, o que lhe rendeu milhões de dólares em lucros. No final de sua vida ele curtiu uma aposentadoria tranquila. Comprou e abriu campos de golfe (sua paixão nos esportes) e ficou ainda mais rico com esse investimento no mundo dos esportes. Sua companhia cinematográfica atuou até praticamente a década de 1980. Seu filho assumiu o comando dos negócios. O ator morreu em 2 de março de 1987, aos 89 anos de idade.
Infelizmente como quase sempre acontece nesse tipo de material, não existe ainda uma edição nacional, com texto em português. É lamentável, mas os editores brasileiros ainda não se deram conta da importância desse tipo de livro na coleção de nossos cinéfilos. De uma forma ou outra, fica a dica para você que é fã de western e admirador desse ator símbolo do gênero.
Randolph Scott: A Film Biography / Autor: Jefferson Brim Crow / Editora: Empire Pub / Data da primeira edição: 1994
Pablo Aluísio.