terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Bruce Springsteen - Western Stars

Esse é o novo álbum do cantor e compositor Bruce Springsteen. Muito se tem falado que é um dos trabalhos mais parecidos com "Nebraska", um dos clássicos do artista. Será mesmo? Ainda estou nas primeiras audições e isso é algo complicado porque geralmente nesse primeiro momento não se tem ainda uma visão completa e profunda sobre o disco. Mesmo assim posso antecipar que a comparação  é válida e tem sua razão de ser. E quais seriam essas semelhanças? Bom, antes de mais nada temos aqui uma sonoridade bem intimista, muito semelhante com o que ouvimos em "Nebraska". 

Também é uma viagem ao interior dos Estados Unidos. O clima é de longas planícies, cavalos selvagens à solta, muita imensidão de campo e também muita solidão. Com um pouco de imaginação podemos até mesmo visualizar um cowboy deitado no chão do deserto, esperando a hora para tocar o gado em direção do oeste. É justamente esse tipo de clima que Bruce Springsteen quis capturar. E isso é tão verdadeiro e óbvio que o cantor resolver deixar claro até mesmo na arte do álbum. A capa é simbólica sobre isso, com um Mustang selvagem (uma raça bem popular de cavalos na América), completamente livre e indomado no meio do oeste. E o título do disco, que em nossa língua significa "Estrelas do Oeste" escancara ainda mais as intenções do artista. O Bruce Springsteen da cidade grande, o operário de "Born in The USA", definitivamente não dá as caras nesse trabalho.

Bruce Springsteen - Western Stars
Hitch Hikin'
The Wayfarer
Tucson Train
Western Stars
Sleepy Joe's Café
Drive Fast (The Stuntman)
Chasin' Wild Horses
Sundown
Somewhere North of Nashville
Stones
There Goes My Miracle
Hello Sunshine
Moonlight Motel

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Bruce Springsteen - Working On a Dream

Se existe um artista que merece todos os aplausos no cenário musical mundial esse certamente é Bruce Springsteen. Demonstrando que a vitalidade e o espirito do Rock não tem nada a ver com idade, "The Boss" como é conhecido, está bem próximo de completar 60 anos (no próximo mês de setembro), mas esbanja uma versatilidade e talento que deixariam muitos dos ídolos atuais mortos de vergonha. Para muitos sessentões aposentados ele é um exemplo: trabalha feito um louco, colocando um novo CD no mercado a cada dois anos, realiza vários concertos ao redor do mundo e o mais importante, demonstra que ainda é um verdadeiro astro pois o material apresentado é dos mais relevantes que existem atualmente. Talvez um dos poucos cantores surgidos na década de 60 ainda na ativa plenamente, Bruce vem intercalando sua carreira com álbuns que louvam suas heranças folk / country (como Nebraska, The Ghost of Tom Joad, We Shall Overcome e Devils & Dust) e trabalhos elaborados especialmente para tocarem nas rádios e alcançar sucesso comercial (como o sempre lembrado Born in The USA, Tunnel of Love e mais recentemente Magic, seu último álbum).

Esse Working On A Dream se enquadra na segunda categoria. Assim como "Magic" o velho Bruce demonstra que ainda está bem longe de perder o toque de midas que sempre caracterizou seus melhores discos comerciais. Ao ser lançado o CD chegou rapidamente ao primeiro lugar na Billboard entre os mais vendidos, derrubando estrelinhas pop da atualidade, mostrando que, ao contrário do que muitos profetizam, a boa música ainda tem lugar cativo nas paradas musicais. Ao lado de sua eterna banda, The E Street Band, Bruce compôs o material de "Working On a Dream" durante a turnê mundial de "Magic" e entre os shows foi ensaiando com seu grupo visando o lançamento de seu novo disco para pouco mais de um ano após esse chegar nas lojas. "Working On a Dream" aliás foi o último trabalho do membro da E Street Band, Danny Federici, que morreu antes dos trabalhos serem concluídos. Como forma de homenageá-lo Bruce convocou seu filho, Jason Federeci, para trabalhar na finalização do álbum. O CD é excepcional, desde a faixa título, Working On a Dream (que chegou a ser usada por Bruce na campanha do amigo Barack Obama), até This Life, que traz em sua melodia todas as características que fizeram de Bruce um dos mais conhecidos cantores americanos no mundo. Mas o destaque absoluto desse álbum é certamente The Wrestler. A canção foi feita para ser tema do filme "O Lutador", com Mickey Rourke. Excepcionalmente bem escrita e arranjada, The Wrestler é a canção que melhor sintetiza essa grande obra. Maravilhosa. Espero que Bruce ainda tenha muitos anos de vida pela frente, a boa música certamente agradece.

Bruce Springsteen - Working On a Dream
01. Outlaw Pete
02. My Lucky Day
03. Working on a Dream
04. Queen of the Supermarket
05. What Love Can Do
06. This Life
07. Good Eye
08. Tomorrow Never Knows
09. Life Itself
10. Kingdom of Days
11. Surprise, Surprise
12. The Last Carnival
13. The Wrestler.

Pablo Aluísio.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Bruce Springsteen - Nebraska

Esse é o disco mais sombrio, soturno e melancólico da carreira do Bruce Springsteen. Todas as vezes que ouvi esse álbum eu tive que entrar em um certo clima de introspecção, porque a sonoridade é para poucos. E qual seria a razão de tanta tristeza e solidão? A grande maioria das cações foram compostas em cima de crimes bárbaros que aconteceram nos Estados Unidos na década de 1950. Um casal de serial killers formado por Charles Starkweather (O James Dean assassino) e sua namorada de 14 anos de idade, a psicopata Caril Ann Fugate deixaram um rastro de morte por onde passaram...

Esse casal de jovens pegou um carro e saiu matando em série nos recantos mais pacatos da América. Essa história bateu fundo na alma do Bruce Springsteen e assim ele resolveu gravar o disco. O que predomina nas faixas é o folk e o blues, em harmonias que são pura reflexão, pura solidão, pura tristeza. "Nebraska" não é um disco para todo mundo. Até mesmo em relação ao seleto grupo de fãs do cantor, tem que haver uma certa triagem. É um trabalho musical que não vai deixar você indiferente. Ou vai amar ou odiar o que vai ouvir. E isso é a maior prova que se trata de uma obra-prima da discografia do artista.

Bruce Springsteen - Nebraska (1982)
Nebraska
Atlantic City
Mansion on the Hill
Johnny 99
Highway Patrolman
State Trooper
Used Cars
Open All Night
My Father's House
Reason to Believe

Pablo Aluísio.

Bruce Springsteen - Born in the U.S.A.

Um ótimo trabalho de Bruce Springsteen que foi alvo de dois pontos de vista igualmente equivocados. O primeiro deles de fundo ideológico e o segundo artístico. Não é segredo para ninguém que durante muitos anos o álbum "Born in the U.S.A." foi taxado de ser uma absurda patriotada, de ser uma mera propaganda do Tio Sam, dos ideais americanos. De fato quando o disco foi lançado os Estados Unidos viviam sob a era Reagan e esse tipo de pensamento acabou encontrando terreno fértil entre os especialistas em música. O republicano Reagan era tão reacionário que esse disco o retratava com perfeição. A questão é que não se trata disso. Bruce Springsteen está apenas louvando em sua música o estilo de vida do americano comum, do trabalhador médio de seu país, do operário da construção civil, que apenas deseja trabalhar de forma honesta o dia inteiro para depois do expediente tomar algumas cervejas no bar local para retornar aos braços da patroa no fim do dia. Sonhos comuns e cotidianos ordinários do americano de subúrbio. O segundo equívoco do ponto de vista sobre o disco é a de que ele seria na realidade a obra prima do artista. Também não é bem assim.

É um bom álbum, feito para tocar nas rádios, mas longe de ser o seu melhor momento. Bruce Springsteen tem uma carreira muito mais rica artisticamente do que supõe essa vã opinião. De qualquer maneira se você gosta de rock tenha certeza que é um item que não pode faltar em sua discografia.  O álbum se tornou um grande sucesso, inclusive no Brasil. As rádios não cansavam de tocar a música título e Bruce Springsteen ampliou sua popularidade para além das fronteiras do Tio Sam. Não é equivocado dizer que o disco foi seu passaporte para vir ao Brasil pela primeira vez durante o primeiro Rock In Rio, realizado em 1985. Bruce também começou a ficar conhecido por seus longos concertos, alguns chegando ao ponto de durar mais de três horas! Nesse aspecto ele tem muito em comum com outro dinossauro do Rock, Paul McCartney. Ambos são workaholics conhecidos, artistas que não conseguem parar em momento algum, sempre lançando novos discos, encarando longas turnês em apresentações sem fim. A questão pode ser entendida ao ler uma recente entrevista do Ex-Beatle, onde ele explicou que não vê sua carreira como um "trabalho", mas como pura diversão, algo que faz por amar e não por necessidade (até porque eles estão ricos e não precisariam desse tipo de agenda para sobreviver).

Bruce Springsteen - Born in the U.S.A. (1984)
Born in the U.S.A
Cover Me
Darlington County
Working on the Highway
Downbound Train
I'm on Fire
No Surrender
Bobby Jean
I'm Goin' Down
Glory Days
Dancing in the Dark
My Hometown.

Pablo Aluísio.

Raul Seixas - A Panela do Diabo

Esse foi o último disco do Raul Seixas, aqui em parceria com o roqueiro Marcelo Nova pelo selo WEA. As pessoas gostam de falar mal do Marcelo Nova (ex-Camisa de Vênus) em relação a esse álbum e aos shows que fez ao lado de Raul Seixas, mas eu pessoalmente acho isso uma grande injustiça. Quando ele resgatou Raul Seixas do ostracismo, acabou também dando um novo sopro de vida na carreira do Maluco Beleza, que queiram ou não, estava mesmo abandonado, tanto pelas gravadoras, como pela mídia em geral.

E juntos fizeram um belo disco em minha opinião. Há músicas muito boas para se ouvir nesse álbum. Dentre elas, entre os destaques, eu citaria "Carpinteiro do Universo", com seu ritmo mais cadenciado, lembrando velhos momentos de Raul nos anos 70 e "Pastor João e a Igreja Invisível", uma paulada nesses pastores picaretas que infestam a vida religiosa no Brasil. Enfim, é um disco de despedida dos mais dignos. Raul Seixas iria morrer poucos meses depois do lançamento desse trabalho. Penso que ele morreu feliz, pois estava tocando e trabalhando, mesmo com todas as adversidades de saúde. Foi uma boa despedido de um dos grandes nomes da música brasileira.

Raul Seixas - A Panela do Diabo (1989)
Be-Bop-A-Lula
Rock 'n' Roll
Carpinteiro do Universo
Quando Eu Morri
Banquete de Lixo
Pastor João e a Igreja Invisível
Século XXI
Nuit
Best Seller
Você Roubou Meu Videocassete
Cãibra no Pé

Pablo Aluísio.

Frank Sinatra - Ring-a-Ding-Ding!

Primeiro disco de Frank Sinatra no novo selo Reprise Records. É curioso saber que em determinado momento da carreira Sinatra tenha simplesmente se cansado das grandes gravadoras formando seu próprio selo, onde teria completa liberdade de gravar o que bem entendesse, da forma que achasse melhor. Durante muitos anos a imprensa pegou no pé de Sinatra por causa dessa sua decisão o acusando de ser arrogante, insuportável e outros adjetivos menos educados. Bobagem, Sinatra sabia muito bem o que era melhor para ele e sua carreira. Se tinha o talento, a voz, e os meios porque então iria ficar enriquecendo executivos que nada faziam por ele? Além disso Sinatra tinha amigos no meio artístico suficientes para formar seu próprio quadro de grandes astros na Reprise – e assim o fez levando imediatamente para o novo selo seus amigos e “comparsas” Dean Martin e Sammy Davis Jr. Seguindo a própria filosofia de sua nova empresa deu total liberdade a eles para gravarem seus discos sem pressão ou interferências. Foi ou não um ato genial de Sinatra? Claro que sim! Mas não parou por aí, Sinatra trouxe ainda para a Reprise os astros Bing Crosby, Jo Stafford, Rosemary Clooney, Esquivel e até o comediante Redd Foxx que gravou um LP de piadas (algo considerado novo e revolucionário na época).

Sinatra gostava de brincar dizendo que na Reprise ele era o dono, o conselho de administração e fiscal e o produtor, tudo ao mesmo tempo! Bom, pelo resultado desse ótimo “Ring-a-Ding-Ding!” só podemos concordar com tudo o que ele fez pois o álbum é excelente, mesclando ótimos momentos de uma fase particularmente inspirada do cantor – afinal ele estava em última análise trabalhando para si mesmo, o que tornava o ato de gravar suas faixas um prazer extra. Na seleção musical ele cercou-se apenas do melhor, trazendo canções compostas por verdadeiros gênios da música americana e européia como George e Ira Gershwin, Cole Porter e Irving Berlin. Só a nata da nata, o mais fino e elegante que existia no mercado em termos musicais. Desnecessário dizer que o resultado final é de uma sutileza e elegância a toda prova. Pontuando tudo os ótimos arranjos assinados por Johnny Mandel e sua orquestra. Maravilhoso! Para os brasileiros uma curiosidade extra na faixa “The Coffee Song” onde Sinatra cantando sobre o café cita nosso país de forma bastante simpática! Em 2011 a Capitol relançou o álbum numa edição caprichada, com 5 faixas bônus engrandecendo ainda mais o título. Ouça e entenda porque Sinatra sempre foi considerado ao lado de Elvis Presley e Bing Crosby um dos maiores cantores da música americana de todos os tempos.

Frank Sinatra - Ring-a-Ding-Ding! (1961)
Ring-a-Ding Ding!
Let's Fall in Love
Be Careful, It's My Heart
A Foggy Day
A Fine Romance
In the Still of the Night
The Coffee Song
When I Take My Sugar to Tea
Let's Face the Music and Dance
You'd Be So Easy to Love
You and the Night and the Music
I've Got My Love to Keep Me Warm
Zing! Went the Strings of My Heart **
The Last Dance **
The Second Time Around **
Zing! Went the Strings of My Heart **
Have You Met Miss Jones? **

** Faixas Bônus do relançamento em CD.

Pablo Aluísio.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Raul Seixas - A Pedra do Gênesis

Raulzito bebeu muito durante sua vida. Muitas pessoas citam drogas como seu maior problema, mas essa é uma visão equivocada. O verdadeiro problema de Raul Seixas era o abuso de bebidas mesmo, seu drama era o álcool. Assim quando ele entrou no estúdio para gravar esse seu último disco solo (o penúltimo de sua vida) ele já estava muito debilitado. O disco foi lançado pelo selo Copacabana e foi o último do artista nessa modesta gravadora do Rio de Janeiro. Com isso sua carreira entrou em um hiato, pela fraca vendagem.

Eu considero esse "A Pedra do Gênesis" um dos discos mais fracos da carreira de Raul Seixas. Não há nenhum grande sucesso entre suas faixas. De destaque mesmo eu poderia citar apenas algumas poucas canções. A faixa título do disco até que é boa, mas se torna enjoativa depois de um tempo. "Não Quero mais Andar na Contramão (No No Song)" é um desabafo de um homem que tendo abusado tanto, por tanto tempo, pede uma trégua, dizendo que vai finalmente se endireitar. "I Don't Really Need You Anymore" tem uma bela melodia, mostrando que Raul ainda conseguia compor belas músicas, mesmo com todas as adversidades. E a lista das boas faixas se encerra com "Fazendo o Que o Diabo Gosta". Todo o resto não está à altura da genialidade do Maluco Beleza.

Raul Seixas - A Pedra do Gênesis (1988)
A Pedra do Gênesis
A Lei
Check-up
Fazendo o Que o Diabo Gosta
Cavalos Calados
Não Quero mais Andar na Contramão (No No Song)
I Don't Really Need You Anymore
Lua Bonita
Senhora Dona Persona (Pesadelo Mitológico nº 3)
Areia da Ampulheta

Pablo Aluísio.

Backbeat

Trilha sonora do filme "Os Cinco Rapazes de Liverpool" (Backbeat, no original). Na Inglaterra foram lançados duas versões do disco. A primeira, para venda comum em lojas, na versão compact disc (CD). A segunda, item para colecionador em tiragem limitada, foi lançada no formato vinil. Essa prensagem era obviamente um produto visando um público bem específico - a dos saudosistas do velho e bom bolachão, do vinil. O som é dos melhores. O ex-beatle Ringo Starr colaborou indiretamente na produção desse disco. Quando as primeiras versões lhe foram apresentadas ele convenceu os produtores de que o som não estava pesado o suficiente. Ringo disse: "Os Beatles nessa época de Hamburgo (onde a história do filme se passa) mais parecia uma banda punk do que aquilo que ouvimos em seus primeiros discos".

Assim, seguindo os conselhos do veterano baterista, o grupo voltou ao estúdio para acelerar o tempo das canções, além de acrescentar uma certa "sujeira" na sonoridade. O resultado é ótimo. Os Beatles, em seus primórdios, nunca soaram tão bem e pulsantes. Não podemos esquecer que os Beatles naqueles tempos tocavam em Hamburgo, em night clubs obscuros e até mesmo em locais onde havia striptease. Eles tinham que tocar para bêbados, prostitutas e valentões. Não era fácil ser artista naquele meio social. Enfim, uma ótima trilha sonora para um ótimo filme (o melhor já feito sobre o famoso quarteto de Liverpool).

Backbeat (Soundtrack album)
1. Money
2. Long Tall Sally
3. Bad Boy
4.Twist And Shout
5. Please Mr Postman
6. C'Mon Everybody
7. Rock 'N' Roll Music
8. Slow Down
9. Roadrunner
10. Carol
11. Good Golly Miss Molly
12. 20 Flight Rock

Pablo Aluísio.