Ninguém esperava que Roberto Benigni fosse vencer o Oscar de melhor ator por esse filme. Pois foi justamente isso que aconteceu! Uma zebra e tanto na história da Academia. É incrível que um comediante europeu tenha sido premiado com o mais cobiçado prêmio de cinema do mundo, mas aconteceu. E provavelmente nunca mais venha acontecer de novo. Eu me recordo inclusive que quando seu nome foi anunciado ele reagiu da mesma forma que seu personagem, de maneira muito exagerada! Sim, onde termina a personalidade do ator e começa a interpretação desse seu personagem? Penso que não há muitas linhas dividindo esse aspecto, não no caso de Benigni. Assim para gostar do filme você vai precisar ter ao menos simpatia pelo estilo e pelo tipo de humor que Roberto Benigni faz, caso contrário não vai funcionar muito bem.
Esse filme tem dois atos bem diferenciados em seu roteiro. O primeiro apresenta um humor bem pastelão, diria até mixuruca. É algo até muito inocente, ao estilo humor antigo. ultrapassado. Nesse primeiro ato o personagem principal é apresentado. Um garçom chamado Guido. Um homem meio infantilizado e bobo, mas de bom coração. Já o segundo ato é bem superior. Ele é judeu, vive na Itália durante a II Guerra Mundial e acaba indo parar em um campo de concentração nazista. Ele vai junto do filho de 8 anos. Como explicar uma atrocidade daquelas para uma criança? Para preservar o menino, ele finge que tudo não passa de um grande jogo, cujo prêmio final será um tanque de guerra de brinquedo. Só que como sabemos não é brincadeira o que está acontecendo. É o Holocausto! E como fazer humor em cima de algo tão terrível? Penso que esse filme em particular conseguiu, porque tudo surge um pouco estilizado em cena. O campo de concentração, por exemplo, não é tão realista. Isso poupa o espectador de ter que encarar a triste realidade. E o filme, no final das contas, consegue funcionar. De maneira ampla, olhando o conjunto do filme, gostei do que vi, embora tenha que ressaltar que apenas a segunda parte do filme é realmente marcante.
A Vida é Bela (La vita è bella, Itália, 1997) Direção: Roberto Benigni / Roteiro: Vincenzo Cerami, Roberto Benigni / Elenco: Roberto Benigni, Nicoletta Braschi, Giorgio Cantarini / Sinopse: Durante o regime fascista italiano, um garçom judeu e sua família é enviada para um campo de concentração nazista. Para preservar seu filho daquela situação terrível, o pai faz de conta para ele de que tudo não passaria de um jogo, uma grande brincadeira.
Pablo Aluísio.