Uma das atrizes mais famosas do período clássico em Hollywood, Maureen O'Hara era irlandesa de nascimento, o que talvez explique sua personalidade forte, que lhe valeu a imagem de mulher independente, à frente de seu tempo. Ela desde cedo mostrou aptidão para competições esportivas mas seu grande amor mesmo passou a ser o teatro que começou a fazer quando ainda era apenas uma colegial.
Com apenas 14 anos conseguiu entrar para uma conceituada companhia teatral que encenava suas peças no Abbey Theatre em Dublin. Por essa época se apaixonou pelo canto lírico, paixão que levou para sempre em sua vida. Sua carreira e sua vida mudaram completamente quando conheceu o ator Charles Laughton que impressionado por seu talento resolveu dar uma ajuda à jovem atriz. Mudou seu nome de Maureen FitzSimons para Maureen O'Hara e decidiu que tentaria entrar para o concorrido mercado americano de cinema.
O começo, como era de se esperar, foi complicado. Após duas pequenas pontas conseguiu sua primeira boa oportunidade em "A Estalagem Maldita" de 1939. Com esse filme recebeu suas primeiras boas críticas. Era ótimo para uma atriz jovem como ela ser notada e mais ainda ser elogiada. Aos 19 anos assinou com a RKO Pictures para atuar em uma série de filmes, entre eles "O Corcunda de Notre Dame", muito elogiado em seu lançamento. Depois vieram seus maiores sucessos de bilheteria até então, "Como Era Verde o Meu Vale" (1941) e "De Ilusão Também Se Vive" (1947).
Sua carreira entrou em nova fase quando começou a trabalhar com John Ford e John Wayne. Com o Duke trabalhou em cinco filmes: "Rio Bravo" (1950), "Depois do Vendaval" (1952), "Asas de Águias" (1957), "Quando um Homem é Homem" (1963) e "Jake Grandão" (1971), sendo os três primeiros com John Ford. Ela se tornou grande amiga de Johh Wayne e sobre ele costumava dizer: "Para as pessoas em todo o mundo, John Wayne não é apenas um ator, ele é a personificação do que de melhor existe nos Estados Unidos da América". Assim como Wayne se tornou uma mulher de posições conservadoras, se filiando - e trabalhando - nas campanhas de vários candidatos presidenciais do Partido Republicano ao longo dos anos.
Já sobre John Ford ela também teceu vários elogios ao longo de sua vida. Chegou a resumir o diretor em um pensamento muito inteligente que dizia: "Hoje a maioria dos diretores estão em outra sala assistindo os atores pelos monitores. Eles mandam suas instruções por rádio. Não existe mais conexão entre os diretores e os atores. John Ford não era assim. Ele estava o tempo todo junto de seu elenco, colhendo opiniões, incentivando, provocando, instigando grandes atuações! Era um diretor maravilhoso".
Curiosamente a atriz acabou rompendo com Ford após um acesso de ciúmes dele ao vê-la tratando com outro diretor em sua presença. "Acredito que ele sentiu-se desrespeitado ou algo assim. Não lhe dei a atenção que ele pensava merecer e fui falar com outro diretor com o qual queria trabalhar. A reação de Ford foi muito rude! Ele me disse que nunca mais voltaria a trabalhar comigo e assim o fez!". A amizade de anos chegou ao fim por uma bobagem, algo que nem ela sabe explicar direito o motivo.
Isso porém em nada impediu Maureen O'Hara de levar em frente sua carreira. No total realizou 65 filmes, muitos deles grandes clássicos da história de Hollywood. Aos poucos porém seus interesses foram se ampliando e ela se tornou também uma bem sucedida editora de modas na Califórnia. Um verdadeiro mito do cinema que ainda continua produtiva e ativa, mesmo após completar seus bem vividos 90 anos de idade.
Pablo Aluísio.
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