A recente morte do mestre em efeitos especiais Ray Harryhausen, me fez recordar desse filme muito charmoso e nostálgico que foi um campeão de reprises na Sessão da Tarde das décadas de 70 e 80. O enredo era baseado nas estórias de outro ícone da fantasia e ficção, o mitológico H.G. Wells, que em 1901 imaginou em seu livro “The First Men in the Moon” a chegada do homem na Lua. Wells é considerado um dos pais do gênero science fiction. Nesse e em outros livros o autor demonstrou ter uma imaginação sem limites aliada a uma inventividade fora do comum. Claro que do ponto de vista atual muitos de seus textos soam ingênuos mas basta parar para entender o contexto histórico em que foram escritos para entender sua importância. Outro dado relevante: esse filme foi realizado apenas cinco anos antes do homem finalmente pisar na lua (algo que era considerado impossível na época). A produção foi assinada pelo próprio Ray Harryhausen que caprichou nos cenários e nos efeitos, usando inclusive sua marca registrada, a técnica de slow motion, com captura de movimentos quadro a quadro. Essa técnica traz nos dias atuais um sabor nostálgico simplesmente irresistível. O elenco era praticamente desconhecido do grande público o que não é de se admirar já que o foco do filme era realmente o universo fantástico de H.G. Wells.
Na estória acompanhamos a chegada da primeira expedição de astronautas terrenos na Lua. Uma equipe formada por diversas nacionalidades chega no solo lunar e lá encontra, para surpresa de todos, uma bandeira da Inglaterra e uma carta de posse em nome da Rainha Vitória datada de 1899. Claro que a descoberta deixa todos boquiabertos. Assim que a notícia se espalha o governo britânico sai em busca de respostas e acaba as encontrando em um idoso que se encontra há muitos anos morando em um asilo de Londres. Ele afirma ter ido à lua com a ajuda de um cientista maluco que morava perto de sua casa numa bucólica e bonita região do norte de Londres. O Dr. Joseph Cavor (Lionel Jeffries) havia criado uma substância que anulava a gravidade na terra. Com algo assim em mãos eles poderiam ir para qualquer lugar, inclusive na Lua, onde supostamente haveria uma riqueza mineral sem limites esperando por eles. Só que uma vez chegando lá eles encontram algo completamente diferente, uma civilização de seres parecidos com insetos. Revelar mais seria desnecessário. Lida assim a sinopse pode soar absolutamente ridícula nos dias de hoje mas o espectador tem que ver tudo com os olhos voltados para a história, no momento em que o livro original foi escrito. Fazendo isso não há como não se encantar com tanta imaginação e fantasia. Um realismo fantástico simplesmente adorável. Se você gosta do mundo sci-fi não deixa de ver esse que certamente foi um das produções mais influentes da história do cinema e da literatura.
Os Primeiros Homens na Lua (First Men in the Moon, Inglaterra, 1964) Direção: Nathan Juran / Roteiro: Nigel Kneale, Jan Read / Elenco: Edward Judd, Martha Hyer, Lionel Jeffries / Sinopse: Cientista consegue inventar uma substância que anula os efeitos da gravidade, tornando possível a viagem pelo universo. Sua primeira parada é a Lua onde encontra uma civilização de seres parecidos com os insetos da Terra.
Pablo Aluísio.
Cinema Clássico
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pablo Aluísio.