sexta-feira, 29 de abril de 2005

Elvis Presley - He Touched Me / Boson of Abraham

Outro single que promovia um álbum lançado em 1972. A diferença é que o disco "He Touched Me" apresentava repertório completamente religioso. Sim, era um álbum gospel. Que seguia a tradição dos discos anteriores nesse gênero, ganhando resenhas e críticas positivas por parte dos especialistas. Eu particularmente prefiro os dois primeiros discos de Elvis nesse estilo. "He Touched Me" nunca considerei tão bem trabalhado e gravado como os originais. A própria faixa título do disco me soa pesada demais, com excesso de arranjos vocais. A introdução, por exemplo, parece algo mais sombrio. Não sei a razão, mas definitivamente sempre tive essa impressão desde a primeira vez que ouvi essa música. Soava pesadão mesmo, mas no mal sentido da palavra.

O lado B do single apresentava a boa "Boson of Abraham". Bem mais leve, mais fluída, com ótimo ritmo, do tipo que você provavelmente baterá os pés acompanhando ao ouvi-la. Poderia ser até mesmo comparada com um rockabilly dos anos 50, veja que coisa surreal. Pois, depois ainda surgem pessoas que não conseguem entender porque o gospel foi um dos ingredientes fundamentais no surgimento do rock. Ouça essa música que provavelmente você finalmente entenderá a razão. O resto é bobagem.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de abril de 2005

Elvis Presley - Until It's time For You To Go / We can Make The Morning

Esse foi o primeiro single de 1972. Trazia duas músicas do álbum "Elvis Now". Esse disco fez bastante sucesso no Brasil por causa da faixa "Sylvia" que inclusive ganhou um compacto especialmente produzido para o Brasil. Foi caso único no mundo. O single americano original por sua vez vinha com essas duas canções. Gosto das duas. O lado A trazia a doce melancolia de "Until It's time For You To Go". uma música romântica adulta, explorando o relacionamento de um casal que vê seu sonho de amor eterno se desfazer no ar. Elvis vinha procurando bastante material sobre relacionamento destruídos, quase como um espelho de sua própria vida pessoal. O casamento com Priscilla, não podemos nos esquecer, acabou nesse mesmo ano, 1972. Não é por outra razão que ele se identificava tanto com esse tipo de letra.

O lado B do compacto apresentava "We can Make The Morning". Essa era uma original de Elvis, sendo lançado pela primeira vez no mercado. Não fez sucesso, mas como eu gosto de dizer, tinha qualidades para ser lembrada nos anos que viriam. Essa faixa tem um arranjo vocal poderoso, além da presença marcantes de baixo e guitarra. É um country com pitadas de rock. Em alguns aspectos poderia dizer que lembrava até mesmo algumas gravações do Eagles. Pena que não caiu nas graças do grande público na época, sendo praticamente esquecida após algumas semanas de seu lançamento original.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de abril de 2005

Elvis Presley - Merry Christmas Baby / O Come, All Faithful

Esse foi o último single de Elvis no ano de 1971. Foi lançado para aproveitar as festas de Natal. Como se sabe um dos álbuns mais vendidos da carreira de Elvis foi o "Elvis Christmas Album". Em 71 a RCA Victor quis repetir a dose, procurando pelo mesmo sucesso do LP de 57. Não aconteceu. O álbum "Elvis Sings The Wonderfull World of Christmas" vendeu pouco e foi logo esquecido. Era um disco meio fraco, devo reconhecer. Os tempos eram bem outros. A inocência dos feriados de Natal dos anos 50 não existia mais. A Guerra do Vietnã destruiu a inocência da América.

Curiosamente uma faixa se sobressaiu nesse disco, ganhando elogios da crítica. Estou me referindo ao blues "Merry Christmas Baby", excelente momento de Elvis nessa sessão de gravação que foi praticamente toda desperdiçada. Aqui Elvis, em uma verdadeira Jam Session, esbanjou carisma e talento vocal. Dizem que era a única música natalina de Elvis que tinha algum valor por essa época. Eu penso um pouco diferente, há outras faixas de que aprecio, como a própria "O Come, All Faithful" que tem seu valor, com bela harmonia e vocalização. mas enfim, realmente era um óasis de qualidade em um disco de gosto bem duvidoso. Se tiver que ter apenas uma música desse disco, corra atrás de "Merry Christmas Baby" que você certamente não se arrependerá.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de abril de 2005

Elvis Presley - It's Only Love / The Sound Of Your Cry

Outro single de Elvis que passou em brancas nuvens. Pouco vendeu, pouco chamou a atenção. Vendeu poucas cópias em seu lançamento original, por isso um exemplar da época é algo raro de encontrar. O material era pura country music, demonstrando que Elvis havia mesmo deixado o bravo rock de lado. O pop também ficou lá atrás, nas trilhas sonoras dos filmes de Hollywood, algo que Elvis sinceramente não queria nem lembrar para falar a verdade. Assim, em seus anos finais, o cantor se jogou mesmo no country. Questão de raízes musicais. Afinal Elvis, tendo crescido em Memphis, obviamente tinha grande afinidade com esse estilo musical. E não podemos nos esquecer também que seus discos eram gravados nessa época em Nashville, a capital mundial do country. Não havia mesmo como escapar desse tipo de influência.

E as faixas desse compacto, são boas? Sinceramente nenhuma delas é marcante. Não tinha nada de muito especial. Eram bem gravadas, executadas, por Elvis e banda (A TCB Band), mas nada muito além disso. Penso que eram canções esquecíveis mesmo. A RCA Victor, meio sem pensar direito, não sabia em acoplar o pequeno disquinho com algum álbum. Pensou-se no Elvis Country, mas depois desistiram. Acabou que o single trazia em sua capa uma propaganha da coletânea "The Other Sides". Nada a ver mesmo, muito erro. A foto da capa também nunca me agradou. Parece mais uma foto amadora, tirada no susto. A RCA deveria ter caprichado melhor nesse single.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - )I'm Leavin / Heart of Rome

Esse single não fez sucesso comercial. Nessa fase da carreira de Elvis os singles jã não vendiam muito bem, alguns eram até ignorados pelo público. Isso não significava, em hipótese alguma, que era material de qualidade ruim. Muito pelo contrário. O Lado A do compacto trazia uma linda canção chamada ")I'm Leavin". O vocal de Elvis nessa faixa era pura melancolia nervosa. A letra, como era de se esperar, falava de um amor rompido, frases não ditas, decepção amorosa cortante. O que mais me entristece quando analiso singles como esse é o fato dessas músicas não terem êxito comercial. Tenho certeza que se o público tivesse ao menos conhecido essa bela faixa as coisas teriam sido bem diferentes. Infelizmente não foi o que aconteceu.

O Lado B já era mais modesto em termos de qualidade musical. Falando a verdade eu não aprecio muito "Heart of Rome". Há um exagero aqui, tanto da letra, extremamente voltada a um amor mais piegas, como também de Elvis que parecia ter se empolgado um pouquinho demais na hora de gravar a canção. Elvis parecia empolgado um pouquinho além da conta. Ele soava melhor quando surgia mais contido, com respiração sóbria, bom controle dos vocais. Aqui a emoção falou um pouco mais alto. Coisas de Elvis Presley.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de abril de 2005

Elvis Presley - Rags to Riches / Where did They Go, Lord

Esse single lançado em 1971 é uma raridade nos dias de hoje. Isso porque foi um compacto que vendeu relativamente pouco (alcançando apenas a trigésima terceira posição entre os mais vendidos) o que fez com que poucos colecionadores o tivessem em seu seu acervo. Quanto menos vendas, mais raro se tornavam os singles de Elvis com o passar dos anos. Efeito colateral simples de entender. Em termos de discografia sempre achei um erro a escolha dessas canções para compor um single pela RCA Victor. Certamente eram boas músicas e isso em uma fase bem country da carreira de Elvis até parecia bem adequado. Porém não tinham vocação para se tornarem hits de rádio. Nem no circuito do sul, ali entre Nashville, Memphis, desembocando no Delta do Mississippi. Tanto isso é verdade que o single acabou mesmo não fazendo sucesso nas lojas. Um aspecto curioso é que muitos anos depois Elvis se lembraria desse single ao cantar "Rags to Riches" ao vivo em um concerto realizado em Pitsburgh em dezembro de 1976. É o único registro ao vivo da música, o que a define como uma gravação realmente raríssima da carreira de Mr. Presley. Um momento de lembranças, cinco anos após seu lançamento original.

O lado B do single trazia o gospel "Where did They Go, Lord". Não era incomum esse tipo de dobradinha, trazendo no Lado A um country e no B uma música religiosa, de preferência inédita nos discos do cantor. Há quem considere a canção uma balada romântica, porém ao meu ver se trata de uma confissão, pois em primeira pessoa o autor conversa com Deus. Claro, é uma história contada de fim de relacionamento, tristeza, abandono e decepção. Porém temos que levar em conta que o tema não deixa de ser religioso pois é um homem amargurado, fazendo perguntas a Deus sobre o fim do amor, o fim da paixão, a melancolia do fim de um relacionamento que ele considerava eterno. Seria Elvis novamente se lamentando sobre Priscilla? Bom, quando a música foi gravada o casamento de Elvis ainda não havia chegado ao fim. Estava em crise, mas ainda não havia um ponto final. Parece que Elvis estava pressentindo algo ruim chegar, estava consciente que seu matrimônio estava com os dias contados. Que o amor teria terminado, para sua surpresa. Boa música, pouco conhecida, vale um resgate, principalmente para quem deseja conhecer a fundo a discografia oficial do canto

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de abril de 2005

Elvis Presley - That's The Way It Is

Essa é a trilha sonora do filme "Elvis é Assim" da MGM. Na ocasião o estúdio ainda tinha Elvis sob contrato e com sua volta aos palcos decidiu-se filmar o cantor ao vivo em Las Vegas. Seria mais barato e bem mais interessante já que seus filmes convencionais vinham cambaleando já há um bom tempo. Hoje o fã de Elvis agradece de joelhos a decisão da Metro pois nos legou ótimas imagens dos concertos do grande astro nessa cidade em 1970. Se não fosse pelo documentário teríamos ficado privados de tantos momentos especiais. Esse disco tem algumas curiosidades. Por se tratar de um documentário de um show ao vivo era de se esperar que o material do álbum fosse retirado diretamente das apresentações mas isso não ocorre. É basicamente um disco de estúdio,gravado por Elvis em Nashville. Ao vivo mesmo apenas poucas faixas sendo as mais marcantes "I Just Cant't Help Believin'" e "You've Lost That Lovin' Feelin'". O Elvis que surge nas músicas desse trabalho passa longe do roqueiro rebelde da década de 1950. É um novo artista, com novo repertório, de músicas emocionais, baladas românticas e instrumental caprichado. O roqueiro de brilhantina cantando sobre chicletes, cachorros quentes, sapatos azuis e ursinhos de pelúcia já não fazia sentido para um homem de sua idade, com novos interesses e sentimentos.

Também esqueça a trágica imagem de seus últimos dias quando o excesso de drogas abalou o ser humano de forma cruel. Aqui Elvis ainda mantinha uma boa forma física, com apresentações viris e empolgantes que em nada ficavam a dever ao rebolativo roqueiro da década de 50. Algumas pessoas acham que ao longo dos anos Elvis ficou muito depressivo, cantando sobre o amor perdido. Pois é justamente o tema central dessa seleção de músicas. A única canção que destoa um pouco desse estilo é a agitada "Patch It Up" que injeta uma boa dose de energia no repertório contemplativo das demais gravações. Particularmente gosto muito da simplicidade emotiva de "Mary In The Morning" e do refrão kármico de "I've Lost You". Apesar da boa seleção a música que define todo o trabalho é realmente a monumental  "Bridge Over Troubled Water". A versão original era de Paul Simon mas ele, apesar de bom cantor, tinha uma voz pouco expressiva e de impacto. No vozeirão de Elvis a canção ganha adornos de suntuosidade extrema, beirando o operístico. Um registro indicado para quem ainda acredita que Elvis se resumia a sua Pelvis rebolante escandalizadora..Então fica a dica para quem quiser conhecer um Elvis Presley mais romântico, cantando o amor sem receios. Um bom álbum de um artista único.

Elvis Presley - That's The Way It Is (1970)
I Just Cant't Help Believin'
Twenty Days And Twenty Nights
How The Web Was Woven
Patch It Up
Mary In The Morning
You Don't Have To Say You Love Me
You've Lost That Lovin' Feelin'
I've Lost You
Just Pretend
Stranger In The Crowd
The Next Step Is Love
Bridge Over Troubled Water

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - His Hand In Mine / How Great Thou Art

Em 1969 a RCA Victor soltou no mercado americano esse novo single de Elvis composto apenas por duas reprises. Na realidade os executivos da gravadora apenas escolheram as duas canções títulos dos dois únicos álbuns gospel de Elvis lançados até aquele momento e inventaram esse compacto sem muita razão de ser. Para faturar em cima do momento bom na carreira do cantor ainda aproveitaram duas boas fotos de Elvis no NBC TV Special na capa e contracapa (essa com Elvis cantando "If I Can Dream" no mesmo programa de TV). Parecia até  ser uma boa ideia para fazer sucesso nas paradas de fim de ano. Não colou! Os fãs de Elvis estavam bem ávidos em comprar material de qualidade de Mr. Presley depois de tantas canções ruins de filmes por anos, mas claro que isso não significava que iriam jogar seu dinheiro fora com material velho, já fartamente comercializado em um passado nem tão remoto assim.

O próprio Elvis ficou surpreso com o single. Embora ele fosse apaixonado por música religiosa, ele não queria que, em particular essas duas canções de que tanto amava, fossem utilizadas como meros caça-niqueis. Além disso Elvis tinha um profundo respeito por seus fãs, a ponto de confessar certa vez que ficava muito mal, fisicamente mal, quando algum lançamento com seu nome chegava ao mercado sem a devida qualidade artística. Infelizmente em seus contratos com a RCA não havia nenhuma cláusula dando a ele o controle sobre os lançamentos de sua gravadora. Tudo chegava ao mercado sem o consentimento do cantor. Não raras vezes Elvis ficava realmente aborrecido com certos compactos que eram jogados no mercado americano sem qualquer tipo de critério. Nos momentos de maior raiva chegava ao ponto até mesmo de ameaçar abandonar a gravadora, embora nunca tivesse levado essa ameaça em frente. De uma maneira ou outra, sendo até bem complacente, tenho que admitir que pelo menos em termos de direção de arte esse single era bem bonito. O contraste de sua foto em preto e branco com esse azul intenso é inegavelmente de uma beleza ímpar. Tão boa é a capa desse compacto que ficaria muito bem até mesmo em um álbum da época. Para falar a verdade a capa é bem mais bela do que a disco "Elvis NBC TV Special" que trazia uma foto esquisita e bem pouco estética do programa de TV na capa. Coisas de um tempo em que isso nem era tão relevante como pensamos ser hoje em dia.

Pablo Aluísio.