domingo, 20 de fevereiro de 2011

Jim Morrison

Se estivesse vivo o cantor e compositor Jim Morrison estaria completando 70 anos de idade. Falar sobre Jim Morrison em meu caso é simples, familiar até. Descobri o The Doors há muitos anos quando ouvi pela primeira vez "L.A. Woman" em uma festa. Não demorou nada para ela virar uma das minhas canções preferidas de todos os tempos, sem exagero nenhum. Depois do interesse inicial despertado pela música corri atrás para conhecer melhor sua vida, sua poesia e suas letras. Obviamente já tinha ouvido falar bastante de Morrison desde muito cedo em minha vida mas só depois realmente me interessei por ele a ponto de comprar livros, assistir filmes e completar toda a coleção de sua discografia (ainda na era do vinil quando os discos dos Doors não eram assim tão fáceis de achar). O interessante em relembrar isso é que hoje em dia já não tenho mais interesse em conhecer nenhum grupo ou cantor da atualidade a fundo como antigamente. Mudei pessoalmente ou a música é que virou uma porcaria mesmo?

Pois bem, voltemos. Por volta do início dos anos 90 já tinha tudo do grupo. Do primeiro ao último disco. Ouvir The Doors em minha vida foi tão gratificante quanto ouvir o Pink Floyd. Claro que o Floyd é muito mais rico em termos musicais mas isso não desmerece o grupo de Jim Morrison. Na verdade o diferencial entre esse artista e os demais é que sua biografia é tão interessante, tão rica que ficamos até absorvidos por ela. Afinal quando se é jovem encontrar um ídolo (palavra essa que não uso mais em minha vida) pela frente é algo bem marcante.

O problema de Jim Morrison era que ele ainda era um jovem quando morreu. Imagine morrer aos 27 anos apenas! Quem vê suas últimas fotos vai perceber que Morrison estava parecendo um velho, um sujeito barbado, gordo, inchado aparentando muito mais de 40 anos fácil. A explicação é que ele entrou fundo nas drogas, nas bebidas e nos excessos. Quase não conseguia mais se apresentar ao vivo porque ou estava embriagado ou narcotizado. Mas verdade seja dita, ele não era esse doidão todo apenas pela diversão ou pelo vício. Morrison tinha essa postura de exageros e auto-destruição também por uma questão de ideologia. Ele era fã da frase: "As portas do excesso abrem os pilares do conhecimento". Assim para atravessar para o "outro lado" ele pagou o preço de todos os excessos possíveis e imagináveis. E o preço de uma bad trip dessas era a própria vida!

Hoje em dia já não ouço os Doors como antigamente. A discografia do grupo é relativamente pequena (não chega nem a dez discos oficiais) e assim em pouco tempo você esgota, ouve todos os discos, todas as canções e se cansa mais rapidamente do que o habitual. Passa longe de ser uma obra extensa. Ainda considero o Doors um dos melhores grupos de rock dos anos 60 e Morrison um baita de um cantor. Recentemente vi um famoso jornalista brasileiro na Globo falando que Jim Morrison não era um bom cantor. Discordo completamente, acho que ele era extremamente talentoso. Em entrevistas dizia que um dia queria cantar como Sinatra e Elvis. Não chegou lá, mas fez bonito.

Infelizmente ele entrou de cabeça naquela ideologia que dominava a juventude dos anos 60 e morreu cedo demais. Tudo se resumia em "Viver intensamente e morrer jovem". Era o máximo para os garotos daqueles anos loucos e psicodélicos. Assim como Hendrix e Joplin morreu com apenas 27 anos, se tornando um mito trágico tal como Dionísio que adorava. Quem sabe o que ele faria se tivesse tido a oportunidade de viver mais alguns anos? Morreu cedo e foi enterrado em sua próprio mito. O único consolo é saber que se o mito se foi pelo menos a obra ficou. Descanse em paz Rei Lagarto!

Pablo Aluísio.

Cream - Fresh Cream

O Cream foi um grupo de blues rock inglês da década de 1960 que não durou muito mas influenciou um monte de artistas que vieram após seu surgimento. O conjunto nasceu por acaso. Durante uma carona dada a Eric Clapton o músico Ginger Baker comentou que gostaria de formar uma nova banda pois estava insatisfeito com o grupo que tocava. Isso veio bem de encontro ao que também sentia Eric Clapton. Ele estava no Yardbirds mas não se sentia mais à vontade por lá. Como eles estavam pensando em mudar de ares resolveram apostar na nova ideia, com a formação de um grupo de rock mais livre, sem amarras e compromissos impostos pelas gravadoras. Clapton sugeriu assim a contratação do baixista Jack Bruce e então eles começaram os primeiros ensaios. Estava nascendo o Cream, cujo nome já dizia tudo, pois eles se consideravam a nata, o creme do mundo musical de sua época. No Cream Clapton finalmente teria liberdade para tocar o que bem entendesse, com foco, é claro, no blues mais tradicional que ele adorava. Já Ginger Baker procurava por um som mais ácido, pesado. Dessa combinação de vários estilos nasceu uma sonoridade única que segundo especialistas daria origem tanto ao rock progressivo como ao Heavy Metal dos anos 70. A liberdade de criação do Cream foi o grande diferencial.

Hoje em dia o Cream é considerada uma das superbandas da história do rock mas em seu começo as coisas eram bem diferentes. Quando gravaram esse primeiro disco ainda eram completamente desconhecidos nos Estados Unidos (só depois da gravação foram à América em busca de projeção e sucesso). "I Feel Free", uma canção símbolo dessa fase, não entrou no álbum em sua primeira edição, sendo lançada em separado, como single, para tornar o som da banda mais popular entre os ingleses. Deu certo. Mesmo em uma gravadora pequena eles conseguiram chamar a atenção do público e emplacaram um sexto lugar entre os mais vendidos. A partir daí o Cream decolaria mas infelizmente o grupo implodiria apenas três anos depois, fruto das constantes brigas entre Ginger Baker e Jack Bruce. Clapton que já tinha vivenciado algo parecido com o Yardbirds nem pensou duas vezes, pegou seu boné e foi embora causando o fim do Cream. De qualquer maneira isso não importa pois o registro continua para a eternidade. Cream é um som maravilhoso que não pode ser ignorado por verdadeiros fãs de rock. Se ainda não conhece corra para conhecer!

Cream - Fresh Cream (1966)
I Feel Free
N.S.U. (Non-Specific Urethritis)
Sleepy Time Time
Sweet Wine
Spoonful
Cat's Squirrel
Four Until Late
Rollin' and Tumblin
I'm So Glad
Toad

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Roy Orbison

Muita gente conhece apenas superficialmente Roy Orbison. No Brasil poucos conseguem citar mais de uma canção dele. Na maioria das vezes vem a mente seu grande sucesso "Pretty Woman" e nada mais. Uma pena pois esse texano de Vernon, Texas, foi um grande cantor e compositor americano. Seu estilo era uma perfeita combinação de todos os ritmos que deram origem ao bravo Rock ´n´ Roll em seus anos iniciais, com enfase na country music. Tímido, de estrutura física frágil, o que lhe caia muito bem quando interpretava introspectivas baladas românticas, Roy teve o privilégio de ter sido apontado como o "Melhor cantor do mundo" por ninguém menos do que Elvis Presley! O elogio não era exagerado pois Roy conseguia realmente vivenciar aquilo que estava cantando. Suas interpretações vindas do fundo da alma marcaram época e até hoje emocionam os fãs de seu inconfundível estilo vocal.

Foi certamente uma carreira longa, produtiva e importante. Infelizmente ele se foi muito cedo, com apenas 52 anos, enquanto levava uma vida sossegada em Madison, Tennessee. Era o dia 6 de dezembro de 1988. Para não deixar a data passar em branco resolvemos antecipar essa homenagem para esse ícone da música popular americana (e mundial). Em breve escreverei mais sobre Roy aqui, inclusive comentando seus discos que são em sua maioria excepcionais. Aguarde.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A-ha - Scoundrel Days

Segundo disco do A-ha. O primeiro álbum como todos sabemos fez bastante sucesso mas nada se compararia ao que aconteceria nesse segundo disco. Lançado nos EUA em 1986 o grupo logo estourou novamente nas paradas, abrindo mais portas na América para eles. Não é para menos pois "Scoundrel Days" está cheio de grande sucessos com destaque para a simbólica e nostálgica "Cry Wolf", que até hoje arrepia por seu refrão pegajoso e marcante. Outro ponto que ajudou muito o A-ha por essa época foi o advento da popularidade do canal MTV.

Hoje em dia ela está em baixa por uma série de fatores (inclusive no Brasil está literalmente fechando suas portas) mas na década de 80 a MTV era o canal que todo jovem sintonizava. O A-ha assim surgiu como algo exótico e diferente, afinal os americanos não sabiam (como ainda hoje não sabem) o que era a Noruega ou onde ela ficava no mapa. Só sabiam que era um país muito frio e distante que conquistava as paradas americanas através desse trio de caras de nomes pra lá de esquisitos. Com as portas abertas o grupo aproveitou cada espaço, cada programa na TV americana para ganhar fama e divulgar de quebra sua música. Tanta divulgação surtiu efeitos bem positivos pois esse é seguramente um dos discos do A-ha com o maior número de hits FM da história do grupo.

Todas as faixas são destaques, de uma forma ou outra. A canção título é uma balada muito bem escrita, seguindo a tendência de dar nome ao disco como aconteceu em seu primeiro álbum. Gosto muito dos arranjos inspirados de "October" e "The Swing of Things". O mesmo pode-se dizer da simpática e cativante "Maybe, Maybe" que me lembra e muito o clima descontraído e levemente despretensioso das músicas dos anos 50. A canção mais marcante é certamente "Cry Wolf" mas gostaria de chamar a atenção para a diferente "Manhattan Skyline" que em minha opinião é uma das gravações mais simbólicas do som que se fazia na década de 80. Arranjos, letras, tudo nos remete para aqueles anos. Sinal que o som do A-ha ficou datado? Não diria isso, na verdade é apenas a prova que a música que eles fizeram cativou bastante, mesmo após tantos anos, afinal de contas você só se lembrará daquilo que realmente ficou gravado em sua memória não é mesmo? Maior prova que o A-ha não é uma banda descartável como se diz por ai não há.

A-ha - Scoundrel Days (1986)
Scoundrel Days
The Swing of Things
I've Been Losing You
October
Manhattan Skyline
Cry Wolf
We're Looking for the Whales
The Weight of the Wind
Maybe, Maybe
Soft Rains of April

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Engenheiros do Hawaii - O Papa É Pop

Esse é provavelmente o álbum mais popular do grupo de rock nacional Engenheiros do Hawaii. Esse disco vendeu muito, tocou bastante nas rádios e se tornou um marco da banda. Tem grandes sucessos nessa lista, principalmente a faixa "Era Um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones". Não era uma música original do grupo. Era uma música antiga, dos anos 60. Segundo Augusto Licks, essa faixa foi gravada porque os Engenheiros queriam participar das campanhas eleitorais, tocando nos comícios de Leonel Brizola. E foi justamente isso que aconteceu. A música antiga caiu no gosto do público e virou um hit!

"Pra Ser Sincero" é maravilhosa! Mostra bem como eles eram bons em letras e ritmo. A música título "O Papa é Pop"  foi composta quando o grupo lembrou da visita do Papa João Paulo II no Brasil. Ele tinha se tornado não apenas um símbolo religioso, mas também um ícone pop, plenamente incorporado dentro da cultura pop da época. Uma visão completamente correta. Visão de intelectuais, categoria que se encaixa bem para os membros dessa banda. Enfim, quer conhecer o melhor que o Rock no Brasil produziu? Ouça esse disco.

Engenheiros do Hawaii - O Papa É Pop (1990)
O Exército de um Homem Só I
Era Um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones
O Exército de um Homem Só II
Nunca Mais Poder
Pra Ser Sincero
Olhos Iguais aos Seus
O Papa é Pop
A Violência Travestida Faz Seu Trottoir
Anoiteceu em Porto Alegre
Ilusão de Ótica
Perfeita Simetria

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Duran Duran - Rio

Outro dia lendo uma publicação inglesa vi uma lista que colocava o Duran Duran como um dos mais influentes grupo de rock da Inglaterra! Como é?! Eu sempre me recusei a considerar o Duran Duran uma banda de rock. Em minha opinião esse grupo era uma transição entre o pop mais plástico e uma variação bunda mole de um tipo de rock mais inofensivo (perdão por usar a palavra rock), uma categoria que costumo chamar de rock de FM (quem viveu os anos 1980 e a era de ouro das estações de frequência modulada irá entender de imediato o que estou querendo dizer). 

Além de implicar com o som mela cueca do "Duran Duran" ainda nunca fui com a cara do Simon Le Bon! Na boa, nada tenho contra gays em geral; mas o Le Bon sem dúvida foi o astro pop rock mais gay da música inglesa - nem Boy George e nem muito menos George Michael, símbolos da musicalidade GLS British, conseguiram chegar perto. Também foi o músico mais cara de pau que já vi, usando roupinhas pra lá de bregas, mesmo na época. Coisas de oncinha que entregavam completamente o Le Bon. E ainda chamavam o sujeito de charmoso e elegante! Please... Lixo cultural é isso aí, my friend! Tantas primas donas reunidas em um mesmo grupo só poderia dar mesmo em brigas com luvas de pelica e o Duran Duran logo se implodiria, dando origem a outros grupos, igualmente farofas, mas isso é uma outra história que depois contarei por aqui... 

Título Original: Rio
Artista: Duran Duran
Ano de Produção: 1982
País: Inglaterra
Estúdio / Selo: Capitol / EMI
Produção: Colin Thurston
Formato Original: Vinil
Músicos: Simon Le Bon, Nick Rhodes, John Taylor, Roger Taylor

Faixas: Rio / My Own Way / Lonely In Your Nightmare / Hungry Like the Wolf / Hold Back the Rain / New Religion / Last Chance on the Stairway / Save a Prayer / The Chauffeur.

Pablo Aluísio.

Ray Charles - I Got a Woman

Ray Charles tinha tudo contra si no começo de sua vida. Ele nasceu negro em uma família muito humilde em uma das regiões mais segregadas e racistas dos Estados Unidos. Além disso ficou com problemas na visão muito cedo, se tornando deficiente visual. A questão é que ele também tinha um grande talento musical e isso o salvou completamente da vida cheia de privações e miséria de onde veio. No começo da carreira Ray se virou como podia para arranjar trabalho. Assim ele começou a copiar o estilo de Nat King Cole, afinal cantando daquela forma ele sempre arranjava contratos com as boates da região.

Obviamente Ray Charles tinha seu próprio estilo, único e maravilhoso, mas por questões puramente comerciais deixava isso um pouco de lado. O importante era sobreviver. Depois de uma temporada numa pequena gravadora ele foi finalmente contratado pela conhecida e poderosa Atlantic Records. Foi a grande chance de sua vida. As coisas porém não começaram muito bem pois Charles continuava a seguir os passos de Nat King Cole. Após lançar quatro singles e perceber que nenhum havia feito sucesso ele finalmente tomou coragem para assumir seu próprio estilo em seus discos. Assim levou "I Got a Woman" para gravar. Se fizesse sucesso seria ótimo, caso contrário ele voltaria para o estilo anterior.

"I Got a Woman" estourou nas paradas e levou o nome de Ray Charles pela primeira vez ao topo das paradas. A fórmula era mais do que interessante. A melodia era claramente inspirada na Gospel Music Negra, nos hinos religiosos que Ray conhecia tão bem desde criança. A letra porém não tinha nada a ver com religião, era aliás bem ousada, quase escandalosa naqueles tempos moralistas e conservadores. A fusão entre Gospel e uma letra tão profana deu origem a um novo gênero musical, a Soul Music, a música que vem de dentro, do fundo da alma. Finalmente após tantos anos de luta em busca do sucesso o maravilhoso Ray Charles havia finalmente encontrado seu caminho.

Claro que "I Got a Woman" abriu todas as portas para Ray Charles a partir daí. Desse ponto em diante ele não mais deixaria os picos da fama e do sucesso. A canção em si se tornou um marco e para muitos especialistas foi um dos primeiros registros de rock da história! Afinal de contas o que é o Rock em sua essência? Uma mistura talentosa de gêneros musicais diversos. "I Got a Woman" se enquadra perfeitamente nesse conceito. Consagrada por crítica e público a música ainda seria gravada por outros mitos, entre eles Elvis Presley e os Beatles. Maior prova de sua imortalidade não há!


Pablo Aluísio.

Raul Seixas - Metrô Linha 743

Era uma época complicada na vida de Raul Seixas. Ele havia passado por várias gravadoras, Philips, WEA, CBS e em todas elas tinha criado algum tipo de atrito com os executivos. Raul não fazia concessões e as gravadoras não o respeitavam como o artista criador que era. Em uma dessas gravadores um executivo lhe sugeria que fizesse uma canção em homenagem à Princesa Diana para voltar a tocar nas rádios! Raul achou um disparate! Isso era lá sugestão que se desse a um roqueiro verdadeiro como ele? Assim por volta de 1983 Raul foi parar na pequena "Estúdio Eldorado" que pertencia ao grupo Estadão. Raulzito achava esse jornal reacionário e quadradão mas precisando trabalhar encarou o desafio de gravar um disco que teria que vender 80 mil cópias de todo jeito. Para isso Raul compôs "O Carimbador Maluco" que fez parte de um programa infantil de grande sucesso da Globo e virou sucesso nas estações de rádio pelo Brasil afora. Depois disso cansado desse jogo comercial ele foi parar na Som Livre. Raul havia achado seu LP na Eldorado muito singelo, sem uma base musical sólida como ele estava acostumado a fazer em seus álbuns anteriores.

Em suas próprias palavras aquele tinha sido um trabalho bastante decepcionante para ele. Tanto que assim que terminou de gravar o disco literalmente vomitou a letra e música de "Metrô Linha 743". A canção não fazia concessões de nenhum tipo, era um momento raulseixista que lembrava os seus bons tempos de artista diferente, contestador e fora dos padrões. Raul também se dizia cansado das "fórmulas de sucesso" das gravadoras e por isso decidiu fazer um trabalho "preto e branco", sem firulas, todo baseado em arranjo acústico, com forte vocação para um som mais cru, mais verdadeiro, de origem mesmo. Em pleno furor de sucesso do chamado Rock Brasil, Raul então surgia com uma sonoridade bem diferenciada, que não fazia nenhuma questão de ser comercial. Curiosamente Raul não via graça nenhuma na leva de bandas de rock brasileiras dos anos 80. Para ele todos, sem reservas, eram alienados, acomodados. Para Raul não havia mais franco atirador para levantar a poeira do rock no Brasil. "Metrô Linha 743" era assim sua carta de intenções para o rock nacional não cair na mediocridade! Infelizmente para Raul a crítica da época não gostou muito do disco. O álbum foi acusado de não ter idéias novas - algo que deve ter sido cruel para Raul, logo ele que vinha trilhando a estrada do rock há tantos anos. A crítica para variar errou. "Metrô Linha 743" é um ótimo trabalho de Raul e hoje tem um status inegável de clássico e cult. Quem dera os queridinhos da mídia de hoje pudessem compor um trabalho tão criativo e consistente como esse.

Raul Seixas - Metrô Linha 743 (1984)
Metrô Linha 743
Um Messias Indeciso
Meu Piano
Quero Ser o Homem Que Sou
Canção do Vento
Mamãe Eu Não Queria
Mas I Love You (Pra Ser Feliz)
Eu Sou Egoísta
O Trem das Sete
A Geração da Luz

Pablo Aluísio.