quinta-feira, 5 de maio de 2005

Elvis Presley - Frank Sinatra e o cinema

Um dos momentos mais marcantes da carreira de Elvis Presley aconteceu em 1960. Ao lado do cantor Frank Sinatra ele se apresentou em um programa de TV celebrando sua volta das forças armadas. Infelizmente seria um dos raros momentos em que Elvis se apresentaria ao vivo na década. Durante os anos seguintes ele se dedicaria quase que exclusivamente ao cinema, seguindo a lógica imposta por seu empresário Tom Parker que dizia: "Quer ver Elvis? Pague uma entrada de cinema!". Interessante que esse foi um momento raro para Elvis na TV. Todos pensavam que ele iria se apresentar em diversos programas televisivos, mas isso não aconteceu. 

Ao contrário dos anos 50, quando ele se tornou figura presente em programas como Ed Sullivan e outros semelhantes, agora o seu empresário recusou inúmeras ofertas de apresentações para Elvis. Até mesmo o convite para fazer programas especiais, só com Elvis, oferecidos por grandes redes nacionais como CBS e NBC foram descartados pelo Coronel Parker que realmente, corroborando o que havia dito, a televisão estava fora dos planos de Elvis. O negócio dele agora seria o cinema, única e exclusivamente. Para ver Elvis cantando seu fã teria que ir a um cinema onde um de seus filmes estariam sendo exibidos comercialmente. 

O Coronel Parker planejava o lançamento de pelo menos 3 filmes de Elvis por ano, nas férias de verão, nas férias escolares e no final de ano. O Coronel Parker chegaria a dizer em uma rara entrevista que os filmes de Elvis estariam em cartaz quando os jovens estivessem de férias. Assim todos poderiam assistir aos seus filmes várias vezes. Depois iriam até uma loja de discos local para comprar as trilhas sonoras. Seguindo essa fórmula de vendas Elvis ganharia duas vezes, com lucro em dobro. Comercialmente era mesmo uma grande jogada, quem poderia discordar?

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Discografia Brasileira 1960

De uma maneira em geral os discos e singles de Elvis Presley continuaram a chegar com atraso em nosso país. Na nova década havia um clima de otimismo em relação ao futuro mas nossa indústria ainda era muito rudimentar e o país, no que diz respeito a produtos estrangeiros, continuava bem atrasado. O fã brasileiro de Elvis Presley na época tinha acesso aos lançamentos mais recentes basicamente através dos singles (compactos simples) que sendo bem mais baratos em sua produção chegavam mais rapidamente nas mãos do consumidor nacional. 

 Já em relação aos álbuns a coisa ficava mais complicada. "Elvis is Back", por exemplo, chegou nas lojas do país sete meses depois de seu lançamento nos EUA. Elvis já estava de volta do exército há meses quando finalmente a edição nacional foi lançada. Por falar em lançamentos atrasados o ano de 1960 foi mais do que bagunçado em se tratando da discografia de Elvis. Nesse ano não foi lançada a trilha sonora de "G.I.Blues", embora o filme tenha chegado aos nossos cinemas poucos meses depois de ser lançado nos EUA. A trilha em LP só chegaria aos brasileiros em 1961 e mesmo assim incompleto, com faixas ausentes. A única boa notícia foi que a RCA finalmente começou a colocar no mercado discos em 45 RPM, pois o formato 78 RPM já estava ficando obsoleto, até mesmo no Brasil.

Mas os problemas continuavam. "His Hand in Mine" foi ignorado por aqui. Nem sequer foi lançado. O disco religioso esperou décadas para finalmente ganhar sua edição nacional (já em plenos anos 90!). A explicação da RCA Brasil foi a de que praticamente não havia protestantes no Brasil naquela época - uma justificativa bem estúpida, uma vez que o fã de Elvis não estava preocupado com isso e além do mais o álbum poderia ser ouvido sem problemas por qualquer linha cristã e não apenas evangélica. Mesmo assim por ser, segundo os diretores da RCA, "um disco que só interessaria a crentes!" o LP foi deixado de lado. Se dois dos três álbuns de Elvis não foram lançados no Brasil em 1960 o que afinal sobrou aos fãs brasileiros? Bom, seguindo a linha de atraso o "Elvis Golden Records 2" foi finalmente lançado. "A Data With Elvis" idem! 

E no fim do ano, atendendo a pedidos, a gravadora finalmente colocou no mercado o "Elvis Christmas Album", exatamente três anos depois de seu lançamento nos EUA. A edição luxuosa cheia de encartes do original americano foi deixada de lado. Trocaram a capa e fizeram uma edição bem mais simples e barata. Em termos de compactos a RCA nacional lançou três compactos no mercado em 1960: "It´s Now or Never" (que fez muito sucesso nas rádios de Rio e São Paulo), "Stuck on You" e "Are You Lonesome Tonight?" (esses dois últimos em material padrão da RCA, em edições fracas, papel de segunda linha, sem qualquer luxo ou refinamento), todos lançados com relativa rapidez. Enfim, as coisas ainda iam muito mal mas pelo menos grande parte do material referente a Elvis acabava chegando aos fãs brasileiros, de uma maneira ou outra.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de maio de 2005

Elvis Presley - Estrela de Fogo

Assim que os letreiros finais de “Flaming Star” sobem o fã de Elvis se pergunta por que o saudoso astro não realizou mais filmes desse nível nos longos anos em que ficou tentando emplacar em uma carreira de ator sério em Hollywood? De fato, “Estrela de Fogo” é sem dúvida um ótimo western! E isso independe completamente do fato do filme ser estrelado por um cantor de rock ou não (além do mais não há rocks na trilha sonora mas apenas country ao estilo “Made in Hollywood”). O ótimo cineasta Don Siegel conseguiu o que desde “King Creole” parecia difícil: tirar uma maravilhosa atuação de Elvis em cena. Ele interpreta um jovem mestiço, filho de pai branco e mãe índia, que de repente se vê no meio do fogo cruzado entre as raças. Afinal qual partido tomar? Ficar ao lado dos brancos e renegar a tradição dos nativos americanos ou ficar ao lado dos índios e esquecer que em suas veias também corre o sangue do colonizador europeu? O roteiro é obviamente uma crítica aos problemas raciais que os Estados Unidos enfrentavam naquela época. Com a luta pelos direitos civis o personagem interpretado por Elvis retratava a América mestiça, nascido e construída na base da união de raças – o que afinal de contas seria a força da alma da nação americana.

Há excelentes cenas no filme, além da presença de uma fotografia arrojada, belamente enquadrada no Cinemascope da época. Elvis obviamente está no filme para atuar, sua única cena musical é rápida e fugaz. Um mero deleite para fãs mais exaltadas. No resto da trama tudo gira em torno da complicada situação em que se encontra o personagem de Presley. Ao seu lado surge a própria “Jeannie” Bárbara Eden, muito bonita e simpática em cena. Infelizmente para os planos de Elvis em virar um ator sério em Hollywood o filme “Flaming Star” não foi o sucesso esperado. Rendeu bem menos do que “G.I. Blues”. As fãs de Elvis o queriam em filmes açucarados, com muito romance e roteiros de fantasia. “Estrela de Fogo” era em última analise um filme feito para o público masculino fã de faroestes, tendo pouca coisa a ver com a imensa parcela do público de Elvis naqueles tempos – que era formada mesmo pelas fãs mais leais ao seu eterno ídolo. Isso porém não arranha em nada o saldo final em termos artísticos pois “Estrela de Fogo” é certamente um dos melhores trabalhos feitos pelo Rei do Rock em sua fase Hollywoodiana. Um perfeito retrato do bom ator que ele poderia ter sido caso lhe tivessem dado melhores oportunidades. Se ainda não viu não deixe de conferir, sendo você fã ou não de Elvis Presley.

Estrela de Fogo (Flaming Star, EUA, 1960) Direção: Don Siegel / Roteiro: Clair Huffaker, Nunnally Johnson / Elenco: Elvis Presley, Barbara Eden, Steve Forrest / Sinopse: Pacer Burton (Elvis Presley) é um jovem mestiço que fica no meio do fogo cruzado entre brancos e índios no velho oeste americano.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Saudades de Um Pracinha

Tulsa McLean (Elvis Presley) é um soldado americano servindo na Alemanha que tem um sonho: abrir um night club quando voltar aos Estados Unidos. Tocando ao lado de amigos, sempre que surge uma boa oportunidade ele tenta ganhar alguns trocados. Numa conversa informal com os demais colegas de farda acaba descobrindo que uma dançarina de um night club em Frankfurt é considerada “inconquistável” pelos militares americanos. Afinal há uma enorme fila de pretendentes que nunca conseguiram nada com ela. Tulsa resolve então entrar numa aposta: ele conquistará finalmente o coração da jovem dançarina Lili (Juliet Prowse) ou então perderá todo o dinheiro que conseguiu juntar durante os últimos meses. O problema é que no meio do caminho acaba se apaixonando de verdade pela bonita garota. “Saudades de Um Pracinha” marcou a virada na carreira cinematográfica de Elvis Presley. Ele que antes de ir para o exército havia realizado seu melhor filme, “King Creole”, agora se via imerso numa típica comédia romântica musical, gênero aliás que não mais largaria pois suas melhores bilheterias no cinema viriam desse tipo de filme.

O roteiro se apóia quase que exclusivamente no carisma de Elvis e Juliet Prowse, sua talentosa parceira em cena. Há seqüências cativantes como a que Elvis canta ao lado de marionetes em “Wooden Heart” ou em um passeio muito romântico ao lado de Prowse em uma roda gigante onde cantam juntos a balada “Pocketful of Rainbows”. Tudo muito leve, com bastante romance, ideal para o público feminino de Elvis. Afinal ver seu grande ídolo namorando na Europa certamente agradou às jovens fãs do cantor. Já para os fãs roqueiros do cantor “G.I. Blues” se mostrava bem decepcionante pois Elvis deixava o legado da rebeldia ao estilo James Dean de lado para investir em um papel de galã romântico ao velho estilo de Hollywood. A trilha sonora também tinha um teor roqueiro mínimo (apenas uma releitura do antigo sucesso “Blue Suede Shoes” mantinha a velha chama acessa). O próprio Elvis não gostou muito, nem do roteiro e nem das músicas mas a despeito de tudo isso o filme fez um sucesso espetacular, batendo recordes de bilheteria. A trilha sonora por sua vez não apenas alcançou o topo entre os álbuns mais vendidos como também ganhou indicações ao Grammy, o mais importante prêmio da indústria fonográfica americana. De certa forma esse seria o caminho que Elvis trilharia durante seus próximos dez anos no cinema. Os dias de jovem rebelde estavam definitivamente para trás. 

Saudades de um Pracinha (G.I. Blues, EUA,1960) Direção: Norman Taurog / Roteiro: Edmund Beloin, Henry Garson / Elenco: Elvis Presley, Juliet Prowse, Robert Ivers, James Douglas / Sinopse: Durante seu serviço militar na Alemanha soldado americano aposta com seus colegas de farda que conseguirá conquistar o coração de uma dançarina "inconquistável" de um night club em Frankfurt. Ele só não contava se apaixonar de verdade pela garota.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de maio de 2005

Elvis Presley - Elvis e Norman Taurog

Quando Elvis retornou de seu serviço militar para retomar sua carreira na música e no cinema a Paramount saiu na frente e contratou o astro por um cachê fantástico. Afinal valia tudo para obviamente aproveitar a grande publicidade que estava sendo feita em torno de Elvis na imprensa. Um filme com ele no exército certamente renderia alguns milhões na bilheteria. O Coronel Parker também tinha novos planos para Presley. Queria deixar de lado aquela imagem de rebelde no estilo James Dean para investir em algo mais familiar. Assim seus filmes teriam que ter muita música, muito romance e diversão, sem aquele peso mais dramático de filmes como “Balada Sangrenta”.

A Paramount então trouxe um diretor que considerava o ideal para esse novo rumo de Elvis em Hollywood. Era Norman Taurog que havia consolidado em uma longa carreira um talento muito especial para dirigir comédias musicais românticas. Por suas mãos já tinham passado grandes ídolos do passado como Judy Garland, Gene Kelly, Mickey Rooney e Cyd Charisse. Definitivamente sabia lidar com cantores e cantoras que tentavam fazer sucesso no mundo do cinema. “Eu sobrevivi a Judy Garland” – costumava brincar! Era um diretor da velha escola, premiado com o Oscar de melhor direção por seu trabalho em “Skippy” (1931).

Para dirigir Elvis a Paramount lhe orientou que fizesse algo parecido com o que tinha realizado ao lado da dupla Jerry Lewis e Dean Martin. Filmes leves, simples, que seriam exibidos durante as férias escolares. Nada de muito dramático ou pesado, longe disso, o estúdio queria “um passeio no parque” como definiu o chefão da Paramount, Leonard Goldenson. “Não me venha com bobagens dramáticas!” – orientou ao cineasta.

Taurog viu em Elvis um bom profissional, obediente, que não criava problemas no set mas também notou uma certa apreensão no astro pelo excessivo número de músicas inseridas no filme. Presley inclusive chegou a reclamar pelo fato de começar a cantar no meio de uma viagem de trem ou então em uma roda gigante. Tudo parecia bem superficial e muito longe da qualidade de seu último filme. Norman Taurog lhe aconselhou paciência, calma, que tudo iria dar certo. E deu. “Saudades de um Pracinha” (G.I. Blues) virou um sucesso de bilheteria em 1960. Além do bom êxito comercial havia se mostrado também o filme adequado para os executivos do estúdio. Era aquilo mesmo que eles queriam.

Depois do sucesso e do bom relacionamento profissional entre ele e Elvis as coisas ficaram meio que acertadas que eles voltariam a trabalhar juntos, sempre com produção de Hal B. Wallis. Assim Norman Taurog acabou se tornando o diretor mais assíduo nos chamados “Elvis movies”. Foram nove filmes ao total: Blue Hawaii (1961), Girls! Girls! Girls! (1962), It Happened at the World's Fair (1963), Tickle Me (1965), Spinout (1966), Double Trouble (1967), Speedway (1968) e Live a Little, Love a Little (1968). Em meados dos anos 70 Norman Taurog respondeu com muito bom humor uma critica durante uma entrevista que lhe foi feita no famoso periódico Variety. Perguntado sobre a qualidade dos filmes que fez ao lado de Elvis, ele respondeu: “Eu tinha o maior cantor do mundo trabalhando comigo, o que vocês queriam que eu fizesse?! Que o colocasse para “atuar”?! Elvis Presley tinha que cantar, era isso. Os filmes foram grandes sucessos e o público gostava, isso me basta!”.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - O sucesso de "It's Now or Never"

O grande sucesso que todos estavam esperando, desde que Elvis havia deixado o exército, veio finalmente com a gravação de "It's Now or Never". O single se tornou o mais vendido da carreira de Elvis, vendendo milhões de cópias ao redor do mundo. E não se resumiu a isso. Se formos contar todos os discos e álbuns que contaram com essa faixa, podemos chegar facilmente em números impressionantes. Estima-se que "It's Now or Never", em compacto ou em reprises posteriores, tenha vendido algo em torno de 76 milhões de cópias. É coisa que não acaba mais.

E assim, como sempre acontece, depois de algo desse tamanho, o artista, os produtores e o mercado fica um pouco sem saber o que fazer depois de um sucesso desses. O próprio Elvis também se assustou um pouco com o sucesso popular dessa música. Ele já vinha cantando versões dessa música na Alemanha, ao piano, em suas noites de folga. Porém ela ainda se chamava em inglês "There's No Tomorrow". Só depois quando retornou aos Estados Unidos e divulgou seu desejo de gravar uma versão de "O Sole Mio" em língua inglesa é que os produtores da RCA Victor foram em busca de uma nova versão, com nova letra. Os compositores contratados Aaron Schroeder e Wally Gold fizeram sua parte e os produtores da RCA deram seu aval.

Elvis fez uma performance que lembrava muito Mario Lanza. E para quem o conhecia de perto isso não foi nenhuma surpresa. Elvis gostava de Lanza e de outros grandes cantores italianos. Tinha até mesmo vontade de um dia cantar como eles. E essa música foi um passo em direção a isso. E sempre é bom lembrar também que Mario Lanza foi o primeiro cantor a vender um milhão de cópias na RCA. Então histórico de sucesso não lhe faltava. Claro que para um roqueiro era uma mudança e tanto, como alguns críticos afirmaram na época, porém Elvis cantando músicas românticas não era nenhuma surpresa ou novidade para os fãs. Ele vinha fazendo isso desde o começo de sua carreira.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de maio de 2005

Elvis Presley - Elvis e Juliet Prowse

Juliet Prowse foi a atriz escolhida para contracenar com Elvis em seu primeiro filme após voltar do exército. Profissional de gênio forte e muita personalidade, Juliet se destacou desde muito cedo ao abraçar a dança como sua grande paixão de vida. Após se destacar em vários eventos ligados ao balé que tanto adorava, Prowse compreendeu que jamais seria uma dançarina clássica perfeita pois era considerada alta demais para isso. Dessa forma resolveu abraçar também a carreira de atriz. A primeira vez que ganhou notoriedade na imprensa foi por mero acaso ao virar alvo de polêmica, após os comentários ditos pelo líder soviético Khrushchev que ao ver uma de suas performances no ocidente comentou que o número que ele havia assistido era “lascivo, nojento e imoral". Não importou muito pois em pouco tempo Prowse estaria fazendo sucesso nas telas com o musical Can-Can.

Seus dotes artísticos foram decisivos para ser escalada em “G.I. Blues”, o novo filme de Elvis Presley, afinal a sua personagem era uma dançarina de um night club na Alemanha. Prowse não conhecia Elvis pessoalmente mas assim que foram apresentados e começaram os ensaios no set de filmagem compreendeu que dariam certo nas telas. "Ele tinha um senso de ritmo muito bom! Sua dança era muito envolvente" – afirmou a atriz anos depois. Logo no começo das filmagens uma série de boatos sobre um suposto envolvimento de Elvis com ela começou a circular em Hollywood, o que era um problema já que Prowse era considerada uma das garotas intocáveis de Frank Sinatra. Mas será que houve algum envolvimento mesmo entre os dois ou o suposto romance não passou de mais uma peça publicitária montada pela Paramount?

Algumas fontes afirmam que Elvis e Juliet começaram bem empolgados no filme e o flerte entre eles se tornou inevitável mas Elvis não foi em frente. Na verdade o cantor estava mais preocupado com outras coisas, entre elas o próprio filme. Elvis achava que o roteiro explorando em termos romanceados sua vida na Alemanha era tolo e as músicas que faziam parte da trilha sonora eram simplesmente horríveis. Sua vida sentimental também andava bem confusa pois embora ainda estivesse namorando com Anita Wood não conseguia tirar Priscilla da cabeça. Chegou a fazer vários telefonemas para ela desabafando sobre o filme. Elvis queria que a metade das cenas em que ele cantava no filme fossem cortadas mas nem a RCA, nem a Paramount e nem muito menos o Coronel Parker lhe deram ouvidos.

No final o filme fez um grande sucesso apesar dos receios de Presley. O êxito comercial deu um impulso incrível na carreira de Juliet Prowse que depois de alguns anos simplesmente cansou de Hollywood, preferindo voltar aos palcos onde estrelou peças e shows de sucesso, inclusive em Las Vegas e Londres (onde atuou ao lado de outros grandes nomes como Rock Hudson). Em relação a Elvis ela só lamentou mesmo não ter feito outro filme com ele. A Paramount queria Prowse em “Feitiço Havaiano” mas não conseguiram chegar a um acordo financeiro sobre seu cachê. Uma pena pois era uma presença talentosa em cena, bem diferente de outras partners sem expressão com as quais Elvis começou a contracenar. Coisas de Hollywood, enfim.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Paramount Pictures

Assim que Elvis chegou nos Estados Unidos o Coronel Parker o convenceu a assinar um longo contrato de sete anos com a Paramount Pictures. Esse tipo de contrato era bem tradicional em Hollywood, mas já naquela época, em 1960, era considerado prejudicial aos artistas. O problema é que era longo demais, sete anos, não havendo direito de recusa por parte de quem assinava. Era uma relíquia dos velhos tempos, do antigo Star System dos grandes estúdios.

Apesar de tudo o Coronel Parker não quis saber. Em sua visão era um bom contrato e Elvis deveria assinar sem pensar duas vezes. E assim Elvis o fez, sob orientação do Coronel. O primeiro filme seria chamado de "Saudades de um Pracinha", uma comédia romântica passada na Alemanha mostrando os romances e desencontros de um soldado americano que se apaixonava por uma dançarina de night club. Elvis não gostou do roteiro, mas decidiu guardar sua opinião apenas para si.

Ou quase isso, já que ele desabafou com Priscilla que havia ficado na Alemanha. Elvis contou a ela que o roteiro do filme era ruim, que as músicas eram bobagens e que ele não queria atuar nesse filme, pois achava que era pura apelação essa coisa de explorar seus anos no exército. Priscilla ouviu tudo, mas como era uma adolescente, o que ela poderia fazer? Nada, apenas tentar dar uma força ao namorado.

Esse foi o primeiro sintoma de que algo não ia bem, que Elvis havia assinado um contrato que prendia suas mãos. Ele não poderia recusar o que o estúdio lhe mandava fazer. A única coisa boa que o Coronel Parker havia conseguido nisso tudo foi a retirada da cláusula de exclusividade. Assim Elvis poderia trabalhar em outros estúdios de cinema, quem sabe aí sim escolhendo os roteiros de seu agrado pessoal. Ele queria ser Marlon Brando e James Dean, por isso estava sempre falando em estrelar dramas no cinema. Será que isso algum dia iria realmente acontecer?

Pablo Aluísio.