sábado, 25 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 119

Elvis e a busca espiritual
Data: fevereiro de 1967 / Local: Hollywood / Texto: Pablo Aluísio / Photo: "Clambake", United Artists. 

Elvis e a Era de Aquárius 
Nos anos 60 durante as filmagens de mais um novo filme do Rei do Rock, o cabeleleiro do estúdio não pôde comparecer para cuidar do cabelo do Elvis. Foi então que um substituto foi enviado. Seu nome era Larry Geller, hippie, nova iorquino e judeu, uma combinação bem estranha sem dúvida, mas que era o típico espiritualista em moda naquela época. Uma pessoa versada em quase todas as religiões conhecidas, desde budismo, hinduismo, xintoismo e outras várias, que só ingeria comida natural e praticava yoga e outros tipos de vertentes das religiões orientais. Ao cuidar do cabelo de Elvis, Larry percebeu que enquanto ele estava sentado na cadeira esperando o serviço ficar pronto, ficava lendo o livro "Autobiografia de um Yogue". Logo Larry puxou papo com Elvis e lhe disse que gostava muito do assunto, de religiões esotéricas, da nova era de aquário, da busca espiritual, telepatia, de ocultismo, etc. 

No começo Elvis pensou que ele seria apenas mais um bajulador como tantos outros que ele encontrava pelos estúdios, mas quando Larry começou a expor seus conhecimentos, Elvis ficou completamente impressionado! Começou a surgir daí uma amizade muito especial para Elvis, pois finalmente ele havia encontrado alguém com quem discutir esses assuntos de que tanto admirava e estudava. Larry mostrou a Elvis que havia muitos outros grandes mestres além de Jesus Cristo e começou a trazer a Elvis livros sobre Buda, Confuncio, Maomé, etc. E Elvis absorveu toda a literatura disponível, sempre seguindo os conselhos de Larry nesse campo. Elvis perguntou a Larry porque tinha sido tão abençoado por Deus em sua vida, e porque mesmo tendo tudo não conseguia atingir a felicidade! Ele queria entender seu propósito nessa vida, qual era o plano de Deus para ele, qual seria a sua missão! E desabafou que se sentia frustrado pois até sua tão gloriosa carreira de outrora agora perdia o brilho e tudo estava resumido em se fazer 3 filmes por ano com trilhas sonoras estúpidas. 

Ele disse a Larry que mesmo rodeado de muitas pessoas, se sentia na verdade extremamente solitário em sua vida. Larry acabou virando uma espécie de analista na vida de Elvis, um ombro amigo em que ele podia desabafar sempre que quisesse. E Elvis, para a ciumeira geral de seu grupo, começou a chamar Larry de "meu Guru" e "meu Mestre". A primeira conseqüência disso foi o gradual afastamento de Elvis das amizades anteriores, como os caras da Máfia de Memphis. Elvis sempre estava ao lado de Larry discutindo os grandes temas universais e como os demais membros da máfia não entendiam do assunto e nem tinham cultura para tanto, acabaram ficando de lado na vida de Elvis. Com Priscilla também não foi diferente. Elvis incentivou ela a também estudar todos esses assuntos, mas isso não a interessava. E assim Priscilla também começou a sentir ciúmes de Elvis, pois mesmo quando ele estava em casa, ficava distante e ausente, lendo e devorando o material recomendado por Larry. Nesse ponto a religião se tornara o ponto focal de sua vida - para Elvis nada mais tinha importância, nem seus amigos, nem seus filmes e discos e muito menos sua namorada Priscilla. 

O Coronel Tom Parker começou a ficar preocupado de verdade. Chegou a perguntar a Joe Esposito: "Joe, o que está acontecendo com o menino? Parece distante e desinteressado!". Joe Esposito prometeu ao Coronel que iria ficar de longe, observando essa amizade de Elvis e Larry. Então na manhã em que Elvis iria começar as filmagens de seu novo filme, chamado Clambake (O Barco do Amor, no Brasil), ele acordou meio sonolento e não viu o fio da TV no chão. Ao caminhar para o banheiro Elvis tropeçou no fio e caiu de forma violenta, batendo a cabeça fortemente. Ao recobrar a consciência Elvis percebeu que se machucara pra valer na cabeça. "Mas que merda! Quem colocou esse fio aqui!?". Priscilla, assustada, chamou Joe Esposito imediatamente ao quarto. Em poucos minutos o recinto estava cheio de gente: médicos, produtores, Larry, os caras da máfia de Memphis e o Coronel. 

O doutor declarou que Elvis tinha uma forte concussão na cabeça e que deveria ficar em repouso nas semanas seguintes, pois seria necessário a realização de mais exames, para se certificar de que nada mais grave tivesse lhe ocorrido. O começo das filmagens estava adiado por tempo indeterminado. O Coronel ficou furioso com o acontecimento. Para ele tudo era culpa dos livros espiritualistas. Elvis estava com a cabeça nas nuvens, não se importava com mais nada e nem com ninguém. Tinha se tornado uma pessoa distante e desligada do mundo. Foi então que ele resolveu reunir Elvis, Larry e todos os caras da máfia de Memphis. Para o Coronel o momento era de colocar as coisas em ordem novamente. 

Tom Parker não deixou por menos: "Elvis, Larry está mexendo com a sua cabeça, eu tenho certeza que ele está tentando fazer uma lavagem cerebral em você! Eu posso garantir isso! Você deve se afastar dele e dessa literatura barata. Não deve mais perder tempo com essas coisas. Você tem uma carreira para cuidar! Deve se concentrar em atuar e cantar bem e nada mais. Você não é pago para salvar o mundo, mas sim para entreter as pessoas! Deve honrar seus compromissos e cumprir seus contratos, nada mais. Você é um artista e não um guru! Você deveria queimar todos esses livros de uma vez! E vocês - disse apontando o dedo para os caras da máfia de Memphis - devem deixar Elvis em paz, ele é um artista e não um ombro amigo para trazer problemas. Cuidar de uma pessoa já é difícil, imagine onze! Isso faz qualquer homem vergar, meu Deus! Isso acaba agora, me entenderam?! Vocês devem deixar Elvis em paz, qualquer problema de agora em diante deve ser levado ao conhecimento de Joe Esposito!" - Esse último recado foi dirigido face a face a todos os membros da máfia de Memphis e a Larry Geller em especial. 

Foi uma bronca daquelas, com o Coronel gritando com todos a plenos pulmões! Elvis ouviu tudo calado, com a cabeça abaixada e não contestou as incisivas palavras do Coronel e nem saiu em defesa de Larry. Em um ponto Priscilla e toda a turma da máfia de Memphis concordavam com a visão do Coronel Tom Parker: todos queriam que Elvis mandasse Larry embora de Graceland e tocasse fogo em seus livros espiritualistas. A pressão foi tamanha que numa noite Elvis, ao lado de Priscilla, resolveu fazer uma grande fogueira nos fundos de Graceland para queimar toda a sua coleção de livros. Elvis apenas ficou lá, abalado e não muito certo de sua decisão, olhando todos os seus queridos livros virarem cinzas. Chegou a murmurar: "Não se deve queimar livros!". Ele sentiu muito, mas achou que aquele era o momento certo para fazer aquilo. Pelo menos por enquanto tudo estava resolvido, enfim. Porém, conforme o tempo foi passando, Elvis foi, aos poucos, voltando aos temas espirituais. Esse assunto sempre lhe fascinara e apesar de tudo ainda lhe despertava muita atenção. De fato isso não seria o fim da amizade entre Larry e Elvis, pois esse ainda iria voltar na vida do Rei nos anos 70. Tanto que nos anos seguintes Elvis voltaria a comprar quase todos os livros que ele havia jogado na fogueira naquela noite. Definitivamente Elvis tinha sido fisgado de uma vez por todas pela chamada "Era de Aquárius".

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 118

O Guru de Elvis
Data: fevereiro de 1967 / Local: Los Angeles / Texto: Lu Gomes / Photo: "Clambake", United Artists. 

Fronteiras do desconhecido
 Larry Geller era um judeu nova-iorquino, um dos primeiros espécimes de uma raça que logo seria comum na Costa Oeste e nos resto do mundo - o hippie espiritualista dedicado à alimentação natural. Às vezes Elvis brincava se referindo a ele como "o meu guru". Mas Larry Geller absolutamente não fez a cabeça de Elvis Presley, embora cortasse seu cabelo toda semana. Geller apenas acendeu o pavio. Quase todos os dias, Elvis e Larry engajavam-se em prolongadas discussões sobre os livros de ocultismo que Larry lhe indicava e Elvis estudava com afinco. E o ocultismo ocupou seu lugar na vida do Rei. Não demorou nada para que ele se colocasse na posição de "grande mestre" e líder espiritual, e sua idéia de origem divina começou a se firmar como um dos princípios de sua vida. Elvis passou a pregar a todos que lhe rodeavam, jogando sobre eles tudo o que havia lido nos livros. Elvis estudava teologia, filosofia oriental, numerologia, Madame Blavatsky, objetos voadores não identificados, espiritismo, reencarnação, vida após a morte, telepatia, etc. 

Chegou inclusive a fazer muitas tentativas para se comunicar telepaticamente, mas invariavelmente acabava usando o telefone. Elvis estava particularmente curioso sobre os mistérios da morte e assegurou aos caras que, se morresse, iria encontrar um jeito de se comunicar do além. Como se não bastasse, Elvis passou a freqüentar uma academia espiritualista em Pasadena (Califórnia), fundada em 1952 por Paramahansa Yogananda, o autor de "Autobigrafia de um Yogue". Esse "Shangrilá" ficava no topo de uma montanha, onde havia um hotel, e pelos gramados mulheres caminhavam vestidas com sáris coloridos. Existia também um jardim para meditação, que Elvis imediatamente duplicou em Graceland. No sopé da montanha havia uma cidadezinha totalmente cercada, onde ficavam os alojamentos dos irmãos e irmãs que viviam em celibato, em perpétua meditação. 

Quando soube que essa área lhe era proibida, Elvis não resistiu ao impulso de se declarar um celibatário e conhecer o misterioso lugar. Nessa montanha ele conheceu uma moça que se dizia chamar Daya Mata e que era uma das discípulas de Paramahansa. No primeiro encontro que teve com ela Elvis pediu que lhe ensinasse os segredos da Kriya Yoga, o último degrau da escala de auto realização. Daya Mata lhe aconselhou humildade, paciência e perseverança. Em troca Elvis ofereceu dinheiro, que ela aceitou agradecida em nome da fundação espiritualista. Mas nem toda a espiritualidade foi capaz de fazer com que Elvis controlasse seu terrível temperamento. Até mesmo quando acabava de sair de uma sessão com Daya Mata, Elvis era capaz de atos de irracional violência. Uma vez ele estava voltando para casa e passou por um posto de gasolina na encosta da montanha, onde dois empregados estavam boxeando de brincadeira. Elvis ordenou que sua limusine entrasse no posto e, abrindo sua janela, fez um discurso para os brigões, dizendo a eles que deviam abraçar o amor e não a hostilidade. 

Assim que o carro arrancou, um dos sujeitos lhe fez o clássico sinal de "vá se f*", isto é, o dedo médio erguido com a mão fechada. Instantaneamente o carro brecou, Elvis desceu, aproximou-se do primeiro empregado e lhe aplicou um golpe de Karatê que o jogou longe. Em seguida sacou seu revólver 38 do coldre sob o braço e estava pronto para atirar no segundo sujeito, quando Hamburguer James chegou correndo e gritando: "Me dá essa arma!". Automaticamente, Elvis virou-se e entregou o revólver ao seu valete real. Num segundo, todos estavam de volta ao carro, que saiu em disparada. 

Single nas lojas: 
Indescribable Blue (Darren Glenn) - Essa música foi lançada em janeiro de 1967, como lado A de um single considerado de transição dentro da carreira de Elvis. Só o fato do single não ser de nenhuma trilha sonora dos filmes de Elvis já era um alívio para os fãs. A qualidade também era muito superior, mostrando uma clara evolução técnica e qualitativa dentro dos estúdios. Com arranjo primoroso, vocais e banda em ótimo momento, "Indescribable Blue" representava para os fãs naquele momento um breve, pequeno, mas importante sinal de mudanças na carreira de Elvis. Infelizmente as vendas foram baixas e o single sequer entrou no top 30, mas o mais importante era a clara intenção demonstrada por Elvis em gravar material com melhor qualidade musical. 

Fools Fall in Love - (Leiber / Stoller) - Para o lado B de "Indescribable Blue" foi escolhido essa canção de Elvis, que fica bem na média do que ele andava produzindo na época. Só o fato de ser de Leiber e Stoller já desperta atenção. O ritmo é agradável, o arranjo de metais é bem escrito e Elvis mostra animação nos vocais. Rotineira, mas empolgante, o que a salva de maiores críticas. Breve reencontro entre Elvis e a dupla Leiber e Stoller que merece ser redescoberto.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 117

O Coronel Tom Parker
Data: janeiro de 1957 / Local: Los Angeles / Texto: Lu Gomes / Photo: EPE. 

O Coronel Tom Parker 
O último dos grandes empresários do show business americano, herdeiro da velha escola de P.T.Barnum (aquele que disse "Nasce um otário a cada minuto") O Coronel Tom Parker faz parte do folclore. As histórias que se contam sobre ele já fez muita gente dar risada: de como vendia cachorro quente só com as pontas das salsichas aparecendo, o interior do pão sem carne nenhuma, como pintava pardais de amarelo e os vendia como canários, ou como fazia seus perus dançarem colocando-os sobre uma chapa de ferro quente aquecida por uma resistência elétrica. E muitos outros disparates. Mas afinal quem é esse homem misterioso que adora elefantes? Outra historinha: durante as filmagens de "Em cada sonho um amor", em Cristal River, na Flórida, o Coronel insistiu em visitar um velho paquiderme que tinha conhecido em seus tempos de circo. Tom Parker só ficou sossegado quando chegou ao Zoo e alimentou o animal, que demonstrou reconhecê-lo, abanando a cabeça e arrastando o pé acorrentado. 

Na década de 30 o Coronel trabalhava com o Royal American Shows, um circo que viajava pelos Estado Unidos e Canadá num trem particular de 70 vagões. Sobre o que fazia nesse circo existem divergências: alguns afirmam que o Coronel vendia algodão doce e maçãs carameladas; outro o colocam como intendente da companhia, um trabalho de muita responsabilidade para alguém com vinte e poucos anos. Tudo o que sabemos é que sua escola foi o circo, onde aprendeu a manipular o público. Tom Parker também era um homem com extraordinários poderes psíquicos. Ele era, por exemplo, um ótimo hipnotizador. 

Durante os anos em que as organizações Presley esteve confinada a uma tediosa rotina de fazer um filme atrás do outro, o Coronel uniu seu estilo bonachão aos seus poderes de controlar a mente produzindo cenas de irresistível humor, como conta Albert Goldman em seu livro "Elvis": "Durante as filmagens de Kid Galahad, certa vez o coronel hipnotizou Sonny West, o guarda costas de Elvis, instruindo-o para que dissesse ao diretor Phil Karlson que o filme cheirava mal, a atuação era horrível, a direção era nojenta e toda a produção era uma terrível perda de tempo. Num intervalo da filmagem, o grande, corpulento Sonny caminhou até o diretor e lançou-lhe a impressionante e insultosa conversa. O diretor ficou boquiaberto com o choque, enquanto o Coronel bebia a cena, rindo consigo mesmo e esforçando-se para que seu rosto não o traísse. 

Finalmente Karlson gritou: "Quem é esse sujeito? Tirem-no daqui!" Quando lhe explicaram a piada, o diretor ficou espantado por Sonny West ter atuado tão convincentemente e sem dar um sorriso sequer. "Ele estava hipnotizado" explicou o Coronel. "Ele não poderia ter feito isso de outro jeito". Virando-se para Sonny o diretor do filme perguntou: "Isso é verdade?" "Sim Senhor, é verdade sim", admitiu Sonny. Os dotes psíquicos do Coronel não eram limitados apenas à hipnose. Há anos ele sofria de uma ruptura de disco na coluna, motivo pelo qual ele sempre usava uma bengala. Mas nunca se submeteu a uma cirurgia, preferindo controlar a dor, às vezes insuportável, através do poder de sua mente.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 116

Quem foi Tom Parker?
Data: março de 1960 / Local: Memphis, Tennessee / Texto: Lu Gomes / Photo: Time Life. 

Andreas Cornelius Van Kuijik 
O que mais sabemos sobre o Coronel? Ele nunca assinou um cheque, nunca teve um cartão de crédito e pagava tudo em dinheiro vivo, além de fazer questão de não dever um centavo ao imposto de renda. Embora atuasse em um negócio internacional ele nunca teve um passaporte. Por quê? Segundo o próprio não podia provar seu nascimento pois era um filho enjeitado. Nunca devendo ao imposto de renda, evitando submeter-se a investigações para a obtenção de cartões de crédito e não se sujeitando ao escrutínio do pessoal da imigração para tirar um passaporte, um homem pode passar toda sua vida nos Estados Unidos sem precisar dizer exatamente quem ele é. O Coronel foi casado durante mais de 50 anos com a mesma mulher, Marie, e não teve filhos. Antes de Elvis, por nove anos, de 1944 a 1953, o Coronel dedicou-se a empresariar o cantor Eddy Arnold. A patente de "Coronel", que tantos benefícios lhe trouxe, é um título honorário, que lhe foi concedido por Jimmy Davis, governador da Louisiana, em 1948. 

Virtualmente único em sua profissão, por sempre se dedicar exclusivamente a um único cliente, o Coronel tinha somente duas paixões, fora o trabalho. Uma era comer, o que fez com que seu peso subisse até os 150 Kg, a outra era o jogo. Tom Parker era um jogador prodigioso. Em Las Vegas, onde mantinha um apartamento, era considerado um dos maiores jogadores da história. Na roleta, sempre fazia a aposta máxima, 10 mil dólares, chegando a perder, às vezes, mais de um milhão de dólares por mês. O Coronel tinha 47 anos quando ficou famoso, graças à sua associação com Elvis Presley, mas nunca conversou com jornalistas. Não que recusasse a atender a imprensa. Pelo contrário - qualquer jornalista que lhe pedisse uma entrevista, era atendido gentilmente pelo Coronel: "Ficaria encantado em lhe conceder uma entrevista. Você deseja uma curta ou uma longa? O preço da curta é de 25 mil dólares, a longa custa 100 mil". Após a morte de Elvis, a verdadeira identidade do Coronel Parker foi sendo descoberta pelos autores que escreveram sobre o cantor. 

Alguns acontecimentos sempre chamaram a atenção, como por exemplo, o fato de Elvis nunca ter cantado fora dos Estados Unidos (exceto uma única vez no vizinho Canadá). Outro fato também intrigou os autores: durante seu serviço militar na Alemanha, Elvis nunca foi visitado por Tom Parker. Sem dúvida havia algo de errado com o Coronel, a questão que surgiu foi saber por quê o Coronel evitava sempre viajar para fora dos Estados Unidos? Após uma investigação descobriu-se que o Coronel não havia nascido em Hungtington, West Virginia, como sempre afirmou e sim em Breda, na Holanda, em 26 de junho de 1909. Nome verdadeiro: Andreas Cornelius Van Kuijik. Não se sabe como o Coronel veio parar nos Estados Unidos, mas com certeza foi de maneira ilegal. Seus primeiros registros em solo americano datam de 1929, quando ele tinha 18 anos. Em 1929 o Coronel se alistou no exército americano, onde serviu de 1930 a 1932. E depois disso ele apagou todas as pistas sobre seu passado. Albert Goldman matou a charada em 1980. Junto a Lamar Fike eles resolveram ir direto ao coração do problema. 

É Goldman quem recorda: "Quando descobrimos essa história, Lamar Fike, que viajou muito com o Coronel nos velhos tempos afirmou que não via o Coronel como uma figura inalcançavel e propôs: 'Porque não telefonamos ao Coronel e esclarecemos o mistério?' Quando Lamar conseguiu falar com o Coronel, foi muito bem tratado e começou: 'Coronel, vocês sempre me disse que se houvesse alguma coisa que eu quisesse saber sobre você, deveria perguntar-lhe pessoalmente'. De Hollywood a voz do velho homem fez-se ouvir em Nova Iorque: 'Está certo Lamar, o que você quer saber?' 'Bem, Coronel', disse Lamar, 'tem um livro aqui que diz que seu nome verdadeiro é Andreas Van Kuijik e que você nasceu em Breda na Holanda'. Houve uma pequena pausa na linha e uma perceptível mudança de tom na voz de Parker: 'Oh, sim', respondeu o Coronel, 'Isso já saiu em mais de quinze lugares. Essa é velha... não é nenhuma novidade!' Lamar ficou tão impressionado com a inesperada resposta que protestou: 'Mas Coronel, eu o conheço há mais de 20 anos - porque nunca me contou que era holandês?'. O Coronel, sempre com uma resposta na ponta da língua, retrucou: 'Porque você nunca me perguntou'. Muitos anos depois, quando perguntado como resumiria sua sociedade com Elvis Presley o Coronel afirmou: 'Quando conheci esse rapaz ele só tinha o potencial de um milhão de dólares. Agora ele já ganhou muito mais do que o seu Milhão!'. Coisas de Tom Parker, ou melhor, Andreas Van Kuijik...

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 115

Girl Happy (1965)
Data: junho de 1964 / Local: MGM Studios, Culver City / Texto: Victor Alves, exceto * de autoria de Pablo Aluísio / Photo: RCA Victor. 

Louco por Garotas (1965) - 1964. Em fevereiro deste ano os Beatles aportavam nos USA, mudando para sempre a música e instaurando a maior revolução musical desde 1956, revolução esta que daria origem, junto com uma série de outros fatores, à psicodelia e à revolução sexual e social que os USA iriam vivenciar anos mais tarde: a famosa era de aquário. 64 também foi o ano em que o número de soldados americanos no Vietnã aumentou consideravelmente. Protestos e lutas raciais encabeçadas por Martin Luther King começavam a levar a nação a verdadeiros espasmos sociais. A década de 60 efetivamente chegava para fazer barulho e sacudir o American Way of Life. 

E Elvis? Bom, 64 para Elvis foi, de um modo geral, só mais um ano de trabalho. E um não muito bom. Ele continuou fazendo três filmes por ano de qualidade duvidosa e a lançar trilhas, em sua maioria medíocres. Se bem que discos como Rostabout, se comparados com trilhas de 65 e 66 são verdadeiros clássicos. Ou seja, a coisa iria piorar. E muito. Também foi o ano em que Elvis entrou em um longo cochilo musical, do qual daria sinais de querer acordar em 66 e 67, mas que só viria a efetivamente fazê-lo nos estúdios da NBC em junho de 68. Foi o 1º ano em que ele não emplacou nenhum top 10. Foi o ano em que ele conseguiu seu último disco em 1º lugar na década. Foi o ano em que o maior número de singles foi lançado, nenhum com grande repercussão.. Foi o ano do início de suas buscas espirituais, que o fizeram se afastar de sua música e de suas origens. 

Mas também foi o ano de um dos mais divertidos filmes de Elvis: Girl Happy. O roteiro é decente, a trilha razoável. Elvis conta com uma de suas melhores e favoritas Lead Ladies: Shelley Fabares (que viria a atuar com ele em mais dois filmes). Possui diálogos e situações engraçadas e é um retrato da América do início da década de 60, ainda inocente. Além disso, Elvis está bonitão e com um figurino impecável. Possui algumas falhas tipo Elvis tocando violão em Do The Clam e dele saindo um som de guitarra elétrica ou o fato de Elvis tentar, em uma cena, pegar bronze de camisa de manga longa e sapato e calça social! Mas a gente perdoa. 

O roteiro é simples. Elvis é Rusty Wells, líder de uma banda que se apresenta em um hotel chique que pertence a um poderoso mafioso e vê suas férias em Fort Lauderdale frustradas quando este lhe pede para ficar mais algumas semanas. Para resolver o problema Elvis junta o útil ao agradável e descobre que o mafioso está preocupado com sua filha Val, interpretada por Shelley Fabares, que vai ficar em um hotel com suas amigas em..... Fort Lauderdale. 

Então Rusty se oferece para tomar conta de sua filha, sem Val saber. É claro que tomar conta de um avião como Fabares vai dar mais trabalho do que se imaginava. Biquínis, mulheres bonitas, uma trilha dançante, um trio de apoio engraçadíssimo e paisagens belíssimas fazem de Girl Happy um prazer sem culpas. Tudo o que você tem que fazer é desligar o cérebro e sentir a " Spring Fever". 

A trilha de Girl Happy é razoável, não possuindo nenhuma porcaria como Barefoot Ballad, mas também nenhum clássico como Return to Sender. Tem a vantagem de conter pouquíssimas baladas e ser bem para cima. Apesar disso, Elvis soa como se estivesse entediado e as sessões de gravação, feitas em junho de 64, foram no mínimo frustrantes. Ele só voltaria a gravar alguma coisa em fevereiro de 65. Eis as músicas: 

Girl Happy (Pomus / Meade) - O filme abre com essa música que passa longe de ser classificada entre as melhores de Elvis, mas que possui um excelente ritmo. E por falar em ritmo, o curioso é que, não estranhe se a voz de Elvis parecer muito aguda, pois a velocidade da música foi aumentada para 8% mais rápida de seu original, fato único em sua carreira. A letra é bem interessante, podendo ser comparada com "Eu gosto é de mulher" do nosso Ultraje a Rigor. Uma das poucas músicas de Doc Pomus que Elvis gravou sem a parceria de Mort Shuman. É inevitável se deixar contagiar por sua intensa alegria. 

Spring Fever (Giant / Baum / Kaye) - Outro caso em que ritmo dá de dez na letra. Elvis a canta em uma cena dentro de um carro, quando está indo em direção a Fort Lauderdale. A canção é executada em dueto com seus membros de banda no filme. Animadinha, mas com uma letra boba. 

Fort Lauderdale Chamber of Commerce (Tepper / Bennett) -Definitivamente a pior música do filme, com um ritmo que enche o saco e uma letra no mínimo estúpida e sem sentido, essa música entra fácil para a lista das piores de Elvis. No filme Elvis a canta para convencer Val a ir ver o show de sua banda. Com uma música dessa, entendemos por que ela recusou. 

Startin' Tonight * (Rosenblat / Milrose) - Outra música leve e divertida da trilha. Este filme de Elvis seguiu uma linha que tinha como maior ícone na época o dublê de ator Frankie Avalon e sua famosa turma da praia. Colocar Elvis para imitar Frankie Avalon realmente é um absurdo sem tamanho. Isso demonstra como os produtores de Hollywood estavam equivocados em relação a Elvis, que não era Frankie, que sempre foi considerado um cantor sem consistência ou profundidade musical, além de ator vazio dos esquecíveis filmes de verão dos anos 60. Elvis era muito mais do que isso e talvez por essa razão sua carreira não tenha dado bons frutos em Hollywood, pois sem dúvida sempre foi subestimado, participando de projetos aquém de seu verdadeiro potencial. Em resumo: desperdício de talento mesmo! 

Wolf Call (Giant / Baum / Kaye) - Novamente bom ritmo só que aqui com PÉSSIMA letra, aliada a um vocal horrível de um dos membros dos Jordanaires. No filme misture tudo isso a um membro da platéia imitando um lobo e você terá um show de mau gosto. Só se salva mesmo a presença no palco da belíssima Mary Ann Mobley, que também "atuou" com Elvis em Harum Scarum.

Cross My Heart And Hope Die (Wayne / Weisman) - Elvis canta essa música para uma garota.... em uma floresta! A música em si não é das piores e o ritmo conta com um ótimo baixo, cortesia de Bob Moore, que dá um tom meio jazz à música. A letra é toda Elvis se desculpando, de uma forma bem legal, temos que dizer, por ter pisado na bola com uma garota. Interessante é o verso que diz: " Eu não tenho que prestar muita atenção para perceber o que eu tenho no meu próprio quintal." Bem sugestivo, mas também criativo, uma ótima metáfora. Essa é uma daquelas músicas que você deve escutar para relaxar. 

The Meanest Girl In Town (J. Byers) - Uma das melhores da trilha, essa música não foi feita originalmente para o filme e é de autoria do produtor da Columbia Records, Bob Johnston, que escreveu ótimos rocks para as trilhas de Elvis como C´mon Everybody, Hard Knocks, Let Yourself Go, entre outras, sob o nome de sua esposa Joy Byers. Esse rock agitado conta com um excelente solo de sax de Boots Randolph e um bom trabalho de guitarra. Adoro essa música por seu ritmo acelerado. Elvis cantando essa música em 68 com aquele vozeirão rouco iria ficar perfeito. A letra fala daquele tipo de garota que é a dor de cabeça de todo homem: bonita, esperta, que sabe jogar, mas que no fim só quer te usar. Quem não teve uma dessa? Pena que em seus shows na década seguinte Elvis não desse chance a verdadeiras pérolas como essa em seu repertório de shows. 

Do Not Disturb (Giant / Baum / Kaye) - É impressionante como Elvis levou 36 takes para gravar essa música... e não conseguiu um master adequado, abandonando frustrado a sessão de gravação. Aqui nota-se que mesmo recebendo material de qualidade inferior Elvis continuava levando seu trabalho a sério. Na sessão tem uma hora que o engenheiro de som diz "OK", como se o resultado fosse satisfatório e Elvis diz: "Eu não gosto de OK". Antes ele tomasse as rédeas assim na escolha do material. 

Puppet On A String (Tepper / Bennet) - Uma das músicas lançadas em single, essa belíssima e tenra balada ocupou o 14º lugar na Billboard em 1965, fazendo sucesso na época, mas logo caindo no esquecimento. Uma pena, pois é uma das melhores músicas de Elvis no período e a cena em que Elvis a canta para Val no filme é sutil, mas sincera. Com uma melodia bonita e uma letra simples, "Puppet on a String" tem versos como: "Tudo que você tem que fazer é tocar minha mão e o seu desejo é uma ordem. Aí eu me torno uma marionete de cordas e você pode fazer o quiser comigo. Se você realmente me ama, querida seja boa comigo. Eu te ofereço o amor mais verdadeiro que você encontrará." Muito linda. 

Do The Clam (Wayne / Weisman / Fuller) - Lançada como single, alcançou 21º lugar nos USA e 19º lugar na Inglaterra. Para acompanhar essa música o coreógrafo David Winter, que já havia trabalhado em "Viva Las Vegas", criou uma dança chamada "The Clam". Isso se deve ao fato de na época danças como "The Twist", "The Bird", "The Mashed Potato", serem criadas a rodo e fazerem muito sucesso. A dança nunca pegou. A letra dessa música às vezes é taxada como péssima, o que não é verdade quando se percebe que o Clam (marisco) a que ela se refere é a dança e não mariscos propriamente dito. Bem animadinha e com um solo de sax bem legal, por incrível que pareça é um dos pontos altos da trilha. 

I've Got To Find My Baby (J. Byers) - Essa música foi brutalmente editada, por motivos incertos, o que a fez ter a duração de pouco mais de 1 minuto e meio. O master completo não foi encontrado e por incompetência do pessoal da RCA é possível que nunca escutemos a versão completa dessa música, também escrita por "Joy Byers", sendo um excelente momento da trilha. Esse rock, ao estilo de The Meanest Girl in Town, conta também com um solo de Boots Randolph, que aliás é o músico destaque nessa trilha.

Lançado em Abril de 1965 o filme "Girl Happy" (Louco por Garotas, no Brasil) ficou em 25º lugar entre os mais assistidos do ano e a trilha foi mais um Top Ten para Elvis alcançando 8º lugar tanto nos USA quanto na Inglaterra, além de ter tido a curiosidade de ser o único filme de Elvis a ter duas músicas lançadas em dois singles diferentes e ser livre de músicas ruins (com exceção de "Fort Lauderdale Chamber of Commerce"). Em suma: Por essa época os filmes e trilhas, apesar de em termos de qualidade estarem em ritmo decrescente, ainda faziam sucesso, mas sinais de desgaste já começavam de leve a aparecer na carreira de Elvis Presley.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 114

Elvis Country
Data: 1971 / Fonte: site EPHP (Pablo Aluísio) / Texto: Victor Alves e Pablo Aluísio / Photo: FTCD. 

Elvis Country - "Ele não vai durar". Essa foi uma frase dita por um Zé Ninguém invejoso em 1956 e dirigida na época para um tal de Elvis Presley, mais uma moda passageira. Bom, se esse cara estava vivo em 1970, certamente mordeu a língua, pois 14 anos depois Elvis Presley continuava fazendo sucesso e sendo um dos melhores e mais badalados artistas do mundo. Seu especial na NBC em 1968 foi uma marco e o maior ato de regeneração de uma carreira já visto. Procedido dele veio as sessões de gravação de Memphis em 1969, que entre outras pérolas gerou 4 hits seguidos, incluindo "Suspicious Minds", que alcançou o primeiro lugar, e é considerada por muitos como a melhor música da carreira de Elvis. Como se já não bastasse Elvis Presley bateu ainda todos os recordes em Las Vegas, a cidade mais difícil de ser conquistada por um artista. 

Esse fato ocorreu em agosto de 1969, com uma série de 57 apresentações, que mostraram um Elvis tão bom quanto em 1956, e quem sabe talvez até melhor, pois era um astro com mais maturidade. Mas isso não era tudo, pois Elvis iria ainda ter novos êxitos de bilheteria nos shows da temporada seguinte nessa mesma cidade em janeiro de 1970. E como se isso tudo não bastasse ele ainda iria realizar uma série de seis grandes concertos no Houston Astrodome. Pela segunda vez em sua carreira "Elvis Was Back!" (Elvis estava de volta!). Foi nesse espírito de renovação que Elvis entrou em estúdio em junho de 1970 para cumprir seus compromissos com a gravadora RCA Victor. De sua banda de shows só o guitarrista James Burton estava presente. Isso não tira a qualidade desse grupo que tocou com Elvis pois os outros membros da banda eram músicos experientes de estúdio, que não ficavam em nada a dever à TCB Band. 

Jerry Carrigan, Nobert Putman, David Brigs, Charlie Mc Coy eram alguns dos feras que participaram das gravações desse disco, que meses depois seria batizado de "Elvis Country". Eles eram músicos jovens de Nashville, que também iriam marcar presença nas sessões do ano seguinte, na mesma cidade. Durante esses dias os músicos foram extremamente produtivos pois em poucos dias Elvis e banda conseguiram gravar um número fantástico de novas canções; para se ter uma idéia no total foram registradas mais de 34 músicas!! Foi tanta música que, mesmo dois anos depois das gravações, no LP "Elvis Now", ainda se podia encontrar algumas delas vendo à luz do dia pela primeira vez. No total essas canções ficaram espalhadas em três álbuns, a saber: "That´s The Way It Is", "Love Letters From Elvis" e "Elvis Country", sendo esse não só o melhor álbum de estúdio de Elvis da década de 70, como também o que se deu melhor nas paradas, alcançando 12º lugar nos Estados Unidos e 6º na Inglaterra. 

A capa, contendo a primeira foto de Elvis, ainda criança, e a idéia de juntar todas as faixas com segmentos de "I Was Born About Ten Thousand Years Ago" fizeram esse álbum soar bem diferente dos demais de sua carreira. Mas tudo isso aconteceu de forma natural pois Elvis não entrou em estúdio para gravar um álbum country. As músicas simplesmente foram sendo gravadas, sem nenhum álbum temático em mente ou projeto pré determinado. Quem escuta os "Alternate Takes" dessas sessões pode inclusive notar o clima de improviso. Aqui está um breve comentário sobre as músicas desse disco, que acabou se tornando um dos mais importantes da carreira de Elvis Presley: 

Snowbird (G. Mac Lellan) - O disco começa com uma música que curiosamente não foi gravada nas sessões de junho de 1970, mas sim nas de setembro desse mesmo ano. Essa belíssima música, que ganhou algumas versões ao vivo em 1971, estava nas paradas na voz da cantora canadense Anne Murray, quando Elvis a gravou. De melodia leve e com uma letra super bonita. Vide os versos: "Então pássaro da neve me leve com você para onde for / Para as terras de brisas gentis / Onde as águas pacíficas correm". O destaque dessa música é a guitarra que não é executada por James Burton, que sequer participou das sessões de setembro e sim de outro músico talentoso, Chip Young. 

Tomorrow Never Comes (E. Tubb / J. Bond) - Caso raro em que o arranjo de orquestra fica bem em uma música de Elvis. Ela foi gravada originalmente em 1944 por Ernest Tubb (que na época era promovido pelo Coronel Tom Parker). Elvis estava com ótima voz nessas sessões e isso fica evidente nessa música. Essa maturidade vocal só foi adquirida ao longo dos anos, provavelmente Elvis não teria sucesso se a gravasse nos anos 50, por exemplo. Sua introdução é parecidíssima com a da música "Running Scared" de Roy Orbison. Elvis a cantou em um ensaio em julho de 1970, mas a master ainda é a melhor versão. 

Little Cabin On The Hill (L. Flatt / Bill Monroe) - O autor dessa música também escreveu uma das primeiros canções do rei na época da Sun Records: Blue Moon Of Kentucky. E como a anterior essa também data da década de 40. Talvez a música mais country do álbum inteiro com um ótimo trabalho de gaita por parte de Charlie Mc Coy. Tem um take mais longo disponível no CD "Essential Elvis vol 4". The Fool (N. Ford) - Uma das melhores músicas do disco, essa música de letra "auto crítica irônica", devia estar na cabeça de Elvis já há um bom tempo, visto que ele a praticou bastante na Alemanha em 1959, só que usando piano na introdução ao invés dos riffs de James Burton, que ficaram bem melhores. Não acho ela muito country, está mais para pop blues. Destaque novamente para a gaita de Charlie McCoy. 

Whole Lot-ta Shakin' Goin' On (D. Williams / S. Davis) - Não sei como essa música veio parar nesse álbum, pois de country ela não tem absolutamente nada. É sim, um dos melhores rocks que eu já ouvi na voz de Elvis! Coloca a versão de Jerry Lee Lewis no chinelo, sem dúvida. Isso graças a banda que detona com os vocais furiosos de Elvis berrando nos minutos finais da música - Claro, tudo para compensar a falta de letra. Para quem não entendeu o título de 5 palavras traduz uma só ideia: sexo. Não chega a ser uma daquelas músicas de Elvis como "Baby Let´s Play House" ou "Let Yourself Go" onde a proposta sexual é bem mais explícita, mas a malícia está lá. Uma versão mais longa se encontra no "Essential Elvis vol 4". Essa música fez parte do "Aloha From Hawaii", num medley com "Long Tall Sally". Também foi executada ao vivo em vários outros medleys até 1974. Já havia sido gravada por Elvis em shows em agosto do mesmo ano, em Las Vegas.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 113

Elvis Country
Data: 1971 / Fonte: site EPHP (Pablo Aluísio) / Texto: Victor Alves e Pablo Aluísio / Photo: FTCD. 

Elvis Country
Funny How Time Slips Away (Willie Nelson) - O autor dessa música viria, após a morte de Elvis, a ressuscitar "Always on My Mind". Elvis gravou essa música pela primeira vez ao vivo em 1969 e em uma única tentativa a gravou em estúdio no mês de junho de 1970. Muito bonita e aconselhável para relaxar, ela ganhou destaque em muuuitos shows de Elvis até sua morte, destacadamente os do período 1972 / 1976. Aqui na versão master Elvis dá um tratamento em ritmo de blues, contando com um solo simplesmente espetacular de James Burton. 

I Really Don't Want To Know (H. Barnes / D. Robertson) - Don Robertson escreveu várias músicas para Elvis, sendo que entre as que ele gravou estão: "They Remind Me To Much Of You", "There's Always Me", "Starting Today", além de muitas outras. Essa parceria vem de longa data, pois a primeira música de Robertson gravada por Elvis foi "I´m Couting on You", que fez parte do seu primeiro disco. Só que "I Really Don´t Want to Know" não foi escrita especialmente para Elvis e sim para Eddie Arnold que a gravou em 1954, no mesmo ano em que Elvis começou sua carreira. Essa música ganhou ainda algumas versões incompletas ao vivo em 1977 e foi lançada como lado A de um single em 1971 para promover o disco "Elvis Country", porém só alcançando 21º lugar nas paradas. 

There Goes My Everything (D. Franzier) - Sincera e particularmente não gosto dessa música. O ritmo é arrastado, apesar da boa letra. Mas isso é questão de gosto. A música é muito bem executada e uma das favoritas de Elvis dentre as que ele gravou nessa sessão em particular. Mas acho que não faria a menor falta na discografia dele. Lançada como lado A na Inglaterra alcançou 6º lugar! Ganhou algumas versões ao vivo em 70 e 71, mas como disse não é das melhores e não vai mudar sua vida. Ganhou uma versão gospel no ano seguinte com a mesma melodia, mas letra diferente chamada "He Is My Everything". 

It's Your Baby You Rock It (S. Milete) - S. Milete escreveu três músicas para essa sessão sendo "Life" a melhor delas e "When I´m Over You" a pior. Essa fica num meio termo, apesar dos vocais perfeitos de Elvis e um solo muito show de James Burton. Uma das músicas mais country do disco e a única gravada pela primeira vez, as chamadas "Originals". 

Faded Love (B. Willis / J. Willis) - Elvis virou essa música de ponta cabeça, se comparado com a versão original (coisa que ele fazia com bastante freqüência), transformando um country puro em um pop rock de primeira, com destaque para dois solos meio estilo blues de James Burton. Quem quiser ter uma noção de como era a versão original ouça a uma mini versão country dessa música no CD "Essential Elvis vol 4", onde ele enquanto espera a chegada da letra de "Faded Love" grava "The Fool". 

I Washed My Hands In Muddy Waters (J. Babcock) - Uma das melhores do disco. Novamente um caso de uma música pop rock, que não tem muito a ver com country. Destaque absoluto para a banda, desde James Burton e seus solos até a própria orquestra que ficou ótima nessa música. Basta comparar com a "unddubed version" disponível no "Essential Elvis vol.4". Os caras detonaram nessa música gravada em apenas uma tentativa. Com uma letra diferente falando da história de um cara que se meteu em enrascada e acabou preso. Foi ensaiada nos ensaios de julho, mas nunca teve uma versão ao vivo. 

Make The World Go Away (H. Cochran) - Essa música em sua versão original alcançou primeiro lugar em 1965 e a versão de Elvis difere dela, pois aqui a orquestra está presente de forma bem pesada e Elvis a canta de forma bem mais emocionante. Definitivamente uma das músicas que exigiu mais do vocal de Elvis, como ele mesmo admitiu, principalmente em sua parte final. A mais bonita do disco e uma ótima escolha para encerrá-lo. Ganhou versões em 1970 , 1971 e uma em 1973. 

I Was Born Ten Thousand Years Ago* (Arr. Elvis Presley) - Esta música foi "picotada" entre as faixas do LP. No disco "Elvis Now" ela aparece completa da forma como foi gravada em meados de 1970. A idéia de colocar a canção unindo todas as músicas do disco foi do produtor Felton Jarvis. Isso surgiu porque Elvis sugeriu a ele que colocasse como subtítulo do LP a frase: "I'm 10.000 Years Old" ou "Eu tenho 10 mil anos". Sem dúvida isso retrata a face esotérica do Rei do Rock, que na época estava muito interessado em estudar as religiões orientais, tais como Budismo e Hinduismo, que pregavam a reencarnação da alma até o atingimento do nirvana, fase no qual o espírito não precisaria mais retornar à terra, pois já estava devidamente evoluído. Segundo os cálculos de Elvis, sua primeira reencarnação havia sido há 10.000 anos, o que justificava a frase como subtítulo do disco. Todo esse misticismo acabou chegando ao Brasil e influenciando duas pessoas muito importantes em nossa cultura. 

Elvis Presley foi um dos maiores ídolos do baiano Raul Seixas. Isso não é segredo pra ninguém, mas, o que pouca gente sabia é que a música "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás" - além de um pleonasmo vicioso - é também uma homenagem ao velho Rei do Rock. O som de Raul foi gravado em 1976, seis anos depois de Elvis gravar "I Was Born About Ten Thousand Years Ago". O título é igualzinho e o conteúdo das letras é bem parecido (compare as duas), abordando temas mitológicos, bíblicos e históricos. A versão de Raul é creditada a Raul Seixas e Paulo Coelho e não faz referência nenhuma à música gravada por Elvis, que é de domínio público. Paulo Coelho foi procurado pela redação do programa Fantástico da TV Globo e, por e-mail, admitiu: "Realmente, a letra foi inspirada na música do Elvis. Era uma maneira de Raul prestar sua homenagem ao seu maior ídolo".

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 112

Elvis On Tour
Data: 1972 / Fonte: site EPHP (Pablo Aluísio) / Texto: Pablo Aluísio / Photo: MGM. 

Elvis Triunfal - No verão de 1972 Elvis foi informado pelo coronel Parker que a MGM estava interessada em filmar um documentário que mostrasse suas concorridas turnês pelas cidades dos Estados Unidos. A direção seria entregue a um dos maiores documentaristas em atividade e o aclamado diretor de cinema Martin Scorsese iria coordenar parte dos trabalhos de edição e montagem. Em Las Vegas, nesse mesmo mês, Elvis se encontrou pessoalmente com os produtores Pierre Adidge e Bob Abel. A conversa foi muito franca, tanto do lado de Elvis como dos produtores que lhe disseram abertamente: "Depois do sucesso do filme Woodstock entendemos Ter chegado o momento de filmar um documentário mostrando a origem de tudo isso, desse movimento social: você! 

Não gostamos de That's The Way It Is e seus filmes dos anos 60 foram tão ruins que ficamos até surpresos em como a MGM conseguiu comercializá-los. Apreciamos seu trabalho atual, mas preferimos as músicas que você cantava nos anos 50" Elvis, por sua vez, disse que não se sentiu muito à vontade nos estúdios da MGM durante as gravações de "That's The Way It Is" por causa das enormes câmeras de cinema que foram instaladas durante as filmagens, atrapalhando o movimento e a espontaneidade dele e do seu grupo de apoio. A conversa se prolongou e foi muito produtiva, os realizadores prometeram a Elvis que ele seria filmado por câmeras especiais, do tipo portátil e que seu raio de ação não seria limitado por falta de espaço como no caso de "That's The Way It Is". 

Pierre Adidge disse a Elvis, com seu forte sotaque francês, que esse filme seria produzido com a utilização do que havia de mais moderno em termos de edição de filmagem. Tudo seria de primeira linha. Elvis deveria se mostrar de forma autêntica, agir de maneira habitual e espontânea, e não se importar com a equipe de filmagem que iria acompanhá-lo para todos os lugares. A intenção era filmar Elvis não só no palco, mas também nos camarins, no contato com os fãs, interagindo com os músicos, sem roteiros ou scripts pré determinados, tudo o que se queria captar era a verdadeira essência do mito Elvis Presley. Para tanto a equipe da MGM já começaria a gravar algumas cenas como teste nos seus próximos shows e iria acompanhá-lo nos estúdios da RCA em sua próxima sessão de gravação onde ele iria registrar novas músicas - entre elas uma tal de "Always On My Mind" e outra de um novo compositor, uma canção que Elvis tinha ouvido e gostado muito chamada "Burning Love"! 

A parte da direção musical ficaria inteiramente sob controle de Elvis e de seu produtor Felton Jarvis, sem intervenção do pessoal da MGM. Três dias depois Elvis se reuniu com a TCB Band e os avisou que sua próxima turnê seria filmada para o cinema. Elvis resolveu providenciar uma mudança no repertório com a introdução de novas canções nos shows. Trabalho duro pela frente!. Enquanto a RCA lançava o single "American Trilogy" - com "The First Time Ever I Saw Your Face" no lado B - Elvis começava sua turnê no leste do país, com a MGM gravando tudo o que acontecia nessa primeira rodada de shows. Elvis foi filmado dentro do avião, antes dos shows, conversando com fãs, enfim, todo o delírio que acontecia ao redor de uma turnê do rei do rock foi registrado pelo pessoal do estúdio. Mais de 250 pessoas da equipe de filmagem acompanharam Elvis e banda nesses quinze shows realizados em várias cidades, como Buffalo, Indianapolis, Detroit, Dayton, Hampton Roads, Knoxville, Charlotte, Macon e Jacksonville. 

Segundo alguns membros da equipe que participaram do time da MGM mais de 40 horas de material foram filmados para "Standing Room Only" – o nome original do filme, depois mudado para "Elvis On Tour" (Elvis Triunfal no Brasil) – mas que nunca foram mostrados ao público. Shows inteiros foram filmados e não aproveitados, ficando no chão da sala de edição de Martin Scorsese. Esse precioso material pode um dia ser lançado, mas atualmente jaz nos arquivos dos estúdios MGM em Hollywood. Sem dúvida muita coisa foi gravada, mas a principal apresentação de Elvis nessa turnê ficou de fora!!! Talvez o pior erro cometido pelos produtores de "Elvis On Tour" foi não Ter filmado os shows de Elvis no Madison Square Garden em Nova Iorque. 

Até hoje a MGM não consegue dar uma resposta satisfatória por ter deixado passar essa apresentação – uma das mais importantes da carreira de Elvis – em branco. Como é que cometeram uma bobeada dessas? Durante a coletiva à imprensa em NY os jornalistas perguntaram a Elvis e ao Coronel porque não iriam ser filmados seus shows no MSQ? Os dois saíram pela tangente e não souberam responder a pergunta!!! – até mesmo porque essa era uma decisão da Metro e não de Elvis e nem do Coronel Tom Parker. Ninguém sabe ao certo porque essa infeliz decisão de não filmar em Nova Iorque foi tomada.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 111

Elvis On Tour
Data: 1972 / Fonte: site EPHP (Pablo Aluísio) / Texto: Pablo Aluísio / Photo: MGM. 

Elvis Triunfal - A última coisa a ser gravada para esse documentário foi uma entrevista particular que Elvis deu nos estúdios da MGM para os realizadores da película. A intenção era usar esses trechos falados entre as imagens com cenas dos shows, mas essa idéia foi abandonada depois. Essa entrevista que continua em grande parte inédita até hoje, teve mais de duas horas de duração e Elvis falou sobre tudo: a origem de sua música, seus ídolos de infância, sobre sua vida pessoal etc. Desse rico material só foi aproveitado um pequeno trecho em áudio, de alguns segundos, que foi utilizado durante as cenas de Elvis na TV americana nos anos 50. 

Muitos anos depois de seu lançamento, Martin Scorsese durante entrevista à revista Premiere, deu seu depoimento sobre sua participação em Elvis On Tour: "Standing Room Only foi um documentário que participei nos anos 70. Esse projeto foi filmado durante vários shows do cantor Elvis Presley pelos Estados Unidos afora. Ele acabou se tornando um grande exercício de cinema para mim porque o considero de certa forma um predecessor da linguagem dos vídeo clips atuais, da linguagem moderna da MTV. Essa edição foi muito dinâmica, quisemos mostrar um ritmo alucinante onde tudo acontecia ao mesmo tempo agora. Havia shows de Elvis em que colocávamos 12 câmeras rodando de forma simultânea, tudo focado nele e na banda, de todos os ângulos possíveis. Claro que esse vasto material se transformou num inferno na sala de montagem! Era muito material filmado para um filme de no máximo 90 minutos. Meu primeiro copião tinha 4 horas! Uma pena porque muito material rico foi cortado mesmo! Pegamos cenas incríveis de Elvis mas que não aproveitamos porque não havia espaço na metragem. 

A aparência física de Elvis também nos deu muito trabalho. Em um show ele aparecia jovem, bonito, bronzeado e esbelto, mas no dia seguinte ele se apresentava gordo, pálido, suado e com a aparência nada saudável. Fiquei perplexo em acompanhar tamanha mudança física em tão pouco espaço de tempo. Era uma situação de altos e baixos, ao limite. Mas tirando isso, essa experiência atrás das câmeras foi muito produtiva para o meu trabalho de diretor. E depois foi muito instrutivo participar de um projeto desses. Posso dizer com certeza que todos os documentários de shows que foram lançados depois de Standing Room Only – esse era o seu nome inicial, do qual gosto muito – beberam de sua fonte. Basta dar uma olhada nos projetos dos Rolling Stones e do Led Zeppelin. Sem dúvida nos copiaram!" Quando lançado o filme foi muito bem elogiado pela crítica americana e muito disso se deu em decorrência de seu visual inovador e dinâmico. A revista Rolling Stone não poupou elogios e afirmou que "Finalmente havia sido lançado o primeiro filme de Elvis Presley". 

O coronel Parker já estava por essa época em negociações com a TV para a realização de um grande especial com Elvis, que iria ser transmitido via satélite para o mundo. Por isso pressionou os produtores para lançarem "Elvis On Tour" logo, pois caso contrário o filme iria acabar se transformando em concorrência para o especial de TV. O pior aconteceu com a trilha sonora do filme. Parker simplesmente resolveu cancelar seu lançamento, pois ele estava mesmo apostando em dois outros projetos de discos gravados ao vivo – um no Madison Square Garden e outro do especial via satélite – e por essa razão se tornava inviável o lançamento de mais um disco ao vivo. Três discos iguais, com apresentações ao vivo de Elvis, seriam demais para o mercado! Mas uma coisa é certa: todo esse trabalho acabou valendo muito a pena. Quando foram anunciados os nomes dos filmes que iriam concorrer ao Globo de Ouro - o segundo mais prestigiado prêmio da indústria cinematográfica dos Estados Unidos, atrás apenas do Oscar - "Elvis On Tour" estava presente na lista, disputando na categoria de "melhor documentário do ano". 

Elvis, bastante nervoso, acompanhou a noite de premiação de sua suíte no Las Vegas Hilton. Quando o mestre de cerimônias finalmente leu o nome do ganhador de melhor documentário do ano de 1972 – "Elvis On Tour" de Pierre Adidge e Bob Abel – Elvis deu um pulo da poltrona e simplesmente explodiu de felicidade! Não havia espaço dentro da suíte para tamanha comemoração por parte de Elvis e dos caras da Máfia de Memphis! O Rei também não deixou barato e nessa mesma noite deu uma das maiores festas que Las Vegas já presenciou! Todos correram para cumprimentá-lo e lhes dar os parabéns. Elvis não se conteve de tanta alegria e entre abraços, lágrimas e risos anunciou com muito orgulho que finalmente havia vencido o Globo de Ouro. Era a primeira vez que um filme de Elvis Presley ganhava um prêmio dessa importância. Foi uma das maiores glórias de sua já tão gloriosa carreira. Elvis estava mais do que nunca... Triunfal!

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Compilação: Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 110

Coração Rebelde
Data: janeiro de 1961 / Fonte: site EPHP (Pablo Aluísio) / Texto: Pablo Aluísio / Photo: 20th Century Fox / Local: Hollywood, USA. 

Coração Rebelde - Um ano após deixar o exército Elvis Presley deu seguimento ao seu plano de se tornar um ator respeitado em Hollywood. Depois de fazer concessões aos estúdios com G.I.Blues Elvis se sentia forte o suficiente para exigir certo controle artístico sobre sua carreira no cinema. O chefão da Fox, Darryl F. Zanuck, já havia dado carta branca a Elvis para ele escolher o roteiro que quisesse para seu próximo filme no estúdio. Então Elvis foi à caça de uma boa estória para ser filmada. Depois de ler pilhas de scripts e roteiros Elvis escolheu "Wild in The Country", uma adaptação de uma peça teatral que havia sido escrita para ser estrelada pelo ator Montgomery Clift. 

Infelizmente antes das filmagens programadas Clift sofreu um sério acidente de carro ao sair da casa de Elizabeth Taylor e teve o rosto completamente desfigurado pelo painel de seu carro. Com isso o projeto do filme foi arquivado. Ao cair nas mãos de Elvis no verão de 1960 o rei do rock se entusiasmou pelo roteiro e pela chance de finalmente fazer um filme com conteúdo mais dramático. Para Elvis esse filme deveria ser filmado de forma fiel à adaptação da peça teatral. Com a aprovação de Darryl F. Zanuck o projeto começou a tomar forma com a contratação do conceituado diretor Phillp Dune e a escalação das atrizes Hope Lange, Tuesday Weld e Cristina Crawford. 

Tudo ia bem até o dia em que o coronel Parker resolveu ler o teor da estória do novo filme de Presley. Parker ficou chocado com o que leu! Em primeiro lugar a estória era completamente dramática com final trágico - Elvis faria um personagem que se envolvia com uma mulher mais velha, não haveria músicas e o pior: Elvis se suicidaria no final! Uma coisa inaceitável na visão de Tom Parker, sempre preocupado com a imagem de seu principal (e único) cliente! Atuando pelas costas de Elvis o coronel começou a tomar as rédeas do projeto: o final foi mudado por um grupo de roteiristas contratados pelo empresário, o romance entre Elvis e uma mulher mais velha foi suavizado e foi encaixada diversas músicas dentro do filme (no roteiro original o personagem principal nem sabia cantar!). Elvis ficou completamente desapontado pois o filme agora se aproximava cada vez mais de sua comédias bobocas! Tudo em que havia apostado agora estava indo por água abaixo! 

Tentou vencer a queda de braço com Parker e Zanuck mas não conseguiu, principalmente depois que o diretor Phillip Dune resolveu ceder às pressões comerciais envolvidas na realização da película. Assim Elvis se viu totalmente sozinho na defesa do roteiro original que havia lido. Finalmente o presidente da Fox se reuniu com Elvis e demonstrou que as mudanças seriam mais benéficas ao sucesso do filme. Elvis resolveu então tentar salvar o que restava do script mas não obteve êxito em um set completamente controlado pela mão forte do todo poderoso magnata Darryl F. Zanuck. Finalmente acabou cedendo as pressões, com um forte sentimento de frustração e decepção com a maneira de fazer filmes em Hollywood. 

E assim "Coração Rebelde" se tornou um filme sem identidade própria, um mistão indigesto que tentava colocar sob o mesmo teto conceitos teatrais complexos com romances inventados na última hora para suavizar a forte densidade melodramática da trama. E também se tornou o adeus de Elvis às suas pretensões de exercer uma atividade de ator independente de sua carreira musical, principalmente depois do sucesso arrasa quarteirão do filme "Feitiço Havaiano", que chegou nas telas nesse mesmo ano. E a fusão desse dois fatores: o sucesso de "Feitiço Havaiano", comédia musical leve cheia de canções, e o relativo fracasso de "Coração Rebelde", filme com pretensões mais sérias, iria determinar como seria a futura carreira de Elvis no cinema, onde ele não iria mais sair do esquema imposto pelos grandes estúdios, das comédias musicais românticas. Era o fim do sonho de Elvis em se tornar um novo Marlon Brando ou James Dean. Será que se tivesse tido a oportunidade ideal, Elvis teria se tornado um grande ator? Nunca saberemos ao certo, infelizmente.

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Compilação: Pablo Aluísio. 

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 109

Spinout
Data: 1966 / Fonte: site EPHP (Pablo Aluísio) / Texto: Pablo Aluísio / Photo: MGM Pictures / Local: Hollywood, USA. 

Minhas três noivas (Spinout) - Em 1966 Elvis Presley completou dez anos de carreira em Hollywood. Os executivos da MGM então resolveram elaborar um intenso projeto de marketing para celebrar a data com muito material promocional, posters, álbuns, comerciais, folders etc. No centro das comemorações estava a realização de mais um filme de Elvis na produtora: Spinout (Minhas três noivas, no Brasil). As filmagens começaram em fevereiro de 1966 e duraram dois meses. Para contracenar com Elvis foram chamadas três beldades da época: Shelley Fabares (que já havia atuado ao lado de Elvis), Debora Walley (que chegou a ter um casinho com Elvis no set de filmagem) e Diana McBaine. 

Na direção o "pau-pra-toda-obra" dos estúdios Norman Taurog. Infelizmente os executivos da MGM não quiseram se arriscar e resolveram apostar na velha fórmula dos filmes anteriores de Elvis, que já estavam bastante desgastados pela crítica e até mesmo pelos fãs, que vinham exigindo atráves do fanzine "Elvis Monthly" mudanças na carreira de Elvis. Ou seja, muitos fãs estavam mais lamentando esse "aniversário" do que comemorando tal data. A falta de inovação da carreira de Elvis o levou a um impasse: ele tinha que mudar o rumo que vinha tomando há tempos ou afundaria de vez e se tornaria apenas uma "lenda viva" sem relevância artística. Os primeiros sinais já tinham aparecido no ano anterior com as más bilheterias de seus últimos filmes. 

O público estava cansado dos mesmos roteiros, das mesmas estórias e o pior de tudo: da má qualidade do material musical apresentado nesses filmes. E Elvis tinha consciência disso, porém preso a muitos contratos cinematográficos desde a primeira metade dos anos 60 o cantor se viu amordaçado não só aos grandes estúdios como também à sua própria gravadora que lançava todas as trilhas sonoras - e que por sua vez também estava presa à obrigações com os estúdios de cinema. Por incrível que isso possa parecer a melhor coisa a acontecer na carreira de Elvis nesse período era um grande fracasso no cinema! 

E o que todos de certa forma já previam finalmente aconteceu! Spinout foi lançado em novembro de 1966 e afundou nas bilheterias! Nem todo o marketing do mundo o salvou de ser um dos piores fracassos da carreira de Elvis! Até mesmo os fãs resolveram boicotar o lançamento e isso acabou sendo muito bom, pois acendeu de vez a luz vermelha nas organizações Presley - não dava mais para seguir essa velha linha "Trilha / Filme". Para se ter uma idéia do tamanho da bomba, basta afirmar que o filme não conseguiu ficar nem entre os 50 mais vistos do ano - logo Elvis que mesmo em suas bilheterias mais fracas conseguia ficar no top 10 ou até mesmo no top 20. O ano que viria apenas iria corroborar essa visão e tudo isso iria desbancar na realização do NBC TV Special de 68 que iria reviver a carreira de Elvis e o levar de uma vez por todas para longe de Hollywood, para o seu próprio bem e dos seus fãs, é claro! 

Spinout (S.Wayne / B. Weisman / D. Fuller) - Ao contrário do filme, que é destituído de valor artístico, a parte musical de Spinout traz pela primeira vez em muitos anos de trilhas sonoras fracas, uma seleção bastante interessante de momentos e até mesmo algumas músicas excelentes da carreira de Elvis - "Down in the Alley", "I'll Remember You" e "Tomorrow is a long Time" de Bob Dylan. Isso se deveu a um fator que ocorreu nos bastidores da RCA Victor em 1966. Por motivos de saúde o produtor de Elvis, Chet Atkins, teve que se afastar dos estúdios. Isso abriu caminho para que os trabalhos musicais de Elvis fossem providenciados por um novo produtor: Felton Jarvis. Ao contrário de Atkins, que apesar de ser um produtor e músico talentoso estava muito acomodado, Jarvis chegava com muita vontade de mostrar serviço. Resolveu embelezar as músicas de Elvis com novos arranjos e lhes dar maior qualidade harmônica, mesmo que essas fossem apenas canções descartáveis de filmes. Enfim, finalmente havia um sopro de ar fresco pairando dentro dos estúdios da RCA Victor. 

All That I Am - (S. Tepper / R.C. Bennett) - A prova viva de que Felton Jarvis vinha para ficar! Nesse caso o produtor pegou uma música despretensiosa que fazia parte da trilha e resolveu escrever um belíssimo arranjo de cordas em violino! A nova versão ficou tão bela que, com a concordância de Elvis, Jarvis resolveu lançá-la em single antes do filme. O resultado foi tão satisfatório que a música chegou ao Top 20 na Inglaterra, se tornando também bem conhecida no resto da Europa. Nesse compacto europeu ela foi lançada como lado A, ao contrário do single americano original que vinha com "Spinout" no lado principal e com "All That I am" no lado B. O disco com a trilha sonora se saiu melhor que o filme e conseguiu também ser Top 20 nos EUA (18º lugar entre os mais vendidos). Um excelente sinal de mudanças positivas nas combalidas trilhas sonoras de Elvis nesse período.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

domingo, 19 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 108

Os presentes de natal de Elvis
Data: janeiro de 1960 / Fonte: "Elvis e Eu" / Texto: Priscilla Presley e Sandra Harmon / Photo: RCA Victor / Local: Hollywood, USA. 

O Natal em Graceland - "Feliz Natal!"- exclamou Elvis, orgulhoso, entregando-me um cachorrinho cor de mel, de seis semanas. "Oh! Elvis, é a coisinha mais linda que eu já vi!" - Abracei-o e ouvi um latido abafado entre nós - "Oh Honey, desculpe!". Involuntariamente eu acabara de batizar o cachorrinho de Honey. Era véspera de Natal. Elvis rezara por um natal branco e - como resposta ao seu pedido - naquela noite caíram dez centímetros de neve. A reunião em torno da árvore de Natal incluía Vernon e Dee, os três filhos dela - David, Billy e Ricky - o círculo íntimo com suas mulheres e mais um punhado de outros amigos e parentes de Elvis. Todos se mostraram simpáticos e me fizeram saber que era bem vinda, embora parecesse estranho me ver a mim e não Anita Wood ao lado de Elvis. Anita partilhara o Natal com ele nos dois últimos anos. Havia ocasiões em que eu não podia deixar de especular se Elvis ainda sentia saudades dela. Não era fácil para ele se separar das pessoas. Eu sabia disso. 

Foi divertido observar Elvis abrir os presentes. "Era exatamente o que eu estava precisando, outra caixa de jóias" - disse ele rindo desembrulhando a quarta da noite. Ele olhou para Gene Smith, uma das poucas pessoas que era capaz de fazê-lo rir sistematicamente. "Foi você que me deu isso, Gene?" - "Não, El, não fui eu" - respondeu Gene. "Pensando bem, não podia ser você, Gene. É bom gosto demais" - todos riram com Elvis. "Poxa, E, como você pode dizer uma coisa dessas?" - murmurou Gene, em seu arrastado sotaque sulista. "Muito fácil" - Elvis estreitou os olhos - "Basta olhar pra você Gene, um exemplo vivo do mau gosto" Fingindo estar ofendido, Gene afastou-se coçando a cabeça, enquanto todos riam. Embora houvesse muitas brincadeiras, eu sentia uma tristeza em Elvis quando nossos olhos se encontravam. 

Não pude deixar de recordar o que ele me dissera certa ocasião na Alemanha: "O Natal em Graceland nunca mais será o mesmo sem mamãe. Será terrível para mim e não sei se sou capaz de suportar a solidão. Mas acho que conseguirei de alguma forma. Deus me dará a força necessária." Querendo distraí-lo, estendi um presente de papel muito colorido e disse: "Aqui está mais um, que você esqueceu de abrir". Era o meu presente, uma caixinha musical, que eu deliberadamente deixara por último. Prendi a respiração enquanto ele abria. No momento em que ele levantou a tampa, soaram os acordes de "Love me Tender". "Adorei! Juro que adorei, Cilla! Muito Obrigado!" Havia um brilho intenso nos seus olhos e desejei sempre poder fazê-lo feliz assim. De todas as celebrações e datas durante o ano o Natal sempre foi o preferido de Elvis. Além do aspecto religioso, sempre forte em Elvis, havia a sempre presente lembrança dos natais passados ao lado de sua querida mãe Gladys. Um feliz Natal para todos! 

If Every Day Was Like Christmas (Red West) - Música natalina lançada em single para o natal de 1966. Sob o comando de Felton Jarvis, Elvis registra uma das melhores melodias de sua carreira. Nota-se claramente o avanço de qualidade em relação às trilhas sonoras do mesmo período. Primor de interpretação de Elvis Presley em todos os aspectos. O single foi lançado com "How Would You Like To Be" no lado B, sendo essa uma reprise do filme "It Happened At World's Fair" (Loiras, ruivas e morenas, no Brasil). A música foi gravada nas mesmas sessões de "I'll Remember You" e "Indescribably Blue" em junho de 1966 e quando lançada em novembro desse mesmo ano chegou ao top 10 britânico.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 107

Elvis for Everyone
Data: 1965 / Fonte: site EPHP (Pablo Aluísio) / Texto: Pablo Aluísio / Photo: MGM Pictures / Local: Hollywood, USA. 

Elvis for Everyone - Nos anos 60 Elvis Presley tentou conciliar uma carreira de ator no cinema com seu lado musical. Nesta fase muitas foram as trilhas sonoras de seus filmes. Mas foi justamente neste período que foi lançado um dos mais curiosos discos de sua carreira, uma colcha de retalhos sonora inventada pelos produtores e executivos da RCA Victor. O LP foi chamado de "Elvis for Everyone". Para compor o disco a RCA Victor vasculhou seus arquivos atrás de gravações perdidas de Elvis. E sem dúvida acharam muita coisa relevante e importante, inclusive duas canções de Elvis da época da Sun Records. Pode-se inclusive afirmar que este disco foi uma salvação para muitas músicas de Elvis que poderiam muito bem se perder nos porões empoeirados de sua gravadora, mas que felizmente foram resgatadas do esquecimento bem a tempo. Parte das músicas foram retiradas das sessões que foram realizadas para a composição de um disco de Elvis que jamais foi lançado. 

Ao longo dos anos esse disco acabou sendo batizado de "The Lost Album", o disco perdido de Elvis. Curioso mesmo é acompanhar como todas essas faixas foram sendo espalhadas em diversos discos diferentes da carreira de Elvis em épocas diversas e sem nenhum critério de classificação. Além das faixas da Sun e do The Lost Album, "Elvis for Everyone" trazia ainda algumas músicas de filmes de Elvis que não havia sido lançadas antes, canções de filmes como "Follow That Dream", "Flaming Star" e "Wild in The Country". Por fim o disco ainda contou com a coordenação do produtor Chet Atkins que tentou de alguma forma colocar a bagunça em ordem. Essas são as principais faixas do disco "Elvis for Everyone": 

Your Cheatin Heart (Hank Williams) - Clássico da música country gravada por Elvis pouco antes de ir servir o exército americano na Alemanha. Curiosa homenagem de Elvis a Hank Williams, considerado um dos pais do country and western daquele país. Elvis inclusive deixou um pouco seu aspecto criativo de lado e resolveu seguir um arranjo mais conservador. Nunca havia sido lançada antes na carreira do Rei do Rock. 

Memphis, Tennessee (Chuck Berry) - Faixa retirada das sessões do "The Lost Album". Muito bem arranjada e executada por Elvis e banda. Sem dúvida essa canção não poderia passar em branco na sua carreira, não só por sua importância na história do Rock como também pelo fato de ter o nome de sua querida cidade. Elvis e Chet Atkins deram um tratamento de luxo e à altura desse clássico moderno de Chuck Berry. Aliás Elvis sempre se deu muito bem com músicas compostas por Chuck Berry. Essa não foge à regra, sendo um grande momento da carreira de Elvis e que deve ser conhecido por todos. 

Sound Advice (Giant / Baum / Kaye) - Elvis e violão. Essa é uma canção que fez parte da trilha sonora de "Follow That Dream" (Em cada sonho um amor, no Brasil). Curiosamente ela jamais havia sido lançada antes, nem mesmo no EP da trilha do filme. É uma das melhores músicas Pop da carreira de Elvis. Outras faixas de filmes que fizeram parte desse disco foram: "Santa Lucia" (de Viva Las Vegas), "In My Way" e "Forget Me Never" (de Wild In The Country) e "Summer Kisses, Winter Tears" (de Flaming Star). 

Finders Keepers, Losers Weepers - (Dory Jone / Ollie Jones) - Música que foi gravada nas sessões do The Lost Album. Este disco deveria ter sido lançado pois as músicas gravadas estão entre as melhores de Elvis nos anos 60. Entre as gravações do The Lost Album estão "Devil in Disguise", "Please Don't Drag That String Around", "Long Lonely Highway" e a própria "Memphis, Tennessee". Isso sem dúvida demonstra como foram produtivas essas sessões. 

Tomorrow Night (S. Coslow / W. Gross) - A história dessa canção é bem interessante. Elvis a gravou na Sun Records e foi arquivada. Quase dez anos depois Chet Atkins resolveu fazer um arranjo totalmente novo sobre o antigo acompanhamento dos Blue Moon Boys. As participações de Scotty Moore e Bill Black foram apagadas só preservando mesmo o vocal original de Elvis. Depois Atkins resolveu chamar um grupo de músicos e praticamente regravou um novo arranjo. Sem dúvida o resultado ficou muito bom mas não agradou muito aos fãs mais puristas que sempre preferiram a versão original, que foi lançada finalmente em CD na coleção "The King of Rock'n'Roll". Vale pela curiosidade de conhecer uma versão B que só foi lançada nesse disco. 

O disco "Elvis For Everyone" foi lançado em agosto de 1965 e chegou ao top 10 da parada americana e ao oitavo lugar entre os mais vendidos na Inglaterra. Apesar de seu bom êxito nas paradas internacionais os fãs brasileiros ficaram a ver navios na época pois o disco não foi lançado no Brasil, só chegando nas lojas em 1982 como parte do pacote "Pure Gold" da RCA, que relançou vários discos da carreira de Elvis Presley. Antes tarde do que nunca.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

sábado, 18 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 106

His Hand In Mine
Data: novembro de 1960 / Fonte: site EPHP (Pablo Aluísio) / Texto: Pablo Aluísio / Photo: RCA Victor / Local: Nashville. 

His Hand In Mine 
Ao retornar do Exército em 1960, Elvis resolveu realizar um de seus sonhos, gravar um álbum de canções religiosas. A realização deste trabalho foi fruto de muito empenho pessoal do próprio Elvis, o empresário dele, o coronel Parker, não via com bons olhos a gravação deste disco, pois temia prejuízos financeiros com sua realização. Elvis bateu o pé e exigiu que iria fazer o disco, com ou sem a aprovação dele. E assim o fez. O disco foi chamado de "His Hand in Mine" e é hoje considerado um de seus mais bonitos trabalhos. 

O disco fez um enorme sucesso, para espanto de Parker e da RCA, e provou que Elvis estava certo. A intenção de Elvis na realidade na gravação deste disco era homenagear a sua mãe, que havia morrido poucos anos antes. Segundo as próprias palavras de Elvis este disco era "um trabalho de amor". Ele participou efetivamente de todos os arranjos, de todo o trabalho de direção musical, praticamente monopolizou todas as fases da produção, realmente o verdadeiro produtor do disco foi o próprio Elvis. Escolheu as canções pessoalmente levando como critério de escolha a importância delas em sua vida, por isso o disco é recheado de canções da metade do século, algumas mais agitadas e algumas spirituals. As gravações foram realizadas em Nashville em outubro de 1960. 

Elvis declarou: "Esse disco será uma forma de mostrar minha gratidão para com os quartetos gospel. Acho que praticamente conheço todos os hinos já feitos. Adoro ficar sozinho ao piano, em Graceland, tocando essa música". No final de 1960, Elvis afirmou a um repórter que "His Hand in Mine" havia se tornado o seu trabalho musical de que tinha mais orgulho. O disco ficou na lista dos mais vendidos durante todo o ano seguinte, se tornando mais um grande êxito em sua carreira. 

His Hand In Mine (Mosie Lester) - Como tema principal do disco Elvis escolheu essa conhecida canção gospel de Mosie Lester. Como sempre fazia, Elvis resolveu modificar o arranjo da música original. Para isso ele realçou ainda mais a presença do quarteto gospel que o acompanhava. Depois modificou o acompanhamento instrumental dando destaque especial ao piano, ao contrário do órgão da versão de Mosie Lester. Por fim, resolveu trocar a seqüência original do refrão, aproveitando para modificar também o tempo da canção. Enfim, Elvis a reconstruiu ao seu gosto e como sempre suas escolhas se revelaram bem vindas, pois sem dúvida deram mais consistência a essa antiga canção gospel. 

Milk White Way (Elvis Presley) - Mais um exemplo do poder de trabalho de Elvis dentro dos estúdios. Aqui ele transformou mais uma vez uma tradicional canção religiosa para lhe dar um sabor todo especial. As mudanças foram ótimas, a música, antes mais lenta e melancólica, se transformou nas mãos de Elvis em um momento alto astral do disco. Elvis a deu ritmo e embalo. Se não fosse pela letra gospel poderia até ter entrado em qualquer disco convencional de sua carreira. Completamente diferente da tradicional canção religiosa, tanto que a RCA resolveu até mesmo lhe dar os créditos de autoria da música. Nota 10 para Elvis, que provou mais uma vez que realmente tinha ritmo correndo em suas veias. 

Swing Down Sweet Chariot (Elvis Presley) - Outra música que foi totalmente arranjada e adaptada por Elvis. O mais importante sobre essas gravações religiosas de Elvis é o fato dele ter trazido o gingado típico das músicas de R&B ao Gospel. Misturar gêneros e fundi-los sempre foi uma coisa natural para Elvis, que aliás detestava rotular qualquer tipo de ritmo ou música. Como disse Sam Phillips: "Elvis era daltônico", ou seja, ele não queria distinguir as canções de que gostava, para ele pouco importava o rótulo, seja a música fosse classificada como branca, negra, rock, pop, gospel; para Elvis isso não tinha importância, pois para ele tudo era música, tudo era mágica.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 105

G.I. Blues (Saudades de um pracinha)
Data: abril de 1960 / Fonte: site EPHP (Pablo Aluísio) / Texto: Pablo Aluísio / Photo: Paramount Pictures / Local: Hollywood, USA. 

Saudades de um pracinha 
Trilha Sonora do quinto filme de Elvis Presley que no Brasil recebeu o título de "Saudades de um Pracinha". O filme foi dirigido por Norman Taurog e produzido por Hal Wallis e contava em seu elenco com Juliet Prowse (a atriz era na época um dos casos amorosos de Frank Sinatra). Este filme seria o percursor dos filmes de Elvis nos anos sessenta com seus roteiros fracos e trilhas de gosto duvidoso. Apesar de tudo, "G.I.Blues" apresenta alguns momentos interessantes sendo uma de suas melhores trilhas nessa período. Elvis porém não gostou nada dos resultados mas preferiu manter sua decepção só para si. Neste mesmo ano Elvis iria realizar dois projetos de alto nível artístico. 

O primeiro foi a gravação do disco gospel "His Hand in Mine", velho sonho do cantor. O outro foi a realização do filme "Flaming Star" (estrela de fogo, 1960), western dirigido pelo aclamado diretor Don Siegel e co-estrelado pela atriz Barbara Eden. Este filme foi bastante elogiado pela crítica e se tornou um bem sucedido veículo para o sonho de Elvis em se tornar um ator respeitado. Ambos os filmes, "Flaming Star" (estrela de fogo, 1960) e "G.I.Blues" (saudades de um pracinha, 1960) foram grandes sucessos de bilheteria. Já a trilha sonora de "G.I. Blues" concorreu ainda nesse mesmo ano a 4 prêmios Grammy, ficando 10 semanas em primeiro lugar na Billboard, sendo classificada na lista dos mais vendidos por incríveis 111 semanas (recorde absoluto). 

Eis as principais canções desse grande sucesso de Elvis nos cinemas: 
Frankfort Special (Sid Wayne / Sherman Edwards) - Elvis interpreta esta divertida canção em um trem! Pois é, como havia várias músicas na trilha então não se devia desperdiçar tempo para apresentá-las. O ritmo aliás lembra o som de um trem em movimento. De qualquer forma vale por ser um momento de alto astral do disco e do filme. A trilha do outro filme de Elvis em 1960, "Flaming Star" (estrela de fogo, 1960)", contava com as seguintes canções: "Summer Kisses, Winter Tears", "Flaming Star", "Britches" e "A Cane and A Starched Collar", esta última aliás, a única cantada por Elvis no filme. 

Wooden Heart (adapt:Kaempfert / Wise / Weisman) - A melhor música de todo o disco. É baseada na canção folclórica Alemã "Muss I Denn". A cena que Elvis a apresenta no filme (com as marionetes) é a melhor parte de toda a película. A canção foi lançada em compacto na Alemanha e no restante da Europa alcançando um tremendo sucesso. O Single norte-americano com "Wooden Heart" só foi lançado no final de 1964, ou seja, quatro anos depois!!! É digno de nota a ótima adaptação do maestro alemão Bert Kaempfert e o acordeonista Jimmie Haskiell. Ela foi gravada no dia 27 de Abril nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. 

Pocketfull Of Rainbows (Wise / Weisman) - Elvis faz dueto com Juliet Prowse no filme, porém a versão lançada no disco só conta com a voz do cantor, o que é um alívio. É uma típica canção lenta e romântica dos filmes de Elvis nos anos sessenta. Os compositores desta música iriam compor diversos temas para Elvis durante sua carreira. A Letra traz uma mensagem bonita: "todos temos que ter um arco íris no nosso bolso nos momentos difíceis da vida". 

Blue Suede Shoes (Carl Perkins) - Uma nova versão para o clássico de Carl Perkins. Apesar de ser muito bem arranjada com um ótimo acompanhamento ela não consegue se tornar melhor do que a versão do cantor para o disco "Elvis Presley" (1956). Algo se perdeu, talvez falte um pouco de garra e pique nesta versão. Porém sem dúvida é um dos pontos altos de todo a trilha. Elvis não a canta no filme, ela só aparece quando um soldado liga um jukebox. 

Shoppin Around (Tepper / Bennet / Schroeder) - O ritmo é muito empolgante além de ser muito bem executada, porém mais uma vez fica evidente a fragilidade da letra. Esta aliás é uma característica de muitas canções de filmes de Elvis nos anos 60: um bom balanço com letras frágeis. O filme "Saudades de um pracinha" foi lançado na segunda metade de 1960 e se tornou um dos filmes de maior bilheteria do ano. A trilha sonora logo bateu a marca de mais de um milhão de cópias vendidas e liderou o top 10 da Billboard. Elvis também liderou a lista dos filmes mais vistos e abriu caminho de uma vez para sua carreira de ator de cinema em Hollywwod, com tudo de bom e ruim que isso acabou significando para sua carreira.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio.