Deke Rivers (Elvis Presley) é um jovem trabalhador comum que ganha uma grande chance em sua vida quando uma experiente empresária do circuito country, Glenda Markle (Lizabeth Scott), começa a acreditar e investir em seu talento musical. Após ser despedido de seu emprego, Rivers acaba aceitando a oferta para trabalhar na companhia musical de Glenda. Ela então o escala nos shows que promove em pequenas cidades pelo Sul. Entre um concerto e outro Deke começa a chamar a atenção por suas performances. Ele é um ótimo cantor que acaba enlouquecendo o público feminino por onde passa. Não tarda a se tornar a principal estrela do show, causando ciúmes em Walter 'Tex' Warner (Wendell Corey), um veterano cantor com muitos anos de estrada, que até aquele momento era o principal nome da companhia. No meio de seu sucesso crescente Deke começa a se apaixonar pela doce e jovem cantora Susan (Dolores Hart), uma garota do interior que também almeja fazer sucesso em sua iniciante carreira. Ambos assim tentam encontrar seus próprios caminhos no concorrido circuito musical country.
"Loving You" foi o primeiro filme estrelado por Elvis Presley. Hal Wallis, o produtor, acreditou no jovem cantor que naquela época estava no auge de seu sucesso. Não é de se admirar que tenha logo contratado o rockstar Elvis, afinal ele era jovem, bonito, talentoso, famoso e tal como seu personagem no filme enlouquecia as garotas. Só lhe faltava mesmo virar estrela de cinema, algo que sempre sonhara. Wallis então lhe deu sua grande chance e Elvis não decepcionou. Ele não era ator, mas conseguia ter uma boa presença de cena. O filme foi obviamente um tremendo sucesso de bilheteria. Presley era o maior ídolo jovem em 1957 e todo esse sucesso se refletiu no êxito do filme. Toda adolescente da América queria ver Elvis no cinema. O sucesso era realmente garantido.
Algumas coisas porém devem ser levadas em conta em relação a esse filme. Durante muitos anos se disse que era uma adaptação da própria vida de Elvis para o cinema. Não é inteiramente verdade. O roteiro já existia há anos. Muito provavelmente foi escrito usando Hank Williams como modelo. O enredo se passa todo no circuito country das pequenas cidadezinhas pelo sul dos EUA. Assim o roteirista Herbert Baker apenas pincelou alguns aspectos da carreira de Elvis em seu texto. A polêmica envolvendo o Rock ´n´ Roll, por exemplo. Do argumento original sobrou a parte mais dramática da estória de Deke Rivers, como o fato dele ter se tornado órfão após a morte de seus pais em um incêndio e a revelação de sua verdadeira identidade em um cemitério abandonado.
Em termos de atuação quem predomina mesmo é Lizabeth Scott, atriz veterana e protegida do produtor Wallis. Elvis ainda era muito jovem e inexperiente, mas dentro de suas possibilidades não sai se mal. Mesmo nos momentos mais cruciais, como a já citada cena do cemitério, Elvis não derrapa e nem faz feio. Claro que sua atuação não pode ser comparada ao dos grandes atores da época. Elvis era na verdade um amador que conseguia a proeza de convencer mesmo nas cenas mais complicadas. Menos afortunada se sai Dolores Hart já que seu papel é bem secundário. De fato ela tem apenas uma boa cena ao lado de Elvis, aquela que se passa na fazenda. Fora isso ela fica mesmo em segundo plano. Mesmo assim é bom deixar registrado que ela impressiona por sua beleza, que lembrava muito Grace Kelly, e por uma dicção perfeita nos diálogos, de se admirar mesmo. No mais o diretor Hal Kanter, em sua única parceria ao lado de Elvis, não quis inventar muito. Entregou um excelente meio de promoção para Elvis, tudo de acordo com as especificações da Paramount. Em suma, Loving You tem um pouquinho de tudo, romance, drama e o mais importante de tudo, sua música, essa realmente imortal. É seguramente um dos filmes mais agradáveis de toda a filmografia de Elvis Presley.
A Mulher Que Eu Amo (Loving You, Estados Unidos, 1957) Direção: Hal Kanter / Roteiro: Herbert Baker, Hal Kanter baseados na obra original de Mary Agnes Thompson / Elenco: Elvis Presley, Lizabeth Scott, Wendell Corey, Dolores Hart, James Gleason / Sinopse: Após ver o jovem Deke Rivers (Elvis Presley) cantando em uma apresentação, a empresária Glenda (Lizabeth Scott) resolve investir no talento do rapaz. Inicialmente o escala como ponte entre as principais estrelas de sua pequena companhia musical, mas depois que ele começa a fazer cada vez mais sucesso decide tomar a importante decisão de o levar para se apresentar na TV no Texas. O problema é que Deke tem um passado traumático que o faz esconder muitos segredos pessoais, inclusive sobre sua verdadeira identidade. Estaria ele realmente preparado para a fama e o sucesso?
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 7 de dezembro de 2022
The Beatles - Please Please Me - Parte 3
Então chegamos em "Misery", outra composição da dupla Lennon e McCartney. Durante um certo tempo o grupo pensou em colocar "Besame Mucho" nesse disco, mas a ideia foi afastada por Paul pois em suas próprias palavras isso o retratava como um "músico de cabaret". De uma forma ou outra a sugestão foi colocada de lado, até porque os Beatles já a tinham gravado em outra ocasião, com um resultado abaixo do esperado (falaremos mais sobre isso em outra ocasião). "Misery" foi composta face a face entre Paul e John, porém Lennon a considerava uma criação mais dele do que de Paul. A letra com sabor até mesmo country, já trazia alguns aspectos sombrios e pessimistas que iriam caracterizar bastante a obra de John Lennon nos anos seguintes. Ele aliás costumava brincar dizendo que Paul sempre surgia com otimismo e pensamentos positivos, enquanto ele gostava de adotar posturas mais pessimistas, isso quando não era completamente sarcástico e mordaz.
Sempre gostei bastante da balada "Anna" (Go to Him). Esse foi o primeiro cover dos Beatles no disco. Essa canção gravada originalmente pelo próprio autor Arthur Alexander no selo Dot Records era apenas uma das dezenas de canções românticas que os Beatles usavam em seus shows. É nitidamente uma balada de bailinho, para se dançar com o rosto colado. Numa época em que o quarteto fazia longas apresentações na Alemanha, algumas delas durante quase quatro horas, era necessário fazer e lançar mão de praticamente tudo que estivesse nas paradas. Como eles tinham tocado muito a música nessas ocasiões resolveram encaixar no álbum, já que seria facilmente gravada - afinal eles já estavam mais do que afiados na execução da canção. Um belo momento romântico do disco que acabou fazendo um considerável sucesso no Brasil já que a canção se chamava "Anna", um nome comum em nosso país.
Outro cover do disco é "Chains" da dupla de compositores Goffin e King. Outra que segue a lógica da gravação anterior. Era mais uma balada que os Beatles já estavam calejados de tanto que a tocaram ao vivo. Para mudar um pouco deram parte da vocalização principal para George Harrison que nessa época ainda não compunha, se limitando a ser apenas o talentoso guitarrista solo do grupo. Também conviver com a enorme sombra de Paul e John não deveria ser muito fácil. Para piorar Lennon o considerava quase como apenas um pupilo, já que a diferença de idade entre eles sempre pesou muito na relação. Mais tímido do que os demais membros do grupo, se assumindo como um Teddy Boy consumado, sem pretensão de bancar o intelectual, Harrison levaria ainda alguns anos para se firmar como mais um elo criativo dentro dos Beatles.
Para levantar o disco, dar agitação e trazer rock ao álbum os Beatles chegam logo a seguir com "Boys". Ringo Starr nunca foi o melhor cantor do mundo. Na verdade ele destruiu algumas canções dos Beatles, como por exemplo, "Good Night" do White Album, que exigia uma voz mais suave e melódica. Lá infelizmente Ringo não tinha o timbre adequado. Na verdade seus talentos como cantor se enquadravam bem em música country e rocks mais agitados. Em "Boys" deu certo. A música, um rock com muita vibração, caiu como uma luva para sua voz rústica da classe operária de Liverpool. Curiosamente, por causa da pressa em que o álbum foi gravado (afinal tempo era dinheiro para a EMI), "Boys" ficou pronta em apenas um take, gravado ali, ao vivo, com todos tocando juntos. Por isso muitos qualificam esse primeiro disco dos Beatles como um "disco ao vivo gravado em estúdio" (por mais contraditória que essa expressão possa parecer).
Pablo Aluísio.
Sempre gostei bastante da balada "Anna" (Go to Him). Esse foi o primeiro cover dos Beatles no disco. Essa canção gravada originalmente pelo próprio autor Arthur Alexander no selo Dot Records era apenas uma das dezenas de canções românticas que os Beatles usavam em seus shows. É nitidamente uma balada de bailinho, para se dançar com o rosto colado. Numa época em que o quarteto fazia longas apresentações na Alemanha, algumas delas durante quase quatro horas, era necessário fazer e lançar mão de praticamente tudo que estivesse nas paradas. Como eles tinham tocado muito a música nessas ocasiões resolveram encaixar no álbum, já que seria facilmente gravada - afinal eles já estavam mais do que afiados na execução da canção. Um belo momento romântico do disco que acabou fazendo um considerável sucesso no Brasil já que a canção se chamava "Anna", um nome comum em nosso país.
Outro cover do disco é "Chains" da dupla de compositores Goffin e King. Outra que segue a lógica da gravação anterior. Era mais uma balada que os Beatles já estavam calejados de tanto que a tocaram ao vivo. Para mudar um pouco deram parte da vocalização principal para George Harrison que nessa época ainda não compunha, se limitando a ser apenas o talentoso guitarrista solo do grupo. Também conviver com a enorme sombra de Paul e John não deveria ser muito fácil. Para piorar Lennon o considerava quase como apenas um pupilo, já que a diferença de idade entre eles sempre pesou muito na relação. Mais tímido do que os demais membros do grupo, se assumindo como um Teddy Boy consumado, sem pretensão de bancar o intelectual, Harrison levaria ainda alguns anos para se firmar como mais um elo criativo dentro dos Beatles.
Para levantar o disco, dar agitação e trazer rock ao álbum os Beatles chegam logo a seguir com "Boys". Ringo Starr nunca foi o melhor cantor do mundo. Na verdade ele destruiu algumas canções dos Beatles, como por exemplo, "Good Night" do White Album, que exigia uma voz mais suave e melódica. Lá infelizmente Ringo não tinha o timbre adequado. Na verdade seus talentos como cantor se enquadravam bem em música country e rocks mais agitados. Em "Boys" deu certo. A música, um rock com muita vibração, caiu como uma luva para sua voz rústica da classe operária de Liverpool. Curiosamente, por causa da pressa em que o álbum foi gravado (afinal tempo era dinheiro para a EMI), "Boys" ficou pronta em apenas um take, gravado ali, ao vivo, com todos tocando juntos. Por isso muitos qualificam esse primeiro disco dos Beatles como um "disco ao vivo gravado em estúdio" (por mais contraditória que essa expressão possa parecer).
Pablo Aluísio.
terça-feira, 6 de dezembro de 2022
10 Curiosidades - O Homem Que Matou o Facínora
1. Dirigido por John Ford, o filme é considerado um patrimônio cultural nos Estados Unidos, tendo sua cópia original preservada pela Biblioteca Oficial do Congresso Nacional em Washington.
2. John Ford inicialmente queria rodar o filme em cores, mas a Paramount só liberou orçamento para a realização de um filme em preto e branco. Anos depois Ford comentaria a decisão afirmando que ela acabou sendo a correta já que esconderia melhor a verdadeira idade de James Stewart que tinha que interpretar um jovem advogado idealista.
3. O primeiro ator contratado por John Ford foi John Wayne, quando o roteiro nem ainda estava pronto. Foi Wayne que sugeriu a Ford que contratasse James Stewart e Lee Marvin, com quem já tinha trabalhado. Depois de pensar alguns dias John Ford acabou aceitando ambas as sugestões.
4. Apesar de ter sido aclamado por público e crítica, o diretor John Ford, mesmo contente com os resultados, afirmou que jamais voltaria a filmar em preto e branco, uma vez que o sistema de cores já era padrão no cinema americano. Na visão de Ford o filme poderia ter sido mais bem sucedido nas bilheterias caso fosse lançado em cores.
5. Logo no começo das filmagens John Ford deixou claro para todo o elenco que ele era o diretor e por essa razão não admitiria intervenções em nenhum aspecto do filme. Virando-se para o ator Lee Marvin, Ford falou: "Eu sei que você foi dirigido por John Wayne recentemente no filme "Os Comancheros", porém saiba que ele aqui não manda em absolutamente nada!". Ao ouvir aquilo Wayne caiu na gargalhada.
6. A advertência de que ele, John Ford, era o diretor e senhor absoluto do filme, parece não ter surtido efeitos em John Wayne. Ele começou a querer mudar determinadas cenas, reescrevendo parte dos diálogos, o que acabou criando uma grande tensão entre eles. Chegaram a discutir com vigor perante toda a equipe técnica e elenco. Depois de uma briga séria Ford saiu anunciando: "Jamais voltarei a trabalhar com John Wayne em minha carreira!"
7. Com John Wayne e John Ford trocando farpas no set de filmagens, o ator James Stewart acabou se tornando um poço de tranquilidade, para onde todos iam durante as brigas entre o ator e diretor. Quando era perguntado sobre o que acontecia Stewart simplesmente ria dizendo: "Eu não tenho nada a ver com isso!"
8. Para os jornalistas que visitavam o set, o diretor John Ford explicava: "Filmar em preto e branco é uma arte. A direção tem que ser mais cuidadosa, mais carinhosa. Você tem que fazer tudo com extremo cuidado, sabendo jogar com luzes e sombras de uma forma única!"
9. Durante uma cena de diligência o ator James Stewart foi incentivado por John Ford para fazer ele mesmo a perigosa cena. No alto falante gritou: "Vá lá James, pule, mostre que você não é um covarde, não é um covarde!"
10. John Ford avisou ao seu elenco que queria realizar poucos takes de cada cena. Ele queria que os atores improvisassem até um certo limite, trazendo espontaneidade para cada momento. Dito isso virou para John Wayne e disparou: "Todos podem improvisar, menos John Wayne!". Todos riram.
Pablo Aluísio.
2. John Ford inicialmente queria rodar o filme em cores, mas a Paramount só liberou orçamento para a realização de um filme em preto e branco. Anos depois Ford comentaria a decisão afirmando que ela acabou sendo a correta já que esconderia melhor a verdadeira idade de James Stewart que tinha que interpretar um jovem advogado idealista.
3. O primeiro ator contratado por John Ford foi John Wayne, quando o roteiro nem ainda estava pronto. Foi Wayne que sugeriu a Ford que contratasse James Stewart e Lee Marvin, com quem já tinha trabalhado. Depois de pensar alguns dias John Ford acabou aceitando ambas as sugestões.
4. Apesar de ter sido aclamado por público e crítica, o diretor John Ford, mesmo contente com os resultados, afirmou que jamais voltaria a filmar em preto e branco, uma vez que o sistema de cores já era padrão no cinema americano. Na visão de Ford o filme poderia ter sido mais bem sucedido nas bilheterias caso fosse lançado em cores.
5. Logo no começo das filmagens John Ford deixou claro para todo o elenco que ele era o diretor e por essa razão não admitiria intervenções em nenhum aspecto do filme. Virando-se para o ator Lee Marvin, Ford falou: "Eu sei que você foi dirigido por John Wayne recentemente no filme "Os Comancheros", porém saiba que ele aqui não manda em absolutamente nada!". Ao ouvir aquilo Wayne caiu na gargalhada.
6. A advertência de que ele, John Ford, era o diretor e senhor absoluto do filme, parece não ter surtido efeitos em John Wayne. Ele começou a querer mudar determinadas cenas, reescrevendo parte dos diálogos, o que acabou criando uma grande tensão entre eles. Chegaram a discutir com vigor perante toda a equipe técnica e elenco. Depois de uma briga séria Ford saiu anunciando: "Jamais voltarei a trabalhar com John Wayne em minha carreira!"
7. Com John Wayne e John Ford trocando farpas no set de filmagens, o ator James Stewart acabou se tornando um poço de tranquilidade, para onde todos iam durante as brigas entre o ator e diretor. Quando era perguntado sobre o que acontecia Stewart simplesmente ria dizendo: "Eu não tenho nada a ver com isso!"
8. Para os jornalistas que visitavam o set, o diretor John Ford explicava: "Filmar em preto e branco é uma arte. A direção tem que ser mais cuidadosa, mais carinhosa. Você tem que fazer tudo com extremo cuidado, sabendo jogar com luzes e sombras de uma forma única!"
9. Durante uma cena de diligência o ator James Stewart foi incentivado por John Ford para fazer ele mesmo a perigosa cena. No alto falante gritou: "Vá lá James, pule, mostre que você não é um covarde, não é um covarde!"
10. John Ford avisou ao seu elenco que queria realizar poucos takes de cada cena. Ele queria que os atores improvisassem até um certo limite, trazendo espontaneidade para cada momento. Dito isso virou para John Wayne e disparou: "Todos podem improvisar, menos John Wayne!". Todos riram.
Pablo Aluísio.
Duelo no Oeste
Título Original: Johnny Reno
Ano de Lançamento: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Studios
Direção: R.G. Springsteen
Roteiro: Steve Fisher, Andrew Craddock
Elenco: Dana Andrews, Jane Russell, Lon Chaney Jr, John Agar, Lyle Bettger, Tom Drake
Sinopse:
Johnny Reno (Dana Andrews), um xerife do velho oeste, captura um pistoleiro no deserto. Leva o criminoso para a cidade mais próxima e acaba sendo hostilizado. O bandido é acusado do assassinato de um indígena. Os moradores temem uma invasão dos índios na cidade. E tudo leva a crer que o prefeito esteja envolvido com o crime.
Comentários:
Bom filme de western americano dos anos 60. Dana Andrews foi um bom ator, um veterano com muitos filmes em sua vasta e variada filmografia. Aqui repete seu costumeiro bom desempenho. Seu personagem é o de um xerife honesto e íntegro, como era comum em filmes de velho Oeste dessa época. Um aspecto curioso é que esse xerife tem um interesse romântico na cidade, aonde chega com seu prisioneiro. A atriz Jane Russell interpreta essa mulher independente que trabalha em um saloon. Naquelas terras distantes era necessário ter coragem para sobreviver. E o xerife é o único homem honesto e íntegro no meio de um bando de facínoras da pior espécie. Acaba sendo abandonado a própria sorte pelos moradores da cidade. Uma situação que lembra o roteiro de outro clássico do faroeste, o filme Matar ou Morrer, com Gary Cooper. A diferença básica é que esse filme não tem tanta preocupação em desenvolver psicologicamente a situação. É um filme de faroeste mais convencional, mas ainda assim bom, satisfatório. Para quem está interessado, é bom saber que esse filme está na grade de programação do canal Telecine Cult, então temos um filme antigo de faroeste, mas atualmente bem acessível ao público que esteja interessado em assisti lo.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2022
James Dean - Hollywood Boulevard - Parte 20
James Dean não dava muita bola para a religião. Na realidade, ele nem se considerava um cristão no sentido tradicional dessa palavra. Era um assunto que só o interessava quando estava envolvido com alguma peça de teatro ou filme em que ele iria atuar. Foi justamente isso que o levou a ler a parte inicial do velho testamento pela primeira vez, pois a primeira grande chance que ele teve no cinema veio justamente numa adaptação do livro do Gênesis. Baseada no livro escrito por John Steinbeck, essa história era, na verdade, uma alegoria da história de Caim e Abel. Aqueles dois irmãos trágicos, onde um matou o outro logo nas primeiras páginas da bíblia. Obviamente que Dean acabou sendo cotado para interpretar o irmão mau.
Vidas Amargas seria dirigido por Elia Kazan. Isso levou James Dean a procurar um velho amigo, o sacerdote que trabalhava na cidade onde ele foi criado, em Indiana. O religioso havia sido um veterano da guerra e agora tentava salvar almas no meio Oeste dos Estados Unidos. Embora Dean nunca tenha sido religioso em nenhum momento de sua vida, ele se tornou amigo desse homem da igreja. O que uniu os dois em amizade era o amor pelo teatro. Na realidade, o velho sacerdote havia ensinado as primeiras lições rudimentares de atuação para um jovem James Dean.
Um aspecto curioso é que esse padre era homossexual. Muitos homossexuais se refugiavam numa vida religiosa para esconder justamente esse lado. Eles ficavam no armário enquanto tentavam esconder sua própria orientação sexual em uma época em que havia grande e violento preconceito dentro da sociedade. É claro que Dean sabia da verdade, mas nunca o confrontou sobre isso, respeitando-o como pessoa e como indivíduo. A religião condenava a homossexualidade, mas Dean nesse aspecto, achava tudo uma grande besteira. Ninguém poderia se pautar por um livro escrito por escribas que viveram há 2500 anos em um outro mundo que já não existia mais. Nesse aspecto, ele estava coberto de razão.
Vidas amargas foi um momento de virada na vida do jovem ator. Antes, ele havia aparecido em 3 filmes, mas em nenhum deles teve nenhum destaque. Na maioria das vezes tinha apenas uma linha de diálogo para falar ou apenas uma figuração sem importância. Com Vidas Amargas a coisa mudou totalmente. Ele seria o principal ator do filme em uma produção cara que recriava a sociedade americana na década de 1910. Era certamente uma grande responsabilidade para Dean, mas ele aceitou o desafio com incrível pragmatismo. E acabou atuando muitíssimo bem, recebendo elogios por parte de toda a crítica dos Estados Unidos.
Pablo Aluísio.
As Cartas de Grace Kelly - Parte 9
Após o lançamento do faroeste Matar ou Morrer, a atriz Grace Kelly virou alvo de fofocas em Hollywood. Havia jornalistas que eram especializados nesse tipo de imprensa marrom. E assim que o filme chegou nos cinemas e virou um grande sucesso de bilheteria, ela também começou a aparecer nas capas de revistas de fofocas. A grande novidade, o grande escândalo, é que ela tinha se envolvido romanticamente com o ator Gary Cooper. Havia dois problemas básicos aí para a sociedade moralista da época. Ele era bem mais velho do que ela e era um homem casado. Uma fofoca dessas poderia prejudicar Grace logo no começo da sua carreira.
Grace Kelly nessa etapa de sua vida se considerava uma garota liberal, de mente aberta e não se preocupou muito com isso. Mesmo que carreira não desse muito certo no cinema, ela poderia viver como modelo em Nova Iorque tranquilamente. Além disso, era uma garota de família muito rica, aristocrata. Pouco se importou com as fofoquinhas que pulavam de um lado para o outro nas revistas. Ao terminar o filme, ela viajou para Nova Iorque, onde considerava ser o seu lar. Ela só ia em Los Angeles quando era necessário para atuar em algum filme.
Foi então que pintou um convite muito interessante. Produtores de Hollywood queriam que ela atuasse em um filme que era passado na África. Para ser um filme mais bem realista, toda a equipe técnica e o elenco deveriam mesmo viajar para um safári nas terras africanas. Isso por si só já chamou muita atenção de Grace Kelly, pois ela adorava viajar. Nunca havia estado no continente africano e achava tudo muito exótico, interessante. Mesmo que o roteiro não fosse lá grande coisa, só o fato de passar alguns meses fora dos Estados Unidos, em um ambiente que ela nunca esteve antes, já a atraía para ir atuar nessa nova produção.
E aconteceu também algo curioso. Como as revistas de fofoca estavam sempre falando nela, Grace acabou se tornando muito famosa por essa época. Era a velha máxima do "falem mal de mim, mas falem de mim". E as estrelas de Hollywood muitas vezes viviam mesmo de fofocas. Basta lembrar do caso de Marilyn Monroe. Grace também era uma atriz loira buscando estrelato em Hollywood, e tinha que dançar conforme a música tocada. E ela aprendeu que isso significava, muitas vezes, abrir mão de aspectos de sua vida pessoal. Era um jogo de celebridades em curso. E ela tinha toda a vocação do mundo para ser uma celebridade Internacional. Disso ninguém tinha dúvidas.
Pablo Aluísio.
domingo, 4 de dezembro de 2022
Os Segredos do Castelo
Título Original: We Have Always Lived in the Castle
Ano de Lançamento: 2018
País: Estados Unidos
Estúdio: Furthur Films
Direção: Stacie Passon
Roteiro: Mark Kruger
Elenco: Taissa Farmiga, Alexandra Daddario, Crispin Glover, Sebastian Stan, Paula Malcomson, Peter Coonan
Sinopse:
Duas jovens irmãs precisam lidar com o peso do passado de sua própria família. Seus pais foram envenenados e seu tio escapou da morte, mas acabou ficando preso em uma cadeira de rodas. E o envenenamento foi promovido justamente por seus próprios familiares. Estigmatizadas para sempre, elas precisam viver o dia a dia de suas vidas. E tudo muda com a chegada de um primo distante.
Comentários:
Esse filme foi produzido pela atriz Vera Farmiga. Ela inclusive colocou sua talentosa irmã caçula no elenco principal. É uma história um pouco amarga e com certo humor negro, mas que nunca se assume como tal. As duas protagonistas moram em uma bela casa nos arredores de uma cidade pequena. Foi o que sobrou de sua herança após uma tragédia. Papai e mamãe morreram envenenados. As garotas são consideradas figuras esquisitas pelos moradores da cidade. E a mais jovem das irmãs sempre foi uma das principais suspeitas de ter envenenado os pais. Sem provas, nunca foi condenada. Eu assisti ao filme e achei interessante, mas ao mesmo tempo considerei convencional demais para a história que conta. Fiquei imaginando um diretor mais autoral ou mais talentoso, como Tim Burton por exemplo, filmando uma história dessas. Ele certamente teria feito um filme mais memorável. Do jeito que está, apenas conta sua história, mas de um modo todo quadradinho. E olha que essa história daria pano para a manga para alguém que quisesse fazer algo mais fora da casinha. De qualquer forma, é um filme que dá para assistir sem problemas. Não é particularmente brilhante, mas pelo menos conta a história do livro original. Nada muito especial.
Pablo Aluísio.
Instinto
Título Original: Instinct
Ano de Lançamento: 2019
País: Holanda
Estúdio: Topkapi Films
Direção: Halina Reijn
Roteiro: Esther Gerritsen
Elenco: Carice van Houten, Marwan Kenzari, Marie-Mae van Zuilen, Pieter Embrechts, Ariane Schluter
Sinopse:
Uma psicóloga forense acaba rompendo as barreiras éticas de sua profissão ao se relacionar com um prisioneiro no sistema carcerário onde trabalha. Para piorar ainda mais a situação, o detento foi condenado por crimes de natureza sexual contra mulheres. É um predador sexual perigoso e que pode colocar em risco sua vida.
Comentários:
Eu acredito que mesmo algumas boas ideias de roteiro podem soar bem difíceis de acreditar quando passam para a tela de cinema. É o caso deste filme holandês. A premissa é até interessante. Vemos uma psicóloga se apaixonando por um prisioneiro. E não é um prisioneiro comum. É um sujeito que foi condenado por crimes sexuais bárbaros. Daí vem a principal falta de verossimilhança dessa história. Como uma mulher bonita, inteligente, psicóloga, dona de si, se apaixonaria por um tipo desses? E o roteiro força ainda mais a situação ao colocá-la como uma mulher que saiu de uma relação lésbica recente. Então as peças simplesmente não se encaixam muito bem nesse tabuleiro. Ainda assim, o filme se sustenta por mais incrível que isso possa parecer. O cinema europeu tem esse estilo, tem essa elegância que resiste a tudo mesmo. Só não me convenceu em nenhum momento que uma mulher daquelas iria se apaixonar por um tipo com cabelo moicano, não particularmente bonito e com histórico de crimes sexuais. Ainda assim, com essas ressalvas, deixarei a dica para os que apreciam o cinema produzido no norte da Europa.
Pablo Aluísio.
sábado, 3 de dezembro de 2022
Pixinguinha - Um Homem Carinhoso
Título Original: Pixinguinha - Um Homem Carinhoso
Ano de Lançamento: 2021
País: Brasil
Estúdio: Ipê Artes Cinematográficas
Direção: Allan Fiterman, Denise Saraceni
Roteiro: Manuela Dias, Denise Saraceni
Elenco: Seu Jorge, Taís Araújo, Tuca Andrada, Jorge Aragão, Pierre Baitelli, Luan Caruso
Sinopse:
O filme conta a história do músico, compositor e instrumentista Pixinguinha. Ele se tornou um dos nomes mais famosos e cultuados da música popular Brasileira. Foi autor de canções inesquecíveis e de Marchinhas de Carnaval que até hoje são conhecidas e estão na boca do povo. Um dos grandes nomes da nossa música em sua história.
Comentários:
O Pixinguinha foi um gênio da música Brasileira. Disso, poucos pousam discordar. Era extremamente talentoso e tinha uma vocação para escrever músicas inesquecíveis como poucas vezes se viu em nossa história. Era também um instrumentista de rara veia artística. O filme conta a sua história de forma muito digna. Ele nasceu em uma família de músicos no Rio de Janeiro. Aos poucos foi abrindo seus próprios caminhos. Formou um grupo musical de sucesso que chegou até mesmo a excursionar em Paris. Criou uma nova linguagem musical. Acabou sendo contratado pela multinacional RCA, onde, como maestro e arranjador, trabalhou ao lado de grandes nomes da nossa música. Também teve seus tropeços da vida, principalmente em relação ao alcoolismo que o prejudicou. Nada que diminuisse seu valor como artista. Ainda assim, deixou um vasto repertório de ricas canções compostas. Era eclético e compunha para cantores românticos, peças instrumentais e até mesmo para marchinhas de Carnaval. Uma figura simbólica da nossa história que não pode ser esquecido. E o filme o resgata de forma valorosa. Esse tipo de filme deveria ser exibido nas escolas por todo o país. É o retrato de uma época em que nossa música tinha grande qualidade e valor.
Pablo Aluísio.
A Viagem de Pedro
Título Original: A Viagem de Pedro
Ano de Lançamento: 2021
País: Brasil
Estúdio: Biônica Filmes
Direção: Laís Bodanzky
Roteiro: Laís Bodanzky, Luiz Bolognesi
Elenco: Cauã Reymond, Luísa Cruz, Luise Heyer, Francis Magee, Welket Bungué, Soren Hellerup
Sinopse:
O imperador Dom Pedro I abdica do trono do Brasil. Ele embarca de volta para Portugal, pois seu irmão Miguel, assumiu o trono. É uma luta pela coroa de Portugal. Ele é um usurpador. Durante a viagem, o imperador acaba relembrando aspectos e fatos de sua vida. E faz uma reflexão sobre tudo o que aconteceu até aquele momento.
Comentários:
Esse filme faz ficção em torno de uma história real. Realmente, Dom Pedro I voltou para Portugal para lutar contra seu irmão pelo trono do país. Só que dessa viagem há poucos registros históricos. Ninguém ao certo sabe o que se deu durante a viagem do imperador de volta à Portugal. Assim, o roteiro do filme usa esse vácuo histórico para criar sua história. Mostra Dom Pedro I reflexivo, introspectivo, relembrando aspectos de sua vida no passado. Ele chega até mesmo a ver uma aparição de sua ex-mulher, a imperatriz Maria Leopoldina da Áustria, já falecida naquela época. O filme adota então esse tom de busca interior. A produção é OK, mas deixa a desejar para um filme que se passa em um navio daquela época. É um filme interessante, mas pode soar um pouco cansativo para certas plateias.
Pablo Aluísio.
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