Marilyn Monroe poderia ter se poupado de muitos problemas pessoais se não tivesse se envolvido com homens errados, principalmente quando eles eram casados. Durante meses circulou em Hollywood que Marilyn poderia estar envolvida com John Kennedy, o presidente dos Estados Unidos. Se a história fosse verdadeira seria uma das notícias mais bombásticas de todos os tempos, porém Marilyn se recusava a assumir o romance mesmo para as pessoas mais próximas, seus jornalistas mais conhecidos.
Numa determinada tarde enquanto descansava de um dia de filmagens ela aceitou receber em seu camarim o colunista social do New York Times. Ele sondou o assunto de seu suposto namoro com JFK, mas tudo o que conseguiu arrancar da estrela foi uma declaração dúbia, cheia de mistérios onde reconhecia que estava mesmo namorado um homem importante, muito famoso e que por isso não poderia dar maiores detalhes.
Esse relacionamento tampouco foi ventilado pelo presidente a ninguém. John Kennedy era um notório mulherengo e tinha um óbvio interesse em Marilyn, porém mesmo para os amigos mais chegados se recusava a contar o que tinha acontecido entre ele e a maior estrela de Hollywood. Seu irmão Bob também estava interessado em Marilyn, só que ao contrário do presidente foi menos discreto, chegando várias vezes a ir até a casa de Marilyn para visitas até bem conhecidas da comunidade de Hollywood.
Marilyn porém não parecia interessada em Bob. Ele era casado e tinha um monte de filhos. Marilyn, experiente como era, sabia que seu namorico com Bob não iria dar em nada. Também não parecia nada apaixonada por ele. Bob Kennedy era o irmão mais feioso e menos poderoso do presidente, esse sim o grande prêmio que Marilyn Monroe esperava levar para casa algum dia, quem sabe. Isso era algo praticamente impossível de acontecer. John Kennedy era casado com a incrível Jackie. Uma mulher culta, pertencente a uma das famílias mais aristocráticas da América e que apesar de saber das infidelidades do marido também tinha plena consciência que ele jamais iria colocar seu casamento em segundo plano por qualquer uma de suas aventuras amorosas. No íntimo Marilyn sabia que não teria nenhuma chance nessa disputa por JFK. Ela, no máximo, iria conseguir ser a amante mais famosa e mais glamorosa do presidente. Nada mais do que isso.
Pablo Aluísio.
domingo, 26 de janeiro de 2020
sábado, 25 de janeiro de 2020
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 14
A primeira grande chance de se tornar uma estrela para Marilyn Monroe apareceu em 1953 quando ela foi escalada para atuar em "Gentlemen Prefer Blondes" que no Brasil recebeu o título de "Os Homens Preferem as Loiras". Era uma comédia musical dirigida pelo excepcional cineasta Howard Hawks. O filme seria estrelado pela star Jane Russell e Marilyn estaria no enredo como uma espécie de escada para ela. Pelo menos foi isso que o estúdio disse a Monroe. Por baixo dos panos havia uma clara tentativa da Fox em testar a atriz para saber se ela poderia se tornar um novo chamariz de bilheteria para suas produções. O fato é que Marilyn conseguiu se tornar uma celebridade fora das telas, mesmo tendo participado na maioria das vezes como mera coadjuvante por anos e anos. Sem grandes chances nos filmes a atriz começou então uma bem sucedida campanha pessoal de auto promoção, se tornando amiga de jornalistas e produtores influentes, dando entrevistas, abrindo aspectos de sua vida pessoal e aparecendo em jornais, revistas e eventos promocionais.
O aparente desinteresse da Fox escondia uma pretensão bem mais ousada. Marilyn aos poucos foi percebendo que o estúdio finalmente parecia acreditar nela. Infelizmente isso não se refletia em seu salário que praticamente continuou o mesmo. Sua colega Jane Russell receberia quase vinte vezes mais do que ela pela atuação no filme. Isso logo chamou a atenção da imprensa e Marilyn resolveu brincar um pouco com a situação fazendo piada com o título do filme. A um jornalista amigo declarou: "Bom, eu deveria ganhar o mesmo que Jane, não acha? Até porque eu sou a loira do filme e ele se chama Os Homens Preferem as Loiras!". Depois disso arregalou seus grandes olhos azuis para a câmera, numa pose engraçada. Na verdade Marilyn iria provar no set de filmagens que ela tinha um maravilhoso timing para comédias e enredos engraçados, algo que ela não demonstrava tanto em dramas ou filmes mais melodramáticos. Em pouco tempo esse seu talento pelo cômico iria despertar a atenção da Fox que entenderia que finalmente havia descoberto o grande filão para explorar comercialmente o talento daquela loira. Dali em diante Marilyn seria escalada para brilhar em comédias românticas musicais.
Outro fato chamou bastante a atenção em Hollywood. Assim que o projeto do filme foi anunciado muitos entenderam que as duas atrizes não iriam se dar bem no set. Era um tanto tradicional haver brigas em filmes que fossem co-estrelados por duas atrizes. Geralmente uma tentava superar a outra, querendo roubar o filme para si, e isso terminava em longas brigas nos sets de filmagens. As colunas de fofocas da época esperavam por enormes brigas envolvendo Marilyn e Jane, mas no final das contas acabaram se decepcionando. Ao contrário do que muitos aguardavam Monroe se deu muito bem com Jane Russell. Ambas ficaram até mesmo bastante amigas durante as filmagens. Uma apoiando a outra, dando sugestões. Isso para Marilyn era mais do que bem-vindo. Sua insegurança nas filmagens era notória dentro do estúdio. Ela sempre ficava apavorada antes de entrar em cena. Contar com um ombro amigo atrás e na frente das câmeras foi algo maravilhoso para ela. Em troca ofereceu uma amizade sincera e muito carinhosa para com Jane. Essa amizade parece ter trazido muito para o resultado final da película.
"Gentlemen Prefer Blondes" custou relativamente barato pois foi quase que todo rodado em estúdio em Los Angeles. Assim que chegou nas telas de cinema se tornou um sucesso de público e crítica. Também pudera, o roteiro era deliciosamente divertido com ótima trilha sonora e números musicais extremamente bem realizados. O papel de Marilyn foi um dos mais caricatos de sua carreira, o que não significa que tenha sido ruim, muito pelo contrário, foi excelente, captando um lado de comediante na atriz que pouca gente conhecia. Para não fazer feio nos números musicais Marilyn tomou aulas de canto e dança com o departamento de arte da Fox. Uma das primeiras regras que teria que cumprir era ser disciplinada e pontual nas aulas, algo que ela conseguiu a duras penas pois chegar na hora marcada era um problema e tanto para ela, sempre. Algo que iria piorar muitos nos anos seguintes. De qualquer maneira como almejava muito ser uma estrela de sucesso, Marilyn por essa época adotou o estilo "garota boazinha e obediente". Mal sabia a Fox no que estava se metendo.
Pablo Aluísio.
O aparente desinteresse da Fox escondia uma pretensão bem mais ousada. Marilyn aos poucos foi percebendo que o estúdio finalmente parecia acreditar nela. Infelizmente isso não se refletia em seu salário que praticamente continuou o mesmo. Sua colega Jane Russell receberia quase vinte vezes mais do que ela pela atuação no filme. Isso logo chamou a atenção da imprensa e Marilyn resolveu brincar um pouco com a situação fazendo piada com o título do filme. A um jornalista amigo declarou: "Bom, eu deveria ganhar o mesmo que Jane, não acha? Até porque eu sou a loira do filme e ele se chama Os Homens Preferem as Loiras!". Depois disso arregalou seus grandes olhos azuis para a câmera, numa pose engraçada. Na verdade Marilyn iria provar no set de filmagens que ela tinha um maravilhoso timing para comédias e enredos engraçados, algo que ela não demonstrava tanto em dramas ou filmes mais melodramáticos. Em pouco tempo esse seu talento pelo cômico iria despertar a atenção da Fox que entenderia que finalmente havia descoberto o grande filão para explorar comercialmente o talento daquela loira. Dali em diante Marilyn seria escalada para brilhar em comédias românticas musicais.
Outro fato chamou bastante a atenção em Hollywood. Assim que o projeto do filme foi anunciado muitos entenderam que as duas atrizes não iriam se dar bem no set. Era um tanto tradicional haver brigas em filmes que fossem co-estrelados por duas atrizes. Geralmente uma tentava superar a outra, querendo roubar o filme para si, e isso terminava em longas brigas nos sets de filmagens. As colunas de fofocas da época esperavam por enormes brigas envolvendo Marilyn e Jane, mas no final das contas acabaram se decepcionando. Ao contrário do que muitos aguardavam Monroe se deu muito bem com Jane Russell. Ambas ficaram até mesmo bastante amigas durante as filmagens. Uma apoiando a outra, dando sugestões. Isso para Marilyn era mais do que bem-vindo. Sua insegurança nas filmagens era notória dentro do estúdio. Ela sempre ficava apavorada antes de entrar em cena. Contar com um ombro amigo atrás e na frente das câmeras foi algo maravilhoso para ela. Em troca ofereceu uma amizade sincera e muito carinhosa para com Jane. Essa amizade parece ter trazido muito para o resultado final da película.
"Gentlemen Prefer Blondes" custou relativamente barato pois foi quase que todo rodado em estúdio em Los Angeles. Assim que chegou nas telas de cinema se tornou um sucesso de público e crítica. Também pudera, o roteiro era deliciosamente divertido com ótima trilha sonora e números musicais extremamente bem realizados. O papel de Marilyn foi um dos mais caricatos de sua carreira, o que não significa que tenha sido ruim, muito pelo contrário, foi excelente, captando um lado de comediante na atriz que pouca gente conhecia. Para não fazer feio nos números musicais Marilyn tomou aulas de canto e dança com o departamento de arte da Fox. Uma das primeiras regras que teria que cumprir era ser disciplinada e pontual nas aulas, algo que ela conseguiu a duras penas pois chegar na hora marcada era um problema e tanto para ela, sempre. Algo que iria piorar muitos nos anos seguintes. De qualquer maneira como almejava muito ser uma estrela de sucesso, Marilyn por essa época adotou o estilo "garota boazinha e obediente". Mal sabia a Fox no que estava se metendo.
Pablo Aluísio.
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 13
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 13
Quando o diretor Billy Wilder fechou com Marilyn Monroe para trabalharem juntos mais uma vez em Hollywood, ele sabia que iria ter muitas dores de cabeça. Ele já a conhecia muito bem e sabia como seria um verdadeiro caos! Marilyn não o decepcionaria nessa previsão. Assim que as filmagens começaram, Marilyn começou a aprontar das suas. Ela chegava em média com três horas de atraso ao estúdio para filmar suas cenas. Pior do que isso, ela não conseguia decorar suas falas. Quase sempre ficava trancada dentro do camarim ao lado de sua professora particular de atuação Paula Strasberg. Paula era uma mulher antipática, estranha, que só se vestia de preto e não falava com mais ninguém da equipe de filmagem.
Assim que Marilyn encerrava suas cenas ela procurava imediatamente por Paula, colocando as mãos sobre os olhos para localizá-la dentro do estúdio. Isso irritava muito Billy Wilder, afinal ele era o diretor do filme e não Paula. Durante um fim de semana Billy perdeu a paciência e assim que a tomada acabou ele virou-se para Paula, de forma irônica, para perguntar: "Você gostou dessa cena querida? Quer que repetimos?" Paula não gostou da piada e levou aquilo como se tivesse sido ofendida pelo cineasta. Ela não tinha nenhum senso de humor. Além dos atrasos, da presença nada simpática da instrutora de Marilyn e de seus problemas com pílulas misturadas com champagne, Billy Wilder também percebeu que não poderia mais contar com Marilyn para a sessão de fotos que iria produzir o material promocional do filme. Era um fato bizarro, mas a atriz que era considerada o maior símbolo sexual do cinema na época não servia mais para fotografar pois estava muito acima do peso!
Billy assim resolveu levar as demais garotas que estavam no filme, interpretando coristas e músicas da banda que acompanhava Marilyn, para tirar as fotos. Pois é, os posters promocionais do filme eram montagens, com os corpos das jovens atrizes e o rosto de Marilyn Monroe. Tudo criado dentro do departamento de publicidade da Fox. O fato era que Marilyn Monroe estava grávida quando rodou o filme. A fofoca entre todos os envolvidos nas filmagens era a de que Marilyn não estava grávida de seu marido, Arthur Miller, mas sim de Tony Curtis, que trabalhava com ela no elenco. Claro que tudo foi logo abafado pelo estúdio, pois isso poderia arruinar o filme nas bilheterias caso o público e a imprensa soubessem da verdade.
Anos depois Tony Curtis confidenciou que também acreditava que Marilyn estava grávida dele. Eles tinham um passado juntos, chegaram a morar sob o mesmo teto quando eram apenas jovens atores em Hollywood atrás de uma chance. Quando se reencontraram no set de filmagem a velha paixão reacendeu. Curiosamente durante uma cena de beijo, Tony Curtis soltou uma frase que pegou muito mal. Ele disse: "Beijar Marilyn é como beijar Hitler". Ao saber disso a imprensa correu e estampou a bombástica declaração, mas Curtis se apressou em negar que era uma ofensa em relação a Marilyn. Ele apenas estava sendo irônico com todos que perguntavam como era beijar Marilyn Monroe. "O que eles pensam? Ora, beijar Marilyn era maravilhoso! Por isso fui irônico!" - Disse Curtis tentando se explicar. A ironia porém foi mal entendida, inclusive por Marilyn, que ficou magoada, causando ainda mais atrasos e problemas para a finalização do filme. O mal estar foi geral.
Pablo Aluísio.
Quando o diretor Billy Wilder fechou com Marilyn Monroe para trabalharem juntos mais uma vez em Hollywood, ele sabia que iria ter muitas dores de cabeça. Ele já a conhecia muito bem e sabia como seria um verdadeiro caos! Marilyn não o decepcionaria nessa previsão. Assim que as filmagens começaram, Marilyn começou a aprontar das suas. Ela chegava em média com três horas de atraso ao estúdio para filmar suas cenas. Pior do que isso, ela não conseguia decorar suas falas. Quase sempre ficava trancada dentro do camarim ao lado de sua professora particular de atuação Paula Strasberg. Paula era uma mulher antipática, estranha, que só se vestia de preto e não falava com mais ninguém da equipe de filmagem.
Assim que Marilyn encerrava suas cenas ela procurava imediatamente por Paula, colocando as mãos sobre os olhos para localizá-la dentro do estúdio. Isso irritava muito Billy Wilder, afinal ele era o diretor do filme e não Paula. Durante um fim de semana Billy perdeu a paciência e assim que a tomada acabou ele virou-se para Paula, de forma irônica, para perguntar: "Você gostou dessa cena querida? Quer que repetimos?" Paula não gostou da piada e levou aquilo como se tivesse sido ofendida pelo cineasta. Ela não tinha nenhum senso de humor. Além dos atrasos, da presença nada simpática da instrutora de Marilyn e de seus problemas com pílulas misturadas com champagne, Billy Wilder também percebeu que não poderia mais contar com Marilyn para a sessão de fotos que iria produzir o material promocional do filme. Era um fato bizarro, mas a atriz que era considerada o maior símbolo sexual do cinema na época não servia mais para fotografar pois estava muito acima do peso!
Billy assim resolveu levar as demais garotas que estavam no filme, interpretando coristas e músicas da banda que acompanhava Marilyn, para tirar as fotos. Pois é, os posters promocionais do filme eram montagens, com os corpos das jovens atrizes e o rosto de Marilyn Monroe. Tudo criado dentro do departamento de publicidade da Fox. O fato era que Marilyn Monroe estava grávida quando rodou o filme. A fofoca entre todos os envolvidos nas filmagens era a de que Marilyn não estava grávida de seu marido, Arthur Miller, mas sim de Tony Curtis, que trabalhava com ela no elenco. Claro que tudo foi logo abafado pelo estúdio, pois isso poderia arruinar o filme nas bilheterias caso o público e a imprensa soubessem da verdade.
Anos depois Tony Curtis confidenciou que também acreditava que Marilyn estava grávida dele. Eles tinham um passado juntos, chegaram a morar sob o mesmo teto quando eram apenas jovens atores em Hollywood atrás de uma chance. Quando se reencontraram no set de filmagem a velha paixão reacendeu. Curiosamente durante uma cena de beijo, Tony Curtis soltou uma frase que pegou muito mal. Ele disse: "Beijar Marilyn é como beijar Hitler". Ao saber disso a imprensa correu e estampou a bombástica declaração, mas Curtis se apressou em negar que era uma ofensa em relação a Marilyn. Ele apenas estava sendo irônico com todos que perguntavam como era beijar Marilyn Monroe. "O que eles pensam? Ora, beijar Marilyn era maravilhoso! Por isso fui irônico!" - Disse Curtis tentando se explicar. A ironia porém foi mal entendida, inclusive por Marilyn, que ficou magoada, causando ainda mais atrasos e problemas para a finalização do filme. O mal estar foi geral.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2020
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 12
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 12
Billy Wilder teve a ideia de escrever o roteiro de "Quanto Mais Quente Melhor" após assistir a um velho filme alemão. No enredo dois músicos se vestiam de mulheres para escapar da máfia. Wilder mostrou seu projeto para o produtor David Selznick que não gostou nada do que leu. Misturar máfia com comédia, violência com humor, era algo perigoso e nada engraçado em sua forma de entender. Mesmo assim Wilder não desistiu e resolveu produzir ele mesmo o filme. O primeiro contratado foi o ator Tony Curtis, o que não deixou de ser curioso pois Curtis achava que Wilder não gostava dele pessoalmente.
Para o outro papel o estúdio queria muito Frank Sinatra. Um almoço de negócios foi marcado entre ele e o diretor, mas Sinatra não compareceu. Na verdade o cantor desistiu de fazer o filme por causa da ligação do roteiro com mafiosos. Ele já vinha sofrendo comparações por causa de seus amigos no submundo do crime e isso iria reforçar esse tipo de visão na imprensa. Com Sinatra fora, Wilder finalmente conseguiu contratar o ator que queria desde o começo: o comediante Jack Lemmon.
A entrada de Marilyn Monroe no filme foi uma surpresa para todos. Ninguém estava pensando nela. Quando a atriz soube que Billy Wilder iria dirigir uma comédia com Curtis e Lemmon, decidiu ligar pessoalmente para Billy, se oferecendo para o papel de "Sugar", a bonita garota que tocava na banda só de mulheres! Wilder sabia que a entrada de Marilyn Monroe no filme mudaria tudo, já que ela era uma das maiores estrelas de Hollywood. O diretor sabia bem que Marilyn era complicada de se trabalhar, sempre chegava atrasada, não decorava suas falas e parecia sempre estar insegura. Mesmo com tantas coisas contra sua contratação, o diretor não podia ignorar também o fato de que Marilyn era um grande chamariz de bilheteria, a maior estrela de cinema da época!
O que Wilder não sabia era que Marilyn Monroe e Tony Curtis tinham um passado. Eles foram namorados anos antes. Quem recordou isso foi o próprio ator durante uma entrevista: "Eu cheguei a morar com Marilyn durante seis meses, antes que nos tornássemos famosos. Eu era apenas um jovem contratado pela Universal e Marilyn não conseguia muito trabalho na época. Eu estava apaixonado por ela, então resolvemos morar juntos. Não deu muito certo, mas guardei um certo carinho por ela, por todos aqueles anos. Quando descobri que Marilyn havia entrado no filme pensei que teríamos problemas pela frente! Algo que depois iria se mostrar verdadeiro, mas tudo bem, tudo era válido!".
Pablo Aluísio.
Billy Wilder teve a ideia de escrever o roteiro de "Quanto Mais Quente Melhor" após assistir a um velho filme alemão. No enredo dois músicos se vestiam de mulheres para escapar da máfia. Wilder mostrou seu projeto para o produtor David Selznick que não gostou nada do que leu. Misturar máfia com comédia, violência com humor, era algo perigoso e nada engraçado em sua forma de entender. Mesmo assim Wilder não desistiu e resolveu produzir ele mesmo o filme. O primeiro contratado foi o ator Tony Curtis, o que não deixou de ser curioso pois Curtis achava que Wilder não gostava dele pessoalmente.
Para o outro papel o estúdio queria muito Frank Sinatra. Um almoço de negócios foi marcado entre ele e o diretor, mas Sinatra não compareceu. Na verdade o cantor desistiu de fazer o filme por causa da ligação do roteiro com mafiosos. Ele já vinha sofrendo comparações por causa de seus amigos no submundo do crime e isso iria reforçar esse tipo de visão na imprensa. Com Sinatra fora, Wilder finalmente conseguiu contratar o ator que queria desde o começo: o comediante Jack Lemmon.
A entrada de Marilyn Monroe no filme foi uma surpresa para todos. Ninguém estava pensando nela. Quando a atriz soube que Billy Wilder iria dirigir uma comédia com Curtis e Lemmon, decidiu ligar pessoalmente para Billy, se oferecendo para o papel de "Sugar", a bonita garota que tocava na banda só de mulheres! Wilder sabia que a entrada de Marilyn Monroe no filme mudaria tudo, já que ela era uma das maiores estrelas de Hollywood. O diretor sabia bem que Marilyn era complicada de se trabalhar, sempre chegava atrasada, não decorava suas falas e parecia sempre estar insegura. Mesmo com tantas coisas contra sua contratação, o diretor não podia ignorar também o fato de que Marilyn era um grande chamariz de bilheteria, a maior estrela de cinema da época!
O que Wilder não sabia era que Marilyn Monroe e Tony Curtis tinham um passado. Eles foram namorados anos antes. Quem recordou isso foi o próprio ator durante uma entrevista: "Eu cheguei a morar com Marilyn durante seis meses, antes que nos tornássemos famosos. Eu era apenas um jovem contratado pela Universal e Marilyn não conseguia muito trabalho na época. Eu estava apaixonado por ela, então resolvemos morar juntos. Não deu muito certo, mas guardei um certo carinho por ela, por todos aqueles anos. Quando descobri que Marilyn havia entrado no filme pensei que teríamos problemas pela frente! Algo que depois iria se mostrar verdadeiro, mas tudo bem, tudo era válido!".
Pablo Aluísio.
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 11
Marilyn estava passando por mais uma crise depressiva, fazendo com que ela tentasse o suicídio mais uma vez! A depressão havia se tornado insuportável justamente na noite de natal quando Marilyn se viu completamente sozinha em seu apartamento. A maior estrela do mundo do cinema, tão desejada, admirada e amada por milhões de fãs ao redor do mundo, não tinha ninguém para celebrar a ceia da noite de natal ao seu lado! Como entender tamanho paradoxo? Por que nenhuma pessoa próxima a Marilyn estava disposta a passar a noite de natal em sua companhia? Essa situação levou a atriz para um colapso nervoso. Ela que já vinha há semanas depressiva, chegou na conclusão que era hora de acabar com tudo.
Na verdade para entender isso é interessante saber como a vida de Marilyn estava na época. Em poucas palavras a vida pessoal e profissional da atriz estava completamente caótica. Ela havia decidido se divorciar de Arthur Miller depois de um casamento opaco, sem amor, marcado por muitas indiferenças e problemas de relacionamento. No final do casamento não é errado dizer que Miller não passava de um mero empregado de Marilyn, um carregador de malas da atriz. Ela o tratava mal, como a um capacho. Miller também não ajudava, demonstrando total servidão, sem personalidade, praticamente um homem sem pulso ou amor próprio. Com isso Marilyn simplesmente se cansou dele. Ela nunca gostou de homens fracos, manobráveis. Marilyn queria alguém que a tratasse pelo menos de igual para igual.
Como se isso não fosse problemático o suficiente, Marilyn resolveu se envolver com um homem casado, o ator e cantor Yves Montand com quem atuara no filme "Adorável Pecadora". O romance saiu das telas e invadiu o mundo real. A esposa de Montand, Simone Signoret, se considerava amiga pessoal de Marilyn até saber que ela estava tendo um caso com seu marido. Mulher culta, elegante e fina, Signoret resolveu enfrentar Marilyn face a face. De maneira polida e educada pediu que Marilyn não procurasse e nem se encontrasse mais com Montand. A forma como ela fez esse pedido acabou deixando Marilyn ainda mais depressiva. Afinal, pensou ela, que tipo de mulher ela era? Uma que nem ao menos respeitava os maridos das próprias amigas? Tomada por uma forte crise de consciência, Marilyn resolveu aceitar o pedido de Simone e encerrou o caso com Montand de forma definitiva.
Uma das poucas pessoas que havia sobrado em sua vida pessoal era a assessora de imprensa Pat Newcomb. Pouca gente tinha conseguido se adaptar tão bem ao modo estranho de viver de Marilyn do que Pat. Ela acabou se tornando com os anos a verdadeira amiga da atriz. Sempre que Marilyn tinha que viajar, Pat seguia na frente para acertar tudo. Quando esteve na Inglaterra Marilyn exigiu que seu apartamento em Londres ficasse completamente igual ao que mantinha em Nova Iorque, com todos os móveis brancos, sem qualquer sinal de outra cor no ambiente. Além disso todas as janelas deveriam ser cobertas por espessas cortinas também brancas. Marilyn gostava de viver em ambientes completamente alvos, brancos ao extremo, como se estivesse no Polo Norte. Cabia justamente a Pat providenciar esse tipo de coisa. Provavelmente se não fosse a prestativa assistência de Newcomb na vida de Marilyn ela teria morrido muitos anos antes. Pode-se dizer que ela, ao lado da empregada doméstica de Marilyn, salvou a vida da atriz muitas e muitas vezes.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 23 de janeiro de 2020
Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 16
A estrela de Marlon Brando começou a se apagar no início da década de 1960. Durante exatos dez anos Brando foi um dos campeões de bilheteria em Hollywood. Seu nome sempre estava no Top 10 dos astros mais populares. A partir de 1960 porém seus filmes começaram a fracassar. O ponto de virada aconteceu com o faroeste "A Face Oculta". Essa produção era uma aposta certeira rumo ao sucesso por parte da Paramount Pictures, mas Brando brigou logo nos primeiros dias com o diretor e depois de muitos problemas ele mesmo assumiu a direção. Acontece que Brando nunca havia dirigido um filme antes na carreira. O resultado era previsível. O orçamento estourou, os gastos ficaram fora do controle e Brando não conseguiu dar uma forma ideal do ponto de vista comercial ao filme. O resultado foi que o público não comprou a ideia e assim o ator teve seu primeiro grande fracasso de bilheteria.
As coisas só pioraram depois disso. Brando começou a encarar os estúdios como verdadeiros inimigos e passou a recusar roteiros sugeridos pelas companhias. Ao invés de estrelar grandes produções, ele optou pelos pequenos filmes, de diretores iniciantes, cujos roteiros dificilmente fariam sucesso nas bilheterias. Uma exceção foi exatamente o remake de um antigo filme estrelado por Clark Gable chamado "O Grande Motim". Brando que poderia ter atuado em um dos maiores filmes de todos os tempos (Lawrence da Arábia) recusou o convite do diretor David Lean para literalmente afundar em um filme cuja produção nos mares do sul do Pacífico se revelou um enorme desastre financeiro. A MGM perdeu milhões com esse fracasso e nem pensou duas vezes antes de culpar o próprio Marlon Brando pelo prejuízo que teve.
Nos anos seguintes Brando foi colecionando fracassos comerciais: "Quando Irmãos se Defrontam", "Dois Farristas Irresistíveis", "Morituri" e "Caçada Humana" não foram bem de bilheteria. Em pouco mais de quatro anos Brando se tornou um dos atores menos bem sucedidos da indústria. Seu nome foi caindo na lista dos astros mais rentáveis. Ele que sempre havia ficado entre os "10 mais" agora não conseguia ficar nem entre os 40 mais bem sucedidos! A imprensa, que nunca havia gostado muito de Brando, começou a bater. Ele foi chamado de decadente, fracassado, careca, gordo e outras ofensas que só serviam para afundá-lo ainda mais dentro da indústria do cinema.
Em 1967 pintou uma boa oportunidade de se reerguer. Brando soube que Charles Chaplin iria dirigir uma comédia chamada "A Condessa de Hong Kong". Marlon sabia que ele não tinha um bom timing para o humor, mas mesmo assim estava disposto a não perder a oportunidade de trabalhar ao lado de um dos grandes gênios da sétima arte, Chaplin. O problema é que o roteiro não era bom e Chaplin, já bem envelhecido, não tinha mais a mesma genialidade de seu auge. Para piorar Brando não gostou dos métodos de trabalho do veterano e nem de sua pessoa. Em sua autobiografia Brando destroçou Chaplin o chamado de uma das pessoas "mais sádicas e cruéis que havia conhecido em toda a sua vida". Isso porque Chaplin humilhava seu próprio filho, na frente de todos, durante as filmagens.
Assim as previsões pessimistas logo se confirmaram. Quando chegou aos cinemas o filme fracassou de forma monumental. Brando nem quis defender o filme pois sabia que ele não era bom. Tinha um humor ultrapassado, um enredo sem graça e uma produção fraca. Nas próprias palavras do ator o filme "A Condessa de Hong Kong" acabou se transformando em um de seus "maiores desastres". Foi embaraçoso para todo mundo. Quando todos pensavam que Brando havia chegado ao fundo do poço ele ainda caiu mais em "Candy" e "Queimada"! Os filmes não foram apenas novos fracassos, mas também eram muito ruins! O próprio Brando reconhecia isso. Na verdade Marlon Brando só iria reencontrar o caminho do sucesso quando soube que a Paramount iria filmar o romance "O Poderoso Chefão" de Mario Puzo. Se conseguisse o papel do mafioso Corleone poderia ter uma nova chance na carreira. Ele sabia que tinha que interpretar o personagem de qualquer jeito... mas essa é obviamente uma outra história...
Pablo Aluísio.
As coisas só pioraram depois disso. Brando começou a encarar os estúdios como verdadeiros inimigos e passou a recusar roteiros sugeridos pelas companhias. Ao invés de estrelar grandes produções, ele optou pelos pequenos filmes, de diretores iniciantes, cujos roteiros dificilmente fariam sucesso nas bilheterias. Uma exceção foi exatamente o remake de um antigo filme estrelado por Clark Gable chamado "O Grande Motim". Brando que poderia ter atuado em um dos maiores filmes de todos os tempos (Lawrence da Arábia) recusou o convite do diretor David Lean para literalmente afundar em um filme cuja produção nos mares do sul do Pacífico se revelou um enorme desastre financeiro. A MGM perdeu milhões com esse fracasso e nem pensou duas vezes antes de culpar o próprio Marlon Brando pelo prejuízo que teve.
Nos anos seguintes Brando foi colecionando fracassos comerciais: "Quando Irmãos se Defrontam", "Dois Farristas Irresistíveis", "Morituri" e "Caçada Humana" não foram bem de bilheteria. Em pouco mais de quatro anos Brando se tornou um dos atores menos bem sucedidos da indústria. Seu nome foi caindo na lista dos astros mais rentáveis. Ele que sempre havia ficado entre os "10 mais" agora não conseguia ficar nem entre os 40 mais bem sucedidos! A imprensa, que nunca havia gostado muito de Brando, começou a bater. Ele foi chamado de decadente, fracassado, careca, gordo e outras ofensas que só serviam para afundá-lo ainda mais dentro da indústria do cinema.
Em 1967 pintou uma boa oportunidade de se reerguer. Brando soube que Charles Chaplin iria dirigir uma comédia chamada "A Condessa de Hong Kong". Marlon sabia que ele não tinha um bom timing para o humor, mas mesmo assim estava disposto a não perder a oportunidade de trabalhar ao lado de um dos grandes gênios da sétima arte, Chaplin. O problema é que o roteiro não era bom e Chaplin, já bem envelhecido, não tinha mais a mesma genialidade de seu auge. Para piorar Brando não gostou dos métodos de trabalho do veterano e nem de sua pessoa. Em sua autobiografia Brando destroçou Chaplin o chamado de uma das pessoas "mais sádicas e cruéis que havia conhecido em toda a sua vida". Isso porque Chaplin humilhava seu próprio filho, na frente de todos, durante as filmagens.
Assim as previsões pessimistas logo se confirmaram. Quando chegou aos cinemas o filme fracassou de forma monumental. Brando nem quis defender o filme pois sabia que ele não era bom. Tinha um humor ultrapassado, um enredo sem graça e uma produção fraca. Nas próprias palavras do ator o filme "A Condessa de Hong Kong" acabou se transformando em um de seus "maiores desastres". Foi embaraçoso para todo mundo. Quando todos pensavam que Brando havia chegado ao fundo do poço ele ainda caiu mais em "Candy" e "Queimada"! Os filmes não foram apenas novos fracassos, mas também eram muito ruins! O próprio Brando reconhecia isso. Na verdade Marlon Brando só iria reencontrar o caminho do sucesso quando soube que a Paramount iria filmar o romance "O Poderoso Chefão" de Mario Puzo. Se conseguisse o papel do mafioso Corleone poderia ter uma nova chance na carreira. Ele sabia que tinha que interpretar o personagem de qualquer jeito... mas essa é obviamente uma outra história...
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 22 de janeiro de 2020
Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 15
Assim Brando foi até as Filipinas e outras nações do sudeste asiático para escolher locações, histórias e situações que pudesse explorar em seu documentário. Em cada país que chegou foi recebido como um verdadeiro astro de Hollywood, algo que não o agradava e o deixava até mesmo incomodado. "Não quero ser tratado dessa maneira" - ia logo esclarecendo onde chegava. A imprensa local obviamente o recebia com grande estardalhaço e assim Brando aproveitou para também dar inúmeras entrevistas, a maioria delas falando mal de Hollywood, sua indústria de cinema e da política internacional equivocada promovida pelo governo americano. Para Brando: "Tudo o que o governo dos Estados Unidos faz ao redor do mundo está terrivelmente errado!" Sobre a rotina de ser um ator em Los Angeles ele declarou: "É uma das coisas mais estúpidas do mundo. Você procura fazer um bom trabalho, mas os jornalistas americanos não estão preocupados com arte e sim com fofocas. Eles exploram minha vida pessoal como abutres. Ninguém se importa com os filmes que faço. Eles querem mesmo é saber com quem me deito". Sobre o cinema americano ele resumiu: "Muito comercial, vazio e estúpido".
Ao chegar em Tóquio para o começo das filmagens Brando percebeu que nem tudo seriam flores. O estúdio havia escolhido a época errada para as tomadas de cena, pois chovia todos os dias na capital japonesa. Os produtores não conheciam as estações climáticas do Japão e tinham escolhido a pior delas - a das chuvas torrenciais - para rodar o filme. Sem condições de trabalhar Brando resolveu conhecer a cultura japonesa a fundo. Ele havia frequentado os bairros orientais de Nova Iorque para conhecer melhor o estilo de vida dos japoneses, justamente para parecer mais convincente no filme, porém nada disso poderia significar algo maior do que estar no próprio coração da civilização japonesa. Brando passou a maior parte de seus dias andando pela capital do sol nascente, frequentando seus restaurantes, casas de massagens, absorvendo tudo, a culinária, o idioma (que fez questão de aprender, dando inclusive uma entrevista coletiva em japonês) e convivendo com o japonês comum, o homem médio, o trabalhador (tal como seu papel no filme). Sobre isso falou: "Não me interessa os políticos ou os figurões. Quero conhecer o povo japonês e seu modo de viver".
O projeto porém de filmar o filme no Japão logo se mostrou um desastre. Assim os diretores e executivos da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) decidiram que toda a equipe deveria voltar para os Estados Unidos, para que o filme fosse feito dentro do estúdio em Los Angeles, algo que deixou Brando realmente furioso. Para o ator o filme iria perder muita da sua autenticidade se fosse feito nos Estados Unidos e não no Japão. Embora tenha protestado não houve jeito. Todos voltaram. Pior do que isso, Brando descobriu que a MGM havia escolhido ele para ser o bode expiatório do fracasso no Japão. A imprensa começou a atacar Marlon dizendo que ele havia criado problemas em Tóquio. Não era verdade! Assim o ator começou a surgir no estúdio para trabalhar sem a menor motivação, com cara fechada e obviamente contrariado. A duras penas concluiu sua parte e depois disparou: "O filme não vai convencer. Não fiquei bem com maquiagem de japonês. Melhor esquecer tudo!". O velho rebelde Marlon Brando, pelo visto, não havia perdido seu jeito de criar polêmicas e dar o troco em quem ele achava que o havia apunhalado pelas costas.
Pablo Aluísio.
Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 14
Infelizmente a união passou longe de ser um casamento feliz. Marlon Brando não estava disposto a deixar suas inúmeras amantes. Nunca havia sido fiel em sua vida e não seria agora que as coisas mudariam. As traições viraram rotina. Brando estava sempre dando alguma desculpa para ficar longe de sua casa e se divertia a valer com as muitas mulheres (e dizem, homens) que frequentavam sua cama. Anna Kashfi ficou furiosa com seu comportamento. Mulher de gênio forte jamais iria aceitar esse tipo de humilhação pública (sim, Brando surgia com suas amantes em restaurantes e festas, na frente de todos, sem um pingo de arrependimento). Seu comportamento não iria dar em algo bom e realmente não deu.
Numa noite Brando chegou de madrugada em casa logo após uma noite de farras. Anna Kashfi o estava esperando na cozinha, fora de si, com uma faca na mão. Assim que Marlon entrou no recinto ela tentou lhe esfaquear. A agilidade salvou o ator da morte certa. Ele conseguiu se desviar no último segundo. Com a faca na mão Anna não desistiu e saiu correndo atrás de Brando que correu com toda a velocidade para a piscina. Agora imaginem a cena, o ator mais bem pago de Hollywood dando voltas em sua piscina com sua mulher enfurecida com uma faca na mão decidida a matá-lo! No outro dia empregados de Marlon e Anna abriram a boca e em pouco tempo o escândalo já tinha se tornado público e notório. O que ninguém sabia e nem Marlon é que Anna era bipolar, sofria de problemas mentais e em sua família várias mulheres tinham apresentado esse problema ao longo dos anos. Para piorar ela começou a dar entrevistas escandalosas para jornalistas. Dizia que Brando era bissexual, que levava para cama qualquer pessoa que lhe interessasse. Que não tinha respeito por ela, nem por ninguém, que era um promíscuo, que era um vagabundo e por aí vai, ladeira abaixo. A baixaria por parte dela não tinha limites. Era uma vergonha em Hollywood. Quando um repórter perguntou a Brando o que ele achava das declarações da mulher ele se resumiu a dizer: "Eu me casei com uma louca delirante!".
Depois disso Brando resolveu dar um basta, pediu divórcio e começou uma longa, custosa e penosa briga na justiça pela guarda do filho Christian Brando. Esse foi certamente o filho mais problemático da vida de Marlon Brando, herdando muitos problemas da mãe. Alguns anos depois Christian seria julgado pela morte do marido da própria irmã e condenado, cumpriria uma longa pena de prisão por assassinato em primeiro grau. As custas judiciais pelo divórcio e pela guarda definitiva e exclusiva de seu único filho custaram muito a Brando. Ele gastou milhões com advogados e teve que conviver com o assédio implacável da imprensa. Para piorar a carreira começou a ir mal, a má publicidade nos jornais influenciou o público que deixou de ir conferir seus últimos filmes. De repente Brando via sua vida profissional e sentimental em frangalhos. Muito bem humorado o ator dizia que nada disso importava, o que mais lhe preocupava era o fato de estar ficando rapidamente careca! Era uma forma que Marlon Brando encontrava para aliviar um pouco o stress absurdo que tinha que passar. Quando finalmente escreveu sua autobiografia ele admitiu que apesar de posar de rebelde e indiferente, ele ficava mesmo muito magoado e deprimido com os ataques que sofria, principalmente os que vinham da imprensa, sempre sensacionalista em relação à sua vida pessoal.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 21 de janeiro de 2020
Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 13
Aos 32 anos Marlon Brando aceitou o convite da Warner Bros para trabalhar no filme "Sayonara". Ele não havia gostado muito do roteiro, mas sentia que devia um favor ao diretor Joshua Logan. O cineasta havia arranjado trabalho para sua irmã em um momento complicado da vida dela, quando estava desempregada em Hollywood. Assim como forma de gratidão Brando decidiu a que iria trabalhar ao lado de Logan. Além disso ir para o Japão fazer o filme iria trazer para ele um pouco de paz e distância de Hollywood, algo que ele vinha buscando já há algum tempo.
Infelizmente para Brando as filmagens foram problemáticas. Chovia muito na cidade japonesa onde a equipe ficou. Quase nunca havia um clima bom para as cenas, causando muitos atrasos no cronograma da produção do filme. A imprensa americana começou a culpar Brando, mesmo sem ele ter nenhuma culpa nos atrasos. Não era novidade a antipatia mútua que Brando sentia por jornalistas e isso só se agravou durante o filme. Mais grave ainda, o escritor Truman Capote o embebedou durante uma tarde e Brando começou a falar mal de todo mundo em Hollywood. Assim que voltou aos Estados Unidos Capote escreveu um artigo devastador sobre o ator e publicou tudo numa revista. Brando se sentiu completamente traído e enganado por ele.
Para piorar Brando não se deu bem com a comida japonesa. Ele ficou doente, com diarreias recorrentes por causa de todo aquele "peixe cru", como ele gostava de ironizar. A atriz que havia sido escalada para trabalhar ao seu lado era praticamente uma novata, quase amadora, chamada Miiko Taka. Brando assim precisou ser colega e professor ao mesmo tempo pois ela começou a ter crises de medo e pânico antes das filmagens. O diretor Logan também teve uma forte crise de depressão durante os trabalhos, o que fez com que Brando praticamente dirigisse a si mesmo, por causa do estado psicológico do cineasta.
O filme acabou sendo sucesso de bilheteria. Brando cumpriu seu contrato e voltou para os Estados Unidos. Durante as filmagens a Warner exigiu que ele perdesse de oito a dez quilos pois os produtores acharam que ele estava aparentando estar muito gordo nas primeiras tomadas. Por pressão contratual Brando cumpriu a tarefa, emagreceu rapidamente, mas acabou descontando tudo quando voltou a Los Angeles. Segundo sua esposa na época, o ator caiu pesado nos doces e sorvetes, o que fez com que ele em poucos dias ganhasse todos os quilos que havia perdido no Japão. A partir desse ponto Brando iria ter com mais frequência problemas com a balança. E precocemente ele começou a se sentir velho demais para se importar com esse tipo de coisa.
Pablo Aluísio.
Infelizmente para Brando as filmagens foram problemáticas. Chovia muito na cidade japonesa onde a equipe ficou. Quase nunca havia um clima bom para as cenas, causando muitos atrasos no cronograma da produção do filme. A imprensa americana começou a culpar Brando, mesmo sem ele ter nenhuma culpa nos atrasos. Não era novidade a antipatia mútua que Brando sentia por jornalistas e isso só se agravou durante o filme. Mais grave ainda, o escritor Truman Capote o embebedou durante uma tarde e Brando começou a falar mal de todo mundo em Hollywood. Assim que voltou aos Estados Unidos Capote escreveu um artigo devastador sobre o ator e publicou tudo numa revista. Brando se sentiu completamente traído e enganado por ele.
Para piorar Brando não se deu bem com a comida japonesa. Ele ficou doente, com diarreias recorrentes por causa de todo aquele "peixe cru", como ele gostava de ironizar. A atriz que havia sido escalada para trabalhar ao seu lado era praticamente uma novata, quase amadora, chamada Miiko Taka. Brando assim precisou ser colega e professor ao mesmo tempo pois ela começou a ter crises de medo e pânico antes das filmagens. O diretor Logan também teve uma forte crise de depressão durante os trabalhos, o que fez com que Brando praticamente dirigisse a si mesmo, por causa do estado psicológico do cineasta.
O filme acabou sendo sucesso de bilheteria. Brando cumpriu seu contrato e voltou para os Estados Unidos. Durante as filmagens a Warner exigiu que ele perdesse de oito a dez quilos pois os produtores acharam que ele estava aparentando estar muito gordo nas primeiras tomadas. Por pressão contratual Brando cumpriu a tarefa, emagreceu rapidamente, mas acabou descontando tudo quando voltou a Los Angeles. Segundo sua esposa na época, o ator caiu pesado nos doces e sorvetes, o que fez com que ele em poucos dias ganhasse todos os quilos que havia perdido no Japão. A partir desse ponto Brando iria ter com mais frequência problemas com a balança. E precocemente ele começou a se sentir velho demais para se importar com esse tipo de coisa.
Pablo Aluísio.
Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 12
Em 1953 Marlon Brando entrou no set de seu novo filme, "The Wild One" que no Brasil seria intitulado "O Selvagem". Brando, já naquela altura considerado o maior rebelde de Hollywood, iria interpretar o papel de um jovem motoqueiro chamado Johnny Strabler. A direção seria do cineasta húngaro Laslo Benedek que havia dirigido a adaptação para o cinema do clássico da literatura "A Morte do Caixeiro Viajante" dois anos antes. Inicialmente Brando não viu grande coisa no roteiro. Para ele seria um filme apenas para cumprir contrato com o produtor Stanley Kramer. Como era um filme pequeno, de curta duração e com enredo simples, não haveria muito trabalho à vista. Nada que poderia se comparar com os filmes anteriores do ator, verdadeiras obras primas como "Espíritos Indômitos", "Uma Rua Chamada Pecado", "Viva Zapata!" e principalmente "Júlio César" que havia exigido muito dele em termos de atuação. Afinal de contas Brando havia suado a camisa para se sair bem em seus primeiros filmes, em especial o último, uma complicada adaptação para o cinema da famosa peça escrita por William Shakespeare, sob direção do austero Joseph L. Mankiewicz. Assim interpretar Johnny era quase como um passeio no parque. Além do mais Brando adorava motos e o universo que as cercava, então foi mesmo a união de algo que gostava de fazer em sua vida pessoal com a possibilidade de dar um tempo nos filmes mais sérios e desafiadores.
Para sua surpresa porém o filme virou um dos maiores cult movies da história. Inicialmente Brando não gostou da película. Como ele próprio recordou em suas memórias a primeira vez que assistiu a "O Selvagem", logo após sua estreia nos cinemas, não gostou mesmo do que viu. Achou o filme violento e sem conteúdo. Curiosamente a fita acabou virando o estopim de uma série de revoluções comportamentais ocorridas na juventude americana nos anos 1950, desembocando na revolução cultural que iria estourar nos anos 1960. Para Brando foi tudo uma grande surpresa. Ele não tinha consciência na época que havia todo um sentimento reprimido por parte dos jovens e que seu filme seria usado para aprofundar todos esses anseios. Johnny, na visão de Brando, era apenas mais um personagem a interpretar. A juventude da época porém viu de outro modo. Aquele motoqueiro, vestido de couro preto da cabeça aos pés, era a personificação da liberdade. O roteiro dava a ele uma conotação ruim, algo que não poderia ser usado como modelo, mas como um aviso contra a delinquência juvenil. Para reforçar isso o estúdio colocou um texto avisando sobre os males de se seguir o exemplo dos personagens. Brando percebeu que o tiro sairia pela culatra. A juventude em geral ignorou a mensagem moralista quadrada e obsoleta e abraçou o personagem como um ícone, um mito, um exemplo a seguir. Para Brando não poderia ser melhor e ele foi elevado à altura de símbolo máximo entre os jovens da época.
Realmente, do ponto de vista puramente cinematográfico "O Selvagem" não pode ser comparado aos demais clássicos que Brando rodou por essa época em sua carreira. Já do ponto de vista meramente cultural e sociológico é de fato um dos mais marcantes momentos de sua carreira no cinema. Isso porque o filme não pode ser visto apenas sob a ótica do que se vê na tela, e sim muito mais além disso, pois teve enorme influência dentro da sociedade, principalmente entre os jovens, que viram ali um modelo de liberdade incrível. Numa época em que havia grande repressão e os controles morais eram extremos, ver Johnny atravessando a América de moto, sem dar satisfações a ninguém, e vivendo com um grupo de rebeldes como ele, era de fato um impacto para o jovem americano típico dos anos 1950. Depois que Brando surgiu com aquela imagem ícone, nasceu toda uma cultura jovem no país, até porque a juventude de um modo em geral era completamente ignorada dentro da sociedade até então, sendo considerada apenas uma transição entre a infância e a vida adulta. Depois de Brando vieram James Dean - o maior símbolo de juventude que o cinema jamais produziu - o Rock ´n´ Roll, Elvis Presley e toda a iconografia da cultura jovem que conhecemos hoje em dia.
Para Brando o filme passou logo, mas os efeitos dele se tornaram duradouros. Assim que terminou as filmagens da fita ele foi procurado novamente por Elia Kazan. Ele o convidou para participar do filme "On the Waterfront" (no Brasil, "Sindicato de Ladrões"). Assim que leu o roteiro Brando entendeu do que se tratava. Era uma grande metáfora em forma de película, que justificava de certa forma o comportamento do próprio Kazan durante o Macartismo, onde ele havia dedurado vários colegas de profissão. Depois disso a biografia do cineasta havia sido manchada para sempre. Ele tencionava com o filme resgatar parte de seu prestígio dentro da comunidade cinematográfica, ao mesmo tempo em que justificava seu ato e pedia desculpas pelo que fez. No começo Brando relutou em fazer o filme. Desde sempre ele se considerava um liberal e o que Kazan havia feito era realmente algo desprezível. A vontade porém de realizar mais uma obra prima foi maior do que seus escrúpulos pessoais. Assim, ainda vestido de Johnny, ele se encontrou nos corredores da MGM e assinou o contrato com Kazan. Mal sabia que estaria prestes a realizar um dos maiores filmes de toda a sua carreira.
Pablo Aluísio.
Para sua surpresa porém o filme virou um dos maiores cult movies da história. Inicialmente Brando não gostou da película. Como ele próprio recordou em suas memórias a primeira vez que assistiu a "O Selvagem", logo após sua estreia nos cinemas, não gostou mesmo do que viu. Achou o filme violento e sem conteúdo. Curiosamente a fita acabou virando o estopim de uma série de revoluções comportamentais ocorridas na juventude americana nos anos 1950, desembocando na revolução cultural que iria estourar nos anos 1960. Para Brando foi tudo uma grande surpresa. Ele não tinha consciência na época que havia todo um sentimento reprimido por parte dos jovens e que seu filme seria usado para aprofundar todos esses anseios. Johnny, na visão de Brando, era apenas mais um personagem a interpretar. A juventude da época porém viu de outro modo. Aquele motoqueiro, vestido de couro preto da cabeça aos pés, era a personificação da liberdade. O roteiro dava a ele uma conotação ruim, algo que não poderia ser usado como modelo, mas como um aviso contra a delinquência juvenil. Para reforçar isso o estúdio colocou um texto avisando sobre os males de se seguir o exemplo dos personagens. Brando percebeu que o tiro sairia pela culatra. A juventude em geral ignorou a mensagem moralista quadrada e obsoleta e abraçou o personagem como um ícone, um mito, um exemplo a seguir. Para Brando não poderia ser melhor e ele foi elevado à altura de símbolo máximo entre os jovens da época.
Realmente, do ponto de vista puramente cinematográfico "O Selvagem" não pode ser comparado aos demais clássicos que Brando rodou por essa época em sua carreira. Já do ponto de vista meramente cultural e sociológico é de fato um dos mais marcantes momentos de sua carreira no cinema. Isso porque o filme não pode ser visto apenas sob a ótica do que se vê na tela, e sim muito mais além disso, pois teve enorme influência dentro da sociedade, principalmente entre os jovens, que viram ali um modelo de liberdade incrível. Numa época em que havia grande repressão e os controles morais eram extremos, ver Johnny atravessando a América de moto, sem dar satisfações a ninguém, e vivendo com um grupo de rebeldes como ele, era de fato um impacto para o jovem americano típico dos anos 1950. Depois que Brando surgiu com aquela imagem ícone, nasceu toda uma cultura jovem no país, até porque a juventude de um modo em geral era completamente ignorada dentro da sociedade até então, sendo considerada apenas uma transição entre a infância e a vida adulta. Depois de Brando vieram James Dean - o maior símbolo de juventude que o cinema jamais produziu - o Rock ´n´ Roll, Elvis Presley e toda a iconografia da cultura jovem que conhecemos hoje em dia.
Para Brando o filme passou logo, mas os efeitos dele se tornaram duradouros. Assim que terminou as filmagens da fita ele foi procurado novamente por Elia Kazan. Ele o convidou para participar do filme "On the Waterfront" (no Brasil, "Sindicato de Ladrões"). Assim que leu o roteiro Brando entendeu do que se tratava. Era uma grande metáfora em forma de película, que justificava de certa forma o comportamento do próprio Kazan durante o Macartismo, onde ele havia dedurado vários colegas de profissão. Depois disso a biografia do cineasta havia sido manchada para sempre. Ele tencionava com o filme resgatar parte de seu prestígio dentro da comunidade cinematográfica, ao mesmo tempo em que justificava seu ato e pedia desculpas pelo que fez. No começo Brando relutou em fazer o filme. Desde sempre ele se considerava um liberal e o que Kazan havia feito era realmente algo desprezível. A vontade porém de realizar mais uma obra prima foi maior do que seus escrúpulos pessoais. Assim, ainda vestido de Johnny, ele se encontrou nos corredores da MGM e assinou o contrato com Kazan. Mal sabia que estaria prestes a realizar um dos maiores filmes de toda a sua carreira.
Pablo Aluísio.
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