quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

The Good Wife

Acompanhei a série "The Good Wife" por três temporadas. A história mostrava uma advogada que tinha que reconstruir a vida e a carreira após seu marido a trair. O esposo era procurador geral, algo cargo, por isso ela tinha deixado a profissão de lado apenas para cuidar dos filhos e do casamento. Quando tudo ruiu, precisou correr atrás, já numa outra fase da vida. Assim acabava encontrando emprego em um escritório de advocacia, começando bem por baixo. Uma boa série, com bons episódios e personagens secundários bem escritos. Obviamente todas as atenções foram para a personagem principal, Alicia Florrick (Julianna Margulies), cuja vida tinha que reerguer.

De uma maneira em geral essa série me lembrou dos antigos dramas da TV americana como "Dallas", por exemplo, só que obviamente numa escala menor. Como foi um programa exibido num canal mainstream nos Estados Unidos (A CBS) não havia espaço para maiores desafios a um tipo de série bem moldada no estilo mais tradicional. Nada de maiores ousadias na narrativa no formato. É uma série recomendada principalmente para o público feminino, atual, que está tentando conciliar uma vida profissional com a pessoal, tendo muitas vezes que lidar com uma jornada tripla de trabalho (em casa e no escritório). Também é uma boa pedida para quem quer conhecer um pouquinho mais sobre o mundo jurídico dos Estados Unidos. Sim, há corrupção, sim há tráfico de influência e sim há também muitas atividades nada éticas. Demolindo um pouco a imagem que os brasileiros possuem do mundo da lei naquele irmão do norte. Abaixo seguem algumas resenhas que fiz da série, justamente os últimos episódios que acompanhei. Larguei a série nessa mesma temporada.

The Good Wife 3.02 - The Death Zone
Estou bem atrasado em relação a "The Good Wife". Nos Estados Unidos o canal CBS já está exibindo a sexta temporada e eu ainda estou lá atrás, três temporadas atrasado! Isso acontece porque apenas esporadicamente assisto episódios pois é aquele tipo de série que se não chega a empolgar, pelo menos faz com que você não queira abandonar inteiramente. A tensão sexual entre Alicia Florrick (Julianna Margulies, outra atriz da TV extremamente sensual) e Will Gardner (Josh Charles, sim, um dos alunos de "Sociedade dos Poetas Mortos") continua. Aqui Alicia tem que defender um cliente envolvido em difamação ao contestar um livro contando aventuras de uma escalada ao Everest do qual ele participou. O episódio tira uma casquinha do direito inglês - extremamente formal e anacrônico para os dias atuais - ao mesmo tempo em que explora o ciúme doentio do ex-marido de Alicia, agora procurador, que arma uma cilada para o escritório onde ela trabalha. Bom episódio, mantendo o interesse em continuar acompanhando a série.

The Good Wife 3.03 - Get a Room
Como quase sempre acontece nos episódios de "The Good Wife" temos duas linhas narrativas bem claras. Na primeira a advogada Alicia Florrick (Julianna Margulies) e seu colega Will Gardner (Josh Charles) tentam fechar um acordo antes de um processo judicial envolvendo erro e negligência médica. Um conceituado médico de Nova Iorque resolveu fazer de uma de suas pacientes uma mera cobaia, colocando nela um dispositivo ainda não autorizado pelo governo americano. O problema é que a máquina, criada por ele mesmo, não consegue amenizar os problemas da paciente e pior do que isso, torna todas as suas dores ainda mais insuportáveis. Na outra linha da narração Eli Gold (Alan Cumming) é contratado como gerenciador de crises de uma grande empresa fabricante de queijos, após o seu produto causar vômitos e diarreias em um grupo de jovens estudantes. A cena dos alunos passando mal na escola acabam indo parar nas redes sociais e obviamente se tornam virais na net. Cabe a Eli amenizar todos os danos de imagem associados àquele desastre de relações públicas. Como bônus o episódio ainda traz uma pequena participação do irmão gay de Alicia, numa cena com direito até mesmo a beijo com seu namorado. Se no Brasil um beijo gay na novela ainda causa grande impacto na mída, lá nos Estados Unidos a impressão que se tem é que ninguém mais liga para isso. Pois é, sinal dos tempos. / The Good Wife - Get a Room (EUA, 2011) Direção: David Platt / Roteiro: Robert King, Michelle King / Elenco: Julianna Margulies, Matt Czuchry, Archie Panjabi, Josh Charles.

The Good Wife 3.04 - Feeding the Rat
Gostei bastante desse episódio. A linha narrativa principal mostra um caso curioso. Travis Dolan (Tim Peper) é um sujeito comum, pai de familia, que decide entrar em uma loja de conveniência. Para seu azar assim que entra no local ocorre um assalto, o atendente reage e é morto imediatamente. A polícia chega logo e o salva de também ser morto. Como nem tudo é uma questão de sorte ele também tem o azar de se tornar o principal suspeito do crime. Acusado logo é preso. Cabe a Alicia Florrick (Julianna Margulies) defender o seu estado de inocência. Na outra linha narrativa Will Gardner (Josh Charles) vai até uma convenção de advogados tentar convencer uma velha amiga de faculdade (e antiga amante) a incorporar um setor especializado em falências ao seu escritório. Ela reage a proposta com uma contra proposta, que faz Gardner balançar. Ele deixaria sua firma e entraria na dela, que está se formando. Ele ganharia mais e teria a chance de realizar um velho sonho, a de entrar como comodoro jurídico da liga de beisebol do país. O episódio mostra bem como Gardner fica em dúvida. O problema é que se ele sair de sua firma será o fim da mesma. Afinal ele é um dos sócios majors do escritório. Episodio de rotina, mas muito interessante, que traz aspectos em seu roteiro que certamente terão efeitos ao longo dos próximos enredos. The Good Wife - Feeding the Rat (EUA, 2011) Direção: Fred Toye / Roteiro: Robert King, Michelle King / Elenco: Julianna Margulies, Matt Czuchry, Archie Panjabi.

The Good Wife 3.06 - Affairs of State
Essa série é um dos maiores sucessos da TV americana. Fruto provavelmente da personalidade carismática da advogada Alicia Florrick (Julianna Margulies). Humilhada publicamente por casos amorosos escandalosos de seu ex-marido, ela resolve reconstruir toda a sua vida, voltando ao trabalho em um escritório de advocacia. Nesse episódio ela precisa defender um jovem natural de Taiwan que acaba sendo acusado de estuprar e matar uma garota numa festa. Como é um estrangeiro que trabalha numa missão diplomática o roteiro lida também com a chamada imunidade diplomática. Na outra linha narrativa temos Kalinda Sharma (Archie Panjabi) fazendo um favorzinho a Eli Gold (interpretado pelo excelente ator Alan Cumming). Ela precisa investigar sua ex-esposa, para saber se uma candidatura dela seria viável. O que Kalinda descobre é devastador: a ex não apenas teve um caso conjugal enquanto era casada com Eli, como também namorou um membro da família Bin Laden! Mais explosivo do que isso, impossível! Por fim, para quem curte o personagem do assistente de procurador, Cary Agos (Matt Czuchry), nesse episódio ele finalmente ganha o devido reconhecimento, indo parar em um escritório digno, que não parece um quarta-roupa e nem um armário! Tudo muito bem escrito, divertido e bem conduzido. Não é à toa que faz tanto sucesso. / The Good Wife 3.06 - Affairs of State (EUA, 2011) Direção: Dean Parisot / Roteiro: Robert King, Michelle King / Elenco: Julianna Margulies, Matt Czuchry, Archie Panjabi, Alan Cumming.

The Good Wife 3.07 - Executive Order 13224
Processar o governo americano pode ser muito perigoso. Que o diga os advogados da Lockhart & Gardner. Eles abrem um processo contra o Estado alegando que seu cliente, um militar americano no Afeganistão, foi preso e torturado pelo exército após surgirem suspeitas que estaria colaborando com o inimigo, terroristas perigosos e procurados pela CIA. Alicia Florrick (Julianna Margulies) acaba inclusive entrando em uma cilada jurídica ao depor sob juramento sobre detalhes da causa. Enquanto isso o cerco também se fecha contra Will Gardner (Josh Charles) pois a Procuradoria entende que ele no passado roubou dinheiro das contas de um cliente para pagar dívidas de jogo. Essa nova investigação seria impulsionada por questões puramente legais ou seria uma retaliação por parte do procurador Peter Florrick (Chris Noth) por causa do romance que Will mantém com sua ex-esposa Alicia? Dados de um jogo marcado onde os próprios personagens se tornam peças de um xadrez de poder, traição e revanche. / The Good Wife 3.07 - Executive Order 13224 (EUA, 2011) Direção: Brooke Kennedy / Roteiro: Robert King, Michelle King / Elenco: Julianna Margulies, Matt Czuchry, Archie Panjabi.

The Good Wife 3.08 - Death Row Tip
O mal existe. Essa é a grande lição de moral desse episódio. A firma de advocacia de Alicia Florrick (Julianna Margulies) precisa das informações de um prisioneiro do corredor da morte que está prestes a ser executado em poucos dias. Ele poderia dizer quem seria o verdadeiro assassino de um outro homicidio do qual está sendo acusado um dos clientes do escritório de Alicia. Acontece que para isso é necessário ganhar mais tempo, evitando assim que a pena seja cumprida em menos de uma semana. Também é necessário criar algum tipo de barganha para que ele diga o nome do assassino. Algo não muito fácil de se fazer. Alicia é enviada para falar com o tal detento. Ele foi condenado pelo estupro e morte de duas adolescentes e isso perturba ela que é mãe de uma garota da mesma idade das vitimas. A partir daí as coisas vão ficando cada vez mais claras para Alicia. A defesa tenta pintar um quadro de coitadinho do preso, mas depois ela vai entendendo que ele é de fato um criminoso cruel e sádico, provando de uma vez por todas que o coitadismo nem sempre é aplicado a todos os que estão no corredor da morte pois alguns são realmente psicopatas sem nenhum traço de arrependimento por seus atos de barbárie. Uma bela lição de vida exposta com maestria nesse episódio. / The Good Wife 3.08 - Death Row Tip (EUA, 2011) Direção: Joshua Marston / Roteiro: Robert King, Michelle King / Elenco: Julianna Margulies, Matt Czuchry, Archie Panjabi.

The Good Wife 3.10 - Parenting Made Easy
Uma operadora de drones é acusada de assassinato pela justiça militar. Acontece que ela perdeu o timing certo para apertar o botão de ataque e por essa razão matou 12 civis no Afeganistão, entre eles 6 crianças inocentes. Para lhe defender é contratado o escritório de advocacia Lockhart & Gardner. Seu objetivo é livrar a militar de uma pesada pena. Enquanto Alicia Florrick (Julianna Margulies) tenta vencer a causa, Will Gardner (Josh Charles) tenta escapar do cerco que está se fechando sobre ele. A promotoria está preparando uma ação criminal por suborno de juízes. Will será acusado de ter aliciado magistrados em jogos de basquete que ele organizava no fim de semana. A forma como ele corrompeu esses juízes era algo bem elaborado. Ele apresentava bookmakers (agenciadores de apostas) a essas autoridades e depois quando eles se endividavam muito, Gardner se propunha a resolver a questão, mas em troca disso os magistrados lhe dariam sentenças favoráveis em casos importantes. O velho tráfico de influência, tão bem conhecido no Brasil. A operação é obviamente uma retaliação pelo caso amoroso entre Will e Alicia, uma vez que seu ex-marido é atualmente o procurador geral. Pelo visto não é apenas no Brasil que interesses públicos e privados costumam se misturar. / The Good Wife 3.10 - Parenting Made Easy (EUA, 2011) Direção: Rosemary Rodriguez / Roteiro: Robert King, Michelle King  / Elenco: Julianna Margulies, Matt Czuchry, Archie Panjabi.

The Good Wife 3.11 - What Went Wrong
Mesmo atrasado sigo em frente acompanhando "The Good Wife". Como sou da area é sempre interessante assistir aos seus episódios, olhando tudo sob olhos mais críticos e também jurídicos. Nesse episódio o escritório de Alicia Florrick (Julianna Margulies) precisa defender uma jovem acusada de um crime de Homicídio. Para infortúnio da banca de advogados de defesa ela acaba sendo condenada a uma dura pena, quase por unanimidade pelo corpo de jurados. Isso acaba levando a uma investigação mais aprofundada sobre o que poderia estar acontecendo nos bastidores do caso. Depois de Kalinda Sharma (Archie Panjabi) investigar bem a fundo ela acaba descobrindo uma brecha legal, para criar uma exceção de suspeição em cima do juiz que julgou a ação. Curiosamente tudo fundamentado em uma simples adição de amizade entre o magistrado e uma jurada no Facebook! Esse roteiro demonstrou bem que um dos pontos fortes dos grandes escritórios de advocacia nos Estados Unidos vem justamente da investigação extra-judicial, onde profissionais bem treinados caem em campo atrás de pistas e informações nos casos mais complicados. Enquanto isso Will Gardner (Josh Charles) continua tentando sair de uma iminente investigação da procuradoria que o acusa de usar tráfico de influência com juízes. Claro que tudo não passa de uma jogada de Peter Florrick (Chris Noth) para minar o relacionamento de Will com Alicia. Pois é, não é apenas no Brasil que temos esse tipo de situação, onde instituições públicas são usadas para fins puramente particulares e pessoais. A corrupção, meus caros, não é exclusividade nossa, embora a impunidade seja algo bem verde e amarelo! / The Good Wife 3.11 - What Went Wrong (EUA, 2011) Direção: James Whitmore Jr / Roteiro: Robert King, Michelle King / Elenco: Julianna Margulies, Matt Czuchry, Archie Panjabi.

The Good Wife 3.13 - Bitcoin for Dummies
Bitcoin é aquela moeda virtual que circula livremente na internet. Quem a criou? O que significa? Seria uma violação das leis monetárias e financeiras do Estado? Todas essas perguntas formam a espinha dorsal desse episódio. A advogada Alicia Florrick (Julianna Margulies) se envolve em um caso mais do que interessante, quando seu cliente começa a ser processado pelo Estado por supostamente ter criado o Bitcoin, algo que seria ilegal, uma vez que apenas o governo americano teria poder para criar moeda dentro de seu sistema financeiro. Antes da ação seguir em frente será necessário porém chegar a certas definições mais precisas. A mais interessante delas é se o Bitcoin seria mesmo de fato uma nova moeda! Tecnicamente, por representar valor e ter capacidade de troca e circulação ele seria de fato um tipo de moeda paralela, não oficial. Para se ter uma ideia até câmbio a mesma teria, mas com a realidade da internet velhos conceitos do passado nem sempre valem para os dias de hoje. De qualquer forma as simples questões levantadas aqui já são por si mesmas interessantes e relevantes. Vale a pena conferir. / The Good Wife 3.13 - Bitcoin for Dummies (EUA, 2012) Direção: Frederick E.O. Toye / Roteiro: Robert King, Michelle King / Elenco: Julianna Margulies, Matt Czuchry, Archie Panjabi.

The Good Wife 3.14 - Another Ham Sandwich
Na faculdade de direito aprendemos que todos os magistrados precisam adotar uma postura imparcial nos casos em que julgam. Para isso qualquer outro fator externo que venha a influenciar suas decisões devem ser afastados, seja por exceções de suspeição ou impedimento. Pois bem, no direito americano, plenamente jurisprudencial, também temos as mesmas prerrogativas que devem ser seguidas sob risco de se violar o devido processo legal. Justamente por violar o dever de imparcialidade de juízes é que Will Gardner (Josh Charles) acaba sendo indiciado e depois enviado para julgamento no grande júri (que ao contrário do que ocorre no direito brasileiro não se limita a casos legais específicos, mas a uma gama muito maior de crimes em geral). Will é acusado de usar sua influência com os magistrados. Disfarçados de inocentes jogos de basquete ele teria se reunido com vários juízes para em plena quadra de esportes discutir o futuro e os desfechos de casos importantes do tribunal. Um caso tipicamente de tráfico de influência, também infelizmente muito comum dentro do sistema judicial brasileiro. Pois bem, com o risco de perder sua licença na ordem dos advogados ele passa por um verdadeiro inferno profissional para não ter sua carteira de advogada cassada e o pior de tudo, ir preso pelos crimes e delitos de que é acusado! Apenas a habilidade de seus colegas de escritório poderia lhe salvar dessa verdadeira armadilha jurídica. Gosta do mundo jurídico e do direito como esse que vos escreve? Então não deixe de assistir a "The Good Wife". Dentro das séries sobre advogados atualmente em exibição na TV americana certamente é uma das melhores. Vale o desafio de acompanhar. / The Good Wife 3.14 - Another Ham Sandwich (EUA, 2012) Direção: Fred Toye / Roteiro: Robert King, Michelle King/ Elenco: Julianna Margulies, Matt Czuchry, Archie Panjabi.

The Good Wife 3.16 - After the Fall
Uma jovem resolve dar um fim em sua própria vida. Ela então sobe em uma ponte e se joga de lá. Seria apenas mais o desfecho triste de uma existência deprimida se tudo não fosse filmado por um diretor de documentários que supostamente teria filmado tudo com seu consentimento e com as melhores boas intenções possíveis, uma maneira de desestimular outra pessoas a seguirem pelo mesmo caminho... mas será mesmo? Não teria sido uma forma desprezível de faturar com a desgraça alheia? É justamente esse o ponto e a questão que passará a ser discutida no novo processo em que trabalha Alicia Florrick (Julianna Margulies). Em lados opostos da lide temos a família da suicida e o diretor, o realizador do documentário onde as chocantes cenas de seus últimos momentos de vida foram inseridas. Os limites entre a ética do cineasta e a vulgaridade de tentar lucrar com algo tão terrível como o suícidio de uma garota ainda tão jovem, na flor da idade, são bem debatidos nesse roteiro. Bom episódio de "The Good Wife", uma série que consegue manter o bom nível mesmo sendo tão mainstream. A nota triste vem da coincidência entre a história do episódio e a morte de seu próprio produtor, Tony Scott, que morreu em circunstâncias extremamente semelhantes ao também se suicidar pulando de uma ponte nos Estados Unidos. Teria se inspirado de alguma forma no que vemos nesse episódio? Impossível responder agora a esse tipo de questão. / The Good Wife 3.16 - After the Fall (EUA, 2012) Direção: James Whitmore Jr. / Roteiro:  Robert King, Michelle King/ Elenco: Julianna Margulies, Matt Czuchry, Archie Panjabi.

The Good Wife 3.18 - Gloves Come Off
No campo profissional a advogada Alicia Florrick (Julianna Margulies) tem que ganhar uma causa promissora. Seu cliente sofreu um colapso enquanto dirigia um carrinho de neve. Descendo montanha abaixo ele acabou perdendo o controle do veículo e no choque com uma árvore sua esposa não resistiu, vindo a falecer logo depois. Agora ele está processando a empresa que fabricou o carrinho pois em sua opinião houve uma falha mecânica na direção do mesmo. A ação acaba ganhando novos contornos quando a empresa alega que na verdade o piloto, por ter sido atleta de hóquei no passado, sofreu um problema neurológico, provavelmente fruto de anos praticando o violento esporte. Em pouco tempo se abre um litisconsórcio processual envolvendo até mesmo a liga de hóquei americana, acusada de incentivar indiretamente a violência em campo, com desdobramentos imprevisíveis. Alicia também se sente tentada a abandonar seu escritório para ir trabalhar no de Louis Canning (Michael J. Fox) com melhores salários e benefícios. Já no campo emocional ela não consegue disfarçar o ciúme que sente por Will Gardner (Josh Charles), já que ele agora está aparentemente envolvido com uma bela jornalista. "The Good Wife" é uma boa pedida para um fim de noite sem mais nada de muito interessante para assistir. Os bons roteiros conseguem manter o interesse, além do mais temas como a responsabilidade civil proveniente de um acidente, como é explorado aqui, não deixam de ser curiosos. / The Good Wife 3.18 - Gloves Come Off (EUA, 2011) Direção: Michael Zinberg/ Roteiro: Robert King, Michelle King/ Elenco: Julianna Margulies, Matt Czuchry, Archie Panjabi.

The Good Wife 3.20 - Pants on Fire
Mais atrasado do que salário de jogador do Botafogo eu sigo em frente acompanhando "The Good Wife". Aos trancos e barrancos estou chegando no final da terceira temporada (quando nos Estados Unidos já está sendo exibida a sétima!!!). Enfim, devagar e sempre, já dizia o velho ditado. E o que está rolando nessa fase? Alicia Florrick (Julianna Margulies) está defendendo um grupo de três garotas acusadas de um suposto homicidio no passado. Sua maior tese de defesa é sustentada em erros que foram cometidos na análise de DNA por parte da procuradoria, algo que pode até mesmo atingir seu ex-marido. Ela também precisa lidar com Mike Kresteva, um sujeito nada ético, que mente pelos cotovelos, com a clara intenção de disputar o governo de Illinois, concorrendo justamente contra Peter Florrick (Chris Noth). Para os fãs de "Friends" fica a informação que o personagem é interpretado por Matthew Perry, o Chandler Bing da antiga série. Os dias de simpatia e humor porém ficaram para trás. Aqui ele está bem mais envelhecido e antipático, afinal seu personagem é notoriamente um antagonista para Alicia. Esse é um episódio padrão que vai abrindo caminho para o final da temporada. A principal base do argumento é saber se Peter vai ou não concorrer ao governo do estado. Interessante, mas bem na média. / The Good Wife 3.20 - Pants on Fire (EUA, 2012) Direção: Roxann Dawson / Roteiro:  Robert King, Michelle King / Elenco: Julianna Margulies, Matthew Perry, Matt Czuchry, Chris Noth, Archie Panjabi.

The Good Wife 3.21 - The Penalty Box
Aos trancos e barrancos estou chegando ao final da terceira temporada de "The Good Wife" (esse é o penúltimo episódio). O que acontece é que além de ter pouco tempo para assistir aos episódios as temporadas dessa série são longas demais (vinte e dois episódios em média a cada season). Definitivamente não é fácil. Quero chegar ao final dessa terceira (afinal só falta um episódio para isso), mas sinceramente falando não sei se seguirei em frente (nos Estados Unidos está sendo exibida a sétima temporada, só para se ter uma ideia do longo caminho ainda a percorrer!). Pois bem, nesse episódio um juiz é acusado de ter forjado provas na época em que atuava como promotor de justiça. Um crime bárbaro foi cometido e ele, ao que tudo indica, resolveu dar um jeitinho para que o suspeito fosse condenado. O problema é que ele era na verdade inocente. Agora, muitos anos depois, o caso volta para atormentar sua carreira. Para defendê-lo o escritório de Alicia Florrick (Julianna Margulies) é contratado. Nesse episódio também temos a possibilidade da volta de Cary Agos (Matt Czuchry) ao mundo da advocacia privada. Ele deixa a promotoria por não se sentir valorizado o suficiente por Peter Florrick (Chris Noth), o procurador geral. Então é isso. Nada de muito revelador ou surpreendente. Não sei como "The Good Wife" foi tão longe pois já nessa terceira temporada já sinto sinais de desgaste e saturação bem claros. / The Good Wife 3.21 - The Penalty Box (EUA, 2012) Direção: Michael Zinberg / Roteiro: Robert King, Michelle King / Elenco:  Julianna Margulies, Matt Czuchry, Archie Panjabi, Chris Noth.

The Good Wife 3.22 - The Dream Team
Nesse episódio o escritório de advocacia Lockhart Gardner ganha uma ação milionária. A indenização é uma bolada de 25 milhões de dólares. Com esse dinheiro a firma finalmente superaria os problemas financeiros, mas... Para surpresa dos advogados eles começam a ser processados pela mesmo empresa farmacêutica que perdeu a ação anterior. Agora estão sendo acusados de fraude processual. Como superar essa cilada jurídica? Ao mesmo tempo Alicia Florrick (Julianna Margulies) resolve ligar para uma empresa de construção. Há um cheque de 21 mil dólares que precisa ser emitido novamente. Mal sabe ela que a empresa sequer existe. Na verdade o telefone se refere ao ex-marido de Kalinda Sharma (Archie Panjabi). Pelo visto o sujeito é perigoso e violento, uma vez que a primeira coisa que Kalinda faz ao saber do fato é se armar! Bom episódio que fecha a terceira temporada. A série continua numa média muito boa, acima do que normalmente se vê. O segredo é fácil de entender: com bons índices de audiência a CBS resolveu caprichar nos roteiros, só trazendo material de boa qualidade. Mesmo absurdamente atrasado ainda penso em continuar a acompanhar a série. Vamos ver no que vai dar. / The Good Wife 3.22 - The Dream Team (EUA, 2012) Direção: Robert King / Roteiro: Robert King, Michelle King / Elenco: Julianna Margulies, Matt Czuchry, Archie Panjabi.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Salem

Salem
Eu ainda não terminei de assistir a essa série de terror chamada "Salem". É a tal coisa, de maneira em geral, gostei do que vi. Obviamente ela ainda se rende muitas vezes a clichês televisivos, certos cacoetes que imperam nesse tipo de programa, mas mesmo assim consegue ainda trazer coisas bem interessantes, principalmente personagens fortes que lhe fazem seguir em frente, mesmo com alguns episódios fracos, sem razão de ser. Também se sobressai por trazer um visual dark, escuro e sombrio muito bem feito. A direção de fotografia é excelente.

Some-se a isso ao fato de ser uma série de época, histórica, com mesclas de realismo fantástico, é você entenderá porque após poucos episódios ela te prende mesmo. Há um clima de bruxaria no ar, mas não bruxaria infantojuvenil como estamos acostumados a ver, que acaba mesmo prendendo a atenção de quem gosta do gênero terror. Abaixo eu resgatei alguns  comentários que fiz de episódios que mais me chamaram a atenção. Uma pequena amostra de "Salem", que a título de informação adicional teve no total 3 temporadas produzidas e exibidas entre os anos de 2014 a 2017. Por ser de certa forma tão anticonvencional acredito que até durou muito além do que era esperado. Afinal em muitos momentos "Salem" era Heavy Metal demais para a padronizada programação da televisão comercial dos Estados Unidos.

Salem 1.02 - The Stone Child
Na história real Salem foi uma cidade atingida em cheio pela Inquisição Protestante onde muitos homens e mulheres foram queimadas vivas ou enforcadas acusados de bruxaria. Na série porém temos um quadro de realismo fantástico, onde as bruxas existem, são poderosas e dominam o lugar com punhos de ferro. Mais uma produção muito bem realizada com estilosa direção de arte. Esse episódio em especial abre com uma frase interessante que diz: "A maioria das pessoas que já viveu na história estão mortas. E grande parte delas ardem nas profundezas do inferno pela eternidade"! Pela frase já deu para perceber que a série é bem escrita mesmo, palmas aos roteiristas. Mary Sibley é a personagem central. Bruxa, maquiavélica e cruel ela controla seu marido (colocando um sapo em sua boca) e como ele é o homem mais poderoso de Salem também tem a cidade sob seu domínio. Para quem aprecia cenas fortes duas sequências chamam a atenção nesse episódio: um aborto horrível e uma busca por um corpo em uma vala com vários cadáveres em decomposição. Uma série não recomendada para pessoas impressionáveis demais.

Salem 1.04 - Survivors
Um navio contaminado pela temida gripe espanhola chega no porto de Salem, pequena vila da colônia britânica no novo mundo. Para evitar que todos os habitantes morram ao terem contato com essa terrível doença que matou milhões de pessoas na Europa, Mary Sibley (Janet Montgomery) determina que ele fique bem longe da costa, de quarentena. Começa assim mais um episódio dessa série "Salem". O cenário é a famosa cidade americana que foi palco de um dos mais tristes eventos da inquisição protestante quando pastores deram ouvidos a uma jovem de apenas 12 anos de idade e saíram queimando homens e mulheres acusados de bruxaria e magia negra. Nesse episódio um pai católico realiza um exorcismo em sua própria filha pois ela apresenta um comportamento muito estranho, bem de acordo com o que se esperaria de uma jovem possuída por forças do mal. A questão é que ela foi enfeitiçada pela própria Sra Sibley, que debaixo de sua fachada de moradora exemplar da cidade esconde um grande segredo: ela própria é uma bruxa, das mais aterrorizantes da região. No geral "Salem" vem melhorando a cada episódio. Começou meio sem ritmo, ainda vacilante, mas conforme os episódios seguem em frente ela apresenta notáveis avanços. Também colabora e muito a boa presença da atriz Janet Montgomery. Ela tem um olhar tão expressivo que muitas vezes se torna desnecessários o uso de maquiagem e efeitos digitais. Bela interpretação. Por essa e por outras seguirei acompanhando daqui para frente, sem planos de desistir da série. / Salem 1.04 - Survivors (EUA, 2014) Direção: David Von Ancken / Roteiro: Brannon Braga, Adam Simon/ Elenco: Janet Montgomery, Shane West, Seth Gabel.

Salem 1.05 - Lies
Uma das maiores loucuras da inquisição protestante aconteceu na cidadezinha de Salem, Massachusetts, no ano de 1692. Após algumas jovens relatarem que tiveram pesadelos com bruxas o pastor local, que também era um magistrado poderoso dentro da região, começou a perseguição contra as pessoas que supostamente estariam praticando bruxaria em rituais de magia negra realizados no meio da floresta. A paranóia, completamente sem controle, se espalhou e em pouco tempo sessões de torturas e execuções se tornaram prática costumeira. Um horror que serviu para demonstrar que o fanatismo religioso pode ser algo muito perigoso. O trágico acontecimento entrou na história americana, deu origem a livros e filmes e agora chega na TV em forma de série, só que ao invés de contar os acontecimentos históricos tais como se passaram os produtores resolveram investir forte na pura ficção e fantasia. A personagem central chamada Mary Sibley (Janet Montgomery) é de fato uma bruxa que coloca sob seu feitiço o homem mais poderoso do lugar, se tornando assim uma das pessoas mais influentes da cidade. Nesse episódio uma encomenda especial chega para ela, enviada diretamente da Europa. Se trata de um artefato usado em rituais de feitiçaria, que acaba caindo nas mãos erradas. Para Sibley é imperioso que ela tome posse do tal objeto que segundo a tradição teria o poder de invocar demônios de grande poder. Além disso Sibley precisa controlar uma jovem garota que se diz possuída pelo diabo. Ela começa a usar seu suposto poder de reconhecer bruxas e bruxos como forma de manipulação, punição e chantagem com os moradores locais. Algo que realmente aconteceu na história real. Insanidades que só o mais puro fanatismo causado pela religião podem causar. / Salem 1.05 - Lies (EUA, 2014) Direção: Sergio Mimica-Gezzan / Roteiro: Brannon Braga, Adam Simon/ Elenco: Janet Montgomery, Shane West, Seth Gabel.

Salem 1.06 - The Red Rose and the Briar
Um episódio muito bom, movimentado e com cenas de terror que certamente vão agradar aos fãs de séries como "The Walking Dead". Nesse aqui o reverendo da cidade e John Alden (Shane West) conseguem capturar uma bruxa em seu porão. Existe uma lenda que afirma que as bruxas ficam automaticamente obrigadas a contarem a verdade quando o planeta Saturno fica em uma órbita estacionada no sistema solar. Sabendo disso os dois acorrentam a bruxa e a levam para o meio da floresta para que ela conte tudo o que sabe sobre as manifestações demoníacas em Salem. O que eles não contavam é que ela na verdade teria ao seu favor um amplo poder proveniente da escuridão da alma humana, o que faz com que ela consiga até mesmo levantar os mortos de suas próprias covas rasas! Depois que seu sangue cai sob a terra os falecidos se levantam e começam uma verdadeira luta de vida e morte contra àqueles que a aprisionaram. Enquanto isso a toda poderosa bruxa do vilarejo, Mary Sibley (Janet Montgomery), luta entre sua escolha pelo caminho do mal e o sentimento de amor que ainda sente por John Alden, mesmo após tantos anos! Como se sabe ela aprisionou seu velho marido, colocou um sapo em sua boca e o jogou em um feitiço que o deixou completamente incapacitado, como se tivesse sofrido um derrame. Agora precisa também lidar com uma pupila que deseja seguir seus passos de adoração do mal absoluto. / Salem 1.06 - The Red Rose and the Briar (EUA, 2014) Direção: P.J. Pesce / Roteiro: Brannon Braga, Adam Simon / Elenco:  Janet Montgomery, Shane West, Seth Gabel.

Salem 1.07 - Our Own Private America
Outra série de terror que começou meio irregular e foi melhorando com o tempo. O que salva "Salem" de outras séries próximas e derivadas e o caminho escolhido pelos roteiristas em explorar melhor o suspense e o terror. Nada de temáticas mais voltadas ao público adolescente. Aos poucos a série vai escolhendo o caminho do mais sinistro e isso conta muitos pontos a favor. Nesse episódio continua a disputa pelo artefato conhecido como Malum. Um objeto milenar, usado na antiguidade para evocar entidades do mal. Aqui temos uma novidade e tanto, a entrada no jogo de poder de Salem de um velho pastor, um veterano que sabe muito bem como tratar bruxas e seguidores de seitas satânicas (lembrando que dentro do universo de Salem as bruxas são uma realidade e não apenas fruto de superstições de uma era de obscurantismo). Pois bem, para descobrir onde foi parar o tal objeto, Mary Sibley (Janet Montgomery) resolve entrar literalmente na mente e nos pensamentos de John Alden (Shane West), algo muito perigoso e pouco tentado nos séculos passados. O perigo é que Sibley simplesmente se perca ao adentrar a mente de John, ficando presa para sempre nesse universo paralelo. É praticamente uma possessão entre pessoas vivas. Enfim, tudo muito interessante. Destaque para a cena em que três pessoas de uma mesma família são acusadas de bruxaria e queimadas vivas numa grande fogueira bem no centro de Salem. Efeitos especiais muito bem realizados. / Salem 1.07 - Our Own Private America (EUA, 2014) Direção: David Von Ancken / Roteiro: Brannon Braga, Adam Simon / Elenco: Janet Montgomery, Shane West, Ashley Madekwe.

Salem 1.08 - Departures
Nenhuma série de terror sobre bruxas estaria completa sem a presença de um inquisidor. Alguém que colocaria todos os seus conhecimentos para destruir as filhas de Satã. Quem exerce essa função em "Salem" é o pastor puritano Increase Mather (Stephen Lang). Depois de alguns anos fora, viajando pela colônia, ele finalmente retorna para a pequena, mas próspera Salem. Ele havia deixado seu jovem filho como pastor da vila, mas ele se revelou fraco em sua fé. Pior do que isso, acabou caindo nas tentações da carne, vergonhosamente se apaixonando por uma das prostitutas do bordel local. Algo completamente inadmissível para Increase. E é justamente o bordel que se torna seu primeiro alvo. Numa vistoria no estabelecimento ele encontra peças usadas em rituais de magia negra. Imediatamente prende a dona do prostíbulo e a acusa de ser uma bruxa. Depois disso seguem os procedimentos de sempre: torturas e buscas por outras adeptas de satanismo. O que o experiente inquisidor ainda não sabe é que a líder das bruxas é a suposta respeitável Mary Sibley (Janet Montgomery) que logo despacha seu marido enfeitiçado para Boston, com receios de que Mather descubra tudo. Esse é certamente um episódio muito bom. "Salem" começou um pouco sem rumo, mas depois pegou ritmo. Hoje em dia é certamente uma das séries de terror mais interessantes da TV americana. / Salem 1.08 - Departures (EUA, 2014) Direção: Alex Zakrzewski / Roteiro: Brannon Braga, Adam Simon / Elenco: Janet Montgomery, Stephen Lang, Shane West, Seth Gabel.

Salem 1.09 - Children, Be Afraid
Confome vimos nos episódios anteriores o inquisidor Increase Mather (Stephen Lang) segue em sua caça às bruxas de Salem. Desde que resgatou George Sibley (Michael Mulheren) da morte na floresta ele está convencido que ele está sob o feitiço de alguma bruxa. E suas suspeitas vão se concretizando ainda mais, principalmente depois que descobre que a esposa de George, Mary Sibley (Janet Montgomery), mandou um de seus lacaios dar em segredo um estranho líquido para George. Para Mather essa seria mais uma poção proveniente de bruxaria. Convencido disso ruma até a casa de Mary com seus homens - todos com tochas em suas mãos como era comum na captura de bruxas durante aqueles tempos. Uma vez lá acaba sendo surpreendido pois uma das jovens que seguem Mary acusa Tituba (Ashley Madekwe) de ser a verdadeira feiticeira do povoado, uma vez que ela inclusive mantém uma tarântula como entidade de ligação com seu mestre, o próprio Satã. Imediatamente ela é presa e levada até o calabouço de Mather. A fogueira está mais próxima do que nunca. Eis aqui mais um bom episódio da série Salem. É a tal coisa, essa série de terror começou meio vacilante, com problemas de roteiro, mas aos poucos foi se acertando. Hoje já podemos dizer que é um bom programa para o fim de noite, principalmente se você gosta de terror histórico. Pois é crianças, tenham medo, muito medo! / Salem 1.09 - Children, Be Afraid (EUA, 2014) Direção: David Grossman / Roteiro:  Brannon Braga, Adam Simon / Elenco: Janet Montgomery, Shane West, Seth Gabel.

Salem 1.10 - The House of Pain
A tortura foi um método muito utilizado na inquisição protestante que se alastrou pelas colônias americanas. Nesse episódio isso é bem explorado. A escrava negra Tituba (Ashley Madekwe) foi acusada de bruxaria. Não era de toda inverídica a acusação uma vez que ela realmente lidava com forças ocultas e malignas. Presa pelo pastor Increase Mather (Stephen Lang) ela começa a ser torturada para entregar as outras pessoas de Salem envolvidas com bruxaria. É interessante essa cena porque o personagem de Stephen Long (ótimo ator, por sinal) começa a apresentar para sua prisioneira alguns instrumentos de tortura usados pela inquisição. Todos eles, diga-se de passagem, verdadeiros, que foram usados em torturas reais durante a idade média. Entre eles chamo a atenção para a "pera", um artefato completamente macabro e cruel. De uma forma ou outra o velho pastor faz jus a sua fama de realmente arrancar informações de hereges em geral, só que para sua surpresa os nomes que Tituba vai lhe passando não eram bem aqueles que ele esperava. Enquanto isso Mary Sibley (Montgomery), a verdadeira culpada, vai se safando. Pois é, mesmo a passos de tartaruga estou indo em frente nessa série Salem. O tema me interessa, além disso os episódios estão cada vez melhores. Que novas perseguições venham! Vale a pena acompanhar. / Salem 1.10 - The House of Pain (EUA, 2014) Direção: David Von Ancken / Roteiro: Brannon Braga, Adam Simon / Elenco: Janet Montgomery, Shane West, Seth Gabel.

Salem 1.11 - Cat and Mouse
O inquisidor Increase Mather (Stephen Lang, em ótima interpretação) segue sua caça às bruxas. Ele sabe que Mary Sibley (Janet Montgomery) está envolvida em atos de bruxaria, mas ainda não tem provas. Como diz o ditado ele então começa a comer pelas beiradas, atingindo pessoas que rodeiam Sibley. Após prender sua criada acusada de ser uma bruxa, ele parte em busca de um grupo de jovens de Salem, lideradas pela insana Mercy Lewis (Elise Eberle, uma atriz de traços bem marcantes). Ele a enfrenta no meio do nada, na floresta, em uma bem articulada cena, com muito suspense e violência. É a tal coisa, Salem consegue divertir e assustar ao mesmo tempo. Tem algumas boberinhas aqui e acolá, mas nada que comprometa. Aqui Mather promove uma sessão de tortura básica com as garotas presas pela inquisição. Com um grande caldeirão de água fervendo ele resolve respingar gotas em todas elas. Coisa de sádico. Outro bom momento desse episódio acontece quando Increase Mather, em pleno sermão de domingo, é interrompido pelo próprio filho que o acusa de ser o próprio representante do diabo na Terra. Uma vibe pra lá de sinistra, isso literalmente falando, é claro! / Salem 1.11 - Cat and Mouse (EUA, 2014) Direção: Tricia Brock / Roteiro: Brannon Braga, Adam Simon / Elenco: Janet Montgomery, Shane West, Seth Gabel.

Salem 1.13 - All Fall Down 
Último episódio da primeira temporada. É a tal coisa, a série começou meio aos trancos e barrancos, mas depois foi melhorando. Nesse décimo terceiro episódio as coisas ficam ainda melhores, embora em minha opinião a série tenha entrado em um beco sem saída em termos de enredo, afinal de contas o que poderia vir depois de tudo o que acontece aqui? Segue spoiler, assim se você ainda não assistiu fique por aqui na leitura. Pois bem, "All Fall Down" traz o desfecho para vários personagens importantes da série. Por amor, Mary Sibley (Janet Montgomery) resolve salvar John Alden (Shane West) da morte o salvando, tirando ele das mãos do inquisidor, o deixando livre no meio da floresta. Depois disso resolve ir para o tudo ou nada contra o inquisidor Increase Mather (Stephen Lang, certamente interpretando o melhor personagem da série). Depois de uma luta feroz ele acaba sendo morto por Sibley, pior do que isso, descobre também que foi enganado, trazendo o sangue de inocentes para o famigerado ritual que Sibley está prestes a realizar, libertando a morte escarlate pelo mundo. O assassinato de Mather fecha um ciclo narrativo extremamente importante na série e fico com dúvidas se ainda há algo a explorar em uma segunda temporada! Como eu escrevi, tudo parece tão consumado que fica complicado antever o que virá na sequência. De qualquer maneira esse episódio final de Salem vale muito a pena. Realmente acabou superando até mesmo minhas mais elevadas expectativas. Ponto para a série. Que novos episódios venham. / Salem 1.13 - All Fall Down (Estados Unidos, 2014) Direção: David Von Ancken / Roteiro: Brannon Braga, Adam Simon / Elenco: Janet Montgomery, Shane West, Seth Gabel, Stephen Lang.

Salem 2.01 - Cry Havoc
E começa a segunda temporada de Salem (a série teve no total 3 temporadas, só para informar). Pois bem, após a realização do grande ritual nas florestas ao redor de Salem os primeiros efeitos do mal se fazem sentir. A peste negra está assolando a região e muitos acabam morrendo por causa da terrível doença. Mary Sibley, sempre apaixonada por John Alden, visita um oráculo para saber onde ele está! Na visão Mary vê que o amado está morto, mas isso é uma ilusão criada pelos chefes xamãs nativos que procuram proteger John da bruxa. E por falar em bruxas, as velhas anciãs da floresta acabam sendo mortas pela louca Mercy Lewis que acha que foi injustiçada, apesar de seus esforços. Ela também vive no meio da floresta agora, rodeada de suas seguidoras, sujas e em farrapos. Passando por cima de qualquer autoridade da comunidade de feiticeiras ela resolve fazer justiça com as próprias mãos - uma transloucada certamente. Um aspecto interessante nesse episódio é a introdução de um novo personagem, um médico que chega em Salem disposto a vencer a peste negra, não com feitiços ou bruxarias, mas sim com a força da ciência e do conhecimento. Uma boa oportunidade para os roteiristas desenvolverem mais sobre a eterna briga entre ciência e crenças religiosas. Vamos aguardar para ver no que isso vai dar. / Salem 2.01 - Cry Havoc (Estados Unidos, 2014) Direção: Nick Copus / Roteiro: Brannon Braga, Adam Simon / Elenco: Janet Montgomery, Shane West, Seth Gabel.

Pablo Aluísio.

Dallas

Essa série é um remake da antiga Dallas, que inclusive foi exibida por anos a fio pela Rede Globo nos finais de noite, durante os domingos em sua programação. A série original fez muito sucesso, rendeu até imitações, como "Dinastia" e se consolidou como um dos programas mais populares da TV americana durante os anos 70. O tempo passou e os produtores chegaram na conclusão que seria uma boa reviver os velhos tempos. O problema é que essa série remake é bem fraquinha. Vale apenas pela curiosidade de rever personagens como JR. Esse foi o mote principal que me fez me interessar.

O problema é que o ator Larry Hagman morreu bem no meio de uma dessas novas temporadas e isso me fez perder completamente o interesse por essa nova "Dallas". Devo dizer que não me arrependi de ter visto essas duas novas temporadas. Foi uma espécie de despedida de JR e do próprio ator que o interpretou. Além disso a ótima trilha sonora (com destaque para a música de abertura) sempre iria valer a pena. Assim fechei de uma vez por todas as portas para "Dallas", com um misto de tristeza e nostalgia. Nada mais seria como antes, essa é a conclusão. Abaixo publico alguns poucos episódios que resenhei. São apenas amostras avulsas, esporádicas. Vale pelas impressões que tive quando ainda estava assistindo a série. The End.

Dallas 2.09 - Ewings Unite
A morte do ator Larry Hagman deixou um buraco muito grande em "Dallas". Não é novidade para ninguém que seu personagem J.R. Ewing era a alma da série, tanto em suas temporadas originais quanto aqui nessa nova repaginada. Esse é o primeiro episódio após a morte de J.R. e apesar dele não mais aparecer fisicamente é a presença mais constante em todo o episódio, fruto é óbvio de sua importância dentro dessa trama. E por falar em trama a velha e boa "Dallas" continua a mesma, com todo mundo querendo passar a perna em todo mundo. Nesse aqui temos após a leitura do testamento de J.R. uma tentativa de união entre Bobby, John Ross e  Christopher! Mas é óbvio que em se tratando da família Ewing nenhum tipo de união dessa vai muito longe. Melhor não confiar em ninguém realmente. Bom episódio que marca o começo da tentativa de se levar "Dallas" adiante, mesmo sem seu mais marcante personagem. / Dallas 2.09 - Ewings Unite (EUA, 2013) Direção: Steve Robin / Roteiro: David Jacobs, Cynthia Cidre / Elenco: Jesse Metcalfe, Josh Henderson, Jordana Brewster.

Dallas 2.12 - A Call to Arms
Essa nova versão de "Dallas" começa a perder o fôlego. Com a morte de JR Ewing a série ficou sem seu personagem mais forte e em consequência também se perdeu muito em termos de carga dramática. Cada novo episódio se mostra apenas como uma tentativa de reviver os bons tempos, mas obviamente sem o mesmo sucesso. De certa forma você já assistiu tudo isso antes - Cliff Barnes (Ken Kercheval) segue realizando todas as manobras para se apoderar das empresas Ewing. Isso inclui até mesmo colocar em risco a vida da própria filha e de seus netos! O problema é que Barnes não tem mais seu antagonista perfeito dentro da trama (papel que cabia a JR, claro) e assim vamos acompanhando aquela moçada jovem do novo elenco tentando barrar suas vilanices. Está um pouco cansativo, certamente. Curiosamente para o público americano isso tem sido de menor importância pois a série tem conseguido atingir e manter bons índices de audiência. Uma nova temporada foi renovada e sabe-se lá como os roteiristas conseguirão levar essa fórmula desgastada pelos anos em frente. Estou predisposto a assistir essa segunda temporada até o fim, mas seguir adiante ainda é uma incógnita. Confesso que é uma tarefa que está a cada dia mais complicada. Provavelmente jogarei o chapéu texano fora depois do fim dessa segunda rodada de episódios. / Dallas 2.12 - A Call to Arms (EUA, 2013) Direção: Ken Topolsky / Roteiro: David Jacobs, Cynthia Cidre / Elenco: Josh Henderson, Jesse Metcalfe, Jordana Brewster.

Dallas 2.13 - Love & Family
A nova "Dallas" está chegando no final de sua segunda temporada. É curioso porque apesar de ser uma nova roupagem da antiga série em essência tudo continua igual ao passado. O foco é sempre centrado no duelo entre a Barnes Global e as empresas da família Ewing, uma querendo dominar a outra. Nesse episódio o grupo Ewing tem apenas 24 horas para quitar um empréstimo milionário. Caso não seja pago a empresa vai parar nas mãos de Cliff Barnes (Ken Kercheval). Para evitar isso Bobby Ewing (Patrick Duffy) faz de tudo para localizar sua ex-esposa, que está desaparecida e ao que tudo indica está morando em Zurique. Ela detém um terço das ações da empresa de Barnes e poderia virar o jogo em favor da família Ewing. Somando-se as ações dela com as de Pamela Rebecca Barnes (interpretada pela linda atriz argentina Julie Gonzalo) os Ewing assumiriam o controle do grupo de Cliff Barnes, enquanto ele pensa estar dominando a Ewing. Confuso não é mesmo? Eu roubo sua empresa e você a minha! Coisas de "Dallas". Na outra linha narrativa Drew Ramos (Kuno Becker) confessa ter participado do atentado à plataforma de petróleo da empresa de Bobby. Ele precisa fugir para evitar ser assassinado, mas se torna uma peça chave nessa guerra corporativa. Se falar o que sabe o próprio Cliff Barnes pode ir parar atrás das grades! O episódio termina com um casamento surpresa que ninguém esperava, onde obviamente o amor pesa menos do que os interesses financeiros. Afinal estamos falando de "Dallas" onde todos os personagens mais se parecem com víboras do que com qualquer outra coisa. / Dallas 2.13 - Love & Family (EUA, 2013) Direção: Randall Zisk / Roteiro: David Jacobs, Cynthia Cidre / Elenco: Jesse Metcalfe, Josh Henderson, Jordana Brewster, Julie Gonzalo.

Dallas 2.15 - Legacies
Aos trancos e barrancos cheguei no final da segunda temporada da nova série "Dallas". Depois da morte de J.R Ewing (Larry Hagman) pensei seriamente em deixar de acompanhar a série, mas como os roteiristas são verdadeiros malas (e especialistas em capturar a atenção do espectador) acabei indo até o fim para saber como esse grande personagem morreu. É justamente nesse episódio que descobrimos finalmente como! [A partir desse ponto escreverei spoilers, então se ainda não viu ou não sabe sobre a morte de J.R. não siga lendo o texto]. A versão que todos estavam sabendo até agora era a de que J.R. havia sido encurralado em um hotel no México e morto de forma covarde por um assassino profissional contratado por seu inimigo Cliff Barnes (Ken Kercheval). Bom, nesse episódio descobrimos que J.R. encomendou sua morte ao seu próprio capanga Bum (Kevin Page). Ele deveria matar J.R. (que estava com câncer terminal), criando uma série de evidências para confirmar seu suposto assassinato, levando assim Cliff a assumir toda a culpa, o jogando na cadeia pelo resto de sua vida. Uma vingança final de J.R. contra um de seus piores inimigos no mundo dos negócios. Achou forçado e sem noção? Ora, meu amigo, isso é "Dallas", um típico novelão americano onde reviravoltas desse tipo não causam maiores surpresas. Com essa trama final chega ao fim a história de J.R. em "Dallas", certo? Errado! O fantasma dele não será deixado em paz. A ponta solta para a próxima temporada também envolve o personagem mais famoso de "Dallas", que no passado havia roubado terras do pai de Elena Ramos (Jordana Brewster) abrindo margem assim para que ela resolve se unir a Cliff para se vingar da família Ewing de uma vez por todas! Com isso só podemos ter pena de Christopher Ewing (Jesse Metcalfe) mesmo, já que será a segunda esposa em sua vida que agora quer ver sua caveira numa estaca! Esse cara realmente não tem sorte com as mulheres... / Dallas 2.15 - Legacies (EUA, 2013) Direção: Steve Robin / Roteiro: David Jacobs, Cynthia Cidre / Elenco: Jesse Metcalfe, Josh Henderson, Jordana Brewster.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Yellowstone

Nova série que está chegando agora no Brasil. Nos Estados Unidos recentemente estreou a segunda temporada. Aqui temos o estado rural de Montana, com suas pequenas cidades, estilo de vida rural, pecuária e fazendas de perder de vista de tão grandes. Kevin Costner é um desses fazendeiros ricos da região. Ele, apesar de ter uma bela e rica fazenda, também trabalha como comissário de polícia, ou como dizem os moradores, como xerife da cidade. Também é pai de uma grande família, com seus filhos ocupando posições de destaque no lugar. Um dos filhos é advogado, a outra é executiva de uma grande empresa. Alguns são meros cowboys, trabalhando para o pai.

No primeiro episódio intitulado "Daybreak" temos a apresentação de todos os personagens. Logo na primeira cena Costner se recupera de um grave acidente. Ele estava transportando cavalos quando se chocou com outro veículo. O resultado é que precisa sacrificar um dos animais com um tiro na cabeça, isso tudo quando ainda está sangrando dos ferimentos que sofreu. Coisa de cowboy de Montana, coisa de macho! Tirando as brincadeiras de lado o fato é que gostei desse primeiro episódio. Possa ser que a série siga os caminhos de "Dallas" se tornando uma novela americana, mostrando as intrigas dentro de um clã familiar, mas ainda é cedo para classificar "Yellowstone" dessa maneira. Assim vamos conferir os próximos episódios para ver no que tudo isso vai dar. As expectativas são boas.

Yellowstone (Estados Unidos, 2018) Direção: Taylor Sheridan / Roteiro: Taylor Sheridan, John Linson / Elenco: Kevin Costner, Luke Grimes, Kelly Reilly, Wes Bentley / Sinopse: John Dutton (Costner) é um rico fazendeiro que também trabalha de xerife na cidade. Quando um novo chefe tribal é colocado como líder dos nativos locais, logo se cria uma série de atritos entre os dois membros mais destacados da região de Montana.

Pablo Aluísio.

Chicago Fire

Série que sempre me pareceu muito promissora. Afinal uma série que enfocasse a vida dos bombeiros era uma boa ideia, fugindo um pouco da linha de produção americana de séries sobre policiais e médicos. E "Chicago Fire" não me decepcionou. Eu gostei bastante. Acompanhei com regularidade até a segunda temporada, quando outras séries me chamaram mais a atenção e deixei essa em segundo plano. Em termos de sucesso a série se segurou bem desde quando estreou em 2012. Conquistou seu público, deu bons índices de audiência e conseguiu sobreviver a um dos mercados televisivos mais concorridos do mundo. Chegou até mesmo a dar origem a uma série derivada chamada "Chicago PD" que em minha opinião é até melhor do que "Chicago Fire".

No total, até o momento, são sete temporadas. Alguns personagens foram trocados, outros amenizados, colocados de lado, mas sempre mantendo um mesmo núcleo que garante a fidelidade dos telespectadores. Recentemente uma terceira série, chamada "Chicago Med", sobre médicos, foi criada pelos mesmos produtores. Inclusive, de tempos em tempos, há um cruzamento de elenco e tramas entre as três séries, rendendo especiais que são exibidos na TV americana, na popular NBC TV. Abaixo segue as poucas resenhas que escrevi de "Chicago Fire". É uma pequena amostra do que acompanhei. Talvez, um dia, eu volte a assistir a série, porém vou acompanhar a temporada mais recente, para não perder muito tempo. Como os episódios são relativamente independentes, não há maior problema em fazer esse tipo de "pulo". Segue abaixo os textos que escrevi e que agora são compilados nessa postagem. Espero que gostem.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Oscar 2019

Foi uma cerimônia mais curta, mais eficiente e menos cansativa. A intenção da academia foi mesmo não aborrecer o espectador mais jovem. No ano passado o Oscar perdeu audiência justamente entre os mais jovens. Essa geração moldada na internet não quer mais perder tempo com uma entrega de prêmios sem fim, com muito choro e breguice. Nesse aspecto os organizadores acertaram em cheio. É um modelo a se seguir nos próximos anos.

A grande surpresa da noite foi a premiação de "Green Book - O Guia" como o melhor filme do ano. Ninguém estava apostando nele. Geralmente os ditos experts afirmavam que "A Favorita" ou então "Roma" levaria esse prêmio. Como a premiação é uma votação venceu mesmo o gosto pessoal dos membros. E foi uma boa escolha, um filme, como já escrevi aqui, muito bom, com roteiro bem estruturado, mandando uma mensagem sem ser chato e pedante. Foi uma boa escolha e eu pessoalmente fiquei bem satisfeito. O filme sempre foi um dos meus preferidos desse ano.

No prêmio de melhor direção tivemos a premiação de Alfonso Cuarón por "Roma". Um prêmio normal, nada demais. O filme levou também o Oscar de melhor filme em língua estrangeira. Essa dobradinha é bem incomum na história do Oscar. Geralmente o premiado em melhor direção é o diretor do filme que leva o Oscar de melhor filme. Assim temos outra surpresa entre os premiados. "Roma" também levou o prêmio de melhor fotografia, o que me pareceu forçado. Nessa categoria "A Favorita" estava muito acima.

Outro prêmio que trouxe surpresa foi o de melhor atriz. Todos estavam apostando em Glenn Close por "A Esposa". Só que a rainha Anne levou a melhor. Isso mesmo, o prêmio foi levantado por  Olivia Colman de "A Favorita". Merecido demais. A atriz realmente fez uma atuação brilhante. Nada do que reclamar. Em atriz coadjuvante quem levou a melhor foi a atriz negra Regina King por "Se a rua Beale falasse". Esse prêmio era mais esperado. Hollywood faz uma espécie de mea-culpa por causa da questão racial. Sempre que possível eles estão preferindo premiar artistas negros. O mesmo pensamento vale para Mahershala Ali de "Green Book - O Guia". Ele interpreta o músico negro e culto que precisa lidar com um italiano casca grossa durante uma viagem ao sul dos Estados Unidos, durante os anos 1960. A palavra que define o trabalho de Ali nesse filme é dignidade.

Rami Malek venceu o Oscar de melhor ator por "Bohemian Rhapsody". Foi um alívio para o estúdio e seus produtores. Ninguém estava esperando por mais premiações importantes por esse filme que é um grande sucesso (mais de 800 milhões de dólares arrecadados), mas que também teve sua leva de críticas negativas. "Infiltrado na Klan" ganhou o Oscar de melhor roteiro adaptado e "Green Book - O guia" de melhor roteiro original. A premiação do filme de Spike Lee nessa categoria foi outro exagero. O roteiro de "Poderia me perdoar?" é muito mais inspirado e bem feito, Isso só para citar um dos concorrentes. Exagero total. Erraram a mão nessa categoria.

Por fim, chegando nas categorias ditas menores e técnicas, tivemos a premiação de  "Homem-aranha no Aranhaverso" como melhor animação. Outro erro, justificado apenas pelo fato da academia ter encontrado um jeito de homenagear Stan Lee. Olhando para a lista de concorrentes havia pelo menos mais duas animações muito melhores, "Os Incríveis 2" e "Mirai". E por falar em super-heróis da Marvel o filme "Pantera Negra" não venceu o Oscar de melhor filme do ano, óbvio, mas não ficou de mãos vazias, levando para casa as estatuetas de Melhor Direção de Arte, Figurino e Trilha Sonora. Já está de bom tamanho, os realizadores devem dar graças a Deus. Já "O Primeiro Homem", ignorado nas principais categorias (os produtores esperavam mais), pelo menos levou um Oscar de consolação, o de Melhores Efeitos Especiais. Melhor do que nada.

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Bohemian Rhapsody

Demorei para assistir, mas finalmente conferi essa tão falada cinebiografia do Queen. Bem, antes de tudo, para quem viveu a época do Queen vai ser muito bom ouvir todos aqueles grandes sucessos. Os produtores porém pensaram mais na nova geração do que nos fãs veteranos. O que era para ser apenas um belo cartão postal da banda acabou se tornando algo muito maior. Até o momento o filme já bateu 850 milhões de dólares em bilheteria - um tremendo sucesso de público! Some-se a isso ao fato do ator Rami Malek ter sido premiado com o Oscar de melhor ator e você terá o caldo perfeito para gerar um produto pop perfeito. Sim, o filme é bem isso mesmo. A história de Freddie Mercury ganha ares de pura dramaturgia, tudo feito no velho old school, onde a lenda é imprensa, mesmo com vários, digamos, errinhos de cronologia e fatos históricos equivocados. Nada disso tira os méritos do filme ao meu ver. Gostei de praticamente tudo, da boa reconstituição dos shows, da acertada decisão do diretor Bryan Singer em tentar dar espaço para os outros membros do grupo e até mesmo da direção de arte, que suavizou muitas das breguices datadas que eram moda nos anos 70 e 80. Esse lado kitsch só ressurge com toda a sua força quando os créditos finais sobem e imagens reais de um show do Queen - com o Mercury real - aparece na tela do cinema. Nesse momento ficou impossível esconder as roupas exageradas, os cabelos cafonas, etc.

Fora isso, tudo bem reconstruído. O lado mais promíscuo de Mercury foi amenizado. Temas fortes de sua biografia como sua homossexualidade, a diversidade de parceiros sexuais e por fim a descoberta que tinha AIDS foram tratados com delicadeza e suavidade pelo roteiro. Afinal o estigma e o preconceito ainda existem e não poderia haver em nenhum momento a intenção do filme em macular de alguma forma a biografia de seu protagonista, aqui enfocado como lendário. Porém, para finalizar, temos que dizer que nenhum detalhe cinematográfico vai superar a força da música do Queen. Essa é realmente imbatível. A trilha sonora salva o filme em inúmeros momentos. Basta uma leve caída para o diretor puxar logo um grande hit, ganhando com isso a cumplicidade do público. É como ter um craque em um time mais ou menos. Sempre será possível surgir um gol de gênio no último segundo para salvar todo o conjunto, todo o time. Assim a trilha sonora é a grande arma dessa produção. Sem ela nada poderia se sobressair. Com a música do Queen o gol de placa se mostrou garantido.

Bohemian Rhapsody (Inglaterra, Estados Unidos, 2018) Direção: Bryan Singer / Roteiro: Anthony McCarten, Peter Morgan / Elenco: Rami Malek (Freddie Mercury), Lucy Boynton (Mary Austin), Gwilym Lee (Brian May), Ben Hardy (Roger Taylor), Joseph Mazzello (John Deacon) / Sinopse: Cinebiografia do cantor de rock Freddie Mercury e sua banda Queen, grande sucesso de vendas durante os anos 70 e 80. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Ator (Rami Malek), Melhor Edição (John Ottman), Melhor Edição de Som (John Warhurst, Nina Hartstone) e Melhor Mixagem de Som (Paul Massey, Tim Cavagin e John Casali).

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Braven

Não deixa de surpreender o fato de que após o fiasco da nova versão do Conan os estúdios ainda apostem em Jason Momoa como astro de filmes de ação! Esse filme "Braven" o traz como protagonista, numa nova tentativa de transformar o sujeito em um nome popular no cinema. Pois bem, nesse filme Momoa interpreta um trabalhador da indústria da madeira em um daqueles estados gelados do norte dos Estados Unidos (o roteiro não explica o estado onde se desenvolve a estória). Ele é pai de família e aparentemente é uma pessoa feliz. O único problema é seu pai, que começa a apresentar sintomas de Mal de Alzheimer. Os médicos aconselham sua internação em uma instituição psiquiátrica, mas Momoa recusa. Ao invés disso decide levar o pai para um passeio nas montanhas geladas. Eles possuem uma cabana isolado por lá. Talvez seja uma boa para o velho melhorar um pouco, mudando os ares. 

Ao chegarem na cabana encontram uma sacola cheia de drogas dentro. Problemas à vista. Toda aquela cocaína tem a ver com um dos empregados de Momoa, que usou seus caminhões para transportar o tráfico. A questão é que os traficantes agora estão vindo em busca da "mercadoria", o que abre margem para um confronto violento, de um lado Momoa e seu pai, do outro os criminosos.  Stephen Lang que interpreta o pai do personagem de Momoa, fez um filme bem interessante, que assisti há pouco tempo, chamado "O Homem das Trevas", onde interpretava um homem cego que via sua casa sendo invadida por ladrões. Além disso ele foi o inquisidor da série "Salem". É um ator que gosto bastante, ótimo para interpretar sujeitos durões, sem um pingo de piedade. No final das contas ele acaba sendo a principal razão para assistir a esse mediano "Braven"; Com roteiro sem novidades e poucas cenas de ação realmente empolgantes, esse filme se torna bem descartável mesmo, a não ser pela presença de Lang, que é definitivamente o único motivo para conferir essa nova produção. 

Braven (Braven, Estados Unidos, 2018) Direção: Lin Oeding / Roteiro: Michael Nilon, Thomas Pa'a Sibbett / Elenco: Jason Momoa, Stephen Lang, Jill Wagner / Sinopse: Joe Braven (Jason Momoa) e seu pai Linden (Stephen Lang) decidem passar um tempo numa cabana distante, localizada no alto da montanha. Chegando lá encontram uma mochila com grande quantidade de cocaína dentro. Claro, as drogas pertencem aos traficantes da região que farão de tudo para recuperar sua preciosa "mercadoria".

Pablo Aluísio.

De Volta ao Jogo

Não mexa com quem está quieto. Pode ser que o sujeito seja um assassino profissional da máfia russa. É basicamente esse o ponto de partida desse filme. Keanu Reeves interpreta John Wick. No passado ele foi assassino de aluguel para diversos grupos criminosos. Agora passa por uma depressão sem fim pela morte da esposa. Durante um evento completamente banal ele é provocado por Iosef Tarasov (Alfie Allen), um jovem inconsequente que ainda está começando no mundo do crime. Seu ato impensado logo desperta a fúria incontrolável de Wick que não parece mais disposto a perdoar ninguém que lhe cruze o caminho. A típica situação de espalhar sua raiva pelo mundo, usando como alvo o primeiro imbecil que lhe aparecer pela frente.

O filme investe numa linha de ação que me lembrou muito os antigos filmes de pancadaria dos anos 80. Não há espaço para perder tempo. O que vale são as inúmeras cenas de confronto, tiroteios e brigas, algumas extremamente violentas. Reeves está tentando há tempos levantar sua carreira e pelo menos no quesito físico se saiu bem. Outro bom ator presente no elenco é o veterano Willem Dafoe interpretando Mr. Marcus, outro assassino profissional que tentará colocar um freio em Wick. Bom, não precisa ser gênio para entender que dois assassinos profissionais se enfrentando em um mesmo filme é sinal de muitas cenas de ação e brutalidade, todas, é bom frisar, bem realizadas. O único aspecto que incomoda é a frieza (ou seria pura falta de empenho?) do próprio Keanu Reeves. Com a mesma expressão facial ele pode matar um inimigo ou chorar pela esposa falecida. Definitivamente ele não é um Laurence Olivier, mas enfim.... dentro da proposta do filme até que funciona bem.

De Volta ao Jogo (John Wick, EUA, 2014) Direção: Chad Stahelski, David Leitch / Roteiro: Derek Kolstad / Elenco: Keanu Reeves, Willem Dafoe, Michael Nyqvist, Alfie Allen, Adrianne Palicki, John Leguizamo / Sinopse: Assassino profissional é injustamente provocado por um jovem membro da máfia russa, despertando um acesso de fúria e mortes por onde ele passa. Para deter a matança um chefão russo resolve contratar os serviços de outro assassino de aluguel, dando origem a um banho de sangue na cidade. Filme indicado aos prêmios da Phoenix Film Critics Society Award e San Diego Film Critics Society Awards.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

A Bruxa

1630. Nova Inglaterra. América colonial. Expulso da vila de colonizadores puritanos ingleses o patriarca William (Ralph Ineson) leva sua família para viver na floresta. Os perigos são muitos. Além das feras escondidas nos bosques, ainda existe a possibilidade de todos morrerem de fome ou frio durante o inverno. William porém acredita que tudo dará certo pois ele se considera um bom cristão, devoto e temente a Deus. As coisas porém logo começam a dar errado. O jovem caçula, um bebezinho, desaparece misteriosamente. O outro filho volta da floresta com um comportamento estranho, como se estivesse possuído. Aos poucos todos começam a apresentar um estranho e sinistro comportamento que resultará em uma provável tragédia no meio daquele local esquecido por Deus.

É cada vez mais raro encontrar um filme de terror tão bom como esse! Por isso os fãs do gênero podem celebrar. "A Bruxa" é um filme inteligente, que joga mais psicologicamente com o público do que apelando para cenas de efeitos visuais vazios ou sem justificativa. Sim, não se engane, temos aqui um dos melhores filmes de horror psicológico dos últimos anos. O diretor e roteirista Robert Eggers soube muito bem por onde procurar as fontes de seu roteiro. Ele estudou velhas peças judiciais da época da inquisição protestante na América colonial e vitoriana e a partir disso escreveu sua estória que é bem aterrorizante e bem escrita. A família que preza pela devoção a Deus e seu isolamento na floresta, longe da vila de colonizadores ingleses, forma certamente o cenário perfeito para tudo o que acontece.

Há também uma bem colocada exploração em torno de símbolos macabros que estão no inconsciente coletivo de todos: o bode, a casa perdida no meio do nada, os objetos hereges, etc. Um dos aspectos mais curiosos vem da figura da própria bruxa, que diga-se de passagem nunca é muito explorada justamente para aumentar ainda mais o suspense em torno de todos os acontecimentos sobrenaturais que vão surgindo. Destaco o momento em que o jovem Caleb (Harvey Scrimshaw), em plena entrada na sua puberdade, é seduzido por uma sensual figura na porta de um casebre. Tudo de acordo com o que você mesmo pode descobrir ao estudar teologia medieval. O mal muitas vezes pode surgir pela beleza de uma imagem irresistível. Há também um ótimo jogo de pistas falsas, sendo que o espectador quase sempre nunca sabe ao certo quais pessoas daquela família estariam realmente sob o domínio do mal absoluto! Seria a filha mais velha, a mãe destruída emocionalmente pela perda de seu jovem bebê ou os gêmeos que agem e se comportam de forma completamente fora do convencional?

Enquanto os males vão se multiplicando todos os personagens parecem caminhar para a insanidade completa. Seria algo realmente vindo das trevas ou apenas um surto psicótico de todos eles, que viviam imersos em uma espécie de fanatismo religioso fora do comum? Todos esses questionamentos são plenamente válidos e vão surgindo em nossas mentes enquanto assistimos ao filme.  Enfim, falar mais seria estragar as várias surpresas do argumento. É muito bom encontrar novamente um filme desse nível que explora o tema das bruxarias do século XVII sem jamais cair em clichês ou soluções baratas. O diretor Eggers foi muito sutil nesse aspecto e por isso realizou realmente uma obra bem acima da média. Excelente filme de terror. Assista sem receios. Está mais do que recomendado.

A Bruxa (The Witch - A New-England Folktale, Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, 2015) Estúdio: Universal Pictures / Direção: Robert Eggers / Roteiro: Robert Eggers / Elenco: Anya Taylor-Joy, Ralph Ineson, Kate Dickie, Harvey Scrimshaw /Sinopse: Durante a era colonial uma família passa a ser atormentada por uma estranha criatura da floresta, algo que pode ser definido como uma bruxa satânica. Filme vencedor do London Film Festival e do Sundance Film Festival na categoria de Melhor Direção (Robert Eggers).
  
Pablo Aluísio.