Foi uma cerimônia mais curta, mais eficiente e menos cansativa. A intenção da academia foi mesmo não aborrecer o espectador mais jovem. No ano passado o Oscar perdeu audiência justamente entre os mais jovens. Essa geração moldada na internet não quer mais perder tempo com uma entrega de prêmios sem fim, com muito choro e breguice. Nesse aspecto os organizadores acertaram em cheio. É um modelo a se seguir nos próximos anos.
A grande surpresa da noite foi a premiação de "Green Book - O Guia" como o melhor filme do ano. Ninguém estava apostando nele. Geralmente os ditos experts afirmavam que "A Favorita" ou então "Roma" levaria esse prêmio. Como a premiação é uma votação venceu mesmo o gosto pessoal dos membros. E foi uma boa escolha, um filme, como já escrevi aqui, muito bom, com roteiro bem estruturado, mandando uma mensagem sem ser chato e pedante. Foi uma boa escolha e eu pessoalmente fiquei bem satisfeito. O filme sempre foi um dos meus preferidos desse ano.
No prêmio de melhor direção tivemos a premiação de Alfonso Cuarón por "Roma". Um prêmio normal, nada demais. O filme levou também o Oscar de melhor filme em língua estrangeira. Essa dobradinha é bem incomum na história do Oscar. Geralmente o premiado em melhor direção é o diretor do filme que leva o Oscar de melhor filme. Assim temos outra surpresa entre os premiados. "Roma" também levou o prêmio de melhor fotografia, o que me pareceu forçado. Nessa categoria "A Favorita" estava muito acima.
Outro prêmio que trouxe surpresa foi o de melhor atriz. Todos estavam apostando em Glenn Close por "A Esposa". Só que a rainha Anne levou a melhor. Isso mesmo, o prêmio foi levantado por Olivia Colman de "A Favorita". Merecido demais. A atriz realmente fez uma atuação brilhante. Nada do que reclamar. Em atriz coadjuvante quem levou a melhor foi a atriz negra Regina King por "Se a rua Beale falasse". Esse prêmio era mais esperado. Hollywood faz uma espécie de mea-culpa por causa da questão racial. Sempre que possível eles estão preferindo premiar artistas negros. O mesmo pensamento vale para Mahershala Ali de "Green Book - O Guia". Ele interpreta o músico negro e culto que precisa lidar com um italiano casca grossa durante uma viagem ao sul dos Estados Unidos, durante os anos 1960. A palavra que define o trabalho de Ali nesse filme é dignidade.
Rami Malek venceu o Oscar de melhor ator por "Bohemian Rhapsody". Foi um alívio para o estúdio e seus produtores. Ninguém estava esperando por mais premiações importantes por esse filme que é um grande sucesso (mais de 800 milhões de dólares arrecadados), mas que também teve sua leva de críticas negativas. "Infiltrado na Klan" ganhou o Oscar de melhor roteiro adaptado e "Green Book - O guia" de melhor roteiro original. A premiação do filme de Spike Lee nessa categoria foi outro exagero. O roteiro de "Poderia me perdoar?" é muito mais inspirado e bem feito, Isso só para citar um dos concorrentes. Exagero total. Erraram a mão nessa categoria.
Por fim, chegando nas categorias ditas menores e técnicas, tivemos a premiação de "Homem-aranha no Aranhaverso" como melhor animação. Outro erro, justificado apenas pelo fato da academia ter encontrado um jeito de homenagear Stan Lee. Olhando para a lista de concorrentes havia pelo menos mais duas animações muito melhores, "Os Incríveis 2" e "Mirai". E por falar em super-heróis da Marvel o filme "Pantera Negra" não venceu o Oscar de melhor filme do ano, óbvio, mas não ficou de mãos vazias, levando para casa as estatuetas de Melhor Direção de Arte, Figurino e Trilha Sonora. Já está de bom tamanho, os realizadores devem dar graças a Deus. Já "O Primeiro Homem", ignorado nas principais categorias (os produtores esperavam mais), pelo menos levou um Oscar de consolação, o de Melhores Efeitos Especiais. Melhor do que nada.
Pablo Aluísio.