terça-feira, 5 de junho de 2018

Coração de Caçador

Título no Brasil: Coração de Caçador
Título Original: White Hunter, Black Heart
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Peter Viertel
Elenco: Clint Eastwood, Jeff Fahey, Charlotte Cornwell, George Dzundza, Roddy Maude-Roxby, Richard Warwick

Sinopse:
O filme conta a história do diretor de cinema John Wilson (Clint Eastwood). Um homem excêntrico que convence o estúdio que seu novo filme deve ser filmado na África, só que uma vez no continente ele passa a dar mais importância a uma caçada a elefantes, do que ao próprio filme em si.

Comentários:
Esse filme foi indicado a Palma de Ouro em Cannes. Nada mal. Até hoje é considerado um dos melhores filmes de Clint Eastwood e isso por um motivo bem simples: é uma homenagem ao cinema. Praticamente tudo o que se vê na tela foi inspirado em fatos reais, quando o diretor John Huston resolveu ir para a distante África para rodar sua nova produção. Antes Hollywood quase nunca ia até locações tão distantes, preferindo filmar tudo em seus grandes estúdios, mas Huston convenceu os executivos que era melhor ir para a região original. Uma vez na África ele se tornou obcecado em caçar um grande elefante, enlouquecendo todos que estavam envolvidos no filme, pois preferia ir em safári do que dirigir as filmagens. O filme é excelente, mas hoje em dia poucos vão se identificar ou achar interessante a história de caçador do protagonista. A visão do mundo atual repele esse tipo de caçada, pois a questão ecológica se impõe. De qualquer maneira, como retrata um passado distante, o filme não deixa de ser uma grande referência para cinéfilos em geral. John Huston, considerado um mestre da sétima arte, certamente não era politicamente correto, porém era um diretor de cinema de mão cheia. Essa assim se torna uma boa oportunidade de conhecer um capítulo de sua vida.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

15h17: Trem para Paris

Parece que o diretor Clint Eastwood nessa fase de sua carreira quer contar a história de heróis americanos, ou melhor dizendo, de improváveis heróis americanos. Esse tema já havia sido explorado no filme anterior dele, "Sully: O Herói do Rio Hudson". Agora Clint volta ao mesmo conceito. O enredo é simples. O diretor foca suas lentes para a amizade de três amigos, desde os tempos da infância, quando brincavam de guerra nos bosques da Califórnia, até a fase adulta, quando dois deles resolvem entrar para as forças armadas. Um vai para a Força Aérea e o outro para o Exército. Durante uma folga eles resolvem se encontrar na Europa, para conhecer novos países, novas culturas. Férias merecidas. Primeiro vão para Roma, onde conhecem o Vaticano, etc. Depois partem para a Holanda.

Após curtir bastante Amsterdã, eles decidem ir para Paris onde vão acabar seus dias de curtição. Hora de voltar ao trabalho. Na viagem para a cidade francesa acontece o inesperado. Um terrorista armado de fuzil surge no meio do trem, para executar o maior número possível de ocidentais infiéis. Loucuras do fanatismo islâmico. No meio do caos que acontece, os três jovens americanos acabam virando heróis. E nisso basicamente se resume o filme. Clint realizou uma obra cinematográfica bem enxuta, com pouco mais de 90 minutos de duração. É um exemplo da sua conhecida eficiência atrás das câmeras. Mesmo assim acabei gostando do resultado final. É um filme que procura resgatar e registrar para a história a bravura de seus personagens, sem se importar muito com aspectos periféricos. Como pura narrativa o filme, nesse quesito, se sai muito bem. Além disso traz à tona essa história que segue até bem pouco conhecida.

15h17: Trem para Paris (The 15:17 to Paris, Estados Unidos, 2018) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Dorothy Blyskal, baseado no livro escrito por Anthony Sadler / Elenco: Alek Skarlatos, Anthony Sadler, Spencer Stone / Sinopse: Durante férias na Europa três jovens americanos descobrem que estão numa situação de extremo risco, quando um terrorista islâmico resolve cometer um atentando em um trem que sai da Holanda rumo a Paris. Armado de um potente fuzil ele quer matar o maior número de ocidentais infiéis em nome de Alah! Filme baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

Os Curados

Cada vez mais complicado achar um filme de terror dessa nova safra que seja realmente bom. A maioria dos novos filmes são decepcionantes. Esse "Os Curados" é outra bobagem. Com um roteiro sobre zumbis (o tipo de monstro mais chato que existe), ele tenta inovar um pouco, sem grandes resultados. Bom, o ponto de partido é o de praxe. Um vírus desconhecido se espalha na humanidade. Os infectados viram zumbis, com todo aquele background que já conhecemos bem, aqueles maltrapilhos correndo atrás de cérebros para devorar. Pura rotina. Pois bem, uma cura é encontrada e consegue trazer de volta 75% dos doentes com o vírus. Essas pessoas que ficam boas são chamadas de "os curados". Poderia ser algo bom, mas não, pois eles começam a sofrer preconceito dentro da sociedade. Ninguém consegue confiar neles plenamente. Seria uma metáfora sobre a situação dos imigrantes na Europa atualmente? Penso que sim...

A Ellen Page é uma jovem viúva cujo marido morreu na grande contaminação. Ela recebe seu cunhado, um dos curados. O problema é que ele tem algo a esconder, pois quando infectado participou da morte do próprio irmão, justamente o marido da Page. E assim segue o filme, nesse draminha que pouco convence. A produção é fraca, pobre e sem efeitos visuais. Aliás fazer filme nesse estilo sem os recursos adequados é uma verdadeira cilada, um apocalipse zumbi, porque vai mesmo resultar em um filme ruim. Eu particularmente odeio filmes de zumbis, perdi a paciência sobre esse tipo de produção. A única coisa que me fez assistir a esse filme foi mesmo a presença da atriz Ellen Page cujo trabalho aprecio desde os tempos de "Juno". Bom, se for o seu caso também desista. A Page está apática, sem graça, sem vida. Achei inclusive que ela está envelhecida precocemente. Em um filme fraco como esse, em que nada ajuda, sua presença no elenco se torna apenas um detalhe constrangedor.

Os Curados (The Cured, Irlanda, 2017) Direção: David Freyne / Roteiro: David Freyne / Elenco: Ellen Page, Sam Keeley, Tom Vaughan-Lawlor / Sinopse: Após a proliferação de um vírus que transforma as pessoas infectadas em zumbis, um dos curados pelas novas drogas, volta para casa, para morar com a cunhada e a sobrinha. O problema é que dentro da sociedade surge um preconceito contra esses curados, pois para muitos eles não são de confiança. Haveria uma base de verdade nesse tipo de pensamento?

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de junho de 2018

Mary Shelley

Gostei bastante desse filme. O nome da escritora Mary Shelley está ligado para sempre ao seu livro mais famoso, aquele que a tornou imortal. Ela tinha apenas 18 anos de idade quando escreveu "Frankenstein". Como isso aconteceu? É justamente essa história que o roteiro desse filme conta. Quando o filme começa Mary é apenas uma garota de 16 anos de idade que mora com o pai e os irmãos em Londres. Sua mãe faleceu no parto e seu pai viúvo ganha a vida com dificuldades, vendendo livros em um pequeno negócio. E foi justamente nesse mundo de apertos financeiros e muitos livros ao redor que Mary foi criada.

Ele gostava de livros com histórias de fantasmas. Para desgosto do pai ela ia até um cemitério próximo de sua casa, onde sua mãe estava enterrada, para ler livros de literatura gótica, muito populares na Inglaterra naquela época. Depois de alguns anos seu pai decidiu que ela deveria ir até a Escócia, passar uma temporada por lá. Foi justamente nessa região que ela iria conhecer o amor de sua vida, o poeta Percy Shelley. O filme assim vai mostrando o namoro do casal, a explosão da paixão ao som dos versos do jovem poeta e depois a decepção completa por parte dela ao saber que Percy já era casado, com esposa e filha pequena para criar. Imagine o escândalo que isso provocou.

O filme é focado mesmo na vida pessoal de Mary. Seu conturbado romance com Percy, as dificuldades dos primeiros anos, quando o casal ficou praticamente na miséria, a amizade com o infame e libertino Lord Byron e finalmente a criação da maior obra prima literária da jovem autora, o livro "Frankenstein ou o Moderno Prometeu", publicado pela primeira vez em 1823. Em apenas pouco mais de 200 páginas ela conseguira mudar a literatura de terror para sempre, criando um dos personagens mais famosos da história. O mais importante do filme porém é realmente o resgate da vida sofrida da autora. Uma jovem vitoriana que fez suas escolhas e pagou caro por elas. Conseguiu superar preconceitos, tragédias pessoais e se firmou no mundo da literatura, que na época era bem machista e conservador. Um filme essencial para quem quiser conhecer melhor a trajetória de vida de Mary Shelley e como isso influenciou na criação de sua maior obra prima.

Mary Shelley (Inglaterra, Estados Unidos, 2017) Direção: Haifaa Al-Mansour / Roteiro: Emma Jensen, Haifaa Al-Mansour / Elenco: Elle Fanning, Maisie Williams, Ben Hardy / Sinopse: Aos 16 anos de idade a jovem Mary (Elle Fanning) conhece o poeta Percy Shelley em uma fazenda na Escócia. A aproximação muda a vida dela para sempre. Completamente apaixonada, se entrega de corpo e alma ao poeta, ao mesmo tempo em que enfrenta escândalos, traições e privações pessoais de todas as formas. Filme baseado na história pessoal da escritora Mary Shelley, autora do livro "Frankenstein".

Pablo Aluísio. 

Fahrenheit 451

Não consegui apreciar muito essa nova versão para o clássico livro "Fahrenheit 451". Já havia achado a versão dos anos 60 muito hermética, nada digerível para acompanhar. Essa nova versão ameniza em certo aspectos as premissas do livro, mas mesmo assim não consegue funcionar bem. Se você não se lembra ou não conhece, a trama se passa no futuro, em um Estado autoritário que controla tudo e a todos. Os livros são vistos como produtos perigosos e subversivos. O mesmo vale para filmes, discos e qualquer manifestação cultural. Para eliminar tudo dentro do seio da comunidade existe um grupo de bombeiros que ao invés de apagar incêndios tocam fogo em pilhas e pilhas de livros descobertos nas casas dos elementos rebeldes.

O protagonista é um jovem bombeiro negro que um dia decide levar um livro desses para casa, por mera curiosidade. Assim que começa a ler percebe que em suas páginas são feitas perguntas pertinentes sobre a vida e a sociedade. Isso desperta nele um senso crítico que ele jamais poderia pensar existir em sua mente. Não demora muito e ele entra em crise existencial, ficando abalado na sua rotina de perseguir rebeldes e queimar livros. A produção do canal HBO é um pouco decepcionante. Diria até que a direção de arte do filme original é muito mais interessante que esse remake. Nada há de muito incrível de se ver em termos de efeitos especiais. A profundidade da mensagem do roteiro também é fraca, nunca indo fundo demais nas questões importantes. Assim temos um filme que deixa a desejar. Não empolga e a única coisa boa vem do elenco, pois os atores Michael B. Jordan e principalmente Michael Shannon parecem empenhados em atuar bem. Fora isso nada muito digno de nota.

Fahrenheit 451 (Estados Unidos, 2018) Direção: Ramin Bahrani / Roteiro: Ramin Bahrani / Elenco: Michael B. Jordan, Michael Shannon, Aaron Davis, Cindy Katz / Sinopse: Adaptação para as telas do livro escrito por Ray Bradbury. Em um mundo futurista e autoritário, os livros são considerados nocivos para a sociedade. Para que todos vivam em felicidade eles devem ser queimados. Um membro do pelotão de bombeiros, especializado nessa função, começa a se questionar após levar um exemplar de um livro para casa. Ele passa a se questionar sobre o que faz e sobre as obras de literatura que queima todos os dias.

Pablo Aluísio.

sábado, 2 de junho de 2018

Crimes Obscuros

Provavelmente você cresceu assistindo aos filmes do Jim Carrey. As comédias malucas, onde o ator comediante sempre exagerava nas caretas a cada nova cena. Ele fez muito sucesso nessa linha. Agora, aos 56 anos de idade, ele tem procurado por novos caminhos. Nada de comédias, nada de personagens como o Máscara. Aqui ele interpreta um policial polonês. Após cair em desgraça dentro da corporação ao plantar provas falsas e ser descoberto por isso, ele vê uma chance de recomeçar ao se deparar com um velho caso sem solução. Uma investigação de um rapaz que foi brutalmente assassinado. Envolvido em uma rede de prostituição e masoquismo, acabou sendo morto por um cliente que foi longe demais. O mais intrigante é que mesmo após anos de investigação a polícia nunca conseguira chegar na identidade do assassino. Seria algum figurão intocável?

O tira envelhecido interpretado por Carrey vai juntando as pistas e acaba chegando na figura de um escritor de livros sobre perversão sexual. Nem preciso dizer que as coisas vão se complicando cada vez mais, até chegar em pessoas que estavam acima de qualquer suspeita. Achei o filme bem pesado. Não há lugar para ironias ou tiradas cômicas. Aquele lado da Europa que penou com o comunismo surge cinza, escura, fria e triste. O lugar ideal para degenerados sexuais surgirem para explorar jovens e inocentes garotas. Fica claro desde a primeira cena que Jim Carrey quer provar que pode topar qualquer personagem, qualquer desafio. Sem um pingo de humor o seu investigador policial é um homem sem esperanças. Ficando careca, barrigudo e com um grande barba branca messiânica que em nada lembra seu passado como Clown. Nunca deixa de ser interessante ver Carrey interpretando alguém tão sinistro, mas também fica o gostinho de decepção no ar ao perceber que o filme nunca chega a funcionar muito bem. É um potencial que não se cumpre em seus noventa minutos de duração.

Crimes Obscuros (Dark Crimes, Inglaterra, Estados Unidos, Polônia, 2016) Direção: Alexandros Avranas / Roteiro: Jeremy Brock, baseado em artigo escrito por David Grann / Elenco: Jim Carrey, Charlotte Gainsbourg, Marton Csokas / Sinopse: Veterano investigador, em crise na carreira após ter plantado provas em um caso explorado pela imprensa, vê a grande chance de recuperar seu prestígio como policial ao reabrir um velho caso arquivado de homicídio. As novas pistas o levam até um escritor de romances pornográficos e pervertidos, mas isso parece ser apenas a ponta do iceberg, envolvendo uma extensa rede de prostituição e masoquismo nos porões da cidade.

Pablo Aluísio.

Na Escuridão

Tipicamente aquele caso de filme que começa bem, mas que depois vai decaindo, decaindo... até chegar em um final decepcionante. Quando o filme começa conhecemos a protagonista, uma jovem cega chamada Sofia (Natalie Dormer). Apesar de seu problema ela tenta ter uma vida normal. Todos os dias vai para o trabalho de metrô. Ela é uma pianista talentosa, que atua numa orquestra de sua cidade. A vida vai seguindo em frente até que sua vizinha cai (ou é jogada) de seu apartamento. A polícia logo a interroga, atrás de informações, já que Sofia mora no apartamento de baixo, então se ela tivesse ouvido alguma coisa seria de grande ajuda. Sofia nega, diz que não ouviu nada no dia da morte, mas está mentindo. Pessoas com problemas em alguns dos sentidos acaba desenvolvendo muito bem todos os outros. Ela não vê nada, mas ouviu tudo o que aconteceu. Vira logo uma peça chave na solução do crime.

Assim o que poderia ser um thriller de suspense dos mais interessantes acaba se perdendo bastante quando o roteiro vai se desenvolvendo e percebemos que Sofia nem é a pessoa indefesa e vulnerável que pensamos. Por falar em roteiro ele foi escrito pela própria atriz Natalie Dormer. Assim de nome você provavelmente não vai se lembrar dela, mas se gosta de séries a reconhecerá imediatamente. Ela foi a trágica rainha Ana Bolena em "The Tudors". Mais recentemente esteve em "Game of Thrones" no papel de Margaery Tyrell. Em eventos de cultura nerd ela é sempre muito bem recebida, causando sensação nos fãs da série. Pois bem, nesse filme aqui a fantasia é deixada de lado. No background de tudo está a guerra dos Balcãs, mas revelar mais seria estragar algumas surpresas do roteiro. No geral não achei um grande filme. Ele, como já escrevi, começa bem, apostando numa trama simples, mas se perde ao querer trazer complexidade demais nos eventos que se sucedem. Muitas vezes a simplicidade é o melhor caminho a seguir.

Na Escuridão (In Darkness, Inglaterra, Estados Unidos, 2018) Direção: Anthony Byrne / Roteiro: Anthony Byrne, Natalie Dormer / Elenco: Natalie Dormer, Emily Ratajkowski, Ed Skrein / Sinopse: Sofia (Natalie Dormer) é uma jovem pianista que tenta levar uma vida normal apesar de ser cega. Uma noite sua vizinha do andar de cima cai (ou e é jogada) de seu apartamento e morre. Depois disso Sofia vira alvo da polícia e dos supostos criminosos, todos tentando descobrir o que ela ouviu naquela noite em que tudo aconteceu.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Alien - O Oitavo Passageiro

Esse é o primeiro filme de uma longa franquia de filmes que continua até os dias de hoje. Revendo o filme pude constatar que todos os elementos já estão presentes nesse roteiro que é muito bem feito. Ridley Scott não baixa a guarda, não traz momentos desnecessários, tudo se encaixa perfeitamente bem. O enredo é clássico. Uma nave mineradora chamada Nostromo está retornando para a Terra com toneladas de minério de ferro. É uma espaçonave imensa, mas que para funcionar só precisa de sete tripulantes. Pois bem, durante o retorno o computador de bordo, conhecido como "mãe", resolve acordar antes da hora todos os membros da tripulação que estavam hibernando.

O que estaria acontecendo? Uma mensagem de socorro foi captada, vindo de um planeta desconhecido. Dentro do protocolo espacial é sempre necessário responder a chamadas como essa! Erro fatal. Um parte dos astronautas pousam no planeta e encontram uma estranha nave alienígena. Dentro dela um ser desconhecido, com o peito aberto, como se algo tivesse saído violentamente de lá! Ao sondar o lugar encontram mais coisas estranhas. Ovos, com carapaça de couro, trazendo um estranha forma de vida dentro. Uma sucessão de erros só poderia acabar em uma matança sem igual.

John Hurt é o primeiro a se dar mal. Direto dos ovos uma criatura gruda em seu capacete. Ele fica em coma, mas depois de algum tempo volta ao normal. Nem adianta celebrar, porque justamente na hora da refeição da tripulação o pior acontece. A cena é clássica, com Hurt em agonia, enquanto um alien sai de sua barriga. Apesar dos efeitos analógicos da época estarem envelhecidos, o impacto ainda se mantém presente. Depois disso o monstro está livre. A parte que grudou em seu capacete era apenas uma forma parasitária, que usa o corpo do organismo parasitado, para reproduzir. O verdadeiro predador só surge depois, de dentro do corpo humano. Como eu disse, tudo já está no filme, o design da criatura (que nunca foi mudado), sua fases de reprodução e, é claro, o banho de sangue. Sim, Alien é um filme de ficção, mas também de terror, terror sangrento.

Sigourney Weaver interpreta Ripley. Logo no comecinho do filme ela é apenas uma coadjuvante dentro da tripulação. O verdadeiro comandante é o capitão Dallas. Só que ela logo mostra sua força quando bate de frente com o chefe de ciências, que na verdade é um dos maiores vilões do filme. Afinal nem um ser humano ele é, mas sim um parente próximo dos replicantes de "Blade Runner". Conforme o filme avança, a Ripley vai se tornando mais forte, mais resistente e mais importante dentro dos acontecimentos. O filme é dela, mas o diretor a deixou numa certa sombra até o momento certo. Toque de mestre. Assim Alien não perdeu seu charme inicial, mesmo sabendo que ele foi lançado há muito tempo, em 1978. O suspense e a forma como Ridley Scott conta sua história é o grande diferencial. Não é à toa que esse é considerado por muitos o melhor filme da série. Eu não ousaria discordar dessa opinião.

Pablo Aluísio.

Caçadores de Emoção: Além do Limite

Não se trata de um remake e nem tampouco de uma continuação do primeiro filme. Na realidade isso tudo se resume na tentativa do estúdio em transformar esse novo filme no pontapé inicial de uma nova franquia de filmes de ação. Bom, se você tem mais de 40 anos de idade vai lembrar do primeiro filme, lá de 1991. Keanu Reeves era um jovem agente do FBI que se infiltrava numa galera amante de esportes radicais. O líder deles era um saudável surfista interpretado por Patrick Swayze. Embora com roteiro básico o filme pode ser considerado facilmente como um dos melhores de ação daquela década. Tudo bem contrabalanceado em termos de cenas envolvendo esportes radicais. As cenas de roubo a bancos também não deixavam a desejar. Tudo muito bom para falar a verdade. Bons tempos.

O tempo passou e os produtores viram que a ideia daquele filme de 91 poderia servir como arco para uma nova série ou um novo filme. Escolheram pelo segundo. Essa segunda produção tem ótimas cenas de ação, envolvendo novamente esportes radicais, inclusive algumas modalidades que nem existiam nos anos 90, entre elas aquele estranho (e suicida) esporte onde os praticantes pulam de alturas absurdas usando apenas uma roupa especial para literalmente voar por aí. Não é uma boa ideia, recentemente vários praticantes morreram praticando esse tal de Wingsuit; A não ser que você queira brincar com sua vida não faça o que se vê na tela. Aliás se tem alguém que merece todos os elogios são os dublês desse novo filme. Sem astros conhecidos, sem ter um roteiro que difere do primeiro filme e com uma direção apenas OK, o que se destaca mesmo nesse novo filme são os dublês. Claro que nem tudo foi feito por eles - nas cenas mais perigosas o uso da computação gráfica se torna óbvia - mas o trabalho da equipe de dublês dessa produção merece todo o destaque. O filme só existe por causa deles e se mantém algum interesse é justamente pelo trabalho que desenvolveram, arriscando suas vidas em praticamente todas as tomadas. 

Caçadores de Emoção: Além do Limite (Point Break, Estados Unidos, 2015) Direção: Ericson Core / Roteiro: Kurt Wimmer, Rick King / Elenco: Edgar Ramírez, Luke Bracey, Ray Winstone / Sinopse: Após um roubo milionário e uma fuga espetacular.onde os criminosos pulam de um prédio de 100 andares, o FBI chega na conclusão que esse tipo de assaltante só poderia ser um expert em esportes radicais. Por isso infiltra um de seus mais jovens agentes, para descobrir a identidade de cada um dos membros da quadrilha. Filme indicado ao prêmio World Stunt Awards, o Oscar dos dublês.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

O Príncipe Encantado

Título no Brasil: O Príncipe Encantado
Título Original: The Prince and The Showgirl
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Warner Bros
Direção: Laurence Olivier
Roteiro: Terence Rattigan
Elenco: Laurence Olivier, Marilyn Monroe, Sybil Thorndike, Jeremy Spenser, Gladys Henson, Charles Victor
  
Sinopse:
O Grã-duque Charles (Laurence Olivier), nobre regente da elegante, rica e fina Capadócia, acaba conhecendo casualmente a jovem corista Elsie (Marilyn Monroe). Inicialmente ele se percebe intrigado com o jeito despojado, mas bem autêntico, da bela americana. Intrigado por ela e sua personalidade singular ele a convida para um jantar, algo que acabará trazendo inúmeras consequências inesperadas para ambos durante os dias seguintes. Filme indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Laurence Olivier), Melhor Atriz (Marilyn Monroe) e Melhor Roteiro. 

Comentários:
Essa sinopse não esconde a verdadeira vocação de "O Príncipe Encantado". É um texto teatral e o filme não nega sua origem. Grande parte das cenas se passa em ambiente fechado e em cena duelam (no bom sentindo) o formalismo profissional de Laurence Olivier e o adorável amadorismo de Marilyn Monroe. Os acontecimentos de bastidores, das filmagens, há anos povoam o imaginário dos cinéfilos. Marilyn, como era de se esperar, causou todo tipo de problemas para Olivier, tantos que essa conturbada filmagem acabou virando um filme próprio que recebeu várias indicações ao Oscar chamado "My Week With Marilyn". As histórias do set são saborosas, mas e o filme? Sim, é uma boa comédia, muito bem produzida com lindos figurinos, cenários, muita pompa e luxo. Marilyn Monroe está encantadora. Apesar dos problemas de saúde ela surge em cena linda e aparentando muita saúde (o que me deixou surpreso).

No saldo final considerei a atuação de Marilyn Monroe muito superior à de Laurence Olivier, esse está particularmente travado na interpretação do nobre regente dos balcãs. Já Monroe não, está natural, espontânea, divertida e até sensual. Não causa admiração a declaração que Laurence Olivier fez muitos anos depois da realização do filme reconhecendo que Marilyn estava ótima em "O Príncipe Encantado". Ele disse: "Durante as filmagens fiquei com a impressão que Marilyn estava péssima. Quando assisti as cenas fiquei admirado com o resultado. Marilyn estava maravilhosa. Ela tinha um caso de amor com a câmera!". Concordo plenamente com sua opinião. Aliás se tem algo que prejudica o filme é justamente a mão pesada do diretor Olivier. Ele demonstra claramente não ter o timing perfeito para Marilyn. O filme se alonga além do que seria razoável e tem barrigas (quebras de ritmo que o levam a certos momentos de monotonia). Pra falar a verdade quem salvou a produção foi realmente Marilyn que em muitos momentos simplesmente carrega o filme nas costas. Quem diria que a amadora Monroe daria uma rasteira no grande Laurence Olivier? Pois deu, e foi em "O Príncipe Encantado". O filme é dela no final das contas. Assista e confira!

Pablo Aluísio.