quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Sangue de Pantera

Título no Brasil: Sangue de Pantera
Título Original: Cat People
Ano de Produção: 1942
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Jacques Tourneur
Roteiro: DeWitt Bodeen
Elenco: Simone Simon, Tom Conway, Kent Smith, Jane Randolph 
  
Sinopse:
Irena Dubrovna (Simone Simon) aparenta ser uma jovem normal. Em um passeio pelo zoológico de sua cidade acaba conhecendo casualmente Oliver Reed (Kent Smith), um arquiteto que fica bastante interessado nela. Após alguns encontros começam a namorar. O que parecia um relacionamento promissor se torna problemático quando Oliver descobre que sua namorada tem estranhos pensamentos. Um deles a faz acreditar que ela é mais uma vítima de uma maldição secular de sua terra natal, a Sérvia. No século XV mulheres de sua região teriam feito um pacto com Satã, que transformaria jovens em feras, bestas animalescas das sombras. Estaria Irena enlouquecendo ou haveria algum fundo de verdade em suas estranhas crenças?

Comentários:
Se você tem mais de 30 anos de idade certamente conhece o filme "A Marca da Pantera" com Nastassja Kinsk, um filme que fez bastante sucesso em seu lançamento no ano de 1982. Pois bem, poucos sabem disso, mas aquele era apenas um remake desse filme original, "Sangue de Pantera" de 1942. O argumento é basicamente o mesmo. O enredo gira em torno de uma antiga maldição que acabou dando origem a uma linhagem de mulheres que se transformam em panteras quando são traídas ou ofendidas. A personagem Irena Dubrovna ainda não sabe se isso tem alguma veracidade ou se é apenas uma lenda de sua país, a Sérvia. O roteiro procura explorar o suspense que nasce dessa situação. No mais perfeito clima noir o filme se desenvolve muito bem e apresenta soluções excelentes para os momentos mais tensos. Como não havia ainda tecnologia para mostrar uma mulher se transformando em pantera, o cineasta Jacques Tourneur acabou criando cenas de alto impacto. Por exemplo, ao invés de mostrar a transformação em si, de forma explícita, ele apenas a sugere com vestígios, como as pegadas de um sapato feminino no chão que aos poucos vão sendo substituídos por marcas de patas de felinos. Desse tipo de sugestão, que nada mostra, mas deixa claro, é que vemos a inteligência de seus realizadores. Outra cena muito boa acontece numa piscina coberta, quando Alice Moore (Jane Randolph) fica aterrorizada com a iminente presença de uma fera no local. Uma pantera negra prestes a atacar sua presa! Enfim, um belo suspense noir, cheio de sacadas bem boladas e inteligentes, tudo associado a um roteiro muito bem escrito e eficiente. É de fato um pequeno clássico em seu gênero.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Alma no Lodo

Título no Brasil: Alma no Lodo
Título Original: Little Caesar
Ano de Produção: 1931
País: Estados Unidos
Estúdio: First National Pictures
Direção: Mervyn LeRoy
Roteiro: W.R. Burnett, Robert N. Lee
Elenco: Edward G. Robinson, Douglas Fairbanks Jr., Glenda Farrell
  
Sinopse:
Little Caesar (Edward G. Robinson) é um bandido que vive de pequenos golpes, como roubos em postos de gasolina. Ao se deparar com a notícia de um grande jornal de Nova Iorque ele percebe a diferença entre ser um bandido pé de chinelo e ser um grande e poderoso gângster de uma grande cidade americana. Assim resolve deixar sua cidade natal e vai até a grande metrópole no objetivo de entrar na gangue de Pete Montana (Ralph Ince). Violento e ambicioso, começa a subir na hierarquia do crime. Após matar um importante comissário de polícia resolve se tornar o chefão de sua própria quadrilha. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado. 

Comentários:
Segundo várias biografias de Al Capone esse era o seu tipo preferido de filme. Não é de se admirar, até porque na maioria das vezes os roteiros eram meras adaptações de sua própria vida pessoal. Assim o mais famoso gangster da história se sentia lisonjeado em ser retratado nas telas. Tal como aconteceu com James Cagney, o ator Edward G. Robinson construiu sua carreira interpretando criminosos, gangsters violentos e cruéis. Cagney ainda procurava injetar certos aspectos de humanidade em seus personagens, mas Robinson não estava muito preocupado com isso. Seus bandidos eram violentos, desalmados e cruéis. Ele próprio dizia, sem rodeios, que já nascera com cara de bandido (o que não deixava de ser uma verdade). Nesse filme ele dá vida a Little Caesar, que se tornaria um de seus personagens mais famosos. Aquele tipo de gangster que a platéia adorava odiar! O curioso é que o roteiro gira praticamente em torno dele e de seu comparsa mais antigo, Joe Massara (Douglas Fairbanks Jr), um criminoso incomum que não conseguia se decidir entre escolher o mundo do crime ou da dança (isso mesmo, um gangster que adorava dançar!). O enredo está cheio de assassinatos, crimes violentos, roubos e tiroteios. Esse tipo de filme, realizado na década de 1930, acabaria sendo alvo do Macartismo alguns anos depois, sendo apontado como um exemplo de como Hollywood gostava de glorificar e glamorizar a vida de criminosos infames da época. Não é para tanto. O roteiro parece preocupado o tempo todo em mostrar que o crime não compensa, a ponto inclusive de abrir o filme com uma passagem do Novo Testamento quando Jesus disse: “Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada pela espada morrerão!" (Mateus 26:52). O destino de Little Caesar só confirmaria a famosa frase, mostrando claramente as intenções do roteiro. Assim temos aqui um dos mais famosos filmes sobre gangsters da era de ouro do cinema clássico americano. Um belo retrato de uma época violenta e brutal.

Pablo Aluísio.

Jejum de Amor

Título no Brasil: Jejum de Amor
Título Original: His Girl Friday
Ano de Produção: 1940
País: Estados Unidos
Estúdio:  Columbia Pictures
Direção: Howard Hawks
Roteiro: Charles Lederer, Ben Hecht
Elenco: Cary Grant, Rosalind Russell, Ralph Bellamy, Gene Lockhart, Porter Hall, Ernest Truex

Sinopse:
Baseado na peça teatral intitulada "The Front Page", o filme "Jejum de Amor" conta a história de um editor de jornal que usa de todos os truques para que sua ex-esposa não venha a se casar novamente.

Comentários:
Esse clássico filme romântico foi mais um dos escolhidos para fazer parte de uma seleta lista que procurou preservar grandes obras cinematográficas do passado, tudo sob a supervisão do Congresso dos Estados Unidos. Diante dessa informação você já começa a entender sua importância dentro da cultura norte-americana. Mas calma, não pense que é um filme pesado. chato, enfadonho ou nada do gênero. Na realidade é uma deliciosa comédia romântica dos anos 40, valorizada por uma inspirada interpretação do sempre ótimo Cary Grant. Ele não consegue tirar sua ex-esposa da cabeça e começa a mexer os pauzinhos para destruir os planos dela de se casar novamente. Situação complicada. Enfim, ótimo filme, um delicioso momento do cinema de Howard Hawks.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Boneca de Carne

Título no Brasil: Boneca de Carne
Título Original: Baby Doll
Ano de Produção: 1956
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Elia Kazan
Roteiro: Tennessee Williams
Elenco: Karl Malden, Carroll Baker, Eli Wallach, Mildred Dunnock
  
Sinopse:
Archie Lee (Karl Malden) é um fazendeiro arruinado, cheio de hipotecas para pagar, que não encontra mais nenhuma fonte de renda em sua propriedade falida, uma velha mansão sulista caindo aos pedaços. Casado com um mulher vinte anos mais jovem, de mente adolescente e boba, a infantil Baby Doll (Carroll Baker), que o despreza completamente, ele decide de forma desesperada cometer um crime, colocando fogo em uma máquina do sindicato dos plantadores de algodão, para assim lucrar alguma coisa na manufatura do produto em sua própria fazenda. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Atriz (Carroll Baker) e Melhor Atriz Coadjuvante (Mildred Dunnock).

Comentários:
Tennessee Williams era um gênio. Um escritor brilhante que soube como poucos captar a alma do sulista norte-americano. Aqui ele abre vistas para um casal disfuncional. Ele é um sujeito fracassado, arruinado financeiramente, gordo e careca, que não consegue mais esconder de ninguém que já não conseguirá alcançar mais nada em sua vida. Ela é uma garota mimada, desbocada, ofensiva e imatura, que transforma a vida do marido em um inferno maior do que ela já é! Para piorar levou a tiracolo sua tia, uma senhora idosa com problemas mentais, para morar com eles. Após a loja de móveis levar toda a mobília de sua velha casa embora por falta de pagamento, Archie Lee (Malden) resolve tomar uma decisão extrema: tocar fogo na descaroçadeira de algodão do sindicato para assim levar os produtores a lhe procurar, pois ele tem uma máquina dessas, meio acabada pelo tempo, é verdade, mas que ainda funciona, aos trancos e barrancos. Uma desesperada tentativa de ganhar algum dinheiro. 

Silva Vacarro (Eli Wallach) é um dos produtores que acabam procurando Archie depois do incêndio. Ele desconfia que foi Lee quem colocou fogo em tudo e por isso vai até sua propriedade rural, não apenas para alugar sua velha máquina, mas também para seduzir sua jovem e bobinha esposa. O texto de Tennessee Williams mostra os perigos de se viver em uma ilusão, tentando-se criar uma realidade forçada, imposta. O casamento de Archie Lee e Baby Doll é um desastre em todos os aspectos. Ela não o respeita, o despreza e o humilha, mas ele insiste em continuar casado com ela, dando origem a uma relação doentia e fadada ao completo fracasso. Inseguro, não consegue consumar seu casamento com a própria esposa, ao mesmo tempo em que vive em estado de tensão esperando pela inevitável traição por parte dela. Uma aula sobre as mesquinharias da alma humana que apenas Tennessee Williams teria talento para colocar no papel. Some-se a isso a incrível sensibilidade do diretor Elia Kazan e do excelente trio de protagonistas e você certamente terá um dos melhores filmes americanos da década de 1950. Um clássico do cinema simplesmente imperdível. Uma maravilhosa obra prima cinematográfica. Nota dez com louvor!
 
Pablo Aluísio.

O Enviado de Satanás

Título no Brasil: O Enviado de Satanás
Título Original: Alias Nick Beal
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: John Farrow
Roteiro: Jonathan Latimer, Mindret Lord
Elenco: Ray Milland, Audrey Totter, Thomas Mitchell
  
Sinopse:
Joseph Foster (Thomas Mitchell) é um procurador honesto que apesar dos esforços não consegue condenar nos tribunais um famoso chefão de quadrilha do crime organizado de sua cidade. As provas que o condenariam são queimadas. Desesperado e ambicionando uma carreira de sucesso também no mundo político (ele almeja se tornar o próximo governador de seu estado), acaba dizendo a frase: "Eu daria minha alma para prender esse homem!". Em pouco tempo surge Nick Beal (Ray Milland) em sua vida, um sujeito misterioso que começa a lhe ajudar na realização de seus sonhos de vaidade e ambição.
 
Comentários:
Apesar do título nacional sugerir isso, não se trata de um filme de terror. É um drama com toques de suspense que foi nitidamente inspirado no famoso poema "Fausto" de Johann Wolfgang von Goethe. O argumento é basicamente o mesmo e se desenvolve quando um homem íntegro e honesto acaba caindo nas garras da ambição e vaidade pessoal, fazendo um pacto com o diabo para realizar seus desejos de riqueza e poder. Nesse processo acaba perdendo sua própria alma. O roteiro explora esse personagem, um procurador que começa a esquecer seus valores e princípios, tudo ambicionado por uma carreira política de sucesso. O tal enviado de Satanás (um título muito exagerado e pouco sutil do tradutor brasileiro, é bom frisar) é interpretado por Ray Milland. Um sujeito estranho que parece sempre surgir das sombras, nos momentos mais decisivos. Seus conselhos são sempre antiéticos e manipuladores, mas no calor do momento soam pertinentes e adequados para Joseph. De decisão em decisão o antes honesto e correto Joseph Foster começa a se afundar na lama da corrupção. Enquanto isso Nick Beal (Milland) vai se deliciando com a fraqueza e a pobreza espiritual dos homens em geral. O próprio nome do personagem interpretado por Ray Milland traz pistas, pois lembra Baal, um velho demônio da mitologia antiga. Um belo filme, muito interessante, valorizado por uma estética noir que lhe acrescenta e muito em termos cinematográficos. Em suma, um bom programa e uma bem realizada releitura do poema imortal de Goethe.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

A Loja da Esquina

Título no Brasil: A Loja da Esquina
Título Original: The Shop Around the Corner
Ano de Produção: 1940
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Ernst Lubitsch
Roteiro: Samson Raphaelson, Miklós László
Elenco: Margaret Sullavan, James Stewart, Frank Morgan
  
Sinopse:
Alfred Kralik (James Stewart) é o melhor vendedor de uma loja de variedades em Budapeste, na Hungria. Quando Klara Novak (Margaret Sullavan) é contratada para trabalhar no mesmo estabelecimento começam os atritos. Eles não se dão muito bem e em pouco tempo a convivência começa a se tornar intolerável. O que eles nem desconfiam é que trocam cartas apaixonadas entre eles, em um programa de encontros anônimos. Apaixonados na escrita, mas implicantes no trato pessoal, eles terão uma surpresa e tanto quando suas verdadeiras identidades são reveladas depois de um longo período de troca de correspondências.

Comentários:
Pauline Kael foi uma das mais famosas críticas de cinema da história do jornalismo americano. Ela manteve uma coluna periódica na publicação "The New Yorker" por longos anos. Seus textos eram extremamente influentes e poderia levar um filme ao fracasso completo caso escrevesse uma crítica negativa. Ela era conhecida por sua aspereza e forma ácida com que destruía filmes que não lhe agradassem. Mesmo sendo considerada implacável em suas avaliações ela acabou se rendendo ao charme desse charmoso "The Shop Around the Corner". Na verdade ela se encantou tanto com essa produção que chegou ao ponto de escrever que era uma das melhores comédias românticas da história do cinema americano! Um elogio e tanto partindo de alguém que era conhecida por ser tão pouco generosa na distribuição de elogios cinematográficos. A boa notícia é que ela tinha toda a razão. Esse filme é de fato uma delícia em todos os aspectos. O roteiro é cativante e emociona o espectador não apenas pela singeleza de seu enredo, mas também pelas excelentes atuações da dupla central de atores. James Stewart sempre foi o tipo ideal para dar vida a personagens de uma honestidade de sentimentos fora do comum. Com poucos minutos você já sabe que ele é uma pessoa em que se pode confiar. Margaret Sullavan era outra preciosidade das telas. Simpática, mas também passando a sensação de ser uma mulher dos novos tempos, ela se deu muito bem ao contracenar com Stewart, dando credibilidade à dúbia situação pela qual passa sua personagem. Em suma, um dos clássicos mais charmosos da década de 1940. Uma verdadeira jóia do cinema clássico americano. Simplesmente imperdível para cinéfilos de estilo.

Pablo Aluísio.

O Crime não Compensa

Título no Brasil: O Crime não Compensa
Título Original: Knock on Any Door
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Nicholas Ray
Roteiro: Daniel Taradash, John Monks Jr
Elenco: Humphrey Bogart, John Derek, George Macready
  
Sinopse:
Andrew Morton (Humphrey Bogart) é um advogado criminalista que decide defender o jovem Nick Romano (John Derek) nos tribunais. Ele está sendo acusado de ter matado um policial durante uma fuga, após um assalto frustrado. Morton conhece Romano há muitos anos, desde que defendeu seu pai no passado, também acusado de crimes no bairro onde morava. Para o advogado, Romano seria inocente e seu passado de pequenos crimes seria apenas fruto de uma vida complicada, pois perdeu seu pai muito cedo, ainda em sua adolescência.

Comentários:
"Viva rápido, morra jovem e se torne um belo cadáver" - Esse é o lema do jovem criminoso Nick Romano (Derek) nesse filme. Criado nas ruas, tendo logo cedo contato com a criminalidade, ele acaba se envolvendo numa acusação de homicídio de um tira, logo após um assalto mal sucedido. O advogado Morton (Bogart) acredita em sua inocência e resolve lutar para provar sua inocência. O problema básico é que o jovem tem uma longa ficha policial em seu passado, pois desde a morte do pai não deixou mais de praticar pequenos crimes pelas redondezas onde mora. Esse filme é mais um da safra do excelente cineasta Nicholas Ray que enfoca a delinquência juvenil, um problema considerado muito sério na sociedade americana da época. Sua grande obra prima, explorando esse mesmo tema, viria alguns anos depois com o clássico jovem "Juventude Transviada" com o mito James Dean. Aqui ele já ensaia passos que iria usar em seu grande filme. Nicholas Ray tenta provar algumas teses com esse roteiro. A mais importante delas seria a de que muitos criminosos, principalmente os jovens, seriam na verdade vítimas da própria sociedade. É a velha teoria da justificativa social do crime. Uma maneira mais humana de entender as causas da criminalidade dentro da vida de alguns excluídos do sistema. Claro que hoje em dia essa visão está bem desacreditada, principalmente no momento atual que vivemos em nosso país. De qualquer maneira, olhando-se puramente pelo ponto de vista cinematográfico, temos aqui um bom filme, valorizado pelo uso inteligente de flashbacks e pela sempre bem-vinda presença de Humphrey Bogart que tem um longo monólogo no tribunal na cena final do filme.

Pablo Aluísio.

domingo, 21 de janeiro de 2018

E as Chuvas Chegaram

Título no Brasil: E as Chuvas Chegaram
Título Original: The Rains Came
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Clarence Brown
Roteiro: Philip Dunne, Julien Josephson
Elenco: Myrna Loy, Tyrone Power, George Brent
  
Sinopse:
Lady Edwina Esketh (Myrna Loy) e seu marido Lord Albert Esketh (Nigel Bruce) decidem viajar até a distante Ranchipur, na Índia, para comprar maravilhosos cavalos de raça do marajá. Lá acabam reencontrando um velho amigo, Tom Ransome (George Brent), um pintor inglês muito conhecido por ser um aventureiro que viaja o mundo em busca de diversão e emoções exóticas. Também conhecem o Major Rama Safti (Tyrone Power), um médico do exército que dedica sua vida a ajudar os mais humildes e necessitados. A aproximação com Safti acaba abalando Edwina que acaba se descobrindo apaixonada por ele, mesmo sendo casada. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais.

Comentários:
Por essa época Hollywood ficou muito interessada em produzir filmes românticos passados em lugares exóticos do mundo. Esse tipo de romance estava muito popular, atiçando a imaginação das mulheres americanas que sentiam-se massacradas pelo cotidiano duro do dia a dia e de seus relacionamentos convencionais e entediantes. Já que seus casamentos eram chatos e enfadonhos nada melhor que fantasiar, nem que fosse em breves momentos, por belas histórias de amor. Para isso era necessário apenas comprar uma entrada de cinema. Assim nada mais atraente do que vivenciar (mesmo que apenas nas telas) um romance de folhetim em regiões distantes e isoladas do chamado mundo civilizado. E se o galã fosse Tyrone Power então as coisas ficariam ainda mais atraentes para o público feminino. Não é de se admirar que esse tipo de filme rendesse ótimas bilheterias. "The Rains Came" ainda conta em seu enredo com esse fator picante envolvendo uma mulher casada que acaba sentindo uma surpreendente paixão por um médico idealista que dedica sua vida a ajudar os mais pobres. Para completar some-se a isso eventos incontroláveis da natureza, como uma tempestade que une a todos em volta da luta pela sobrevivência e você terá todos os ingredientes que fazem um grande épico de aventura e romance. O filme é tecnicamente muito bem realizado (e por essa razão acabou sendo indicado a vários prêmios técnicos na Academia como edição, som e direção de arte). A fotografia também é outro destaque (o que lhe valeu também outra importante indicação ao Oscar para o diretor de fotografia Arthur C. Miller). Em suma, paixão e aventura em um belo momento épico do cinema clássico americano na década de 1930, em um tempo distante em que ser romântico não era visto como algo ultrapassado e fora de moda.

Pablo Aluísio.

Nunca Deixei de Te Amar

Título no Brasil: Nunca Deixei de Te Amar
Título Original: Never Say Goodbye
Ano de Produção: 1956
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal International Pictures
Direção: Jerry Hopper, Douglas Sirk
Roteiro: Luigi Pirandello, Bruce Manning
Elenco: Rock Hudson, Cornell Borchers, George Sanders
  
Sinopse:
O Dr. Michael Parker (Rock Hudson) é um bem sucedido cirurgião que enfrenta uma grave situação em sua vida pessoal, envolvendo sua esposa e um misterioso assassinato. Encurralado por algo que não mais consegue controlar, ele começa então a relembrar como conheceu sua amada e doce mulher, ainda durante a Segunda Guerra Mundial, na bucólica e linda Áustria. Filme baseado na peça teatral escrita pelo autor Luigi Pirandello intitulada originalmente como "Come prima, meglio di prima".

Comentários:
A carreira do ator Rock Hudson pode ser dividido em duas fases. Na primeira ele desempenhava heróis românticos em dramas sofridos e tristes na Universal. Era a época em que Rock virou um dos mais populares astros de Hollywood, geralmente em personagens galãs que procuravam por algum tipo de redenção pessoal após uma grande tragédia acontecer em suas vidas. Depois dessa fase inicial Rock finalmente descobriu a força das comédias românticas e ao lado da atriz e amiga Doris Doy começou a estrelar simpáticos e divertidos filmes cujos roteiros brincavam com as diferenças de agir, pensar e amar entre homens e mulheres. Rock trocou a estampa de galã de romances trágicos para comédias românticas bem humoradas. Esse "Never Say Goodbye" pertence ainda à primeira fase da carreira de Rock. São dramas pesados, complexos e sofridos. Os personagens vivem algum tipo de situação extrema, que os levam ao limite completo de suas forças emocionais, amorosas e psicológicas. O grande cineasta Douglas Sirk dirigiu parte do filme, mas ao final deixou que fosse creditado inteiramente ao diretor Jerry Hopper e por essa razão seu nome não aparece nos créditos. Um ato de generosidade com o colega de estúdio. Considero um dos melhores dramas da carreira de Rock, transitando muito bem entre o amor impossível e a força de uma paixão que supera a tudo e a todos.

Pablo Aluísio.

sábado, 20 de janeiro de 2018

Nas Garras do Ódio

Título no Brasil: Nas Garras do Ódio
Título Original: The Nanny
Ano de Produção: 1965
País: Inglaterra
Estúdio: Hammer Films
Direção: Seth Holt
Roteiro: Jimmy Sangster
Elenco: Bette Davis, Wendy Craig, Jill Bennett, James Villiers, William Dix, Pamela Franklin

Sinopse:
Baseado na novela de suspense escrita por Marryam Modell, o filme conta a história de antipatia que um garotinho nutre pela mulher que foi babá de sua mãe e que continuou a morar com a família, mesmo após muitos anos. O menino é problemático e acusa a babá de ter matado sua irmã.

Comentários:
Um combinação interessante. A Hammer Films, produtora especializada em filmes de terror como Drácula, etc, contratou a atriz  Bette Davis nos anos 1960 para atuar nessa produção de suspense. O roteiro mostra uma família bem disfuncional. A mãe sofre de depressão e não consegue lidar com os problemas do dia a dia. O marido é um sujeito distante que não aguenta passar muito tempo naquela casa e o filho, bem, o filho é o mais problemático de todos. Rebelde, mimado, ofensivo, ele odeia a babá da sua mãe (interpretada por Davis) que continuou morando com ela, mesmo já adulta e casada. O menino afirma que ela matou sua irmã em circunstâncias mal esclarecidas. Assim o roteiro deixa tudo no ar: o garoto seria apenas um moleque mal criado, mentiroso e infernal ou estaria mesmo dizendo a verdade? Bette Davis, já na velhice, como sempre, tem muita dignidade em cena. Com uma maquiagem que lhe deu grossas sobrancelhas ela parece sempre calma, paciente e gentil, mas essa seria sua personalidade verdadeira ou apenas uma máscara para esconder os mais inconfessáveis desejos de cometer crimes? Assista ao filme para descobrir.

Pablo Aluísio.