sexta-feira, 16 de março de 2007

Cary Grant: An Affair to Remember

Nickie Ferrante (Cary Grant) é um playboy conquistador que se apaixona por uma espirituosa passageira, Terry McKay (Deborah Kerr), durante uma viagem de navio entre a Europa e os Estados Unidos. O problema é que ambos estão comprometidos. Ele com uma rica herdeira nova-iorquina e ela por um homem bem sucedido que a venera. Quando a viagem chega ao fim resolvem criar um pacto romântico. Caso não se casem em seis meses com seus respectivos e atuais pares, se encontrarão no alto do prédio Empire State (um dos cartões postais de Nova Iorque) para firmarem compromisso entre si.

Um dos filmes românticos mais famosos de Hollywood. "Tarde Demais Para Esquecer" marcou época por causa de sua trama romântica e cheia de charme. Junte a isso um casal muito entrosado em cena e uma trilha sonora simplesmente inesquecível (cantada pelo ótimo cantor Vic Damone). O roteiro criou escola no cinema americano, tanto que o filme acabou sendo refeito duas vezes nos anos seguintes (versões com Tom Hanks e Warren Beatty). O que poucos sabem é que o próprio "Tarde Demais Para Esquecer" era o remake de um clássico da década de 1930 chamado "Duas Vidas" estrelado pela atriz Irene Dunne (hoje injustamente esquecida). Em termos práticos podemos notar duas partes bem distintas na produção. Na primeira acompanhamos o casal se conhecendo e finalmente se apaixonando dentro do transatlântico. Em minha opinião é o melhor momento do filme. Cary Grant com todo seu charme tenta superar sua fama de "conquistador barato" para conquistar a bela e madura Deborah Kerr (muito bonita no filme, elegante e vestida com alta costura).

A aproximação entre eles é sutil, feita de pequenos momentos - como convém a um romance passado na década de 50. Já a segunda parte mostra os encontros e desencontros do casal em terra firme (e que não seria adequado comentar detalhes aqui para não atrapalhar os que ainda não assistiram). Esse segundo ato é um pouco inferior ao primeiro. Subtramas desnecessárias aparecem (como o grupo infantil) e números musicais se alongam além do razoável. Mesmo assim o clímax, apesar de um pouco apressado, fecha com chave de ouro a trama. Infelizmente nos dias atuais já não temos tantos filmes assim. Os próprios relacionamentos mudaram, a moralidade que movia os personagens de "Tarde Demais Para Esquecer", com toda a culpa pela suposta infidelidade, não existe mais. As pessoas hoje em dia simplesmente traem, sem necessidade de encontros marcados em noites chuvosas! Os romances são mais rasos e passageiros e quanto menos envolvimento existir, melhor. De qualquer forma para quem ainda gosta de um boa estória de amor o filme vai cair muito bem. Não há como negar que ele envelheceu um pouco, podendo soar meloso para os mais jovens, mas mesmo assim isso é o de menos pois seu saudosismo acabou virando um charme a mais em um filme já tão charmoso, mesmo após tantos anos de seu lançamento.

Tarde Demais Para Esquecer (An Affair to Remember, Estados Unidos, 1957) Estúdio:  Twentieth Century Fox / Direção: Leo McCarey / Roteiro: Delmer Davis, Leo McCarey / Elenco: Cary Grant, Deborah Kerr, Richard Danning, Neva Patterson, Cathleen Nesbitt, Robert Q. Lewis / Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia, Melhor Figurino, Melhor Som e Melhor Música Original (An Affair to Remember).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de março de 2007

Elizabeth Taylor


Elizabeth Taylor
Foto promocional de Liz Taylor para a MGM durante a década de 1950. Ela começou sua carreira ainda criança e havia dúvidas se poderia fazer a complicada transição para a carreira adulta, afinal grandes atrizes mirins como até mesmo Shirley Temple passavam por dificuldades para manter a carreira após a adolescência. Talvez por não ter sido tão famosa na infância como Temple e por ter se tornado uma bonita adolescente, Liz teve muito mais sorte, a ponto inclusive de atingir o seu auge de sucesso justamente nessa fase.

Pablo Aluísio.

Paul Newman - Somebody Up There Likes Me

Uma série rara de fotos de Paul Newman no set de filmagem e bastidores do filme "Marcado Pela Sarjeta" ("Somebody Up There Likes Me" de 1956). Na ocasião Newman teve a oportunidade de conhecer pessoalmente o próprio personagem que interpretava, Rocky Graziano, o que foi uma ferramenta a mais para ele em sua interpretação. 

Curiosamente Newman não queria conhecer o lutador com receios de não gostar dele - imagine o drama de se dar vida na tela a uma pessoa de quem não se tenha simpatia! Apesar desse receio no final se encontrou com Rocky e para seu alívio acabou gostando do sujeito - o que facilitou bastante no resultado final. Newman costumava chamar esse de "seu primeiro filme" pois queria esquecer a má experiência de "O Cálice Sagrado" em sua carreira.



quarta-feira, 14 de março de 2007

Elizabeth Taylor e James Dean


Elizabeth Taylor e James Dean
Na foto tirada no set de filmagens de "Giant" (Assim Caminha a Humanidade, no Brasil), James Dean e Elizabeth Taylor trocam figurinhas. É curioso que ambos tenham se dado tão bem pessoalmente. Dean era a anti-estrela por definição, odiava todo o sistema mais comercial do cinema americano e não gostava de fazer concessões, como dar entrevistas e promover nem seus próprios filmes. Andava mal vestido e era considerado um ator rude com jornalistas em geral. Já Liz Taylor era ao lado de Marilyn Monroe o exemplo máximo de uma estrela de sucesso em Hollywood. Sempre aparecendo nas mais prestigiadas capas de revistas, lançando moda, dando entrevistas e fazendo tudo o que se esperava de uma atriz como ela. Era naquele momento a queridinha dos estúdios por onde trabalhava. De qualquer maneira, apesar de serem artistas tão diferentes, Dean viu em Taylor uma amizade sincera. Ele certamente não se deu bem com Rock Hudson no set de filmagens mas com Liz criou um vínculo genuíno de amizade e aproximação. Foram amigos até o fim da breve vida de Dean, que morreria não muito tempo depois, de um terrível acidente de carro na estrada de Salinas.

Pablo Aluísio.

O churrasco de Rock Hudson

Na foto ao lado o ator Rock Hudson tenta fazer mais um churrasco em sua casa. Segundo seus amigos, em depoimento para o livro "Rock Hudson - Uma Vida", ele sempre queimava a carne nessa ocasiões. E qual seria a razão? Rock gostava de ficar conversando com os convidados, jogando conversa fora e bebendo (bebendo muito). Havia também uma ótima coleção de discos para se ouvir. Com isso Rock ia adiando o quanto podia o serviço do almoço. E quando a carne chegava, já estava toda queimada, de tanto ficar no forno assando!

Rock também curtia muito o natal, mas curiosamente gostava mais de dar presentes do que receber. Ele tinha verdadeira admiração pelo espírito de natal e por isso caprichava bem nessa ocasiões. Interessante é que apesar de Rock não ser nem um pouco religioso, amava o natal, as trocas de presentes e tudo mais. E ele era bom em fazer embalagens, pois já havia trabalhado como empacotador quando era jovem, numa loja de departamentos da sua cidade. Como se vê os astros da Hollywood clássica também tinham seus talentos e pequenos defeitos escondidos, como por exemplo presentear a todos no natal e queimar muitos quilos de bife em churrascos animados que pareciam nunca terminar e nunca ser servido o almoço.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de março de 2007

Marilyn Monroe em Nova Iorque


Uma série bastante rara de fotos de Marilyn Monroe em Nova Iorque. Ela foi para a "capital do mundo" para estudar no famoso e conceituado Actor´s Studio. Certa vez um jornalista americano perguntou a Marilyn porque ela estava agora estudando arte dramática já que ela tinha se tornado uma estrela de primeira grandeza em Hollywood. Marilyn, também muito bem humorada respondeu: "Estou estudando porque assisti a todos os meus filmes".





O Velho Oeste do Mundo Real

John Wayne em começo de carreira virou símbolo de toda uma era. De arma em punho enfrentando todos os bandidos. Alguns aspectos dos antigos faroestes merecem reflexão. Na realidade o velho oeste americano não foi tão violento como se pensa. Alguns historiadores estão revendo certos clichês que na verdade sempre foram puramente cinematográficos.

Os primeiros filmes de cowboy não foram baseados na história mas sim em literatura de bolso, que era muito popular naqueles tempos. Billy The Kid era muito diferente do que era retratado nesses produtos. Na verdade ele era um bandido pé de chinelo de um lugarejo perdido no meio do nada.

O mesmo vale para os famosos duelos nas ruas empoeiradas do oeste americano. Alguns pesquisadores encontraram registros reais de xerifes do velho oeste que mostram que qualquer cidade moderna era bem mais violenta que as famosas Dodge City ou Tombstone. Em Dodge City no ano de 1883 houve apenas 2 mortes!

Esse tipo de dado seria simplesmente comemorado em cidades brasileiras onde morrem milhares de pessoas todos os anos - ou para ser mais exato 50 mil mortes por ano. Então essa coisa de dizer que o Brasil está virando o velho oeste americano é injusto com o western, uma vez que lá, quem diria, era muito mais pacífico do que a realidade que vivemos em nosso dia a dia.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 12 de março de 2007

Rock Hudson: A Luta contra a AIDS

Em busca de algum tipo de tratamento para a AIDS, Rock Hudson pegou o primeiro avião para Paris. Ele não gostava da cidade, achava o clima ruim e desde que estivera por lá pela última vez não guardou boas lembranças. Agora porém o ator tinha que deixar isso de lado para tentar sobreviver a essa nova doença incurável. Na capital francesa Rock deu entrada no Hospital Geral. Após os primeiros exames se constatou que sua carga viral estava muito alta e seu organismo bem debilitado. Rock havia perdido muito peso apenas nos últimos dias e seu hábito de fumar e beber não estava ajudando em nada.

Ainda em fase experimental o ator foi submetido a um coquetel químico (que anos depois seria aperfeiçoado, dando sobrevida a muitos pacientes com AIDS). Naquele tempo porém tudo ainda era incerto. As agulhas deixaram hematomas nos braços de Rock e ele passou mal em todas as sessões do tratamento. Antes de ser submetido a essa bateria de medicamentos ele precisou assinar um termo de responsabilidade, isentando o hospital de futuros processos judiciais caso algo desse errado. De certa maneira Rock, desesperado por algum tipo de cura, acabou se colocando na delicada posição de ser uma cobaia humana. Apesar do desconforto inicial Rock foi percebendo que estava bem melhor do que antes. As náuseas frequentes e os ataques de insônia - que o deixaram sem dormir por vários dias - desapareceram. Diante disso Rock foi orientado a retornar para os Estados Unidos e depois voltar, dentro de um mês, a Paris, para uma nova sessão de terapia intensiva.

De volta à Los Angeles Rock começou a perceber que sua viagem a Paris havia despertado a curiosidade de alguns meios e jornais sensacionalistas. Começou a circular por Hollywood o boato de que ele estaria morrendo de câncer. Alguns amigos da indústria cinematográfica, antigas estrelas do cinema clássico americano, como Elizabeth Taylor, telefonaram a Rock para saber se estava tudo bem! Rock desmentiu todos os boatos, mas ficou preocupado com a possibilidade de que algum jornalista viesse a descobrir que ele estava com AIDS. Seu assistente Mark relembraria a situação dizendo: "A AIDS naquele tempo era associada aos gays de San Francisco, pessoas promíscuas que não se cuidavam. Era uma doença de rua, que atingia homossexuais pobres, que faziam programa! Por isso muitos chamavam a AIDS de o câncer gay".

Havia muitas dúvidas no ar também. Poderia a AIDS ser transmitida por talheres, copos e pelo uso de instalações em comum, como banheiros etc? Ninguém sabia. Por isso Rock mandou separar todos os seus pratos e utensílios para que ninguém mais os usassem. Também passou a limpar seu próprio banheiro em sua suíte no castelo. Não queria que nenhum de seus empregados fosse exposto a qualquer risco de contágio. Rock nesse aspecto só errou gravemente em um ponto: não ter mandado embora Marc Christian, o homem com quem supostamente vivia. Marc não estava com AIDS e depois processou o espólio de Rock, exigindo milhões em indenizações, por não ter sido avisado que Rock estava com AIDS. Ele alegou na corte de justiça que Rock continuou a ter relações sexuais com ele mesmo após saber que tinha AIDS. Fato esse que foi negado por Mark e Geoge Nader, os amigos mais próximos de Rock. Mark disse: "Rock havia ficado com aversão a Marc Christian depois que soube que ele havia sido garoto de programa para gays endinheirados da Califórnia. Na verdade Rock só não o expulsou de sua mansão, o castelo, com medo de que Christian se tornasse morador de rua, pois ele não tinha emprego e nem onde morar. Sua bondade foi recompensada com uma facada pelas costas! O processo de Christian após a morte de Rock foi completamente injusto. Ele não tinha gratidão a ninguém!"

Pablo Aluísio.

Marilyn Monroe


Marilyn Monroe 
A famosa atriz, em uma foto clássica, mas com um acabamento moderno, mostrando que pelo menos no mundo da moda, ela continua tão atual como sempre foi. É um ícone do cinema e do mundo da moda, sem a menor sombra de dúvidas.

Pablo Aluísio.

domingo, 11 de março de 2007

Rock Hudson: Dinastia

Mesmo doente e diagnosticado com o vírus da AIDS, Rock Hudson se recusou a parar de trabalhar. O trabalho como ator era a base de sua vida e ele simplesmente não poderia deixar de atuar. Sua carreira no cinema havia entrado em um impasse e por essa razão Rock começou a trabalhar na TV, em séries de sucesso. Em 1984 ele recebeu o convite para aparecer na série de grande sucesso de audiência "Dinastia". Rock iria interpretar um personagem que aparecia em apenas cinco episódios, mas pelo sucesso do programa essa era uma ótima oportunidade.

Os roteiros eram entregues com poucos dias antes das filmagens, por isso Rock não sabia exatamente o que faria na série. Quando o estúdio enviou o roteiro do quinto episódio Rock se viu diante de uma situação delicada. Havia uma cena em que ele beijaria a atriz Linda Evans. Naquele momento ninguém sabia ao certo se a AIDS podia ser transmitida por um beijo, por isso Rock ficou apreensivo. Ao ligar para seu médico em Paris esse lhe esclareceu que o vírus da AIDS havia sido detectado na saliva humana, mas as pesquisas ainda não tinham chegado em uma conclusão definitiva se o beijo poderia transmitir a doença.

Rock ficou sem saber o que fazer. Se dissesse a verdade para a emissora certamente seria demitido. A imprensa com a notícia faria a festa em torno de seu nome e sua carreira estaria acabada. Se Rock pedisse que a cena fosse modificada ele despertaria suspeitas. O que fazer? Rock ficou uma semana em crise de consciência até que avisou ao seu secretário particular que faria a cena, beijaria a atriz, mas de boca fechada para evitar qualquer perigo de contágio. E assim a cena foi feita. Rock que sempre fora um ator conhecido por ter um ótimo beijo técnico acabou ficando completamente travado na hora de gravar. Apesar de tudo cumpriu sua promessa e beijou Linda Evans de boca fechada, dando um selinho inofensivo nela.

Isso porém não fez com que os boatos sobre sua saúde sumissem. Pelo contrário, eles só aumentaram. Durante as filmagens de "Dinastia" Rock deixou transparecer seus problemas de saúde. Ele começou a perder peso em um ritmo assustador. Também não conseguia fazer as refeições ao lado do resto do elenco pois tinha graves crises depois se comesse muito. Passou a parecer exausto em todas as situações. Pior do que isso, Rock começou perder sua capacidade de decorar seus textos, algo vital na profissão de qualquer ator. O diretor de "Dinastia" percebeu que algo estava errado e passou a distribuir pequenos cartões com os diálogos de Rock pelo cenário. Isso causava um embaraço para o ator que foi percebendo que sua capacidade de trabalhar estava chegando ao fim. Ao fim de nove episódios a emissora então resolveu encerrar o contrato com Rock. Esse seria seu último trabalho na carreira. Uma semana depois, muito mal, Rock resolveu voltar para Paris para uma nova rodada do tratamento experimental. Ao amigo Mark confidenciou: "Eu estou com a peste! É isso, estou com a peste! Eu vou morrer!"

Pablo Aluísio.