Em busca de algum tipo de tratamento para a AIDS, Rock Hudson pegou o primeiro avião para Paris. Ele não gostava da cidade, achava o clima ruim e desde que estivera por lá pela última vez não guardou boas lembranças. Agora porém o ator tinha que deixar isso de lado para tentar sobreviver a essa nova doença incurável. Na capital francesa Rock deu entrada no Hospital Geral. Após os primeiros exames se constatou que sua carga viral estava muito alta e seu organismo bem debilitado. Rock havia perdido muito peso apenas nos últimos dias e seu hábito de fumar e beber não estava ajudando em nada.
Ainda em fase experimental o ator foi submetido a um coquetel químico (que anos depois seria aperfeiçoado, dando sobrevida a muitos pacientes com AIDS). Naquele tempo porém tudo ainda era incerto. As agulhas deixaram hematomas nos braços de Rock e ele passou mal em todas as sessões do tratamento. Antes de ser submetido a essa bateria de medicamentos ele precisou assinar um termo de responsabilidade, isentando o hospital de futuros processos judiciais caso algo desse errado. De certa maneira Rock, desesperado por algum tipo de cura, acabou se colocando na delicada posição de ser uma cobaia humana. Apesar do desconforto inicial Rock foi percebendo que estava bem melhor do que antes. As náuseas frequentes e os ataques de insônia - que o deixaram sem dormir por vários dias - desapareceram. Diante disso Rock foi orientado a retornar para os Estados Unidos e depois voltar, dentro de um mês, a Paris, para uma nova sessão de terapia intensiva.
De volta à Los Angeles Rock começou a perceber que sua viagem a Paris havia despertado a curiosidade de alguns meios e jornais sensacionalistas. Começou a circular por Hollywood o boato de que ele estaria morrendo de câncer. Alguns amigos da indústria cinematográfica, antigas estrelas do cinema clássico americano, como Elizabeth Taylor, telefonaram a Rock para saber se estava tudo bem! Rock desmentiu todos os boatos, mas ficou preocupado com a possibilidade de que algum jornalista viesse a descobrir que ele estava com AIDS. Seu assistente Mark relembraria a situação dizendo: "A AIDS naquele tempo era associada aos gays de San Francisco, pessoas promíscuas que não se cuidavam. Era uma doença de rua, que atingia homossexuais pobres, que faziam programa! Por isso muitos chamavam a AIDS de o câncer gay".
Havia muitas dúvidas no ar também. Poderia a AIDS ser transmitida por talheres, copos e pelo uso de instalações em comum, como banheiros etc? Ninguém sabia. Por isso Rock mandou separar todos os seus pratos e utensílios para que ninguém mais os usassem. Também passou a limpar seu próprio banheiro em sua suíte no castelo. Não queria que nenhum de seus empregados fosse exposto a qualquer risco de contágio. Rock nesse aspecto só errou gravemente em um ponto: não ter mandado embora Marc Christian, o homem com quem supostamente vivia. Marc não estava com AIDS e depois processou o espólio de Rock, exigindo milhões em indenizações, por não ter sido avisado que Rock estava com AIDS. Ele alegou na corte de justiça que Rock continuou a ter relações sexuais com ele mesmo após saber que tinha AIDS. Fato esse que foi negado por Mark e Geoge Nader, os amigos mais próximos de Rock. Mark disse: "Rock havia ficado com aversão a Marc Christian depois que soube que ele havia sido garoto de programa para gays endinheirados da Califórnia. Na verdade Rock só não o expulsou de sua mansão, o castelo, com medo de que Christian se tornasse morador de rua, pois ele não tinha emprego e nem onde morar. Sua bondade foi recompensada com uma facada pelas costas! O processo de Christian após a morte de Rock foi completamente injusto. Ele não tinha gratidão a ninguém!"
Pablo Aluísio.