As sessões de gravações da maioria das músicas que fizeram parte desse álbum são curiosas porque Elvis compareceu ao estúdio com a farda do exército americano. Pois é, isso nem seria necessário pois ele estava ali em um compromisso profissional de sua esfera privada, que nada tinha a ver com o serviço militar, mas mesmo assim Elvis surgiu no estúdio da RCA Victor devidamente fardado, o que deixou seus músicos, a banda, completamente surpresos. Além disso assim que chegou Elvis foi logo pegando uma guitarra para tirar alguns acordes, algo que ele não estava acostumado a fazer.
E esse disco de fato era muito bom. Uma bela mistura de canções mais agitadas, puro rock, com baladas românticas. O curioso é que o romantismo dos discos de Elvis por essa época tinham um sentimento mais juvenil, de namoro de mãos dadas mesmo, nada parecido com as baladas dos anos 1970, que viriam repletas de mensagens de amargura, desilusão, até mesmo raiva pela traição feita por aquela mulher que ele achava ser o grande amor de sua vida (se você associou Priscilla com isso, acertou em cheio!). Porém nesse disco o amor era aquele de colégio, mais simples e pueril.
E nessa categoria temos duas belas baladas. A primeira a se elogiar é a terna "Don´t". Os fãs brasileiros, por exemplo, mal conheciam a canção. Nos Estados Unidos ela havia sido lançada em um single que até fez bastante sucesso nas rádios. Porém no Brasil essa bela música passou em brancas nuvens. Curiosamente Priscilla Presley iria escolher pessoalmente essa faixa para servir de tema do seriado baseado em suas memórias, "Elvis e Eu", que foi exibido no Brasil, durante a década de 1980, no canal aberto SBT. É até fácil entender essa escolha. Foi justamente nessa época, em que a baladinha era lançada, que Elvis e Priscilla começaram a namorar. Certamente marcou para ela.
Outra canção romântica classe A do disco era "A Fool Such As I", Nessa gravação se sobressaíram muito bem o solo tocado por Scotty Moore e o vocal de apoio do grupo The Jordanaires. Outro fato curioso digno de nota é que os Jordanaires eram os únicos creditados nos discos de Elvis na época. Como naqueles tempos distantes havia pouca (ou quase nenhuma) informação sobre o grupo, muitos pensavam que eles tocavam todos os instrumentos. Na verdade era apenas o grupo vocal que acompanhava Elvis nas gravações. Os verdadeiros instrumentistas como Scotty Moore, Bill Black e demais membros da banda não tinham seus nomes creditados nas capas dos discos, ficando praticamente desconhecidos do grande público. Esse anonimato não deixava de ser uma injustiça para esses talentosos músicos.
Pablo Aluísio.