quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O Grande Gatsby

Anos 1920. Nick Carraway (Tobey Maguire) se forma na universidade de Yale e vai até Nova Iorque com o sonho de um dia tornar-se um grande escritor. Enquanto não escreve o livro que mudará sua vida resolve arranjar um emprego na bolsa de valores da cidade. Morando no outro lado da baía ele acaba ficando curioso sobre o seu vizinho, um milionário recluso e misterioso chamado Jay Gatsby (Leonardo DiCaprio). Todas as semanas Gatsby dá grandes festas em sua enorme mansão, em eventos que acabam atraindo todos os tipos de pessoas de Nova Iorque, desde figurões, políticos, estrelas de cinema até gangsters ou qualquer um que queira diversão barata e em larga escala. Apenas Gatsby permanece envolto em uma sombra de mistério nesse clima de grande euforia. Isso faz com que vários boatos sejam espalhados sobre ele como a de que seria um espião alemão, um assassino famoso ou um representante do Kaiser. Nada disso porém se confirma. Intrigado pela curiosidade Nick então resolve conhecer a misteriosa figura. Convidado a uma das festas de Gatsby ele acaba entrando no mundo muito particular do milionário esbanjador e descobre, para sua surpresa, que ele tem especial interesse por sua prima, a doce e mimada Daisy Buchanan (Carey Mulligan), que mora do outro lado da baía. Casada com um herdeiro rico e rude, mal desconfia Nick que ela e Gatsby tem um passado em comum.

Aqui temos a mais nova adaptação para o cinema do famoso livro "O Grande Gatsby" escrito pelo genial F. Scott Fitzgerald. O texto é considerado uma das maiores obras primas da literatura mundial, tendo sido adaptado pelo cinema algumas vezes, sendo a mais conhecida a adaptação feita nos anos 70 com Robert Redford no papel principal. Essa nova incursão no universo de F. Scott Fitzgerald porém se mostra bem decepcionante. O diretor Baz Luhrmann (de "Moulin Rouge", "Austrália" e "Romeu + Julieta") imprime um ritmo um tanto histérico ao enredo, algo que não condiz com as intenções do autor original que sempre se mostrou muito fino, elegante e charmoso ao contar sua estória. E esse é um dos principais problemas dessa nova versão. Falta justamente essa elegância, esse mistério que é tão conhecido dos leitores de F. Scott Fitzgerald. Tentando modernizar o texto para agradar ao público jovem de hoje o cineasta perdeu a própria essência do livro original. Luhrmann tem à sua disposição uma produção luxuosa mas comete pecados em série. Em um deles imprime um ritmo frenético, tolo muitas vezes, para as situações. Também usa e abusa de computação gráfica, o que torna o filme artificial e sem veracidade. Por falar em ambientação histórica o cineasta querendo adotar uma postura moderninha inseriu várias canções atuais no meio do enredo, ignorando a rica música da época em detrimento de canções pop sem qualquer relevância. Para piorar o elenco também não está bem. Leonardo DiCaprio imprime ao seu Gatsby uma postura equivocada, onde sai o charme misterioso do personagem original para dar espaço a um inconsequente falastrão. Deu saudades de Robert Redford certamente. Carey Mulligan que sempre considerei uma boa atriz também não conseguiu passar para a tela as nuances psicológicas que movem Daisy. Outra coisa que dá nos nervos é a forma como Baz Luhrmann trata o espectador. Ele se propõe a contar todos os mínimos detalhes da trama em flashbacks desnecessários e bobinhos que nos levam a pensar que ele está convencido que o público que está vendo o filme é na verdade bem idiota para entender a trama. Enfim, temos aqui uma nova versão de Gatsby que ficou pelo meio do caminho, perdido em suas pretensões. Sempre fui da opinião de que se vai adaptar um grande livro para o cinema que o faça direito! Infelizmente não é o caso desse filme.

O Grande Gatsby (The Great Gatsby, Estados Unidos, 2013) Direção: Baz Luhrmann / Roteiro: Baz Luhrmann, Craig Pearce, baseados na obra de F. Scott Fitzgerald / Elenco: Leonardo DiCaprio, Tobey Maguire, Carey Mulligan, Joel Edgerton, Steve Bisley / Sinopse: Jovem aspirante a escritor, Nick (Maguire) acaba ficando fascinado pelo figura de seu vizinho, um milionário de passado misterioso chamado Gatsby (DiCaprio). Após uma aproximação ele acaba descobrindo que o ricaço tem um passado em comum com sua prima, Daisy (Mulligan).

Pablo Aluísio.

4 comentários:

  1. Pablo; como se diz "gosto cada uma tem um, assim dizia o homem que comia coco". Eu já li esse livro varias vezes porque gosto do personagem Gatsby; gosto da sua filosofia de vida, gosto, principalmente, da integridade dos seus sentimentos. Dito isso ressalto o seguinte: neste filme do cinema supra citado realmente ha uma hipérbole de efeitos para conquistar a molecada do videogame, o que convenhamos não é tarefa fácil, mas por outro lado o filme se torna muito mais completo que o livro. No livro, apesar da parte que critica os excessos de uma época, por mais bom escritos que o Fitzgerald seja, não da para sentir os exageros e no filme dá. A tal hipérbole do filme nos faz sentir assim "essas pessoas estão fora da realidade e passando da conta". Quanto a Deise apesar de não ser perfieita é melhor que a do filme com o Redford, mas muito pior que a do livro, assim como a Jordan do livro foi esmagada nos dois filmes; o Leonardo de Caprio é um ator excelente mas sempre me parece novo demais para qualquer papel e o Redford é um Gatsby dos sonhos de todos, nem no livor ele é tão cool.

    Enfim o que quero dizer é que os dois filmes, de alguma forma, acabam complementando o livro que apesar de ter muito valor é, quase sempre, superestimado pois tem lacunas que seriam imperdoáveis em um roteiro de cinema, mas como é escrito pelo grande Fitzgerald os possíveis defeitos são relevados.

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  2. Detalhe: Eu já vi a crítica "especializada" elogiando a entrada do Gatsby (do Leonardo de Caprio) no filme. Meu Deus, eu nunca vi uma cena tão cafona e exagerada, a do Redford em seu gabinete é perfeita.

    Ainda pra piorar o tal "crítico especializado" compara essa entrada de dar vergonha alheia em qualquer um, com o desfile que da Grace Kelly quando é vista no corredor do hotel pelo Cary Grant quando esse vai busca-la pra irem a praia em O Ladrão de Casaca. Essa é de doer.

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  3. Ótimas observações Serge. Essa comparação realmente soa muito forçada, não há nem o que comentar. Ainda sobre o filme: Leonardo não parece à vontade no papel. Cito por exemplo seus exageros (não sei se isso foi imposto pelo diretor ou não) nas cenas em que ele reencontra Daisy na sala cheia de flores e na sequência em que ele Nick o encontra escondido na frente da mansão de Daisy após o atropelamento. Achei dois momentos em que mostram como ele está inadequado no papel. No mais é como escrevi: senti saudades do Robert Redford em vários momentos do filme. Abraços, Pablo Aluísio.

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