terça-feira, 28 de agosto de 2012

O Bem Amado

Eu sempre gostei do trabalho de Guel Arraes. Acho ele um diretor com muita imaginação e com uma linguagem de narração dinâmica, bem humorada e inovadora. Por isso fiquei bastante surpreso ao assistir esse "O Bem Amado". O filme é bem menos inovador e ousado que seus trabalhos anteriores. A impressão que tive foi que o diretor não teve a liberdade necessária para inovar como sempre faz. O roteiro segue os passos do original de Dias Gomes mas não consegue alcançar maiores vôos, ficando no chão onde outros filmes nacionais medianos estão, o que não deixa de ser uma frustração já que esperava qualquer coisa, menos que o filme fosse tão "quadradinho" em sua linha narrativa.

Em relação ao elenco temos altos e baixos. Marco Nanini é um grande ator e se sai muito bem na pele de Odorico, um personagem que no fundo é uma sátira em cima de todos os nossos políticos. Sua caracterização segue de certo modo os passos do trabalho que Paulo Gracindo fez na TV (e que diga-se de passagem era brilhante). Já José Wilker mudou o tom do famoso Zeca Diabo. Sai o humor que definia o personagem na interpretação de Lima Duarte e entra em cena uma caracterização bem mais sombria. Agora fraco mesmo é o trabalho que Matheus Nachtergaele fez em cima de Dirceu Borboleta. Sem graça e apático, não convence. Enfim, não adianta levar as comparações mais em frente. Só é necessário saber que essa nova versão de O Bem Amado não é tão boa quanto poderia ser e nem tão ruim como alguns imaginam. É apenas mediano, o que em se tratando de Guel Arraes é pouco, muito pouco.

O Bem Amado (Brasil, 2010) Direção: Guel Arraes / Roteiro: Guel Arraes, Claudio Paiva / Elenco: Marco Nanini, José Wilker, Caio Blat, Maria Flor, Matheus Nachtergaele, Zezé Polessa, Andréa Beltrão, Tonico Pereira, Drica Moraes, Bruno Garcia, Edmilson Barros / Sinopse: Baseado na obra "Odorico, o bem amado, os mistérios do amor e da morte" de Dias Gomes, o filme narra a estória do prefeito Odorico Paraguaçu (Marco Nanini) da pequenina cidade de Sucupira. Falastrão, corrupto e enganador o prefeito tem como plataforma de governo a inauguração do cemitério da cidade.

Pablo Aluísio.

Um comentário:

  1. extremamente decepcinante a nova interpretação da personagem dirceu borboleta. praticamente ficou apagado. que pena.

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