Definitivamente ser filha de Elvis Presley já é um peso e tanto. Se Lisa fosse advogada ou médica isso até que seria atenuado, ela seria vista como uma pessoa normal que por acaso era filha de uma grande celebridade do passado. O problema é que Lisa resolveu seguir os mesmos passos do pai, se tornando também cantora. Aí complicou realmente. Todo e qualquer trabalho dela trará imediatamente o fantasma do pai sobre sua música. Não há saída. Os dois primeiros CDs de Lisa foram bons, mas não memoráveis. Esse terceiro trabalho da cantora me soou ainda mais deprimido do que os trabalhos anteriores. Ela tem essa natural tendência a ser uma pessoa introspectiva, soturna, pessimista. Lisa poderia ser definida como uma espécie de artista da linha country rock dark, tamanha a presença de uma visão pessimista do mundo em suas letras e melodias. Ela própria admitiu isso no lançamento do CD ao afirmar que vinha de mais um período turbulento de sua vida (não explicou exatamente quais seriam essas razões) e que se encontrava em um momento de busca desesperada por um pouco de paz interior. Isso obviamente se refletiu nas suas composições. Outro fato que chama a atenção é que Lisa passou muito tempo sem lançar nada. Lá se vão sete anos desde que ela lançou seu disco anterior. Apenas a insistência da Universal fez ela retornar a carreira musical. Ao que consta Lisa entrou tarde demais na carreira. Ela tinha sonhos de ser uma nova Madonna, mas como isso ficou muito longe de sua realidade as coisas pelo visto desandaram. Lisa pareceu frustrada com seu sucesso limitado (muitas vezes inclusive restrito aos próprios fãs de seu pai).
Sem trilhar caminho próprio ou estourar como ela tinha inicialmente previsto, ficou uma sensação de frustração que a fez ficar longe dos palcos, dos shows e dos estúdios nesses últimos anos. O que posso dizer é que uma forma ou outra o tempo lhe fez bem. Ela definitivamente parece mais equilibrada em seu comportamento e em sua arte. Quando foi lançada pela primeira vez Lisa deu entrevistas desastrosas, onde parecia estar em algum tipo de competição para ver quem falava mais bobagens e besteiras. Abriu aspectos de sua vida íntima de forma desnecessária e parecia vulgarizada e fora de realidade. Agora ela parece se portar melhor, já não abre mais a guarda tão facilmente e se colocou numa postura mais reservada, para seu próprio bem. O CD de certa maneira reflete bem isso. Lisa, que passa grande parte do ano morando na Inglaterra, parece que finalmente absorveu o melhor lado da fina educação britânica. Afinal de contas mulheres vulgares e de boca suja, que falam sobre questões de intimidade sem qualquer tipo de pudor são extremamente desinteressantes. Logo perdem a importância e a relevância para os homens. Lisa parece que aprendeu a lição. Se no aspecto comportamental ela melhorou - e muito - musicalmente ainda não produziu sua obra prima. Esse CD segue a sina dos anteriores, é igualmente bom, mas também provavelmente será esquecido em pouco tempo.
Lisa Marie Presley - Storm & Grace
1. Over Me
2. You Ain't Seen Nothin' Yet
3. Weary
4. Soften The Blows
5. So Long
6. Un-Break
7. Close To The Edge
8. Storm Of Nails
9. How Do You Fly This Plane
10. Sticks and Stones
11. Storm And Grace
Pablo Aluísio.
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