domingo, 11 de janeiro de 2009

Elvis Presley e a música Gospel

Gospel significa evangelho, boa nova, mensagem divina. Gospel também é a música religiosa, seja ela de que movimento ou tendência cristã for, mas a Gospel music é muito mais identificada com a música evangélica americana. Nasceu nas pequenas comunidades religiosas espalhadas pelas cidades do interior dos Estados Unidos. Os primeiro imigrantes ingleses que desembarcaram na América estavam fugindo da perseguição religiosa na Europa e foram para o novo mundo com a convicção de construir um novo lar, um novo país. Quando se instalavam em um novo local para construir ali as bases desta nova comunidade, a primeira coisa que construíam era um local para se realizar seus cultos religiosos. Uma capela, um pequeno templo, algo para que todos pudessem se reunir e agradecer a Deus as graças alcançadas. Estes religiosos, como os puritanos, calvinistas, luteranos ou quakers, tinham em sua igreja um local para fortalecer os laços entre os membros destes grupos para deste modo enfrentar as imensas dificuldades que tinham pela frente. Na "Chapel" os protestantes encontravam apoio e união, era o momento de confraternização e alegria e também de música. Assim nasceu a música Gospel, ritmo feito para todos cantarem juntos (por isso a presença constante do coral) , de diversas formas, mas com aceleração rítmica progressiva e alegre (pois era um momento de alegria para todos), com predominância de teclados (como órgãos e instrumentos semelhantes), com todos batendo palmas e louvando o nome de Deus através da música, pois afinal de contas não foi Ele mesmo que nos deu o dom musical e a alegria de viver?

Elvis Presley nasceu em uma cidadezinha perdida no meio do Mississippi, uma pequena comunidade como aquela dos pioneiros que construíram a América. Adorava as canções tocadas e cantadas nos cultos, os coros vocais e simplesmente conhecia praticamente todas as músicas Gospel escritas (como ele próprio gostava de dizer) . O seu sonho sempre foi ser um cantor de músicas religiosas, pretensão esta que nunca abandonou, mesmo quando era aclamado como Rei do Rock (esta música profana). Ao longo de sua carreira musical, Elvis sempre fez questão de gravar música religiosa em seus discos. Uma das primeiras providências que fez ao começar a fazer sucesso foi contratar o grupo gospel The Jordanaires para acompanha-lo. Scotty Moore, seu guitarrista oficial, perguntou a Elvis o que ele iria fazer com um quarteto gospel, Elvis respondeu que não havia nada mais maravilhoso que um quarteto gospel cantando em harmonia. E lá foi Elvis colocar o grupo para fazer os backing vocals de seus rocks como "Hound Dog". Para surpresa de todos a estranha mistura funcionou perfeitamente. Em 1957 Elvis se reuniu em estúdio com sua banda e gravou as 4 primeiras canções religiosas de sua carreira. A RCA Victor não entendeu na época, mas não quis entrar em confronto com seu artista mais lucrativo. Para quem vendia milhões de discos aquela era a independência que ele queria e que conquistara a duras penas.

Sempre que entrava em estúdio para gravar uma nova trilha sonora ou um novo trabalho qualquer, Elvis se aquecia cantando música gospel, antes da gravação principal, aquela era uma forma de se preparar para mais um rodada de gravações. No final dos anos 50, o produtor de Elvis, Steve Sholes, não pôde comparecer a uma das sessões de gravação pois estava com problemas de saúde. Então a RCA Victor mandou um de seus executivos de Nova Iorque para comandar as sessões. Elvis não o conhecia e assim que entrou em estúdio com sua banda, começaram a cantar gospel music. O executivo de Wall Street, que podia saber muito sobre negócios mas nada sobre música, interrompeu as canções religiosas para chamar a atenção de Elvis e da banda. Disse que a hora de estúdio era caríssima e não era para ficarem ali cantando gospel. Não era hora para brincadeiras e sim para trabalho duro. Ao ver aquilo Elvis implodiu, ele não fez escândalo nem coisa parecida, simplesmente se levantou e se retirou com todos de estúdio. O dia estava perdido. Quando a RCA soube do evento ficou em desespero e imediatamente despediu o executivo. Elvis só voltou dias depois quando Steve Sholes se recuperou de saúde. Estes fatos demonstram como a música religiosa estava presente em sua vida.

Ao retornar do Exército em 1960, Elvis resolveu realizar um de seus sonhos, gravar um álbum de canções religiosas. A realização deste trabalho foi fruto de muito empenho pessoal do próprio Elvis, o empresário dele, o coronel Parker, não via com bons olhos a gravação deste disco, pois temia prejuízos financeiros com sua realização. Elvis bateu o pé e exigiu que iria fazer o disco, com ou sem a aprovação dele. E assim o fez. O disco foi chamado de "His Hand in Mine" e é hoje considerado um de seus mais bonitos trabalhos. O disco fez um enorme sucesso, para espanto de Parker e da RCA, e provou que Elvis estava certo. A intenção de Elvis na realidade na gravação deste disco era homenagear a sua mãe, que havia morrido poucos anos antes. Segundo as próprias palavras de Elvis este disco era "um trabalho de amor". Ele participou efetivamente de todos os arranjos, de todo o trabalho de direção musical, praticamente monopolizou todas as fases da produção, realmente o verdadeiro produtor do disco foi o próprio Elvis. Escolheu as canções pessoalmente levando como critério de escolha a importância delas em sua vida, por isso o disco é recheado de canções da metade do século, algumas mais agitadas e algumas spirituals. No final de 1960, Elvis afirmou a um repórter que "His Hand in Mine"tinha se tornado o seu trabalho musical de que tinha mais orgulho.

Seis anos depois, Elvis resolveu repetir a dose gravando mais um disco gospel, intitulado "How Great Thou Art". O cantor estava em um de seus piores momentos, suas trilhas sonoras estavam sendo criticadas e as vendagens baixas demonstravam que algo ia muito mal em sua carreira musical. Ao contrário do que ocorria na época de "His Hand in Mine", em que ele estava no auge do sucesso após a sua volta do exercito, agora Elvis estava em uma encruzilhada, ou algo mudava ou poderia ser o fim melancólico de sua carreira artística. Mesmo debaixo de toda a pressão Elvis reuniu o que de melhor havia naquele momento e novamente se empenhou ao máximo para que o disco se tornasse o melhor possível. Chamou outros músicos, caprichou na formação de um belo grupo vocal, fez os arranjos e comandou cada ponto de gravação do seu segundo álbum Gospel. Assim foi lançado "How Great thou Art" que em pouco tempo chegou aos mais altos postos de vendagem e demonstrou a todos que o único grande problema na carreira do rei naquele momento era a má qualidade do material que lhe era imposto pelos estúdios de cinema. Mas, mais importante que as vendas este disco trouxe reconhecimento, pois Elvis ganhou o prêmio Grammy, o primeiro de sua carreira. Com este disco Elvis reuniu coragem suficiente e decidiu que iria se afastar de Hollywood e de suas trilhas de gosto duvidoso. Iria voltar a se apresentar ao vivo e o mais importante, iria exercer maior controle musical em sua carreira a partir daí.

Depois de tudo, Elvis fez o NBC TV Special, em que voltava a cantar na TV americana, voltou a se apresentar em shows ao vivo e sua carreira se levantou novamente, entrando no rumo certo. No começo dos anos 70 foi programada uma longa sessão de gravação com Elvis, conforme as canções iam sendo gravadas, os produtores foram percebendo que entre uma e outra música iam surgindo várias canções Gospel. Nada havia sido planejado, mas conforme elas iam aparecendo, Felton Jarvis resolveu juntar todas elas no disco "He Touched Me", o último disco Gospel da carreira de Elvis. Entre as músicas, uma das mais conhecidas e bonitas, "Amazing Grace". Quando foi lançado em 1972, Elvis novamente ganhou mais um prêmio Grammy. Estava de uma vez por todas consumada e consolidada a carreira Gospel de Elvis Presley. Em seus anos finais a Gospel music se tornou cada vez mais presente em sua vida. Durante os shows Elvis sempre apresentava um canção deste estilo musical e foi assim que ele acabou ganhando mais um Grammy, na apresentação que fez em Memphis, sua terra natal, em 1974, quando ele cantou 'How Great thou Art" de uma forma tão verdadeira que acabou vencendo na categoria "Melhor performance Inspirativa". Agora em 2001, Elvis ingressa no Hall da Fama Gospel numa homenagem mais que merecida. Passa assim a ser o único artista presente nos três mais importantes Halls da Fama dos Estados Unidos: Rock, Country e Gospel. Tenho absoluta certeza que se estivesse vivo estaria extremamente orgulhoso da homenagem.

A carreira Gospel de Elvis Presley:
Peace in the Valley (1957) – compacto duplo
HIS HAND IN MINE (1960) – Álbum
Crying In The Chapel / I Believe in The Man In the Sky (1965) – Single
Joshua Fit The Battle / Known Only To Him (1966) - Single
Milky White Way / Swing Down Sweet Chariot (1966) – Single
HOW GREAT THOU ART (1967) – Álbum
You'll Never Walk Alone / We Call On Him (1968) – Single
His Hand In Mine / How Great Thou Art (1969) - Single
HE TOUCHED ME (1972) – Álbum
He Touched Me / Boson of Abraham (1972) - Single
If you Talk in your Sleep / Help Me (1974) - Single
HE WALKS BESIDE ME (1978) – Álbum
KNOW ONLY TO HIM (1989) – Álbum
AMAZING GRACE – HIS GREATEST SACRED PERFOMANCES (1994) -Álbum
HE IS MY EVERYTHING (2001) – Álbum
IT IS NO SECRET (2001) – Álbum
LEAD ME GUIDE ME (2001) – Álbum
NEARER MY GOD TO THEE (2001) – Álbum
THE GOSPEL SONGS (2001) – Álbum
ELVIS EASTER SPECIAL (2001) – Álbum

Escrito por Pablo Aluísio - novembro de 2001.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Elvis Presley - His Hand In Mine (1960)

Ao retornar do Exército em 1960, Elvis resolveu realizar um de seus sonhos, gravar um álbum de canções religiosas. A realização deste trabalho foi fruto de muito empenho pessoal do próprio Elvis, o empresário dele, o coronel Parker, não via com bons olhos a gravação deste disco, pois temia prejuízos financeiros com sua realização. Elvis bateu o pé e exigiu que iria fazer o disco, com ou sem a aprovação dele. E assim o fez. O disco foi chamado de "His Hand in Mine" e é hoje considerado um de seus mais bonitos trabalhos. O disco fez um enorme sucesso, para espanto de Parker e da RCA, e provou que Elvis estava certo. A intenção de Elvis na realidade na gravação deste disco era homenagear a sua mãe, que havia morrido poucos anos antes. 

Segundo as próprias palavras de Elvis este disco era "um trabalho de amor". Ele participou efetivamente de todos os arranjos, de todo o trabalho de direção musical, praticamente monopolizou todas as fases da produção, realmente o verdadeiro produtor do disco foi o próprio Elvis. Escolheu as canções pessoalmente levando como critério de escolha a importância delas em sua vida, por isso o disco é recheado de canções da metade do século, algumas mais agitadas e algumas spirituals. As gravações foram realizadas em Nashville em outubro de 1960. Elvis declarou: "Esse disco será uma forma de mostrar minha gratidão para com os quartetos gospel. Acho que praticamente conheço todos os hinos já feitos. Adoro ficar sozinho ao piano, em Graceland, tocando essa música". No final de 1960, Elvis afirmou a um repórter que "His Hand in Mine" havia se tornado o seu trabalho musical de que tinha mais orgulho. O disco ficou na lista dos mais vendidos durante todo o ano seguinte, se tornando mais um grande êxito em sua carreira.

His Hand In Mine (Mosie Lester) - Como tema principal do disco Elvis escolheu essa conhecida canção gospel de Mosie Lester. Como sempre fazia, Elvis resolveu modificar o arranjo da música original. Para isso ele realçou ainda mais a presença do quarteto gospel que o acompanhava. Depois modificou o acompanhamento instrumental dando destaque especial ao piano, ao contrário do órgão da versão de Mosie Lester. Por fim, resolveu trocar a seqüência original do refrão, aproveitando para modificar também o tempo da canção. Enfim, Elvis a reconstruiu ao seu gosto e como sempre suas escolhas se revelaram bem vindas, pois sem dúvida deram mais consistência a essa antiga canção gospel.

Milk White Way (Elvis Presley) - Mais um exemplo do poder de trabalho de Elvis dentro dos estúdios. Aqui ele transformou mais uma vez uma tradicional canção religiosa para lhe dar um sabor todo especial. As mudanças foram ótimas, a música, antes mais lenta e melancólica, se transformou nas mãos de Elvis em um momento alto astral do disco. Elvis a deu ritmo e embalo. Se não fosse pela letra gospel poderia até ter entrado em qualquer disco convencional de sua carreira. Completamente diferente da tradicional canção religiosa, tanto que a RCA resolveu até mesmo lhe dar os créditos de autoria da música. Nota 10 para Elvis, que provou mais uma vez que realmente tinha ritmo correndo em suas veias.

Swing Down Sweet Chariot (Elvis Presley) - Outra música que foi totalmente arranjada e adaptada por Elvis. O mais importante sobre essas gravações religiosas de Elvis é o fato dele ter trazido o gingado típico das músicas de R&B ao Gospel. Misturar gêneros e fundi-los sempre foi uma coisa natural para Elvis, que aliás detestava rotular qualquer tipo de ritmo ou música. Como disse Sam Phillips: "Elvis era daltônico", ou seja, ele não queria distinguir as canções de que gostava, para ele pouco importava o rótulo, seja a música fosse classificada como branca, negra, rock, pop, gospel; para Elvis isso não tinha importância, pois para ele tudo era música, tudo era mágica.

Elvis Presley - His Hand In Mine (1960)
His Hand In Mine
I'm Gonna Walk Dem Golden Stairs
In My Father's House
Milky White Way
Known Only To Him
I Believe In The Man In The Sky
Joshua Fit The Battle
He Knows Just What I Need
Swing Down, Sweet Chariot
Mansion Over The Hilltop
If We Never Meet Again
Working On The Building

Elvis Presley - His Hand In Mine (1960): Vocais e violão: Elvis Presley / Guitarra : Hank Garland / Guitarra : Scotty Moore / Baixo: Bob Moore / Bateria: D.J. Fontana / Bateria: Murrey "Buddy" Harman / Saxophone: Homer "Boots" Randolph / Piano: Floyd Cramer / Backup Vocals: Millie Kirkham / Backup Vocals:The Jordanaires: Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker / Backup Vocals: Charlie Hodge (nas músicas His Hand in Mine, I Believe in the Man in the Sky e He Knows Just What I Need) / Produzido por Steve Sholes e Elvis Presley / Engenheiro: Bill Porter / Gravado no RCA Studio B, Nashville, Tennessee / Data da Gravação: 30 e 31 de outubro de 1960 / Data de lançamento: Novembro de 1960 / Melhor posição nas paradas: # 13 (Billboard) / #3 (UK).

Pablo Aluísio - Novembro de 2004.

Elvis Presley - FTD His Hand in Mine

O primeiro álbum inteiramente Gospel da carreira de Elvis acabou se tornando um dos melhores títulos do selo FTD. Ao longo de dois CDs vamos acompanhando a evolução de Elvis dentro dos estúdios para chegar nas versões definitivas que fossem ao encontro de seu ouvido exigente. Tecnicamente falando entendemos perfeitamente os objetivos de Presley. As canções que nos primeiros takes se apresentam sem um arranjo consistente vão aos poucos ganhando forma, ficando cada vez mais trabalhadas, até se chegar finalmente nas gravações que conhecemos do disco oficial. No ponto ideal. Vale destacar também o brilhante trabalho de restauração feito pelos engenheiros de som da gravadora. É sabido que a parte da sessão que não foi utilizada no disco original ficou longos anos arquivada em Nashville, em locais nem sempre adequados para conservação. Quando o produtor Ernest Jorgensen resolveu incluir o álbum na coleção de álbuns clássicos da FTD todo esse material foi desarquivado, passou por um intenso procedimento de restauração e o que ouvimos ao colocarmos o CD para tocar é que tudo parece ter sido gravado ontem, tamanho o nível de qualidade dos takes alternativos aqui presentes.

Já tive o prazer de analisar esse disco e agora ao ouvi-lo novamente (com o material bônus) só posso confirmar tudo o que já disse antes. A voz de Elvis nesses primeiros anos da década de 1960 estava em um momento especialmente cristalino. Se na década de 50 Elvis ainda não tinha tido a total oportunidade de explorar as nuances de seu talento vocal (principalmente por causa do material apresentado, mais voltado ao Rock ´n´ Roll), aqui ele brilha ao cantar bem suavemente, sem pressa ou necessidade de mostrar vigor. A tônica dominante é de suavidade, espiritualidade. Como o tema é religioso temos também o nítido fato de Elvis procurar dar o melhor de si, se mostrar realmente inspirado, principalmente porque esse tipo de estilo musical era sem dúvida o que mais o inspirava interiormente para a interpretação. O resultado final é fantástico. Não restam dúvidas que de todos os trabalhos religiosos a que Elvis se dedicou esse é um dos mais caprichados e talentosos. Uma pequena obra prima, certamente.

Embora o FTD His Hand In Mine tenha como foco principal dissecar o referido disco oficial, o produtor Ernst resolve por bem colocar takes de duas canções de certa forma alienígenas ao projeto. A primeira é Surrender. Um dos grandes sucessos da carreira de Presley foi gravada nas mesmas sessões de His Hand In Mine. O fato é que a RCA Victor não perdia a oportunidade de incentivar o cantor a produzir material para os seus singles (que eram os grandes meios de divulgação e sucesso da carreira de Elvis). Assim em meio ao farto material religioso Elvis dedicou-se a também gravar essa canção que nitidamente seguia os passos de seu grande sucesso pós Alemanha, o single It´s Now or Never. Esses takes de Surrender são bem interessantes. Entre um take e outro Elvis vai tentando acertar o tom correto. No CD2 temos uma ótima oportunidade de conferir o cantor tentando chegar no solo final da canção da maneira que desejava. São várias tentativas sucessivas que para um fã de Elvis não deixa de ser um deleite especial. A outra música que foi encaixada foi a terna e linda Crying In The Chappel, outro grande sucesso de Elvis em single. Em suma, aconselho o CD para os que ainda não conhecem, pouco sabem ou querem se inteirar completamente sobre o trabalho gospel desenvolvido por Elvis Presley ao longo de sua carreira. Certamente esses ouvintes não ficarão decepcionados com o resultado.

Elvis Presley - FTD His Hand In Mine - Original release and outtakes

CD 1:
1: His Hand In Mine
2: I'm Gonna Walk Them Golden Stairs
3: In my Father's House
4: Milky White Way
5: Known Only To Him
6: I Believe In The Man In The Sky
7: Joshua Fit The Battle
8: He Knows Just What I Need
9: Swing Down Sweet Chariot
10: Mansion Over The Hilltop
11: If We Never Meet Again
12: Working On The Building
13: Surrender
14: Crying In The Chapel
15: His Hand In Mine (1)
16: I'm Gonna Walk Them Golden Stairs (1) [M]
17: Milky White Way (1*, 2*, 3)
18: Known Only To Him (1, 2)
19: I Believe In The Man In The Sky (1)
20: Joshua Fit The Battle (1)
21: He Knows Just What I Need (1)
22: Mansion Over The Hilltop (2*, 1)
23: If We Never Meet Again (1) [M]
24: Working On The Building (1)
25: Surrender (1)

CD 2:
1: Milky White Way (4, 6*, 5)
2: His Hand In Mine (2*, 3*)
3: His Hand In Mine (4)
4: His Hand In Mine (5)
5: I Believe In The Man In The Sky (2*, 3*, 4 [M])
6: He Knows Just What I Need (2*, 3*, 4*)
7: He Knows Just What I Need (5*, 6, 7)
8: He Knows Just What I Need (8*)
9: Surrender (2)
10: Surrender (3*, 5, 6)
11: Surrender (7*)
12: Surrender (8*, 9)
13: Surrender (WP 2/1*, 3*, 4*, 5*, 6*, 7*)
14: In my Father's House (1*, 2*, 3*, 4*)
15: In My Father's House (5*, 6*)
16: In my Father's House (7)
17: Joshue Fit The Battle (2)
18: Joshua Fit THe Battle (3*)
19: Swing Down Sweet Chariot (1*)
20: Swing Down Sweet Chariot (2, 3)
21: I'm Gonna Walk Them Golden Stairs (2, 3)
22: I'm Gonna Walk Them Golden Stairs (4*)
23: I'm Gonna Walk Them Golden Stairs (5)
24: Known Only To Him (3*, 4*, 5)
25: Crying In The Chapel (1*)
26: Crying In The Chapel (2, 3 [M])
27: Working On The Building (2*)
28: Working On The Building (3*, 4))

* versões inéditas

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Elvis Presley - G.I. Blues (1960)

Trilha Sonora do quinto filme de Elvis Presley que no Brasil recebeu o título de "Saudades de um Pracinha". O filme foi dirigido por Norman Taurog e produzido por Hal Wallis e contava em seu elenco com Juliet Prowse (a atriz era na época um dos casos amorosos de Frank Sinatra). Este filme seria o percursor dos filmes de Elvis nos anos sessenta com seus roteiros fracos e trilhas de gosto duvidoso. Apesar de tudo, "G.I.Blues" apresenta alguns momentos interessantes sendo uma de suas melhores trilhas nos anos sessenta. Elvis porém não gostou nada dos resultados mas preferiu manter sua decepção só para si. Neste mesmo ano Elvis iria realizar dois projetos de alto nível artístico. O primeiro foi a gravação do disco gospel "His Hand in Mine", velho sonho do cantor. O outro foi a realização do filme "Flaming Star" (estrela de fogo, 1960), western dirigido pelo aclamado diretor Don Siegel e co estrelado pela atriz Barbara Eden. Este filme foi bastante elogiado pela crítica e se tornou um bem sucedido veículo para o sonho de Elvis em se tornar um ator respeitado. Ambos os filmes, "Flaming Star" (Estrela de fogo, 1960) e "G.I.Blues" (Saudades de um pracinha, 1960) foram grandes sucessos de bilheteria. Eis as canções da trilha sonora:

TONIGHT IS SO RIGHT FOR LOVE (S. Wayne / A. Silver) - TONIGHT'S ALL RIGHT FOR LOVE (S. Wayne / A. Silver) - Essas duas canções sempre causaram grande confusão entre os fãs. A primeira é a oficial da trilha sonora americana, que inclusive foi utilizada durante o filme, onde Elvis a canta para Juliet Prowse em uma cantina. Essa se chama "Tonight is so Right For Love" e foi baseada na obra de Johannsen Strauss. Como a RCA Victor não conseguiu a liberação de seus direitos autorais na Europa, o produtor Joseph Lilley promoveu a gravação de uma outra versão com a mesma letra, porém com sutil modificação em sua harmonia. Essa segunda canção, que foi lançada na época somente nos países de língua latina (Europa e Brasil inclusive) se chamou "Tonight's All Right For Love". É bom salientar que quando este disco foi relançado em CD as duas composições foram incluídas finalmente na trilha sonora, o que não havia ocorrido na edição brasileira do disco lançado na época e nem em sua reedição de 1982 pelo selo RCA Pure Gold (embora nesse último tenha sido creditada de forma errada a canção "Tonight's All Right For Love" na contracapa, causando maior confusão ainda entre os fãs brasileiros!). A primeira é tecnicamente muito superior, com ótimo arranjo, maravilhosa vocalização de Elvis e um acompanhamento fantástico em todos os aspectos. Sem sombra de dúvida uma das mais lindas canções românticas da carreira de Elvis em Hollywood. A segunda é bem mais simples, curta e resumida, mas também não deixa de ser muito simpática e relaxante. Os fãs brasileiros certamente possuem maior familiaridade com a segunda por esta ter sido a que foi lançada por aqui! Enfim, dois ótimos momentos da trilha sonora.

WHAT'S SHE REALLY LIKE (Sid Wayne / Silver Joe Lilly) - É apresentada de forma bastante discreta no filme numa cena em que Elvis canta num banheiro! Este era um problema dos filmes do cantor: como acrescentar tantas músicas num só filme? Em decorrência disso o rei cantou ao longo de sua carreira nas mais diversas ocasiões: em barcos (garotas e mais garotas, 1962), em cassinos (entre a loira e a morena, 1965), dentro d'água (Joe é muito vivo, 1968), em montanhas russas (o carrossel de emoções, 1964), dirigindo veículos (feitiço havaiano, 1961), pescando (garotas e mais garotas, 1962) e até em helicópteros (no paraíso do Havaí, 1966)!

FRANKFORT SPECIAL
(Sid Wayne / Sherman Edwards) - Elvis interpreta esta divertida canção em um trem! Pois é, como havia várias músicas na trilha então não se devia desperdiçar tempo para apresentá-las. O ritmo aliás lembra o som de um trem em movimento. De qualquer forma vale por ser um momento de alto astral do disco e do filme. A trilha do outro filme de Elvis em 1960, "Flaming Star" (estrela de fogo, 1960)", contava com as seguintes canções: "Summer Kisses, Winter Tears", "Flaming Star", "Britches" e "A Cane and A Starched Collar", esta última aliás, a única cantada por Elvis no filme.

WOODEN HEART (adapt: Kaempfert / Wise / Weisman) - A melhor música de todo o disco. É baseada na canção folclórica Alemã "Muss I Denn". A cena que Elvis a apresenta no filme (com as marionetes) é a melhor parte de toda a película. A canção foi lançada em compacto na Alemanha e no restante da Europa alcançando um tremendo sucesso. O Single norte-americano com "Wooden Heart" só foi lançado no final de 1964, ou seja, quatro anos depois!!! É digno de nota a ótima adaptação do maestro alemão Bert Kaempfert e o acordeonista Jimmie Haskiell. Ela foi gravada no dia 28 de Abril nos estúdios Radio Recorders em Hollywood.

G.I. BLUES (Sid Tepper / Roy C.Bennett) - A canção tema do filme. Apesar de ser agradável, ela perde, e muito, se comparada com as outras canções que deram título a filmes de Elvis antes, como por exemplo "Jailhouse Rock (O prisioneiro do rock, 1957)", "Love me Tender" (ama-me com ternura, 1956), "Loving You" (A mulher que eu amo, 1957) e "King Creole" (Balada sangrenta, 1958). Sem dúvida isto expressa a queda da qualidade musical das trilhas do cantor nos anos sessenta, que infelizmente só iriam decair daí em diante. Foram gravadas duas versões diferentes e Elvis acabou escolhendo esta.

POCKETFULL OF RAINBOWS (Wise / Weisman) - Elvis faz dueto com Juliet Prowse no filme, porém a versão lançada no disco só conta com a voz do cantor, o que é um alívio. É uma típica canção lenta e romântica dos filmes de Elvis nos anos sessenta. Os compositores desta música iriam compor diversos temas para Elvis durante sua carreira. A Letra traz uma mensagem bonita: "todos temos que ter um arco íris no nosso bolso nos momentos difíceis da vida".

SHOPPIN AROUND (Tepper / Bennet / Schroeder) - O ritmo é muito empolgante além de ser muito bem executada, porém mais uma vez fica evidente a fragilidade da letra. Esta aliás é uma característica de muitas canções de filmes de Elvis nos anos 60: um bom balanço com letras frágeis.

BIG BOOTS (Wayne / Edwards) - Foram gravadas duas versões diferentes desta canção: uma lenta que foi utilizada no filme e lançada junto com a trilha e outra rápida que, apesar de ser bem melhor que a primeira foi arquivada só sendo lançada muitos anos depois. A principal razão da inclusão da primeira versão é que esta se encaixou melhor na cena em que Elvis a interpreta com o objetivo de fazer uma criança dormir.

DIDJA EVER (Wayne / Edwards) - De todos os ritmos musicais do universo talvez Elvis se desse pior cantando "Marchas". Este disco apresenta várias pois o enredo diz respeito a um soldado em serviço militar na Alemanha (O que era uma paródia do que ocorreu com o próprio cantor em sua vida real e que Elvis desaprovava enfaticamente). Pois bem, de todas estas marchas talvez esta seja a pior sendo a que faz parte da parte musical final do filme.

BLUE SUEDE SHOES (Carl Perkins) - Uma nova versão para o clássico de Carl Perkins. Apesar de ser muito bem arranjada com um ótimo acompanhamento ela não consegue se tornar melhor do que a versão do cantor para o disco "Elvis Presley" (1956). Algo se perdeu, talvez falte um pouco de garra e pique nesta versão. Porém sem dúvida é um dos pontos altos de todo a trilha. Elvis não a canta no filme, ela só aparece quando um soldado liga um jukebox.

DON'T THE BEST I CAN (Pomus/Schuman) - Fechando o disco temos esta baladona romântica que pode ser considerada também um bom momento do disco (que é caracterizado por apresentar altos e baixos). A dupla de compositores iriam ser responsáveis por grandes sucessos do rei nos anos 60. De certa forma foi a solução encontrada pelo Coronel para substituir a dupla Leiber e Stoller, que eram infinitamente superiores. Apesar de tudo é uma bela canção.

Elvis Presley - G.I. Blues (1960): Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Bob Moore (baixo) / D.J.Fontana (bateria) / Frank Bode (bateria) / Ray Siegel (contrabaixo) / Dudley Brooks (piano) / Jimmie Haskell (acordeon) / Tiny Timbrell (guitarra) / Hoyt Hawkess (guitarra) / Neil Mathews (tamborim) / The Jordanaires (vocal) / Produzido por Joseph Lilley e Hall WallisRCA Studios - Hollywood / Data de Gravação: 27, 28 de abril e 06 de maio de 1960 / Data de Lançamento: outubro de 1960 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #1 (UK).

Texto escrito por PABLO ALUÍSIO - Agosto de 1999 / revisado e atualizado em novembro de 2001.

Elvis Presley - Elvis Is Back! (1960)

Elvis Presley deu baixa no exército norte americano no dia 5 de março de 1960 em Fort Dixon, New Jersey. Havia uma enorme ansiedade por sua volta pois o ritmo musical do qual era Rei estava jogado no esgoto (mais ou menos o que ocorre com o Rock'n'Roll atualmente). Uma série incrível de fatos desagradáveis havia atingido os principais nomes do verdadeiro Rock: Um acidente automobilístico havia acabado com as carreiras de Eddie Crochran e Gene Vincent, Little Richard havia decidido abandonar a música para se dedicar à religião, Chuck Berry havia sido preso por tráfico de escravas brancas, Ritchie Valens e Buddy Holly sofreram um acidente fatal e finalmente o inventor da expressão Rock'n'Roll, o DJ Alan Freed, estava preso e falido, em suma o Rock estava no fundo do poço. Por isso a volta de Elvis significa muito para os jovens da época pois os ídolos que estavam na mídia nada mais eram que idiotas como Fabian e Frankie Avalon além de outros "mini Elvis". "Elvis is Back !" é a resposta do cantor a todos que estavam desesperados por sua volta. Elvis estava de volta! No dia 20 de março o cantor entrava nos estúdios B da RCA em Nashville para a sua primeira sessão de gravação após o serviço militar. Em 3 de Abril Elvis retornava para completar a gravação das canções deste disco. Além das músicas que estão presentes no disco foram gravadas ainda "It's Now or Never", "Stuck on You", "Fame and Fortune", "A Mess Of Blues", "I Gotta Know" e "Are You Lonesome Tonight?", todas essas lançadas em singles de enorme sucesso e que foram reunidas posteriormente no LP "Elvis Golden Records Vol.3". O Disco "Elvis is Back!" (LSP 2231) foi lançado em abril de 1960 e apresenta as seguintes canções:

MAKE ME KNOW IT (Otis Blackwell) - Elvis esbanja versatilidade nesta canção deliciosa de se ouvir. Fica registrada aqui a importância do grupo vocal gospel "The Jordanaires" no som do cantor. É a primeira gravação do Rei após sua volta ao cenário musical mundial depois de seu período como soldado na Alemanha, onde ele viria a conhecer sua futura esposa Priscilla. Esta canção foi gravada no dia 20 de março de 1960 em Nashville. Elvis e seu produtor Steve Sholes acrescentaram alguns instrumentos para melhorar a canção.

FEVER (J. Davenport / E. Cooley) - Esta música foi um grande sucesso com Peggy Lee e Little Willie John antes de Elvis resolver gravá-la. O autor Otis Blackwell aqui usa um pseudônimo, J.Davenport. A versão de Presley foi completada no dia 3 de abril de 1960 em Nashville logo após o especial que o cantor gravou com Frank Sinatra para a TV Americana, "Welcome Elvis". Na ocasião Elvis fez um dueto com "Ol' Blues Eyes" nas canções "Love me Tender" e "Withcraft", esta última o grande sucesso de Sinatra e não uma música de mesmo nome que Elvis gravaria três anos depois. O especial foi um grande êxito onde Elvis teve a oportunidade de apresentar seus novos sucessos que estavam liderando a parada de singles. Madonna também fez uma belíssima versão desta canção levando "Fever" de volta às paradas muitos anos depois.

THE GIRL OF MY BEST FRIEND
(B. Ross / S. Bobrick) - A melhor música do disco! A letra recorre a um velho clichê das canções da época (Lembra-se da "namoradinha de um amigo meu" do rei brasileiro Roberto Carlos?), pois é. Aqui Elvis conta com a preciosa colaboração de Floyd Cramer no piano. A música foi gravada no dia 4 de Abril de 1960. Anos depois esta canção foi também lançada em um single europeu de grande sucesso.

I WILL BE HOME AGAIN (Benjamin / Leveen / Singer) - Dueto com Charlie Hodge, um amigo que Elvis fez no exército e que a partir daí iria se tornar figura freqüente ao lado do rei. A letra expressa bem a situação que Elvis passava e celebra sua volta ao lar. É um dos pontos mais pessoais do disco. O cantor a gravou no dia 4 de Abril de 1960. O CD "Home Recordings", que traz várias músicas gravadas por Elvis, em sua casa na Alemanha, onde servia o exército americano, é um bom exemplo do tipo de música que fazia a cabeça de Elvis nesta época. São gravações domésticas, sem boa qualidade de som, mas seu conjunto é muito relevante do ponto de vista histórico cultural.

DIRTY, DIRTY FEELING (J. Leiber / M. Stoller) - Sempre que se cita Leiber e Stoller deve-se deixar claro que eles foram os mais importantes compositores da carreira de Elvis Presley. Aqui eles comparecem no disco com uma canção menor que anos depois foi aproveitada para fazer parte da trilha sonora do filme "Tickle-Me" (o cavaleiro romântico, 1965).

TRHILL OF YOUR LOVE (S. Kesler) - Balada romântica em que Elvis esbanja seu poderio vocal. Retrata bem o período em que os cantores tinham que ter voz e sensibilidade musical, fato que hoje é raro. Elvis sempre gravava suas canções durante a madrugada o que levava alguns de seus músicos às tontas pois não era fácil tocar bem às cinco horas da manhã depois de passar a noite em claro dentro de um estúdio de gravação. Bill Black foi taxativo: "O cara era uma coruja, isto é um fato".

SOLDIER BOY (David Jones / T. Willians jr.) - A letra mais uma vez celebra a passagem do cantor pelo exército americano. Possui uma melodia lindíssima e é um dos destaques deste trabalho musical. A música já havia sido lançada cinco anos antes, porém a versão com Elvis é bem superior ao original. "Soldier Boy" foi gravada no dia 20 de março de 1960 em Nashville. As tentativas foram muitas até se chegar a uma versão satisfatória.

SUCH A NIGHT (Lincoln Chase) - Grande sucesso dos Drifters quando foi lançada. A versão com Elvis foi gravada no dia 4 de Abril de 1960. Não foi extraído nenhum single do disco "Elvis Is Back!" na ocasião de seu lançamento, curiosamente porém em 1964 foi lançado um compacto com "Such A Night" no Lado A, junto com "Never Ending". O Single temporão alcançou um relativo sucesso alcançando o décimo terceiro lugar em agosto daquele ano. Anos depois iria dar nome a um CD de "takes alternativos".

IT FEELS SO RIGHT (Fred Wise / Ben Weisman) - Boa canção que acompanha o alto nível artístico deste disco. Esta também foi aproveitada e lançada depois num single em 1965 como Lado B do single "Easy Question", esta do estiloso disco "Pot Luck". A discografia de Elvis nos anos sessenta apresenta estas "curiosidades históricas" que ninguém sabe ao certo como explicar!

GIRL NEXT DOOR WENT A' WALKING (Bill Rice / Sid Wayne) - Elvis aqui comparece com vocalização perfeita conduzindo todo o conjunto para o ritmo singular desta canção. Ela foi gravada no dia 4 de Abril de 1960 no estúdio B da RCA em Nashville. Elvis novamente acelerou a contagem de tempo da música, para melhorá-la.

LIKE A BABY (Jesse Stone) - Ótimo Blues em que o saxofonista Boots Randolph dá o melhor de si. Blues sempre foi um dos casos não resolvidos da carreira do rei, pois enquanto alguns sempre o elogiaram, como a lenda Muddy Waters, outros achavam que o rei não deveria se meter em um ritmo essencialmente negro, opinião do grande Ray Charles. Este tipo de argumento é uma bobagem, pois o Rock também tem suas raízes na música negra, além do mais, música não tem cor, fato que Elvis sabia muito bem. A separação racial é condenável em qualquer setor da vida. De qualquer forma esta canção e a que se segue provam que Elvis era um grande intérprete de Blues, fato hoje que não é mais motivo de controvérsia. A lamentar apenas o reduzido número de canções que o Rei do Rock'n'Roll gravou deste importantíssimo gênero musical norte americano.

RECONSIDER BABY (Lowell Fulson) - Outro show de Elvis no ritmo Blues. Estas duas músicas estão de tal forma interligadas que se tem a impressão de que elas são a mesma. O Solo de Sax do grande Boots Randolph está entre os grandes momentos da música mundial. Em 1985 foi lançado um LP intitulado "Reconsider Baby" trazendo as melhores canções do cantor neste gênero como "Merry Christmas Baby", "Hi-Heel Sneekers" e "I Feel So Bad".

Elvis Presley - Elvis Is Back! (1960): (Make Me Know It / Soldier Boy / It Feels So Right) Elvis Presley (voz e violão) / Scotty Moore (guitarra) / Bob Moore (baixo) / Hank Garland (baixo elétrico) / D.J.Fontana (bateria) / Buddy Harman (bateria) / Floyd Cramer (piano) / The Jordanaires (vocais) / Gravado no RCA's Studio B, Nashville / Data de Gravação: 20 e 21 de março de 1960. Ficha Técnica: (Todas as demais canções) Elvis Presley (voz, violão e guitarra) / Scotty Moore (guitarra) / Bob Moore (baixo) / Hank Garland (baixo elétrico) / D.J.Fontana (bateria) / Buddy Harman (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Boots Randolph (sax) / Charlie Hodge (vocais) / The Jordanaires (vocais) / Millie Kirkham (vocais) / Gravado no RCA's Studio B, Nashville / Data de Gravação: 03 e 04 de abril de 1960 / Elvis is Back!: Data de Lançamento: abril de 1960 / Melhor posição nas charts: #2 (EUA) e #1 (UK).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Elvis Presley - Elvis Gold Records Vol. 2 (1959)

50.000.000 ELVIS FANS CAN'T BE WRONG - ELVIS GOLD RECORDS VOL.2 (1959) - Se "A Date With Elvis" só trazia reprises, "Elvis Gold Records vol.2" reunia o melhor do material inédito que havia sido lançado pela RCA enquanto Elvis estava servindo o exército americano na Alemanha Ocidental. Todas essas canções tinham sido deixadas por Elvis antes dele seguir viagem para cumprir seu serviço militar na Europa. Com Elvis Presley fora do país, a RCA Victor começou a lançar essas músicas inéditas, principalmente em singles (compactos simples). Embora não lhe fosse proibido gravar durante seu período de caserna, o Coronel Parker achou por bem decretar que Elvis não entraria novamente em estúdio para gravações oficiais enquanto estivesse servindo à nação. Publicamente Parker justificava essa atitude afirmando que não queria que Elvis de alguma forma prejudicasse seu serviço militar. Mas não era essa a verdadeira intenção de Tom Parker.

Tudo no fundo não passava de uma estratégia do astuto empresário para valorizar seu artista e forçar a RCA a relançar novamente velhos discos de Elvis, ganhando assim duas vezes pelo mesmo produto, velha tática da raposa. Era muito mais vantajoso para Parker assim, pois não teria custos e receberia todos os lucros livres de novos gastos. Além de ganhar com as velhas gravações o Coronel também supervalorizava as novas músicas, as poucas gravações inéditas deixadas por Elvis antes de partir! Seu segundo grande objetivo era justamente esse mesmo: demonstrar que a ausência de Elvis pesava muito no saldo final das vendas da gravadora. O sucesso imediato de todos esses singles vinha para comprovar que Elvis era um produto valorizado demais para ser descartado quando ele retornasse aos EUA. Com esse tipo de atitude o Coronel acabou ficando com o controle da situação. Para a RCA só restava mesmo lançar as poucas músicas inéditas deixadas por Elvis antes de ir para a Europa em singles, lançamentos promovidos em intervalos regulares, durante a ausência prolongada do cantor, pois só assim eles conseguiriam manter sempre o nome de Elvis nas paradas. E depois de colocar tudo no mercado e perceber que não havia mais nada para lançar, a RCA se apressou em reunir todas as faixas em um só LP.

Este é o disco que acabou servindo aos propósitos da gravadora de Elvis, pois é a coletânea que trouxe pela primeira vez todos os principais singles de sucesso do cantor no período em que ele estava afastado de sua vida profissional. Apesar de ser realmente apenas uma coletânea de sucessos o disco sempre me pareceu ser algo mais. Seria como o álbum que Elvis gravou antes de partir, só que ao invés da RCA lançar logo o disco, ela preferiu antes o dividir em compactos diversos, mesmo que depois tenha reunido tudo em um mesmo produto. Um pouco confuso, não é mesmo? Coisas que só os executivos dessas gravadoras conseguem entender ou justificar. De qualquer forma o disco, visto do ponto de vista de conteúdo, não deixa de ter uma identidade própria, e isso é facilmente comprovável pois ele, sem dúvida, é um disco bem singular, pois está mais para um disco coeso, um verdadeiro álbum da carreira de Elvis, do que para uma simples e mera reunião de hits. Sempre o encarei dessa forma, como um disco próprio da discografia de Elvis e quase sempre procurei ignorar seu título de "Elvis Gold Records Vol.2". Na minha visão isso de certa forma tira um pouco de seu brilho e pode levar os fãs de Elvis a erro, pensando que ele se resume apenas a isso. Nada mais longe da realidade. Vou até mais longe e posso afirmar que, na minha modesta opinião, esse é o melhor trabalho musical de toda a carreira do cantor!

Se Elvis foi o Rei do Rock, essas faixas foram as que melhores capturaram a maturidade do artista em sua fase de roqueiro. Se Elvis definiu o mundo musical dos anos 50 a partir desse novo idioma musical, então não há nenhum momento mais significativo dessa era do que essas músicas. Me explico. Não há como negar toda a importância de seus registros na Sun Records e nem mesmo de suas primeiras músicas pela RCA Victor. Mas aqui temos um artista totalmente ciente de sua importância, totalmente à vontade para produzir um material riquíssimo em termos de valor histórico e musical. As canções foram gravadas basicamente, com exceções, nas duas últimas sessões de Elvis antes dele ir para a Alemanha. O futuro de Elvis a partir dessa fase era incerto. Como ficaria sua carreira depois que ele retornasse do exército? Tudo era uma grande dúvida na cabeça de todos. Talvez por isso Elvis tenha se empenhado tanto, tenha sido tão perfeccionista nas gravações. É fato notório o alto número de takes produzidos e todas as dificuldades que aconteceram até que Elvis se sentisse satisfeito. Do trabalho árduo veio a perfeição. Não se enganem, as canções aqui presentes são simplesmente os melhores exemplos do Rock'n'Roll de Elvis nos anos 50. Essa foi a despedida do Rei do Rock aos melhores anos de sua trajetória artística. Não sou e nunca fui daqueles que acreditam que após sua volta do exército Elvis nunca mais conseguiu produzir material de relevância! Longe disso, mas não posso deixar de negar que os anos 50 foram, sem a mais remota sombra de dúvida, o auge da carreira de Elvis Presley. Muitos o condenam, pois a partir dos anos 60 Elvis iria tomar outros rumos musicais. Não penso dessa forma. Elvis seguiu e trilhou outros caminhos mas o fato dele ter deixado o velho Rock'n'Roll de lado não significa que ele teria sido menor ou teria menos importância por essa razão. Nos anos que viriam Elvis não seria um artista menor, apenas seria diferente. De qualquer maneira esse disco é o testamento final do Elvis Rocker, tão amado, tão odiado, tão debatido, tão estudado, tão controvertido! Um testamento assinado por mais de 50.000.000 de testemunhas que certamente não poderiam estar erradas!

I NEED YOUR LOVE TONIGHT (Wayne / Reichner) - Abrindo o disco temos esta ótima canção pop que possui um ritmo gostoso e fluente. Elvis a gravou em Nashville, a capital da música country and western, no dia 10 de junho de 1958 naquela que foi sua última sessão de gravação antes de servir o exército americano. Essa sessão não contou com as presenças de Scotty Moore e Bill Black, pois estes estavam em dissídio com Tom Parker por melhores salários. Como Parker não aceitou a proposta apresentada, eles resolveram não comparecer para participar das sessões. Com o boicote da banda original de Elvis, o produtor Steve Sholes então convocou os serviços de novos músicos: Bob Moore foi chamado para tocar baixo (sua participação foi tão boa que ele se tornaria efetivo na banda de Elvis nos anos 60) e Hank Garland foi para a guitarra, na vaga deixada por Scotty. Ainda foi chamado o lendário Chet Atkins, não só para tocar no grupo, como também para colaborar nos arranjos. Foi lançada como Lado B do single "A Fool Such As I" em Março de 1959 atingindo o quarto lugar nas paradas. Sem sombra de dúvida foi uma despedida de gala, digna de um verdadeiro Rei.

DON'T (J.Leiber / M.Stoller) - Canção composta especialmente para Elvis. Leiber e Stoller resolveram compor uma música romântica bem ao estilo dele, totalmente adequada para a sua característica vocal. Sem dúvida é um momento especial! Considerada pelos críticos e fãs como umas das melhores baladas românticas dos anos 50, ainda hoje consegue emocionar. Curiosamente a canção foi gravada na sessão que deu origem ao disco de natal "Elvis Christmas Album". Apesar de toda a gravação ter se concentrada no projeto natalino, Elvis conseguiu arranjar tempo para finalizá-la. Esse fato vem demonstrar como Elvis era eficiente dentro dos estúdios nos anos 50. Em apenas 3 dias de gravação ele conseguiu emplacar 12 canções, que iam do gospel ao R&B de raíz. Certamente material não iria faltar para a RCA, muito pelo contrário, como bem demonstra a avalanche de lançamentos durante os primeiros anos da carreira de Elvis. Eram tantas as músicas disponíveis que muitas vezes os próprios singles do Rei competiam entre si. Apesar de toda essa correria e abundância de novos títulos o single não deixou de se tornar um grande sucesso alcançando o primeiro lugar da parada de singles logo no começo de 1958. Dessa forma o compacto "Don't / I Beg Of You" se tornava o sétimo single de Elvis a entrar no topo de sucessos da revista Billboard. Mais um disco de ouro para sua vasta coleção de prêmios.

WEAR MY RING AROUND YOUR NECK (Carrol / Moody) - Muito provavelmente a mais complicada gravação feita por Elvis para esse disco. Na primeira tentativa de gravá-la Elvis teve que produzir 22 takes e mesmo assim não se deu por satisfeito! Como se isso não bastasse o produtor Steve Sholes teve que promover no dia 26 de fevereiro daquele mesmo ano uma pequena sessão onde foram acrescentados novos instrumentos, guitarra e piano. Só depois da música ter sofrido esse overdub foi que Steve Sholes a considerou ideal para lançamento. O mais curioso é que muito desse material ainda não foi lançado. O que é bem conhecido pelos fãs é o material que saiu no disco Essential Elvis vol.3, mas isso é uma pequena amostra do que foi gravado por Elvis. De qualquer maneira a canção foi finalmente lançada como single em abril de 1958 com "Doncha Think It's Time" no lado B, chegando ao terceiro lugar na parada da revista Billboard.

MY WISH CAME TRUE (Hunter) - Outra canção que trouxe muita dor de cabeça para Elvis! Foram 28 tentativas antes de se chegar à versão definitiva. Ela foi gravada nas sessões de setembro na costa oeste. Naquela ocasião o produtor Steve Sholes e o engenheiro de som Thorne Nogar estavam preparados para gravar as músicas natalinas que fariam parte do disco "Elvis Christmas Album". Porém Elvis os lembrou bem a tempo que ainda teria que completar a versão definitiva de "Treat Me Nice" para a trilha sonora de "Jailhouse Rock" ainda naquela noite. Superado esse pequeno impasse, Elvis começou os primeiros ensaios do álbum temático, justamente com a conhecida "Blue Christmas". Depois de completá-la Elvis decidiu que iria aproveitar a presença da vocalista Millie Kirkham para gravar um tema que ele apreciava muito. Talvez por causa das próprias características peculiares da música (grandiosidade, vocalização feminina bem presente) as coisas começaram a emperrar dentro do estúdio. Após várias tentativas Elvis se deu satisfeito com o take 28. Muito provavelmente ele tenha ficado mesmo farto e considerou essa versão como razoável. O cansaço aliado a pressão de terminar tantas músicas em um só dia fez com que Elvis desse por encerrado as tentativas e passasse adiante para agora sim se concentrar no material de natal. "My Wish Came True" possui uma sonoridade ímpar dentro da discografia de Elvis dos anos 50, principalmente pelo fato do cantor ser acompanhado pelo magistral vocal da já citada Millie Kirkham (arranjo pouco comum nos discos convencionais de Elvis dessa década). Como era uma música bem diferenciada do conjunto da obra de Elvis naquele período, a RCA resolveu encaixá-la no Lado B do single "A Big Hunk O'Love". A faixa principal, como todos sabemos, chegou ao topo das paradas, sendo que "My Wish Came True" conseguiu alcançar o honroso 12º lugar entre as músicas mais ouvidas. Nada mal para uma das mais peculiares canções de Elvis.

I GOT STUNG (Schroder / Hill) - Foi a última canção gravada por Elvis antes dele seguir viagem para Alemanha. Esta sessão foi realizada no dia 11 de junho de 1958 nos estúdios da RCA em Nashville. Ao contrário de "Wear My Ring Around You Neck", por exemplo, a sessão de gravação de "I Got Stung" está muita bem documentada, principalmente nos CDs "I Got Stung" e "Totally Stung". No primeiro temos quinze das 24 versões produzidas. Além de todo esse farto material disponível ainda podemos encontrar ótimos takes completos dentro da discografia oficial da BMG como os que podem ser ouvidos nos discos "Today, Tomorrow and Forever" e "Essential Elvis vol.3". Dessa forma o fã mais paciente e persistente chega com certa facilidade na íntegra da lista de todas as versões produzidas por Elvis para essa canção. A música é um dos mais belos trabalhos produzidos por Elvis em estúdio nos anos 50. Ela consegue trazer em sua curta duração todos os elementos que fizeram do Rock'n'Roll o mais popular gênero musical daqueles anos dourados. Para quem quer conhecer a sonoridade verdadeira da primeira geração do Rock americano é indispensável ouvir essa canção. Infelizmente acho que apesar de toda sua relevância a RCA a subestimou, pois ela foi lançada como lado B de "One Night" em outubro de 1958. Na minha visão todas as duas músicas mereciam destaque e nenhuma delas deveria ser renegada para um lado B de single, por mais importante que ele fosse. De qualquer forma a música superou esse pequeno erro que foi cometido em seu lançamento e foi sendo regravada por outros artistas nas décadas que viriam. Esse fato por si só já demonstra como ela é realmente um símbolo inestimável dos primeiros passos desse novo ritmo que nascia. Para reforçar esse pensamento pode-se citar, por exemplo, a ótima versão gravada por Paul McCartney em seu CD "Run Devil Run". Mais rocker impossível.

ONE NIGHT (Bartholomew / King) - A versão original desta canção foi lançada por Smiley Lewis em 1956 pelo selo Imperial. Aproveitando seu relativo sucesso e repercussão, Elvis a gravou logo após na costa oeste em fevereiro de 1957. Não é a melhor canção do disco mas certamente é a mais conhecida entre os fãs. Isso decorre muito do fato de Elvis tê-la utilizado mais de dez anos depois em seu memorável retorno no programa NBC TV Special em 1968 (Comeback Special). Com isso a canção ficou muita associada ao especial, principalmente pela interpretação visceral que Elvis apresentou naquele momento. Com blusão de couro negro, muita energia e disposição, Elvis realmente cravou no imaginário popular a sua performance de "One Night". Já a versão clássica dos anos 50 enfrentou uma série de problemas, entre eles a sua própria letra, que mais uma vez foi considerada ofensiva pelos moralistas de plantão! Sem outra opção Elvis e os produtores resolveram gravar uma versão, digamos assim, "soft" da música. Nada que pudesse chocar os pais dos fãs do cantor. Para evitar criar maiores polêmicas e problemas um dos versos foi alterado para retirar possíveis mensagens implícitas de natureza sexual. Claro que os jovens entenderam muito bem o recado da canção mesmo depois da alteração promovida, mas parece que a leve suavização foi do agrado dos nervosos senhores da moralidade dos anos 50. A versão "hardcore", com a letra imprópria, foi lançada muitos anos depois com o título de "One Night a Sin". Compare as duas e perceba as alterações. Com ou sem censura, com ou sem moralismo descabelado, a versão de "One Night" por Elvis Presley conseguiu chegar ao quarto lugar nas paradas em outubro de 1957. Um verdadeiro pecado, convenhamos.

A BIG HUNK O'LOVE (Schroder / Wyche) - A última música de Elvis dos anos 50 a chegar ao primeiro lugar em junho de 1959. O single, que foi lançado com "My Wish Came True" no lado B, foi além de campeão de vendas indicado para duas categorias no prêmio Grammy: "Melhor performance de um artista Top 40" (perdendo para Nat King Cole) e "Melhor performance de Rhythm & Blues" (novamente perdendo, dessa vez para Dinah Washington). Uma das coisas que mais chamam atenção na carreira de Elvis é a ausência de prêmios Grammy de maior importância. Cantor reconhecido internacionalmente, Elvis nunca ganhou um prêmio dessa natureza, enquanto vivo, pela sua obra mais popular. O Rei do Rock nunca foi reconhecido com esse tipo de premiação por seus álbuns dos anos 50, década onde se concentra sua fase mais roqueira! Tampouco levou algum tipo de prêmio por seus discos dos anos 70, considerados alguns de extrema importância dentro do conjunto da obra de Elvis. Nem sua sessão em Memphis de 1969, considerada pelos críticos um dos maiores momentos de ressurgimento já registrados de um artista na história, mereceu maior atenção pela academia de música! O Grammy só reconheceu mesmo sua importância em relação à sua obra gospel, pois todos os prêmios que lhe foram dados se referiam a esse gênero religioso, que se não é menor, certamente era secundário dentro da carreira de Elvis. Injustiçada ou não pelo Grammy, "A Big Hunk O'Love" acabou se tornando parte do repertório fixo do cantor nos anos setenta, porém como sempre a sua versão "anos 50" em pouco se assemelha ao arranjo dos anos 70. Isso é decorrente do fato de que Elvis modificou a arranjo mais R&B de muitos de seus clássicos dos anos 50 para se adaptar ao estilo Las Vegas, com uso de arranjo de metais (para muitos de forma excessiva em certos momentos!) e outros detalhes que inexistiam nas versões de estúdio nos primeiros anos da carreira dele. Para diferenciar e notar todas as mudanças de arranjo é interessante ouvir as duas versões! Certamente os que preferem o estilo mais cru e enraizado da primeira geração do Rock vão preferir o estilo dos anos 50, enquanto os que admiram mais os arranjos engrandecidos dos cassinos ficarão certamente com o estilo de Elvis dos anos 70. Uma questão de gosto pessoal.

I BEG OF YOU (McCoy / Owens) - Outra que foi gravada na costa oeste em 1957 e que ficou bastante tempo arquivada, isso para os padrões dos anos 50 evidentemente! Tom Parker não gostou muito do resultado final e por isso seu lançamento foi sendo sistematicamente adiado até que ela foi finalmente colocada como lado B do single "Don't". Talvez para agradar Parker ou o próprio Elvis a música acabou tendo duas versões com arranjos diferenciados. Aquele que acabou prevalecendo e que se tornou oficial não é o melhor na minha opinião, pois a outra versão tem muito mais pique e energia. A mais rápida só iria chegar aos lançamentos da gravadora de Elvis muitos anos depois no CD "Essential Elvis - Stereo 57". Essa coleção acabou sendo a percurssora do projeto "Follow That Dream" (FTD) que ao longo dos anos tem lançado vasto material inédito de Elvis, seja através de apresentações dos anos 70, seja pelo lançamento de edições revisionistas de seus álbuns clássicos, seja por meio de discos de takes alternativos. De qualquer forma "I Beg Of You" é um belo exemplo do melhor rock de Elvis Presley nos anos 50. Imperdível.

(Now and Then There's) A FOOL SUCH AS I (B. Trader) - Lançada originalmente em 1952 por Hank Snow pela RCA. Hank foi um nome importante na história de Elvis. Além de colocar o cantor em suas excursões para fazer parte da trupe de artistas do Hank Snow Show, ele foi ainda a primeira pessoa a falar para os executivos da RCA sobre esse novo cantor que estava fazendo grande sucesso no sul do país. Na realidade Hank queria mesmo era se tornar empresário de Elvis, tanto que foi falar pessoalmente com Steve Sholes da RCA sobre a contratação de Elvis pela gravadora. O próprio Elvis estava muito lisonjeado com o interesse de Hank. Mas as coisas não seriam tão fáceis assim. Apesar de todo o interesse, Hank foi colocado para escanteio pelo Coronel Parker que assumiu o posto de empresário de Elvis. Ninguém sabe como Hank desistiu assim tão rapidamente do jovem talento, alguns autores levantam a hipótese que o Coronel usou até de chantagem para fazer Hank Snow cair fora! De qualquer forma ele pulou fora mesmo após ter se encontrado com Parker em um hotel de Memphis. "A Fool Such As I" é uma balada romântica excepcional que marcou toda uma época! Elvis chegou a concorrer a um Grammy de "Melhor canção do ano" por esta música, mas infelizmente, assim como aconteceu com "A Big Hunk O'Love", também não conseguiu ganhar o tão cobiçado prêmio. Apesar de todos seus inegáveis méritos a música foi aos poucos sendo deixada de lado. Um dos raros registros dela ao vivo pode ser conferido no show que Elvis fez em Pearl Harbor no dia 25 de março de 1961. Esse foi um concerto beneficente que Elvis fez em prol dos veteranos da II Guerra Mundial. Quando Elvis apresentou sua "A Fool Such as I" a gritaria foi geral! Essa é uma singularidade bem interessante dessa apresentação, pois Elvis e banda fizeram uma execução bem fiel ao do disco, exceto por uma pequena brincadeira promovida por ele mesmo na segunda parte com a letra original. Outro grande destaque digno de nota é a participação muito especial no estúdio do guitarrista Chet Atkins. Grande músico e um dos grandes nomes de Nashville, Chet colaborou muito no arranjo final da música. Sua vocação de produtor era tão evidente que ele próprio acabou se tornando encarregado de algumas sessões de Elvis nos anos 1960.

DONCHA'THINK IT'S TIME (Otis / Dixon) - Essa canção é bem interessante porque traz uma coisa muito comum nas músicas da primeira geração do Rock americano. A letra obviamente não traz nada de novo, é a velha fórmula de romances adolescentes, declarações apaixonadas, simples banalidades que os jovens diziam para suas namoradinhas. O grande valor de quase todas as primeiras músicas de Rock'n'Roll vem de seu ritmo inigualável. Com ele pode-se até mesmo inverter a verdadeira intenção ou a literalidade das letras escritas. Veja o caso dessa canção: na primeira audição tudo pode até mesmo passar despercebido, mas e a forma como Elvis a canta? Será que a letra já resume tudo mesmo? Claro que os jovens entendiam no estilo insinuante de Elvis a verdadeira intenção por trás da canção. De ingênuo e bobo não havia nada mesmo! A vida de Elvis nesse período não se resumia ao velho esquema "letras inocentes, intenções maliciosas"! Havia também muita correria e viagens para cumprir suas obrigações. Esse foi o caso. Elvis foi praticamente retirado do set de filmagens de seu novo filme, "King Creole" (balada sangrenta, 1958), para completar uma sessão que ficara incompleta! A RCA já estava sabendo que iria ficar um longo tempo sem seu artista principal e por isso sempre que havia possibilidade levava Elvis para o Radio Recorders com a finalidade de, como dizia a gíria dos produtores, "encher a lata", ou seja, deixar mais material arquivado para futuros lançamentos da gravadora durante a ausência prolongada de Elvis fora do país defendendo os interesses do Tio Sam. Se tempo era dinheiro então a RCA não perdeu nem um segundo: a canção foi rapidamente lançada como lado B de "Wear my Ring Around Your Neck", pouco menos de dois meses depois que foi gravada! Mas isso não era tudo! Logo Elvis estaria com as malas prontas para seguir rumo à Europa, onde iria cumprir seu serviço militar junto às tropas da OTAN estacionadas na Alemanha. O cantor deu azar, pois acabou pegando um dos mais rigorosos invernos daquele país. No fundo Elvis era mais uma arma de propaganda do governo dos EUA na "guerra fria", pois ele foi despachado para um posto bem perto da "cortina de ferro". Assim os jovens sem liberdade do leste europeu teriam um símbolo da "liberdade americana" no seu quintal! Boa ideia, não é mesmo? Que tal usar Elvis contra os comunistas? De qualquer forma passe ao lado desses pequenos detalhes políticos e curta o disco pelo que ele tem de melhor: ótimas canções e momentos de uma das mais brilhantes fases da carreira de Elvis Presley.

Ficha Técnica: (One Night / I Beg Of You) Elvis Presley (voz e guitarra) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Dudley Brooks (piano) / The Jordanaires (vocais) / Produzido por Steve Sholes / Data de gravação: 23 de fevereiro de 1957 - Local: Radio Recorders, Hollywood. Ficha Técnica: (Don't / My Wish Came True) Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Dudley Brooks (piano) / The Jordanaires (vocais) / Millie Kirkham (vocais) / Produzido por Steve Sholes / Data de gravação: 6 e 9 de setembro de 1957 - Local: Radio Recorders, Hollywood. Ficha Técnica: (Doncha' Think it's Time / Wear My Ring Around Your Neck) Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Dudley Brooks (piano) / The Jordanaires (vocais) / Tiny Timbrell (guitarra) / Produzido por Steve Sholes / Data de gravação: 1º de fevereiro de 1958 - Local: Radio Recorders, Hollywood. Ficha Técnica: (I Need Your Love Tonight / A Big Hunk O'Love / A Fool Such As I / I Got Stung)(voz e guitarra) / Chet Atkins (guitarra) / Hank Garland (guitarra) / / Bob Moore (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Buddy Harmon (bongôs) / The Jordanaires (vocais) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Steve Sholes e Chet Atkins / Data de gravação: 10 e 11 de junho de 1958 - Local: RCA Studios, Nashville. 50.000.000 Elvis Fans Can't Be Wrong - Elvis Gold Records Vol. 2 Data de Lançamento: dezembro de 1959 / Melhor posição nas charts: #31 (EUA) e #4 (UK)

Texto escrito por PABLO ALUÍSIO - Setembro de 1999 / revisado e atualizado em novembro de 2001 / reescrito em junho de 2006.

Elvis Presley - A Date With Elvis (1959)

A Date With Elvis
- Lançado em Agosto de 1959, o LP "A Date With Elvis" reúne músicas do período do cantor na Sun Records juntamente com canções extraídas de algumas de suas primeiras trilhas sonoras, como por exemplo "Jailhouse Rock" (o prisioneiro do rock, 1957) e "Love me Tender" (ama-me com ternura, 1956). Segue basicamente o mesmo critério utilizado pelo disco "For LP Fans Only", ou seja, é mais uma coletânea inventada pelo Coronel Parker e pela RCA para vender novamente material já lançado antes pelo cantor. A única novidade é que essas músicas nunca tinham sido reunidas antes no formato LP, pois eram provenientes de singles e EPs, como no caso das trilhas dos filmes já citados e das canções da época da Sun. Só que dessa vez o mercado não caiu na "estratégia" de Parker e assim como aconteceu com o anterior, "For LP Fans Only", o disco não alcançou o sucesso esperado, chegando somente ao 32º lugar na parada de álbuns da Billboard.

O fato era que a RCA Victor já havia utilizado todo o material gravado por Elvis antes dele ir servir o exército e em desespero de causa lançou este disco, que acabou não agradando aos consumidores e fãs. Todos estavam ansiosos para comprar novos discos de Elvis e não em adquirir mais uma vez o que já tinham. Muitos autores inclusive afirmam que tudo não passou de uma armação de Tom Parker em cima da RCA, levando a gravadora de Elvis a erro, pois a verdadeira intenção do Coronel seria essa mesma, ou seja, para o empresário seria interessante que o disco não fosse bem nas paradas, pois isso iria demonstrar aos produtores da RCA que a renovação do contrato de Elvis não era apenas uma opção, mas sim uma necessidade imperiosa para a empresa. Já que o público queria material inédito, então a RCA não deveria medir esforços para ter novamente Elvis em seu plantel. A necessidade de ter Elvis para a gravação de músicas inéditas iria, com certeza, ser mais um fator de pressão agindo ao lado de Tom Parker. Isso iria certamente pesar muito na renegociação do contrato de Elvis após ele voltar da Alemanha. Talvez o Coronel soubesse que o melhor seria mesmo reunir todas as gravações de Elvis pela Sun Records num único disco. Essa sim seria uma boa maneira de oficializar o lançamento dessas faixas da Sun pela RCA. Mas isso só iria acontecer mesmo muitos anos depois, já no final da carreira de Elvis, com o aclamado "The Sun Sessions".

De qualquer maneira, tudo tem seu lugar na história e esse disco, visto hoje, acabou tendo seu papel dentro da discografia do Rei. O nome do disco deriva do fato do mesmo trazer em sua capa a data do retorno de Presley aos Estados Unidos depois de prestar serviço militar na Alemanha. Era como se Elvis tivesse um encontro marcado com todos seus fãs no referido dia de seu retorno. A "ideia genial" só poderia partir de uma pessoa mesmo: O Coronel Tom Parker, mais uma vez! Em sua vida pessoal Elvis sofreu nesse período a maior perda de sua vida. Sua mãe, Gladys Smith, morreu do coração em Memphis. O cantor era muito próximo a ela e se viu deste modo frente ao maior drama de sua vida. A partir deste ponto de sua vida Elvis iria sofrer uma profunda mudança em sua personalidade, fato que iria se refletir muito em sua carreira musical nos anos que viriam. Segundo o autor Albert Goldman em seu livro "Elvis", foi neste período de sua vida que o Rei do Rock começou a sentir todo o peso negativo da fama e da celebridade, pois ao ver seus dramas pessoais expostos com grande repercussão na mídia, Elvis pela primeira vez sentiu o gosto amargo de ser uma figura pública que poderia ser explorada facilmente pela imprensa marrom. A morte de Gladys teve enorme influência não somente em aspectos pessoais de Elvis, mas também artísticos. No ano que viria Elvis iria deixar a velha imagem de roqueiro rebelde criada em torno dele nos anos 50 e iria promover uma mudança radical em seu estilo musical. Essa guinada nem sempre seria louvada ou celebrada, principalmente pelos seus primeiros fãs do estilo rocker dos anos 50. Para esses, Elvis iria ficar muito açucarado na década que nascia. Esse tipo de pensamento e postura foi muito bem resumido na famosa frase de John Lennon, que declarou ao saber da morte do cantor em 1977: "Elvis morreu no dia em que entrou para o exército!". Estas são as canções do disco "A Date With Elvis" (LPM 2011):

BLUE MOON OF KENTUCKY (Bill Monroe) - Originalmente foi lançado no ano de 1948 pelo próprio autor Bill Monroe, considerado o "pai do Bluegrass". O pequeno single trazia o selo Columbia e teve uma repercussão restrita às paradas ligadas ao gênero country. De qualquer forma ela acabou chamando atenção e ficou sempre em evidência, sendo muito tocada em estações de rádio do Sul. Certamente virou uma das preferidas também de um garoto de apenas 13 anos que sempre estava sintonizando suas velhas estações country em busca de novidades. O nome do garoto em questão? Nem é preciso dizer. Em julho de 1954 chegava às lojas do sul dos Estados Unidos o single "Sun 209" que trazia as duas primeiras canções comerciais interpretadas por Elvis Presley. No lado A "That's All Right" e no lado B, ela mesma, aquela simples baladinha country que tocava insistentemente nas estações caipiras de Memphis. Era a materialização do velho sonho de se tornar cantor nascendo para aquele garotinho que ouvia Bill Monroe no rádio. "Blue Moon of Kentucky" foi gravada em julho de 1954 contando apenas com Elvis, Scotty Moore e Bill Black. O produtor Sam Phillips sempre afirmava que: "O dia em que eu encontrar um branco que cante como um negro, irei ganhar um milhão de dólares". Essa profética frase iria se tornar verdade quando o próprio Sam resolveu dar uma chance a um dos inúmeros novatos que iam a seu estúdio em Memphis todos os dias tentar uma chance de se tornar artista profissional. Para quem não acredita em sonhos impossíveis, "Blue Moon Of Kentucky" veio para registrar para a história o momento do aparecimento de um dos maiores fenômenos da música popular mundial, um sonho que se tornou possível para Elvis Presley, pois ele acreditou em sua materialização com convicção. Pois é, "Sonhos são como deuses, nós temos que acreditar neles" já dizia a conhecida frase.

YOUNG AND BEAUTIFULL (A. Silver / A. Schroder) - Canção romântica que foi escrita especialmente para Elvis quebrar os corações de suas fãs adolescentes. Primeiro cantor a possuir um vasto conjunto de fãs clubes organizados nos anos 50, Elvis era considerado pelas jovens dos chamados anos dourados como o "namorado ideal", pelos fãs masculinos como um "modelo rebelde a se seguir" e pelas mães dessa moçada como "uma ameaça aos bons costumes". Embora fosse visto durante os anos 50 como um rebelde e delinquente essa imagem seria alterada profundamente em 1958 quando Elvis foi para o exército. A partir desse momento a imagem de Elvis sofreu uma profunda modificação passando a ser considerado um bom moço para até mesmo para as mães conservadoras de suas fãs mais fiéis. Essa imagem de um Elvis rebelde e transgressor realmente não condizia com a verdade. Talvez por ser polêmico e considerado um sucessor legitimo de James Dean nos anos 50, o cantor era apontado de forma equivocada como o grande incentivador do aumento da delinquência juvenil dos EUA. Um mau elemento, à margem da sociedade. Nada mais longe da verdade. Elvis era apenas um garoto do sul, extremamente ligado em sua família, profundamente religioso e que procurava levar uma vida decente. Obviamente não estava aí para contestar os valores da classe média americana. Era antes de tudo uma pessoa que procurava subir na vida com seu talento. Claro que papéis como o de Vince Everett do filme "Jailhouse Rock" contribuíram e muito para essa visão, mas tudo não passava de marketing dos estúdios. Elvis se dava bem com todos no set e principalmente com suas estrelas. Para contracenar com Elvis em "Jailhouse Rock" (filme do qual essa música foi retirada) foi contratada a starlet em ascensão Judy Tyler. Logo nasceu uma amizade entre Elvis e ela. Ambos eram novatos no cinema e procuravam antes de tudo se consolidar no meio. Mas antes mesmo de se tornar uma estrela de cinema Judy Tyler foi vítima de um destino trágico. Ela morreu logo após as filmagens em um acidente automobilístico.

O fato chocou a todos, e em particular Elvis, que lamentou profundamente o passamento de sua colega de trabalho, ainda tão jovem, talentosa e com um futuro tão promissor pela frente. Não tardou muito para que "Jailhouse Rock" entrasse na lista negra de Elvis. Para evitar ficar deprimido Elvis baniu o filme de sua vida e nunca mais o assistiu. Isso inclusive iria acontecer um ano depois com "Loving You". Nesse filme Gladys Presley, mãe do Rei, aparecia em cena batendo palmas em uma das cenas. Depois que sua mãe faleceu Elvis riscou do mapa também seu segundo filme. Não queria recordar Gladys ali ao seu lado, viva e feliz. Freud Explica!

(You're So Square) BABY I DON'T CARE (Leiber / Stoller) - É outra verdadeira pérola da dupla Leiber e Stoller que foram os responsáveis por quase toda a parte musical do fantástico filme "Jailhouse Rock". Um fato curioso ocorreu na sessão de gravação desta música: o baixista Bill Black não conseguiu executar de forma satisfatória a Introdução da música, então Elvis pegou o contrabaixo de Black e tocou a introdução de forma impecável, sendo esta a definitiva e a que aparece no disco. Curiosamente na cena do filme aconteceu uma coisa engraçada: sem se dar conta Scotty Moore acabou comprometendo a continuidade do filme. Nas cenas em que se mostrava Elvis em close, Scotty aparece sem óculos e nas cenas abertas com o cantor focalizado a uma certa distância, Scotty se apresenta com seus óculos pretos! Obviamente as tomadas de perto e de longe foram filmadas em ocasiões diferentes, porém na montagem final em que as duas cenas são unidas surge o erro de continuidade bem nítido. Apesar desse pequeno pecado técnico a cena em si é ótima, com Elvis animado e dançando em seu peculiar estilo.

MILKCOW BLUES BOOGIE (Arnold) - Esta canção foi gravada inicialmente por Kokomo Arnold em 1953 pelo selo Decca, sendo que em 1946 Bob Willis & his Texas Playboys já a tinham gravado com o título de "Brain Cloudy Blues". A versão de Presley surgiu no mercado como a música título de seu terceiro single pela Sun Records (Sun 215) com "You're a Heartbreaker" no lado B, logo no comecinho de 1955. Ela foi gravada na terceira sessão de Elvis pela pequena gravadora de Sam Phillips contando somente com o trio básico de suas primeiras músicas: ele, Bill e Scotty. A data correta desta sessão é motivo de controvérsia pois alguns autores determinam o mês de novembro e outros, dezembro, não ocorrendo um consenso sobra a data correta. Essa é provavelmente uma das canções mais peculiares que já ouvi. A letra e o arranjo não deixam dúvidas: é uma canção escrita, feita e produzida para o Sul rural americano dos anos do pós guerra. A sonorização abafada e o ritmo estranho podem deixar muitos fãs jovens do cantor surpresos! Mas é esse tipo de canção que tocava nas rádios regionais de Memphis quando Elvis era apenas um aspirante ao estrelado. Vale a pena sentir e ouvir a sonoridade daquela época na voz do artista que melhor representou aquela geração.

BABY LET'S PLAY HOUSE (Gunther) - Outra música da Sun Records presente neste disco. Foi lançada originalmente por Arthur Gunter em 1954 pelo selo Excello. Sam achou que a música se encaixava perfeitamente no estilo de seu novo cantor. Tentando repetir o êxito da versão original Sam pediu a Elvis que relaxasse e se soltasse durante a gravação! O resultado não poderia ter sido melhor, sendo que a música hoje é considerada um das melhores gravações de todos os tempos. Além de símbolo maior dos anos de Elvis na Sun a canção serve também para demonstrar os primeiros passos do Rock'n'Roll nos EUA. Ainda um pouco atrelada ao country and western, o novo gênero ia aos poucos abrindo seus próprios caminhos, trazendo coisas novas, como bem podemos perceber ao ouvir esse registro histórico. Em muitos trechos percebemos nitidamente que não se trata mais de uma canção totalmente country e sim de algo novo, inovador. Esse tipo de sonoridade logo receberia um nome: era o Rock'n'Roll! Imagine presenciar e fazer parte desse grande momento para a cultural pop mundial! Era simplesmente o bravo Rock'n'Roll que estava nascendo naquele exato instante, naquele exato momento, naquele pequeno estúdio de Memphis, TN! A Versão de Elvis Presley foi lançada como single (Sun 217) em Abril de 1955 com "I'm Left, You're Right, She's Gone" no lado B e o mundo nunca mais seria o mesmo! Apesar de muitos desses compactos de Elvis pela Sun Records terem alcançado um sucesso limitado, restrito à região conhecida como "Arklatex", ou seja, Arkansas, Texas, Mississipi e Tennessee, todos perceberam que algo novo e revolucionário estava chegando, que um novo idioma musical estava surgindo! Tanto isso é verdade que os primeiros singles de Elvis pela Sun logo chamaram a atenção dos chefões das grandes gravadoras americanas como a Decca, a Columbia e a RCA Victor. Todos queriam entender esse tipo novo de som que surgia entre a moçada. Um ritmo novo, tocado por jovens músicos, feito para e pela juventude. Nascia a cultura jovem tal como a conhecemos. Longa vida ao verdadeiro Rock'n'Roll.

GOOD ROCKIN'TONIGHT (Roy Brown) - Se "Baby Let's Playhouse" ainda era uma música híbrida, fortemente amarrada em suas raízes de country and western, "Good Rockin Tonight" já era o próprio Rock'n'Roll. Originalmente lançada em 1947, pelo próprio autor no selo DeLuxe, a música já trazia em seu título a gíria que iria dar nome ao novo estilo musical que estava nascendo da fusão entre country, R&B, blues e gospel. Segundo o especialista Peter Guranilck esta é uma das mais perfeitas gravações de Rock'n'Roll de todos os tempos! De fato esta canção é sem sombra de dúvida um dos maiores registros do talento de Elvis Aaron Presley. Ao tomar posse de uma velha canção da década de 40 e adaptá-la aos novos tempos, Elvis certamente estava escrevendo uma das páginas musicais mais importantes de nosso tempo. Até hoje se fica perplexo em saber como apenas três músicos (Elvis, Scotty e Bill) fizeram um som tão completo como este! Nem parece também que tal música foi gravada num estúdio com poucos recursos técnicos. Enfim, poucas vezes podemos presenciar em uma só música tantos elementos identificadores desse novo gênero que iria mudar a face do mundo a partir desse ponto para sempre. Daqui em diante não haveria mais volta! "Good Rockin Tonight" na voz de Elvis Presley foi lançada pela Sun (Sun 210) em setembro de 1954 com "I Don't Care If The Sun Don't Shine" no lado B. Era o segundo compacto simples de Elvis que chegava nas lojas do Sul, dois meses após o lançamento de "That's All Right / Blue Moon Of Kentucky". Depois de seu lançamento a canção virou um ícone da primeira geração do Rock. Um símbolo que nunca mais foi esquecido, tanto que muitos artistas iriam prestar seu tributo a esse momento tão raro e importante nas décadas posteriores! Entre as mais conhecidas versões está a que Sir Paul McCartney produziu em sua New World Tour. Uma versão belíssima desta canção, que inclusive conseguiu capturar toda a sua essência rocker.

IS IT SO STRANGE (Faron Young) - Vejam como Parker e a RCA bagunçavam a discografia de Elvis. Essa canção nada tinha a ver com todas as demais que fizeram parte desse disco! Ela não era da época da Sun e nem muito menos fazia parte de alguma trilha sonora! Assim fica até mesmo complicado explicar como ela veio parar aqui nesse disco! Muito provavelmente ela foi simplesmente encaixada de última hora para completar o tempo necessário para se preencher um álbum, o antigo LP. Apesar de ser considerada uma autêntica "estranha no ninho" trata-se na verdade de uma linda balada romântica, típica dos anos cinquenta. Foi gravada no dia 19 de janeiro de 1957 nos Estúdios Radio Recorders em Hollywood e lançada pela primeira vez no compacto duplo "Just for You" em Abril de 1957, se tornando uma grande sucesso, pois chegou até mesmo a atingir o segundo lugar nas paradas. Belo momento

WE'RE GONNA MOVE (Presley / Matson) - Canção que foi baseada numa marchinha muito popular entre os soldados confederados durante a guerra civil americana. Outra interessante adaptação de Ken Darby para o primeiro filme de Elvis, "Love Me Tender". Quando a Fox trouxe Elvis para os sets de filmagens em 1956 houve até um certo debate sobre os rumos que o filme iria seguir a partir de sua entrada. Para o diretor Richard D. Webb o filme deveria seguir o roteiro original, ou seja, nada de músicas e nem destaque especial para Elvis, que no fundo iria apenas interpretar um mero papel coadjuvante. Mas sua opinião foi atropelada pela repercussão que Elvis estava tendo na mídia da época. Era praticamente impossível ignorar a presença de Presley no filme. Além do mais os fãs não iriam aceitar que o filme não tivesse músicas. Por ordens vindas da direção da Fox tudo mudou. O roteiro, antes melodramático e soturno, foi jogado para o alto e em seu lugar foram acrescentadas várias cenas com Elvis cantando e exercendo seu direito óbvio de se destacar no elenco! Ken Darby foi chamado às pressas e teve que se virar para compor uma trilha sonora em cima da hora. Como não havia muito tempo mesmo para escrever material inédito, ele resolveu adaptar algumas canções folclóricas da época da guerra como "Aura Lee" (Love Me Tender) e essa que era conhecida pelos confederados como "There's a Leak in this Old Building".

I WANT TO BE FREE (Leiber / Stoller) - Outra canção composta por Leiber e Stoller para o filme "Jailhouse Rock". Dessa vez o resultado final fica um pouco abaixo da média. Nada que deponha contra o talento dos autores, mas se formos comparar com o restante da trilha sonora fica claro que o resultado fica abaixo do esperado. Novamente Elvis registrou duas versões na madrugada do dia 30 de abril (aliás, toda a trilha sonora foi praticamente gravada na mesma noite). Uma das versões foi utilizada exclusivamente no filme e a outra, oficial, lançada no EP (compacto duplo). Como sempre o Coronel Parker não deixaria a música ficar restrita à trilha do filme. Obviamente ele iria procurar uma forma de lançá-la novamente para ganhar alguns níqueis extras. E foi assim que "I Want To Be Free" foi relançada no disco "A Date With Elvis". Também no mesmo LP o Coronel ainda encaixaria "Baby I Don't Care" e "Young and Beautifull". Parker mais uma vez dava continuidade ao seu lema de vender a mesma coisa duas vezes!

I FORGOT TO REMEMBER TO FORGET (Kesler / Feathers) - Fechando o disco temos mais esta canção da época em que o "passe" do Rei do Rock pertencia à pequena Sun Records de Memphis. Ela foi título do último single de Elvis pela Sun (Sun 223) em agosto de 1955 e que foi logo relançado pela RCA em dezembro de 1955. No lado B "Mistery Train". Ela foi gravada no dia 11 de julho de 1955 com Elvis, Scotty Moore, Bill Black e Johnny Bernero, um dos primeiros bateristas da banda que acompanhava o cantor (o primeiro baterista que trabalhou profissionalmente com Elvis foi Jimmie Lott que só participou de uma sessão na Sun). Os Beatles no disco "Live in BBC" apresentam uma versão muito especial desta música. Era a prova que os Beatles eram profundos conhecedores da música americana e fãs de carteirinha de Elvis Presley.

Elvis Presley - A Date With Elvis (1959): (músicas da RCA Victor) Elvis Presley (vocal, violão, piano e baixo) / Scotty Moore (guitarra) / Chet Atkins (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Short Long (piano) / The Jordanaires (acompanhamento vocal) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Elvis Presley e Steve Sholes / Ficha Técnica: ("Jailhouse Rock Sessions") Elvis Presley (vocal e baixo) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Dudley Brooks (piano) / Mike Stoller (piano) / The Jordanaires (vocais) / Arranjado por Steve Sholes e Elvis Presley / Produzido por Steve Sholes / - Data de Gravação: Abril e julho de 1957 / Local: Radio Recorders, Hollywood. Ficha Técnica: (músicas da Sun Records) Elvis Presley (voz, violão e guitarra) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / Jimmie Lott (bateria) / Johnny Bernero (bateria) / Engenheiro de Som: Sam Phillips / Produção: Sam Phillips / Arranjado por Sam Philips, Scotty Moore e Elvis Presley / Gravado no estúdio Sun Records, Avenida Union, 706, Memphis, Tennessee. Ficha Técnica: ("We're Gonna Move") Elvis Presley (vocal, violão e guitarra) / Vito Mumolo (guitarra) / Mike Rubin (baixo) / Richard Cornell (bateria) / Luther Rountree (banjo) / Dom Frontieri e Carl Fortina (acordeon) / Arranjos e producão: Ken Darby / Gravada em Agosto de 1956 nos estúdios I da 20th Century Fox em Hollywood. A Date With Elvis: Data de Lançamento: Agosto de 1959 / Melhor posição nas charts: #32 (EUA) e #4 (UK)

Pablo Aluísio - Setembro de 1999 / revisado e atualizado em novembro de 2001 / reescrito em junho de 2006.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Elvis Presley - For LP Fans Only (1959)

Depois de terminar "King Creole" Elvis foi convocado pelo exército norte americano. Não haveria mais namoros com estrelas de cinema, festas em Hollywood e shows pelo país. Elvis trocaria seu violão por um rifle e um capacete! Dá para imaginar? De uma hora para outra Elvis deixou os mais luxuosos hotéis dos Estados Unidos pela lama da Alemanha. Também não haveria mais gravações pela RCA, ou seja, durante os meses que se seguiriam a carreira do maior ídolo da música americana simplesmente pararia! O jeito foi inventar alguns discos para ao menos amenizar as quedas nas vendas. Com Elvis servindo o exército na Alemanha a RCA resolveu reunir algumas de suas músicas para a composição deste LP. Deste modo aqui temos canções que fizeram parte de trilhas de Elvis como "Poor Boy" do filme "Love me Tender" (ama-me com ternura, 1956) junto de outras do seu período da Sun Records como "That's All Right" e "Mistery Train". Salada geral mesmo.

Uma curiosidade sobre este disco é a não inclusão do nome do cantor na capa e nem na contracapa, o que causou uma certa perplexidade na época. Elvis Presley era tão popular que isto se tornava um mero detalhe. O disco não alcançou o sucesso esperado chegando a um desolador décimo nono lugar nas paradas. O fato de ser o primeiro LP do rei a não chegar ao Top 10 da parada norte americana talvez se explique por este ser um trabalho que só trazia reprises. Seu pouco sucesso não é proporcional à sua qualidade porque sem dúvida este é um ótimo disco. De certa forma foi uma maneira encontrada pela RCA Victor de oficializar algumas músicas importantes da carreira de Elvis que só havia sido lançadas antes em singles da Sun Records. O disco foi lançado nos Estados Unidos em Fevereiro de 1959 e curiosamente não chegou às lojas da Inglaterra na época! Em seu lugar foi lançado no Reino Unido um LP intitulado "Elvis" que possuía uma mistura aleatória de músicas de seu primeiro LP norte Americano com algumas outras canções que, inclusive, estão presentes neste disco. Nesta mesma época Elvis liderava as paradas americanas com dois singles de enorme sucesso, que foram gravadas antes de Elvis partir para a Alemanha: "One Night / I Got Stung" , primeiro lugar em outubro de 1958 e "A Fool Such As I / I Need Your Love Tonight" que chegou ao topo em maio de 1959. As músicas deste "LP exclusivo para fãs" são:

THAT'S ALL RIGHT (Arthur Grudup) - Esta é uma música histórica! Foi a primeira canção interpretada pelo cantor a ser lançada comercialmente pela pequena gravadora de Sam Cornelius Phillips: Sun Records. Foi gravada no dia 7 de julho de 1954 por um simples caminhoneiro do Tennessee que ganhou uma chance de provar seu talento graças a interferência da secretária de Phillips, Marion Keisker, que insistiu com o patrão para que ele proporcionasse uma chance para o "Cara de Costeletas". Elvis virou a versão de "Big Boy" pelo o avesso e criou as bases estéticas do Rock'n'Roll! O Rock não é só a mistura de vários ritmos americanos, mas também uma postura positiva e satírica diante da vida e Elvis foi o primeiro a se expressar desta forma criando o "Rockabilly". "That's All Right (mama)" pode ser considerada uma das dez canções mais importantes da história da música pop do século XX. Em 2003 foi eleita a música mais inovadora da história.

LAWDY, MISS CLAWDY (Price) - Outro grande momento da carreira de Elvis que foi gravado no dia 3 de fevereiro de 1956 nos estúdios da RCA em Nova Iorque. Foi lançada como lado B de um single com "Shake, Rattle and Roll" em Agosto de 56. Era uma das preferidas do Rei do Rock. Na foto ao lado: Elvis desembarca na Alemanha, onde é recebido por uma multidão de fãs!

MISTERY TRAIN (Parker/Phillips) - Foi lançada originalmente em 1953 pelo grupo Jr.Parker & The Blue Flames pela própria gravadora Sun Records. A Versão de Elvis Presley foi lançada como lado B do quinto e último single de Elvis pela Sun Records em agosto de 1955. A partir deste momento o cantor deixava de ser um sucesso regional para se tornar um fenômeno internacional. Todos os compactos lançados pela Sun foram posteriormente relançados pela RCA Victor e este não fugiu à regra. "Mistery Train" é uma das canções mais expressivas da carreira de Presley e a que melhor retrata sua passagem pela gravadora de Memphis. Até hoje ela nos passa um sentimento positivo e feliz perante a vida. Foi lançado um filme chamado "Mistery Train" do diretor Jim Jamursch trazendo uma bela homenagem a Elvis e aos anos 50.

PLAYING FOR KEEPS (Kesler) - Lado B do single "Too Much" lançado em janeiro de 1957 num momento em que a sua carreira estava no auge, na crista da onda. É uma bela canção romântica que com certeza embalou muitos corações mundo afora. Elvis possuía um dom especial de transmitir emoção através de sua música.

POOR BOY (Presley / Matson) - Outra boa canção da trilha sonora de "Love me Tender" (ama-me com ternura, 1956). Para muitos uma música apenas bobinha e sem conteúdo, para outros apenas um country fabricado em Hollywood e sem o selo de qualidade Nashville. Mas tirando toda a diversidade de opiniões, "Poor Boy" é apenas uma canção que cumpre sua função de forma eficiente durante o filme. Dá uma chance a Elvis para mostrar uma boa apresentação e cantar de forma descontraída. Essa canção, assim como todas as outras dessa trilha sonora, embora tenham sidos creditadas à autoria da dupla Elvis Presley / Vera Matson, não foram compostas por eles. Elvis praticamente nunca escrevia as músicas que cantava e seu nome foi incluído apenas para que ele participasse nos royalties da canção (Essa aliás era uma atitude bastante comum durante os anos 50). Já Vera Matson que aparece nos créditos das canções ao lado de Elvis é a esposa de Ken Darby, diretor musical da Fox. Por problemas autorais ele resolveu colocar o nome de sua mulher para dividir os créditos da canção, que inclusive foi inteiramente composta por ele.

MY BABY LEFT ME (Arthur Grudup) - Outra de Arthur "Big Boy" Grudup interpretada por Elvis. Ela foi lançada originalmente pelo próprio autor em 1946. A Versão de Elvis Presley foi gravada no dia 30 de janeiro de 1956 em Nova Iorque nas mesmas sessões de gravação que deram origem ao LP "Elvis Presley". Foi lançada como lado B do single "I Want You, I Need You, I Love You" em maio de 1956. Este é um Rock'n'Roll de primeira qualidade trazendo todas as características que fizeram deste gênero o mais popular do século.

SHAKE, RATTLE AND ROLL (Calhoun) - Clássico dos anos 50 que foi imortalizada na voz de Bill Halley and the comets. Ao longo dos tempos esta música foi sendo gravada por diversos outros nomes como Little Richard e os Beatles. A versão de Elvis Presley foi gravada no dia 3 de fevereiro de 1956 sendo lançada como single em Agosto do mesmo ano. Sem dúvida é uma das melhores interpretações do cantor e uma das mais vibrantes músicas da história do Rock.

I WAS THE ONE (Schroder / DeMetrius / Blair / Peppers) - Lado B do single "Heartbreak Hotel" lançado em Janeiro de 1956. O single alcançou o primeiro lugar nas paradas e esta música em si chegou ao vigésimo terceiro lugar na Top 100 da Billboard. É uma terna balada que sem dúvida figura entra as melhores do Rei. Muitos anos depois fez parte de um single em CD.

YOU'RE A HEARTBREAKER (Salle) - Lançada em janeiro de 1955 como lado B do terceiro single de Elvis pela Sun Records. No lado principal o compacto apresentava a canção "Milkcow Blues Boogie". Elvis a gravou em Memphis no final de 1954. Só contou com a participação dos "Blue Moon Boys", ou seja, Presley, Bill Black no contrabaixo e Scotty Moore na guitarra.

I'M LEFT, YOU'RE RIGHT, SHE'S GONE (Keisler/Taylor) - Outro lado B de um single de Elvis pela Sun Records. Esta canção foi lançada junto com "Baby Let's Play House" em Abril de 1955. De certa forma este disco "For LP Fans Only" se complementa com o LP "A Date With Elvis" pois os dois trazem em seu repertório músicas dos primeiros singles de Elvis Pela Sun Records de Memphis.

Elvis Presley - For LP Fans Only (1959): (músicas da RCA Victor) Elvis Presley (vocal, violão e piano) / Scotty Moore (guitarra) / Chet Atkins (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Short Long (piano) / Gordon Stocker, Ben e Brock Speer (acompanhamento vocal) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Elvis Presley e Steve Sholes / Gravado nos RCA Studios - Nova Iorque e Nashville / Data de Gravação: 10,11,30 e 31 de janeiro e 3 de fevereiro de 1956 / Ficha Técnica: (músicas da Sun Records) Elvis Presley (voz, violão e guitarra) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / Jimmie Lott (bateria) / Johnny Bernero (bateria)Ficha Técnica: ("Poor Boy") Elvis Presley (vocal, violão e guitarra) / Vito Mumolo (guitarra) / Mike Rubin (baixo) / Richard Cornell (bateria) / Luther Rountree (banjo) / Dom Frontieri e Carl Fortina (acordeon) / Arranjos e producão: Ken Darby / Gravada em Agosto de 1956 nos estúdios I da 20th Century Fox em Hollywood.

Pablo Aluísio.