Esse é um EP (compacto duplo) muito raro do selo Capitol datado de 1963 que tive a oportunidade de ganhar de uma grande amiga alguns anos atrás. São apenas quatro faixas mas não se engane com isso, pois todas elas são simplesmente maravilhosas! Nat King Cole faz parte daquele seleto grupo de cantores que se você se deparar com algo dele por aí, seja vinil, seja CD, não pense duas vezes: compre! Não importa se você não conheça o repertório ou as músicas, esqueça isso e compre, pois é material de qualidade e muito provavelmente você jamais terá uma segunda oportunidade de adquirir o material.
No caso aqui temos uma pequena coletânea de canções românticas organizadas pelo selo Capitol. Esses disquinhos tinham mercado certo pois eram bem baratos e contavam apenas com músicas conhecidas, ou que já tinham feito sucesso ou que estavam ainda na programação das rádios. Geralmente os produtores colocavam um grande sucesso puxando o disquinho e na ala coadjuvante inseria algumas outras pequenas obras primas menos conhecidas. Assim por 5 ou 6 dólares o consumidor acabava comprando, principalmente para quem amava música de verdade.
"Love Is A Many Splendored Thing" é uma das mais primorosas interpretações de Nat King Cole. Com uma orquestra sutil e elegante ao fundo ele mostra bem porque foi um dos maiores cantores de todos os tempos. A canção inclusive fez parte da trilha sonora do clássico "Suplício de uma Saudade" e por isso, mesmo no Brasil, é extremamente conhecida. Basta apenas as primeiras notas serem tocadas para todos reconhecerem. "Around The World" tem um ritmo mais latino. Na verdade parece mesmo um bolero da velha escola. Adoro o arranjo, orquestra ao fundo e grupo de instrumentos caribenhos em primeiro plano. Uma grande gravação. "Autumn Leaves" é outra música extremamente romântica e terna. De certa forma me lembra as gravações mais intimistas da carreira de Frank Sinatra, com um misto de melancolia que atravessa toda a canção.
O resultado é mais do que belo. O EP termina com "Too Young". Outro grande clássico do repertório do cantor. O arranjo é impecável e mesmo antes de Cole entrar na faixa o ouvinte já está devidamente rendido pela beleza da melodia. Em suma, se você não sabe o que romantismo em sua vida procure ouvir essas canções, em pouco minutos entenderá do que se trata, com absoluta certeza!
Nat King Cole - Love Is A Many Splendored Thing (1963)
Love Is A Many Splendored Thing
Around The World
Autumn Leaves
Too Young.
Pablo Aluísio.
sábado, 23 de julho de 2011
The Doors - L.A. Woman
"Se disserem que nunca a amei, certamente saberão que estão mentindo" - Jim Morrison disse essa frase não em relação a uma mulher ou a uma de suas namoradas, mas sim sobre Los Angeles, a cidade que o acolheu desde que foi para lá, ainda jovem, estudar cinema na universidade da cidade. Assim quando Jim explicou seu ponto de vista ele estava se referindo a "L.A. Woman", sua declaração de amor ao estilo de vida da cidade. Naquela altura os Doors estavam prestes a implodir, literalmente. Na verdade Jim sabia que o jogo estava acabado para ele no grupo. Anos e anos de abusos, confusões em shows, gravações conturbadas e brigas internas tinham destruído a credibilidade do cantor entre seus colegas de banda. Eles indiretamente desejavam que Jim fosse embora de uma vez por todas. O próprio baterista John Densmore já tinham informado a Morrison que os Doors queriam gravar um disco puramente instrumental, o que era praticamente um fora em Morrison pois ele seria desnecessário nesse tipo de trabalho pois não tocava nenhum instrumento. De fato os Doors gravaram dois discos com essa proposta após a saída de Morrison mas ambos os álbuns fracassaram completamente nas vendas.
Jim, barbudo e messiânico, estava mais preocupado naquela fase de sua vida em ir para Paris para escrever poesia e quem sabe virar um escritor em tempo integral, algo que ele sonhava há anos. Para escrever "L.A. Woman" Morrison novamente usou seu talento de estudante de cinema. A letra é obviamente narrativa, como se fosse um roteiro de uma cena de filme. Descritiva e empolgante, essa foi uma das melhores gravações da carreira dos Doors. Como último momento de rebeldia Jim resolveu que a acústica do estúdio estava ruim e resolveu levar seu microfone para dentro do banheiro, sentou em cima do vaso sanitário e mandou ver, com sua voz encharcada de álcool e drogas pesadas. O resultado é visceralmente empolgante. O arranjo é brilhante, pois tenta imitar o som de uma moto acelerando, para logo depois entrar um solo de baixo poderoso (tocado por Jerry Scheff, baixista da banda de Elvis Presley) e a coisa toda decola. Como os Doors não estavam preocupados em serem convencionais gravaram uma faixa de longa duração, com idas e vindas que a tornam absurdamente marcante e vibrante. Uma despedida e tanto de uma das maiores bandas de rock da história.
Pablo Aluísio.
Jim, barbudo e messiânico, estava mais preocupado naquela fase de sua vida em ir para Paris para escrever poesia e quem sabe virar um escritor em tempo integral, algo que ele sonhava há anos. Para escrever "L.A. Woman" Morrison novamente usou seu talento de estudante de cinema. A letra é obviamente narrativa, como se fosse um roteiro de uma cena de filme. Descritiva e empolgante, essa foi uma das melhores gravações da carreira dos Doors. Como último momento de rebeldia Jim resolveu que a acústica do estúdio estava ruim e resolveu levar seu microfone para dentro do banheiro, sentou em cima do vaso sanitário e mandou ver, com sua voz encharcada de álcool e drogas pesadas. O resultado é visceralmente empolgante. O arranjo é brilhante, pois tenta imitar o som de uma moto acelerando, para logo depois entrar um solo de baixo poderoso (tocado por Jerry Scheff, baixista da banda de Elvis Presley) e a coisa toda decola. Como os Doors não estavam preocupados em serem convencionais gravaram uma faixa de longa duração, com idas e vindas que a tornam absurdamente marcante e vibrante. Uma despedida e tanto de uma das maiores bandas de rock da história.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
A-ha - Minor Earth Major Sky
Depois do lançamento do álbum "Memorial Beach" em 1993 o grupo A-ha resolveu dar um tempo. Embora tenha sido um disco (em minha opinião) realmente maravilhoso, com uma sonoridade singular, não vendeu bem e decepcionou comercialmente. Assim o grupo resolveu dar uma parada para repensar. Os membros do trio viram que era uma boa chance para colocar em prática velhos projetos solos. Pal Waaktaar deu começo nas atividades do Savoy, Morten Harket resolveu gravar um álbum solo, enfim todos decidiram que era hora de tentar criar algo por si mesmos.
Durante sete anos em que o A-ha ficou hibernando houve muita especulação, inclusive de que o conjunto havia finalmente acabado. Ledo engano. Em 2000 eles voltaram com "Minor Earth Major Sky". É um trabalho de ruptura com o que eles tinham feito antes. Os dias do pop radiofônico tinham ficado para trás. Para falar a verdade assim como aconteceu com "Memorial Beach" antes, esse novo disco do A-ha também soava como algo completamente novo, fora das amarras e das regras da indústria fonográfica, sempre tão preocupada com o sucesso comercial a todo custo.
"Minor Earth Major Sky" foi recebido pela crítica com reservas. Na verdade o A-ha, por ter sido uma banda de sucesso nos anos 80, sempre foi encarado com uma boa dose de preconceito. Bobagem completa. São músicos e compositores talentosos que sempre criaram uma base sonora muito própria. Nesse disco temos um exemplo perfeito disso. As gravações foram extenuantes, com o uso de nada mais, nada menos, do que seis produtores diferentes! (a saber: Kjetil Bjerkestrand, Millenia Nova, Ras, Roland Spremberg, Andre Tanneberger e Pal Waaktaar).
Como era de se esperar em um grupo que ficou tanto tempo parado também havia um farto material à disposição. Com receios de cortes o A-ha optou por colocar praticamente tudo o que havia disponível e isso rendeu um álbum longo (com quase 60 minutos de duração) e 16 novas canções gravadas (que foram lançadas na íntegra no mercado russo e japonês*). Também houve o lançamento de seis singles do álbum, um recorde para o A-ha. No saldo final é um disco essencial para quem admira o trabalho do grupo. Realmente de muito bom gosto e com um tipo de som que seria único, mesmo se compararmos com outros discos da banda.
A-ha - Minor Earth Major Sky (2000)
Minor Earth Major Sky
Little Black Heart
Velvet
Summer Moved On
The Sun Never Shone That Day
To Let You Win
The Company Man
Thought That It Was You
I Wish I Cared
Barely Hanging On
You'll Never Get Over Me
I Won't Forget Her
Mary Ellen Makes the Moment Count
Summer Moved On (remix) *
Minor Earth Major Sky (remix) *
Velvet (Stockholm mix) *
Pablo Aluísio.
Durante sete anos em que o A-ha ficou hibernando houve muita especulação, inclusive de que o conjunto havia finalmente acabado. Ledo engano. Em 2000 eles voltaram com "Minor Earth Major Sky". É um trabalho de ruptura com o que eles tinham feito antes. Os dias do pop radiofônico tinham ficado para trás. Para falar a verdade assim como aconteceu com "Memorial Beach" antes, esse novo disco do A-ha também soava como algo completamente novo, fora das amarras e das regras da indústria fonográfica, sempre tão preocupada com o sucesso comercial a todo custo.
"Minor Earth Major Sky" foi recebido pela crítica com reservas. Na verdade o A-ha, por ter sido uma banda de sucesso nos anos 80, sempre foi encarado com uma boa dose de preconceito. Bobagem completa. São músicos e compositores talentosos que sempre criaram uma base sonora muito própria. Nesse disco temos um exemplo perfeito disso. As gravações foram extenuantes, com o uso de nada mais, nada menos, do que seis produtores diferentes! (a saber: Kjetil Bjerkestrand, Millenia Nova, Ras, Roland Spremberg, Andre Tanneberger e Pal Waaktaar).
Como era de se esperar em um grupo que ficou tanto tempo parado também havia um farto material à disposição. Com receios de cortes o A-ha optou por colocar praticamente tudo o que havia disponível e isso rendeu um álbum longo (com quase 60 minutos de duração) e 16 novas canções gravadas (que foram lançadas na íntegra no mercado russo e japonês*). Também houve o lançamento de seis singles do álbum, um recorde para o A-ha. No saldo final é um disco essencial para quem admira o trabalho do grupo. Realmente de muito bom gosto e com um tipo de som que seria único, mesmo se compararmos com outros discos da banda.
A-ha - Minor Earth Major Sky (2000)
Minor Earth Major Sky
Little Black Heart
Velvet
Summer Moved On
The Sun Never Shone That Day
To Let You Win
The Company Man
Thought That It Was You
I Wish I Cared
Barely Hanging On
You'll Never Get Over Me
I Won't Forget Her
Mary Ellen Makes the Moment Count
Summer Moved On (remix) *
Minor Earth Major Sky (remix) *
Velvet (Stockholm mix) *
Pablo Aluísio.
The Beach Boys - Surfin' Safari
O primeiro single da carreira dos Beach Boys foi "Surfin' / Luau" lançado em novembro de 1961. Na verdade muitos consideram quase uma demo, gravado de forma praticamente amadora e lançado pelo pequeno selo X Records. Nada, mas nada relevante. O bom foi que o disquinho acabou caindo nas mãos de um executivo da poderosa Capitol Records, Murry Wilson, que viu potencial naquele som. Afinal o Surf era uma moda entre os jovens e aquele som ideal para rolar nas praias estava vendendo como nunca. As gravadoras porém queriam grupos de surf music em que houvesse belos vocais pois o gênero sobrevivia praticamente apenas de músicas instrumentais. Aquele som daqueles jovens desconhecidos poderia suprir esse vazio que o mercado queria ocupar. Os garotos do Beach Boys não faziam média, não queriam criar nenhuma obra prima musical, só desejavam mesmo cantar sobre praias, garotas e surf! Claro que a indústria há muito tempo procurava por algo assim. Foi mesmo uma excelente parceria que renderia ótimos frutos comerciais. Contratados, o grupo se reuniu no ótimo World Pacific Studios e deu origem propriamente em sua carreira profissional. O resultado foi melhor do que esperado.
Apesar de ter sido apenas o primeiro single nacional dos Beach Boys "Surfin' Safari" imediatamente caiu no gosto de seu público alvo, os jovens californianos, que passavam o dia na praia pegando onda, namorando e vendo o sol se por. A incrível vocalização alcançada pelo grupo, aliado a um delicioso acompanhamento instrumental acertou em cheio nas paradas. Para uma banda jovem que era completamente desconhecida, o décimo quarto lugar alcançado na primeira semana de lançamento na prestigiada Billboard Hot 100 representou uma vitória e tanto para os rapazes. A Capitol tinha grandes planos para os Beach Boys, principalmente a gravação de um álbum e esse single serviu como um termômetro do mercado, para sentir até onde aquele som poderia ir. Os meses que viriam demonstrariam a força comercial dos Beach Boys. Aliás quando ocorreu a invasão britânica nas paradas americanas com a chegada dos Beatles foram eles, os Beach Boys, a única esperança do rock americano em combater os ingleses, luta essa em que eles se apresentaram muito bem, mostrando que o bravo rock Made in USA ainda sobrevivia e era forte o suficiente para bater com os quatros cabeludos de Liverpool de frente! E pensar que no começo os Beach Boys só queriam mesmo um lugar ao sol...
Pablo Aluísio.
Apesar de ter sido apenas o primeiro single nacional dos Beach Boys "Surfin' Safari" imediatamente caiu no gosto de seu público alvo, os jovens californianos, que passavam o dia na praia pegando onda, namorando e vendo o sol se por. A incrível vocalização alcançada pelo grupo, aliado a um delicioso acompanhamento instrumental acertou em cheio nas paradas. Para uma banda jovem que era completamente desconhecida, o décimo quarto lugar alcançado na primeira semana de lançamento na prestigiada Billboard Hot 100 representou uma vitória e tanto para os rapazes. A Capitol tinha grandes planos para os Beach Boys, principalmente a gravação de um álbum e esse single serviu como um termômetro do mercado, para sentir até onde aquele som poderia ir. Os meses que viriam demonstrariam a força comercial dos Beach Boys. Aliás quando ocorreu a invasão britânica nas paradas americanas com a chegada dos Beatles foram eles, os Beach Boys, a única esperança do rock americano em combater os ingleses, luta essa em que eles se apresentaram muito bem, mostrando que o bravo rock Made in USA ainda sobrevivia e era forte o suficiente para bater com os quatros cabeludos de Liverpool de frente! E pensar que no começo os Beach Boys só queriam mesmo um lugar ao sol...
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Roy Orbison - Only the Lonely
Viver na década de 1960 deveria ser uma maravilha. Você ligava o rádio de seu carrão rabo de peixe e de repente surgia o Roy Orbison cantando "Only the Lonely" na programação, música que estava em primeiro lugar entre as mais vendidas da quente lista Billboard Hot 100. Olhando para trás podemos perceber bem que Roy Orbison foi um herói improvável. Míope, com visual careta (até para aquela época), de uma timidez incrível, o cantor e compositor superou todos esses problemas para se tornar um dos mais admirados músicos da história americana. Tudo o que lhe faltava em termos de visual lhe sobrava em talento. Quando Roy Orbison abria a boca para cantar não havia mais como lhe ignorar. Era aquele tipo de melodia que tocava fundo na alma. Roy sempre foi considerado um dos mais sentimentais e profundos intérpretes da música daquele país. Suas letras também tinham um sentimento único, quase insuportável para quem estava passando por alguma crise amorosa.
Esse single "Only the Lonely" foi um de seus grande hits. A letra é incrível pois consegue passar uma bela mensagem mesmo usando uma poesia das mais simples. A canção quase foi gravada por Elvis Presley. A RCA apostava que ela poderia ser gravada por Elvis em suas primeiras sessões depois de voltar do exército mas por um motivo ou outro o astro não as gravou. Em compensação quando Roy Orbison finalmente resolveu gravá-la acabou levando para a sessão vários músicos que tocavam com Elvis, como por exemplo o baixista Bob Moore, o pianista Floyd Cramer e a dupla de guitarristas preferida do rei, Hank Garland e Harold Bradley. Com tantos feras ao seu lado nem é preciso dizer que a gravação ficou ótima, maravilhosa até! O próprio Roy Orbison reconheceria isso anos depois a citando em uma entrevista como um de seus melhores trabalhos de estúdio. Se a balada romântica dos 60´s teve um nome ela certamente foi "Only the Lonely"! Uma canção que marcou época!
Roy Orbison - Only the Lonely (1960)
Categoria: Single
Lado A: Only the Lonely / Lado B: Here Comes That Song Again
Selo: Monument Records
Autores: Roy Orbison, Joe Melson
Data de Lançamento: Maio de 1960.
Pablo Aluísio.
Esse single "Only the Lonely" foi um de seus grande hits. A letra é incrível pois consegue passar uma bela mensagem mesmo usando uma poesia das mais simples. A canção quase foi gravada por Elvis Presley. A RCA apostava que ela poderia ser gravada por Elvis em suas primeiras sessões depois de voltar do exército mas por um motivo ou outro o astro não as gravou. Em compensação quando Roy Orbison finalmente resolveu gravá-la acabou levando para a sessão vários músicos que tocavam com Elvis, como por exemplo o baixista Bob Moore, o pianista Floyd Cramer e a dupla de guitarristas preferida do rei, Hank Garland e Harold Bradley. Com tantos feras ao seu lado nem é preciso dizer que a gravação ficou ótima, maravilhosa até! O próprio Roy Orbison reconheceria isso anos depois a citando em uma entrevista como um de seus melhores trabalhos de estúdio. Se a balada romântica dos 60´s teve um nome ela certamente foi "Only the Lonely"! Uma canção que marcou época!
Roy Orbison - Only the Lonely (1960)
Categoria: Single
Lado A: Only the Lonely / Lado B: Here Comes That Song Again
Selo: Monument Records
Autores: Roy Orbison, Joe Melson
Data de Lançamento: Maio de 1960.
Pablo Aluísio.
John Lennon - Imagine / It's So Hard
O single mais vendido da carreira solo de John Lennon. Não é para menos. "Imagine" é o seu hino pessoal definitivo, a canção que o marcaria para sempre - e isso levando-se em conta inclusive sua obra ao lado dos Beatles. O grande diferencial foi sua letra propondo um mundo utópico, sem guerras, sem fronteiras, sem religiões e nem ideologias, mas em paz! A melodia também era extremamente bem composta, toda escrita em piano. Curiosamente Lennon a compôs assim, bem simples, crua até, mas muito bonita.
O produtor Phil Spector ainda quis convencer Lennon a adicionar orquestração de fundo na canção pois a achava com "jeito de demo" mas Lennon depois de pensar muito desistiu de mexer em sua simplicidade cativante. Acertou em cheio. A música, composta no grande piano de cauda branca de John, nasceu tal como foi gravada e foi justamente nisso que residiu sua beleza à prova de críticas.
E por falar em crítica é de se admirar que "Imagine" foi bem malhada quando chegou nas lojas. As resenhas negativas não atacavam seu arranjo e nem muito menos sua linda harmonia, mas sim a ideologia por trás da letra. Para muitos Lennon nada mais era do que um subversivo propondo soluções perigosas e até infantis para os problemas do mundo. O curioso é que não houve consenso sobre qual seria a verdadeira ideologia por trás daqueles versos. Era uma música anarquista? Socialista? Pagã? As hipóteses eram as mais variadas possíveis e isso intrigou Lennon profundamente pois ele queria escrever suas canções da forma mais direta possível, sem arroubos obscuros à la Bob Dylan - que ele tinha deixado para trás desde o fim dos Beatles.
Causava estranheza a ele o fato das pessoas não conseguirem captar a verdadeira mensagem por trás da canção. Para o governo americano porém "Imagine" trazia uma perigosa mensagem para a juventude. O presidente Nixon o colocou em sua lista negra e Lennon passaria a ser investigado e acompanhado por agentes do FBI. Tempos obscuros viriam para o cantor... e pensar que tudo começou com essa simples mensagem pacifista do bem intencionado John Lennon naqueles momentos turbulentos pelo qual o mundo passava.
Pablo Aluísio.
O produtor Phil Spector ainda quis convencer Lennon a adicionar orquestração de fundo na canção pois a achava com "jeito de demo" mas Lennon depois de pensar muito desistiu de mexer em sua simplicidade cativante. Acertou em cheio. A música, composta no grande piano de cauda branca de John, nasceu tal como foi gravada e foi justamente nisso que residiu sua beleza à prova de críticas.
E por falar em crítica é de se admirar que "Imagine" foi bem malhada quando chegou nas lojas. As resenhas negativas não atacavam seu arranjo e nem muito menos sua linda harmonia, mas sim a ideologia por trás da letra. Para muitos Lennon nada mais era do que um subversivo propondo soluções perigosas e até infantis para os problemas do mundo. O curioso é que não houve consenso sobre qual seria a verdadeira ideologia por trás daqueles versos. Era uma música anarquista? Socialista? Pagã? As hipóteses eram as mais variadas possíveis e isso intrigou Lennon profundamente pois ele queria escrever suas canções da forma mais direta possível, sem arroubos obscuros à la Bob Dylan - que ele tinha deixado para trás desde o fim dos Beatles.
Causava estranheza a ele o fato das pessoas não conseguirem captar a verdadeira mensagem por trás da canção. Para o governo americano porém "Imagine" trazia uma perigosa mensagem para a juventude. O presidente Nixon o colocou em sua lista negra e Lennon passaria a ser investigado e acompanhado por agentes do FBI. Tempos obscuros viriam para o cantor... e pensar que tudo começou com essa simples mensagem pacifista do bem intencionado John Lennon naqueles momentos turbulentos pelo qual o mundo passava.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Bob Dylan - Positively 4th Street
Um dos melhores singles da carreira de Bob Dylan, praticamente uma homenagem à sua querida Nova Iorque, pois o título faz referência à rua onde ele morou na cidade. A letra, mais uma vez muito direta e bem escrita pelo cantor e compositor, foi feita com raias de sinceridade para uma antiga "amiga" sua que o tinha apunhalado pelas costas, falando mal dele para amigos em comum.
Afinal de contas quem pode dizer que nunca sofreu por se envolver com falsas amizades na vida? Ora, certamente ninguém. Por essa época Dylan estava em uma fase de influenciar os Beatles ao mesmo tempo em que era influenciado. Essa sua técnica de escrever letras pessoais, que falassem de sua vida e de acontecimentos cotidianos, seria aproveitada por John Lennon em suas futuras composições, pois para ele já não era suficiente escrever canções generalistas sobre amores adolescentes.
Inicialmente Dylan pensou em usar a música no álbum "Highway 61 Revisited" mas depois mudou de opinião pois a seleção musical daquele disco lhe pareceu definitiva e muito bem organizada. Não havia espaço ali sem quebrar uma certa lógica interna entre as faixas. Como Dylan não a queria mais encaixar em nenhum outro disco - ele já tinha composto praticamente todas as canções que fariam parte de "Blonde on Blonde" - o jeito foi lançar a canção no mercado em forma de single, o que acabou se revelando uma boa ideia pois o compacto logo fez sucesso alcançando ótimas posições nas paradas.
No lado B a Columbia decidiu encaixar "From a Buick 6", outra preciosidade que estava arquivada, e assim Dylan conseguiu mais um belo sucesso de vendas. Anos depois o próprio John Lennon elogiaria bastante tanto a qualidade dessa letra como também a gravação em si, que ele achava simplesmente magistral. Um trabalho de gênio.
Pablo Aluísio.
Afinal de contas quem pode dizer que nunca sofreu por se envolver com falsas amizades na vida? Ora, certamente ninguém. Por essa época Dylan estava em uma fase de influenciar os Beatles ao mesmo tempo em que era influenciado. Essa sua técnica de escrever letras pessoais, que falassem de sua vida e de acontecimentos cotidianos, seria aproveitada por John Lennon em suas futuras composições, pois para ele já não era suficiente escrever canções generalistas sobre amores adolescentes.
Inicialmente Dylan pensou em usar a música no álbum "Highway 61 Revisited" mas depois mudou de opinião pois a seleção musical daquele disco lhe pareceu definitiva e muito bem organizada. Não havia espaço ali sem quebrar uma certa lógica interna entre as faixas. Como Dylan não a queria mais encaixar em nenhum outro disco - ele já tinha composto praticamente todas as canções que fariam parte de "Blonde on Blonde" - o jeito foi lançar a canção no mercado em forma de single, o que acabou se revelando uma boa ideia pois o compacto logo fez sucesso alcançando ótimas posições nas paradas.
No lado B a Columbia decidiu encaixar "From a Buick 6", outra preciosidade que estava arquivada, e assim Dylan conseguiu mais um belo sucesso de vendas. Anos depois o próprio John Lennon elogiaria bastante tanto a qualidade dessa letra como também a gravação em si, que ele achava simplesmente magistral. Um trabalho de gênio.
The Beatles - Paperback Writer / Rain
Em maio de 1966 os Beatles colocaram no mercado seu novo single. Logo de cara a estranha sonoridade e as letras inovadoras chamaram a atenção da crítica. "Rain", por exemplo, trazia uma nova técnica que andava fazendo a cabeça de John Lennon na época, a reversão sonora, onde tapes eram rodados ao contrário, criando um tipo de som que nas palavras de Lennon lembravam "a voz de um velho cacique americano, um índio antigo". O curioso é que tudo havia acontecido ao acaso. John chegou tarde de uma sessão de gravação e colocou a fita para rodar com as sessões do dia mas como estava muito cansado colocou a fita na posição errada e quando o som começou a sair (ao contrário) ele ficou fascinado com o que ouvia! A letra, escrita exclusivamente por John Lennon era ao estilo Dylan, onde ele procurava com jogos de palavras, falar algo com mais profundidade, em aparentes temas banais, como a chuva, por exemplo.
Se "Rain" era filha do estilo ácido de Lennon, "Paperback Writer" era uma criação quase que exclusivamente de Paul. A ideia da música também surgiu ao acaso quando Paul resolveu ler algumas das centenas de milhares de cartas que lhe eram enviadas todos os dias. Entre elas havia uma interessante, a de um jovem escritor que pedia por uma oportunidade a Paul, embora ele não fosse um editor de livros. McCartney assim pensou que dali poderia surgir música - por que não? Depois de escrever os primeiros rabiscos levou a música para que Lennon desse os retoques finais. O resultado é, mais uma vez, fabuloso! A letra, por sugestão de John, também seguia o estilo Dylan de ser - os Beatles por essa época estavam bem influenciadas pela obra de Bob Dylan, apesar de John ter afirmado que o achava "muito paranoico" para se cultivar uma amizade. Como "Paperback Writer" tinha mais vocação para as rádios acabou fazendo muito mais sucesso do que a exótica "Rain". De uma forma ou outra o single, com dois lados bem distintos entre Paul e John, mostrava muito bem que a simbiose entre os dois é que fazia o segredo da genialidade dos Beatles. Duvida disso? Ora, coloque o single para tocar e tire suas próprias conclusões.
Pablo Aluísio.
Se "Rain" era filha do estilo ácido de Lennon, "Paperback Writer" era uma criação quase que exclusivamente de Paul. A ideia da música também surgiu ao acaso quando Paul resolveu ler algumas das centenas de milhares de cartas que lhe eram enviadas todos os dias. Entre elas havia uma interessante, a de um jovem escritor que pedia por uma oportunidade a Paul, embora ele não fosse um editor de livros. McCartney assim pensou que dali poderia surgir música - por que não? Depois de escrever os primeiros rabiscos levou a música para que Lennon desse os retoques finais. O resultado é, mais uma vez, fabuloso! A letra, por sugestão de John, também seguia o estilo Dylan de ser - os Beatles por essa época estavam bem influenciadas pela obra de Bob Dylan, apesar de John ter afirmado que o achava "muito paranoico" para se cultivar uma amizade. Como "Paperback Writer" tinha mais vocação para as rádios acabou fazendo muito mais sucesso do que a exótica "Rain". De uma forma ou outra o single, com dois lados bem distintos entre Paul e John, mostrava muito bem que a simbiose entre os dois é que fazia o segredo da genialidade dos Beatles. Duvida disso? Ora, coloque o single para tocar e tire suas próprias conclusões.
Pablo Aluísio.
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