terça-feira, 17 de maio de 2011

Paul McCartney - Primeiros Shows

Wings University Tour
No final da carreira dos Beatles quando tudo estava desmoronando, Paul tentou convencer os demais membros da banda a voltarem para a estrada. Ele queria que os Beatles voltassem a tocar ao vivo para capturar o velho sentimento que os unira no passado. Não deu certo. George Harrison não sentia saudades das turnês dos Beatles e John Lennon acreditava que não havia mais como retornar ao velho espírito pois os Beatles já não eram mais garotos de vinte e poucos anos tomados pela febre da Beatlemania. Assim, para desapontamento de Paul, tudo foi deixado de lado.

Ele porém não queria desistir e quando os Beatles implodiram e ele foi para a carreira solo não pensou duas vezes antes de cair na estrada. Foi em 1972 que Paul finalmente voltou aos shows ao vivo. Ele tinha formado uma nova banda chamada Wings e queria sentir novamente a emoção de tocar ao vivo, algo que não fazia há anos por causa da decisão dos Beatles de pararem de fazer concertos. Como Paul ainda se sentia um pouco inseguro de voltar aos palcos ele optou em realizar pequenos shows por universidades da Inglaterra. Nada da loucura das apresentações dos Beatles em grandes estádios.

Outra decisão de Paul McCartney (que ele logo abandonaria) era a de que não tocaria músicas dos Beatles nos concertos, mas apenas faixas de seus três recentes discos solos. Assim os Wings se apresentariam em lugares mais culturalmente relevantes, com um público formado basicamente por universitários ingleses. Nessa primeira turnê ele montou a primeira formação dos Wings, com apenas quatro músicos, ele próprio, Linda, Denny Laine e Denny Seiwell.

A turnê foi batizada de "Wings University Tour" e foi realizada entre os dias 9 e 22 de fevereiro de 1972. Apenas 11 shows foram realizados. O primeiro foi feito na Universidade de Nottingham e o último na prestigiada e internacionalmente conhecida Oxford University. Curiosamente bem no final da agenda Paul decidiu levar os Wings para realizar uma apresentação surpresa no País de Gales, na Swansea University, um dia antes de ir para Oxford. Foi quase um teste para acertar todos os detalhes para o último show dos Wings naquela turnê.

O resultado foi bem positivo, mas Paul percebeu que não dava para fazer shows sem as músicas dos Beatles. O público estava sempre pedindo "Yesterday", "Hey Jude", entre outras e Paul sempre tinha que interromper os pedidos explicando que a apresentação era apenas com canções de sua carreira solo. A cara de decepção dos fãs o fez mudar rapidamente de opinião, afinal de contas todas aquelas músicas maravilhosas tinham sido compostas por ele e não havia muito sentido as deixar de fora dos concertos. Ele, para alegria dos fãs dos Beatles, mudaria tudo para os próximos shows que realizaria em breve. Os Wings estavam lá, mas os Beatles pela grandeza de sua obra jamais poderiam ser ignorados. Essa foi a grande lição que Paul tirou desses concertos iniciais.

Wings Over Europe Tour
No verão de 1972 Paul resolveu partir para sua primeira grande turnê, por toda a Europa, levando seu grupo Wings para a estrada. Entre junho e agosto Paul McCartney e os Wings encararam uma turnê puxada, com shows praticamente diários. A turnê começou na França, onde Paul se apresentou em cinco diferentes cidades, encerrando em Paris no Olympia no dia 16 de julho. Depois de conquistar corações e mentes francesas o grupo seguiu para a Alemanha, onde se apresentaram em Munique e Frankfurt com lotação esgotada. A correria não parou mais e Paul foi cumprir sua agenda na Suíça, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Noruega, Bélgica e Holanda. Foram excelentes apresentações onde Paul McCartney pôde sentir que o nome Beatles ainda tinha uma força incrível perante o público. Deixando os pudores da primeira excursão Paul resolveu trazer vários sucessos dos Beatles para os palcos, com ampla aprovação da platéia.

No geral os concertos foram considerados um grande sucesso de público e crítica. Não houve grandes incidentes a não ser uma prisão de Paul e Linda na Suécia, em 10 de agosto, na cidade de Gothenburg. Alertados por uma denúncia anônima investigadores resolveram averiguar o quarto de Paul na cidade e encontraram maconha em sua bagagem. Paul McCartney e sua esposa foram imediatamente detidos, pagaram uma pequena fiança e seguiram em frente. Perguntado pela imprensa local se ele havia ficado chateado com o acontecimento Paul falou que não, que isso poderia acontecer, e que de certa forma era um tipo de "boa publicidade" para os Wings. Por via das dúvidas, tentando fugir de maiores problemas legais, Paul e banda deixaram o palco direto para o aeroporto depois de seu concerto na cidade. Seria a primeira prisão de Paul por posse de maconha em sua carreira solo mas não a última, pois outras viriam nos anos seguintes.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

The Beatles ‎– The Beatles Ballads

Oficialmente os Beatles se separaram em 1970. Havia toda uma máquina industrial, fonográfica e comercial que girava em torno do grupo. Com o fim houve uma quebra generalizada nesse esquema. Assim a gravadora EMI precisou se virar para colocar anualmente algum título dos Beatles no mercado. Os anos 70 e 89 foram férteis nesse novo marketing que visava basicamente promover coletâneas temáticas da obra do conjunto. Assim a gravadora criou discos apenas com rocks, outros mostrando o melhor dos Beatles em seus anos iniciais e finais e por aí vai. Esse "The Beatles Ballads" como seu próprio nome já entregava, era uma coletânea das melhores baladas dos Beatles, com total destaque para o clássico absoluto "Yesterday".

É curioso que dentro da discografia inglesa oficial dos Beatles essa que é considerada a maior música romântica do quarteto, foi relegada para o lado B do disco "Help!". Nos anos 60 esse espaço era reservado nos discos para as músicas com menor potencial comercial. Até mesmo a expressão "Lado B" tinha exatamente esse significado. Era o lado do vinil que apenas os fãs mais ardorosos conheciam, com músicas que não faziam sucesso nas rádios e nem se tornavam hits. Assim "Yesterday" em seu lançamento original vinha para quebrar esse estigma. 

Sobre o conteúdo do disco em si não há maiores novidades. Um aspecto interessante porém vem de sua capa. Essa ilustração iria ser usada na capa do "Álbum Branco", só que John Lennon achou que uma capa completamente branca com o nome "The Beatles" em relevo seria algo mais inovador, mais artístico. Com isso a ilustração criada pelo artista John Byrne em 1968 foi arquivada e finalmente 12 anos depois foi finalmente usada pela EMI para essa coletânea que reunia as melhores músicas românticas do quarteto de Liverpool. 

"The Beatles Ballads" foi lançado em 1980 como parte dos lançamentos da EMI-Odeon relembrando os dez anos da separação do grupo. Pois é, não é de hoje que as gravadoras perceberam que datas redondas acabam gerando interesse renovado no mercado. Geralmente várias reportagens e notícias na mídia acabam lembrando aos fãs de momentos importantes na biografia de uma banda e a gravadora sabendo da publicidade grátis que esse tipo de matéria traz, acaba indo atrás. Já em termos de repertório "The Beatles Ballads" não traz muito interesse para aquele colecionador que já tem todos os discos oficiais. É basicamente uma coletânea de baladas feita para um público mais ocasional, que tem poucos ou nenhum disco dos Beatles em sua casa.  Por isso também se destaca mais as composições de Paul McCartney na seleção musical, uma vez que ele foi de fato o grande criador das melhores músicas românticas dos Beatles. Enfim, um item dispensável, a não ser que você seja um ouvinte de primeira viagem dos Beatles ou então um colecionador compulsivo que quer absolutamente tudo que já foi lançado pela EMI sobre eles.

The Beatles Ballads (1980)
Lado A: Yesterday / Norwegian Wood (This Bird Has Flown) / Do You Want to Know a Secret / For No One / Michelle / Nowhere Man / You've Got to Hide Your Love Away / Across the Universe / All My Loving / Hey Jude / Lado B: Something / The Fool on the Hill / Till There Was You / The Long and Winding Road / Here Comes the Sun / Blackbird / And I Love Her / She's Leaving Home / Here, There and Everywhere / Let It Be./ Data de lançamento: outubro de 1980 / Lançamento no Brasil: abril de 1981 / Selo: EMI Odeon - Parlophone / Produção: George Martin e Phil Spector / Número de cópias vendidas: 400.000.

Pablo Aluísio.

The Beatles - Brian Epstein e os Beatles

O grande nome por trás do sucesso dos Beatles foi sem dúvida o empresário Brian Epstein. Ele era filho de uma bem sucedida família de judeus de Liverpool. Seu pai era um rico comerciante que colocou o filho para cuidar de sua loja de discos. No passado Brian já havia estado nas forças armadas inglesas e até tentara uma carreira de ator de teatro, porém nada parecia dar muito certo em sua vida.

Como dono da loja North End Music Store (NEMS) ele se encontrou. Brian se orgulhava de ter a melhor loja de música do norte da Inglaterra, onde o cliente jamais sairia sem encontrar o disco que procurava. Ele mandava importar álbuns diretamente dos Estados Unidos, pelo porto da cidade e era visitado por colecionadores vindos até mesmo de Londres atrás de raridades em vinil. Os próprios Beatles frequentavam a loja de Brian, mas eles nessa época não se conheciam. Os rapazes ainda eram jovens sem grana da classe trabalhadora de Liverpool. No máximo eles iam até a loja apenas para ouvir as novidades, mas sem comprar os discos, o que não interessava muito a Brian.

De qualquer maneira o negócio prosperou. Brian Epstein era um excelente gerente. Ele criou um método baseado em pura matemática com que deixava a loja sempre abastecida, com um excelente catálogo de discos. Anos depois Epstein diria que o maior vendedor de discos da época era Elvis Presley. Então ele importava discos de Elvis dos Estados Unidos antes mesmo deles serem lançados oficialmente na Inglaterra. Também explorava músicas e discos raros de outros países europeus. Isso transformou Brian não apenas em um excelente homem de negócios, mas também em um expert musical. Sem modéstia pessoal, Brian dizia que conhecia tudo em termos de mercado musical. Ele conhecia todos os cantores, todas as bandas, todos os selos, tudo... absolutamente tudo!

Seu orgulho de ter uma joja impecável só foi quebrado quando um jovem entrou em sua loja e pediu um disco de Tony Sheridan e The Beatles. "My Bonnie" era o lado A do disquinho alemão. Brian ficou chocado! Ele nunca havia ouvido falar nos Beatles e nem encontrou o single para vender nos catálogos que recebia das gravadoras. Era um lançamento desconhecido que ele nem sabia por onde comprar. Assim ele ficou intrigado com aquele pedido. Acabou descobrindo que os Beatles se apresentavam ali pertinho, em um clube. Acabou indo a uma de suas apresentações, mais tentando comprar exemplares do single que não tinha do que propriamente conhecer os jovens daquele barulhento grupo de rock. Depois que Epstein foi apresentado a John, Paul e George, toda a sua vida mudou. Ele nunca havia sido empresário de uma banda, mas também os Beatles nunca tinham sido empresariados antes, ainda mais por um homem de negócios como Brian.  Parecia o casamento perfeito. Acabou sendo o encontro que mudaria para sempre a música do século XX.

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de maio de 2011

Paul McCartney - Pipes of Peace

Um dos grandes sucessos de Paul na década de 80, naqueles que foramss alguns dos anos mais criativos de toda sua carreira. Aqui Paul segue com a fórmula que havia dado muito certo em "Tug of War", ou seja, reunir-se a um grande nome da música com produção do maestro George Martin, seu produtor mais constante desde a época dos Beatles. Se em "Tug of War" tínhamos a presença muito especial de Stevie Wonder aqui Paul resolveu trazer nada mais, nada menos, do que o auto proclamado Rei do Pop, sim ele mesmo, Michael Jackson! Foi uma via de mão dupla,. Jackson participou de "Pipes of Peace" e em contrapartida Paul deu às caras no fenomenal disco "Thriller" (na ótima faixa “The Girl Is Mine”). Em Pipes of Peace Michael Jackson participa de duas excelentes canções, a simpática "Say, Say, Say" e a baladona "The Man". Ambas as músicas foram assinadas por Paul e Michael. Infelizmente essa parceria bem sucedida dentro dos estúdios, não duraria muito, pois Paul e Michael se desentenderam depois por causa da venda dos direitos autorais das músicas dos Beatles. Paul queria comprar, mas Michael lhe passou a perna e as comprou antes, deixando Paul desolado... e furioso! Sobre o acontecimento Jackson resumiria tudo com a seguinte frase: "Amigos, amigos, negócios à parte". Nunca mais voltaram a trabalhar juntos embora as regras de boa educação fizessem com que evitassem uma troca de acusações por meio da imprensa na época!

Além de Michael Jackson, Paul resolveu formar uma nova banda para as gravações, formação essa que eu pessoalmente considero das melhores, contando com o ex-Beatle Ringo Starr (dispensa maiores apresentações), Denny Laine (do Wings), Eric Stewart (ex-10cc) e Stanley Clarke (um instrumentista excepcionalmente talentoso). Tantos talentos juntos geraram um excelente álbum com músicas excepcionais como a própria música título, "Pipes of Peace", que ganhou um dos melhores videoclips da carreira de McCarntey. Passada na I Guerra Mundial a estória relembra um pequeno evento, baseado em fatos reais, que aconteceu quando dois exércitos inimigos resolveram bater uma bolinha nos campos enlameados do front durante uma trégua. Paul inclusive surge dos dois lados, como um inglês e como um alemão. Extremamente bem produzido o clip até hoje é lembrado, tal sua qualidade. A música "Say, Say, Say" também virou um videoclip bastante divertido com Paul e Michael interpretando charlatões no século passado. A canção se tornou o carro chefe do disco e foi lançada em single que trazia uma estranha capa com Paul e Michael com pernas enormes, realmente desproporcionais. No lado B desse single foi encaixada a bacaninha "Ode a Koala Bear", uma musiquinha muito simpática e bem arranjada.

Um fato curioso é que Paul, na época da gravação desse disco, estava muito envolvido no projeto para um musical a ser lançado no cinema. Assim as coisas ficaram meio atropeladas. Tentando ganhar tempo Paul acabou incluindo várias composições que iriam entrar em "Tug Of War", mas que acabaram ficando de fora do disco como "Keep Under Cover", "Hey Hey", "Tug Of Peace" e "Sweetest Little Show". Talvez por essa razão "Pipes of Peace" ganharia uma injusta fama de ser uma “sobra” de "Tug of War". Tal forma de pensar é bem injusta pois o álbum apesar de sofrer influências do disco anterior certamente tem identidade própria. No final o disco fez sucesso, e apesar dos pesares, conseguiu emplacar nas paradas, chegando a vender 1 milhão de cópias apenas nos EUA. O êxito prosseguiu em vários outros países conquistando vários discos de ouro e platina. Paul McCartney assim confirmava mais uma vez sua grande vocação para o sucesso.

1. Pipes of Peace (Paul McCartney) - Paul sempre caprichou nas canções que davam título aos seus álbuns. O mesmo aconteceu com a música "Pipes of Peace". A inspiração para Paul veio de um evento histórico real acontecido durante a Primeira Guerra Mundial, quando soldados ingleses e alemães, inimigos no campo de batalha, aproveitaram uma trégua para disputar uma animada pelada de futebol no meio dos campos cheios de lama desse conflito que ficou conhecido como a guerra das trincheiras. O clip obviamente aproveitou a ideia e usou um artifício bastante curioso, colocando Paul atuando tanto como um soldado inglês como um alemão, com seus uniformes, bigodinhos e insígnias próprias de cada país. Realmente genial. Em termos musicais Paul e George Martin (sempre ele, sempre presente nos melhores trabalhos dos Beatles) criaram um maravilhoso arranjo, clássico e erudito, para acompanhar a singela letra. Eu considero essa gravação uma verdadeira obra prima, sem favor algum!

2. Say Say Say (Paul McCartney / Michael Jackson) - O maior sucesso desse disco foi uma parceria que Paul fez com Michael Jackson. Na verdade era uma troca de gentilezas. Paul trabalhou no álbum "Thriller" de Jackson, cantando na canção "The Girl Is Mine" e ele retribuiu aqui, gravando "Say Say Say" ao lado de Paul. Na época Michael Jackson era certamente o maior nome da música. Nunca um disco havia vendido tanto como "Thriller" (recorde que permanece até os dias de hoje) e ele estava no auge de sua popularidade. Era um super astro do mundo da música, estava realmente no topo do mundo! "Say Say Say" foi lançada como single e ganhou um clip. Desnecessário dizer que foi um mega sucesso. No videoclip (lembre-se que a MTV estava nascendo), Paul e Michael interpretavam vendedores ambulantes do começo do século XX, um tipo muito comum naquele tempo. Vendendo garrafas de elixir milagroso (que não passavam de embustes) eles tinham que dar no pé assim que o golpe era descoberto. Um dos melhores clips de Paul e Jackson que ajudou o álbum a vender muito, se tornando um dos singles campeões de vendas dos anos 80.

3. The Other Me (Paul McCartney) - Essa canção "The Other Me" quase entrou no álbum "Tug of War", mas ficou de fora por falta de espaço. Na verdade Paul tinha tantas composições disponíveis naquela época - uma das mais criativas e produtivas de sua carreira - que ele até mesmo cogitou a possibilidade de gravar um disco duplo. Só desistiu da ideia depois que a gravadora EMI o aconselhou a gravar dois discos separados, um para ser lançado em 1982 e outro em 1983. Comercialmente seria mais interessante. Paul concordou com a ideia e assim tivemos "Tug of War" e "Pipes of Peace", duas obras primas da carreira solo de McCartney. A letra da música fala sobre o "Outro Eu". Nos versos Paul resume a questão ao cantar: "Eu sei que fui um louco idiota / Por tratá-la do jeito que tratei / Mas algo tomou conta de mim / Eu realmente não ficaria surpreso / Se você tentasse encontrar um "Outro Eu". Dizem alguns autores que Paul escreveu essa letra como um pedido de desculpas para a sua esposa Linda. Houve uma época em que ele começou a beber em demasia e Linda o confrontou sobre isso, gerando grandes discussões entre o casal. Ao que tudo indica Paul realmente entendeu que ele estava errado, agindo como um idiota. Pois é, nunca é tarde para se reconhecer um erro.

4. Keep Under Cover (Paul McCartney) -  Um dos problemas desse disco é que ele foi lançado em um espaço de tempo muito curto em relação ao disco anterior, "Tug Of War". Isso fez com que Paul utilizasse material que havia sido descartado nos trabalhos das sessões de 1982. Um exemplo disso vem em "Keep Under Cover" que fazia parte da primeira lista de canções que deveriam fazer parte de "Tug of War". Como foi descartada, Paul resolveu colocá-la aqui nesse LP. Ao lado de George Martin, Paul criou um arranjo que saísse do comum, ao invés do tradicional piano ele resolveu acrescentar belos solos de cravo, de forma bem discreta, ao fundo. A letra foi escrita na fazenda de Paul na Escócia e tem tudo a ver com a vida cotidiana por lá. Para torná-la mais comercialmente viável Paul colocou alguns clichês, versos de amor bem banais, para falar a verdade. Apesar disso (ou em razão disso) a música acabou funcionando muito bem do ponto de vista harmônico.

5. So Bad (Paul McCartney) - A balada "So Bad" é um dos melhores momentos desse álbum. Mostra claramente o tipo de composição que Paul sempre soube fazer muito bem. Baladas românticas, sem medo de soarem piegas ou bregas. A música tem belos versos como "Há uma dor, dentro de meu coração / Você significa muito para mim / Garota, Eu te amo / Garota, Eu te amo tanto!" - versos mais do que simples, mas que acabam tocando qualquer um que esteja apaixonado. Paul sempre soube criar grandes músicas usando versos batidos, isso é bem verdade, mas que são atemporais, nunca perdendo a essência de sua mensagem de amor. Paul sempre foi um romântico incorrigível, vamos ser bem sinceros e isso talvez tenha sido o segredo de seu sucesso como Beatle e depois como artista solo. O simples, muitas vezes, funciona mais do que o complexo, o rebuscado.

6. The Man (Paul McCartney / Michael Jackson) - "The Man" foi a outra canção feita em parceria com Michael Jackson. Paul estava bem à vontade e animado por trabalhar ao lado do cantor mais famoso do mundo na época, mas a amizade teve um fim precoce. Michael Jackson, sem avisar a Paul, lhe passou uma rasteira, comprando todo o catálogo das canções dos Beatles, justamente em um período em que Paul se preparava financeiramente para ele mesmo adquirir as canções que havia escrito ao lado de John Lennon. Isso significou o fim da aproximação entre Paul e Michael. Nunca mais se falaram novamente. Uma pena, porque pelo menos artisticamente eles pareciam dar muito certo. Basta ouvir essa balada "The Man", um primor pop que tocou muito nas rádios da época, para ter certeza disso. Tem um refrão pegajoso, um bom arranjo instrumental e aquela vocação para se tornar hit nas rádios (coisa que a música realmente se tornou assim que foi lançada).

7. Sweetest Little Show (Paul McCartney) - Já "Sweetest Little Show" se sobressai pelos bons arranjos acústicos. É interessante que Paul, ao trabalhar ao lado de George Martin, sempre procurava por bons materiais, uma vez que o famoso produtor só aceitava trabalhar tendo total poder de veto, ou seja, Martin podia rejeitar qualquer composição que Paul trouxesse para o estúdio caso ele entendesse que não era muito boa. Claro que também com os anos o relacionamento entre eles foi se desgastando justamente por isso. Paul era tão dominador e controlador quanto George Martin. O próprio George Harrison em vários ocasiões acusou Paul de ser um arrogante prepotente dentro dos estúdios, sempre impondo suas escolhas aos outros. Embora respeitasse muito George Martin pelo que ele havia feito pelos Beatles no começo da carreira, ele agora não parecia mais disposto a ouvir um não de seu produtor. Por essa razão também essa música acabou sendo uma das últimas parcerias entre eles. Paul ficou possesso, pois George Martin quase a tirou do disco "Pipes of Peace" por ser, em sua opinião, "banal demais". Imaginem o ataque de raiva de Paul, o controlador, ao ouvir esse tipo de crítica!

8. Average Person (Paul McCartney) - Se você estiver procurando conhecendo melhor o som mais pop dos anos 80 eu recomendo essa gravação de Paul para o álbum "Pipes of Peace". Notem os arranjos, algo que foi muito utilizado pelos grupos da época. No meio dos efeitos sonoros, Paul parece ter usado todos os instrumentos que eram modinha naqueles tempos, com direito a uma bateria eletrônica e muitos sintetizadores. É interessante porque gravações como essa acabam ficando mais datadas do que as demais, feitas ao estilo mais tradicional. Pois é, o moderninho tem mesmo a tendência de envelhecer mais rápido do que a velha e boa sonoridade musical de raiz. Fica a lição.

9. Hey Hey (Paul McCartney) - Um fato curioso é que "Pipes of Peace" foi gravado meio às pressas, para aproveitar o sucesso da parceria entre Michael Jackson e Paul McCartney (que juntos gravaram duas músicas, "Say Say Say" e "The Man"). Assim Paul teve que se virar para completar o álbum. Uma das soluções que ele encontrou foi encaixar algumas composições que havia criado para o disco anterior, "Tug of War". Ele pegou algumas faixas que tinham sobrado, muitos delas trabalhadas ao lado do produtor George Martin (dos Beatles) e começou a trabalhar em cima delas. Algo de bom poderia sair daquelas canções inacabadas. Uma dessas músicas descartadas foi "Hey Hey". Na verdade a falta de tempo fica patente na faixa que sequer tem letra! Na verdade é uma boa jam session de Paul com seu grupo e nada mais! Curiosamente a canção até tem boa melodia, agradável, mas nada disfarça o fato dela ser uma grande encheção de linguiça. O próprio Paul ficou um pouco decepcionado de ter incluído canções como essa (que no máximo poderiam ser usadas como lados B de seus compactos mais obscuros). Anos depois ele diria: "Não tive realmente tempo de colocar algo melhor no disco. Reconheço minha falha!".

10. Tug of Peace (Paul McCartney) - "Tug Of Peace", por sua vez, é o que gosto de chamar de canção link! O que exatamente significa isso? Essencialmente é uma faixa de ligação com o disco anterior, "Tug of War". Quase que puramente instrumental - com um pequeno refrão por um coro que parece ter saído de algum álbum dos Wings - essa faixa é apenas uma espécie de gravação experimental de Paul no disco. Afinal os fãs dos Beatles pensavam que apenas John Lennon e Yoko Ono podiam se dar ao prazer de gravar faixas assim? Porém ser experimental era obviamente pouco para Paul McCartney. Assim o ex-Beatle escreveu alguns belos arranjos para solos de sua guitarra Gibson, que atravessam praticamente toda a gravação. Uma canção um pouco abaixo das demais presentes nesse disco, mas certamente uma das mais interessantes do ponto de vista puramente musical. Paul sendo um pouco Lennon, para variar.

11. Through Our Love (Paul McCartney) - Embora, como sempre, tenha seus detratores, o fato é que o álbum "Pipes of Peace" também tem momentos muito bons, canções inegavelmente bem escritas. A música "Through Our Love" selecionada por Paul para fechar o disco, tem uma melodia belíssima e um maravilhoso arranjo. Aqui Paul realmente trabalhou duro ao lado do produtor e maestro George Martin para lapidar cada nuance, cada nota. A letra, despudoradamente romântica é quase uma carta de amor de Paul (obviamente para Linda) para deixar as coisas sem importância para trás, não se perdendo mais tempo com elas. Em reflexão Paul admite que já perdeu tempo demais em coisas sem a menor importância. O que importa no final de tudo é realmente dar o amor para a pessoa que se ama, nada mais. Enfim, uma bela melodia embalada por uma letra bem articulada, honesta, cheia de sentimentos. Paul em sua mais pura essência.

Pablo Aluísio. 

Cinema Cássico - Marilyn Monroe



U2 - War

Em relação ao U2 existe uma verdade absoluta: não se pode entender o grupo, seu som e suas letras sem entender suas origens. O U2 é um grupo de rock político desde sempre, mesmo em seus primeiros álbuns já se nota claramente esse aspecto. Embora os anos 80 tenham dado origem a excelentes artistas não há como negar que aquela década também foi o auge do Pop. E o mundo Pop é aquela coisa: se investe muito mais no visual e na imagem dos artistas do que em qualquer outra coisa. O artista pop é uma celebridade por excelência, vide os maiores ícones daqueles tempos, Michael Jackson e Madonna. Ser político, tratar de assuntos sérios naquela época não era fácil, mas o U2 salvou a lavoura daqueles tempos relativamente bem fúteis. Eles deixaram as futilidades de lado e resolveram falar dos problemas políticos de seu país, da barra enorme que era ser um jovem na Irlanda durante a opressão inglesa aos seus cidadãos e à sua liberdade. Não havia espaço para baboseiras, o assunto era sério. 

Um exemplo você pode conferir nesse "War", cujas intenções do grupo ficam evidenciados logo no título. Que artista pop adolescente dos 80´s iria dar o nome de "Guerra" a um disco? Absolutamente nenhum. Assim o U2 rompeu realmente barreiras. O som do grupo e principalmente as letras fugiam do feijão com arroz, das melodias cheias de sintetizadores e dos temas banais do tipo adolescente ama garota, mas garota não o ama. Na época havia também outro fator importante: O Bono ainda não era tão pretensioso e nem queria salvar o mundo como vemos hoje em dia! Ele apenas fazia um som honesto ao lado de seu conjunto e se considerava apenas um membro da classe trabalhadora irlandesa que conseguiu se destacar no cenário musical - e isso era o ápice da vida deles, não salvar o planeta Terra da destruição como vemos agora. Deixando isso um pouco de lado "War" ainda é muito bom musicalmente e não perdeu a força, mesmo depois de tantos anos. O Rock como gênero musical talvez seja um dos únicos que resiste muito bem ao tempo, praticamente nunca ficando datado (com exceções, é óbvio). De qualquer maneira se você não está nem aí para esse tipo de discussão e quer apenas matar as saudades de sua juventude o disco ainda cai muito bem pois está cheio de hits radiofônicos da época, afinal de contas onde mais você iria ouvir o hino "Sunday Bloody Sunday"?

U2 - War (1983)
Sunday Bloody Sunday / Seconds / New Year's Day / Like a Song../ Drowning Man / The Refugee
Two Hearts Beat as One / Red Light / Surrender / 40 / U2 - War (Irlanda, 1983) Produção: Steve Lillywhite / Selo: Island / Data de gravação: 17 de maio, 20 de agosto de 1982 / Data de Lançamento: Fevereiro de 1983 / Músicos: Bono (vocal, guitarra), The Edge (guitarra, piano), Adam Clayton (baixo), Larry Mullen Jr (bateria), Kenny Fradley (trompete), Steve Wickham (violino), The Coconuts (vocais).

"Sunday Bloody Sunday" talvez seja a música mais politizada do U2. Uma letra relembrando o domingo sangrento, quando os soldados ingleses abriram fogo contra manifestantes irlandeses desarmados, parte da população civil que apenas estava reivindicando seus direitos. Um absurdo completo. A harmonia da música inclusive lembra uma marcha militar para destacar ainda mais a indignação dos membros da banda. E pensar que apenas ditaduras atiravam contra pessoas inocentes... a democrática Inglaterra também carregou essa mancha em seu história.

"Seconds" é a segunda canção do disco. Aqui o teor da letra também é político. Nessa mensagem Bono tenta chamar a atenção para o perigo da corrida armamentista entre as grandes potências nucleares da época (Estados Unidos e União Soviética), cada uma construindo mais e mais armamentos nucleares de alta potencialidade destrutiva. Aonda tudo aquilo iria terminar? O ritmo da canção é muito boa, lembrando inclusive a primeira faixa "Sunday Bloody Sunday". O ritmo se desenvolve como uma marcha militar. Outro recado de Bono sobre os problemas que o mundo vivia naquele momento.

A terceira música desse disco acabou se tornando também seu maior hit nas rádios dos anos 80. Se trata de "New Year's Day". Aqui os arranjos já são bem mais caprichados, com destaque para a guitarra duplicada ao fundo. A gravadora farejou sucesso nessa gravação e lançou como single em janeiro de 1983 com a faixa "Treasure (Whatever Happened to Pete the Chop)" no lado B. O sucesso se confirmou. Foi a primeira música do U2 a ter destaque na parada da Billboard nos Estados Unidos. Também foi a primeira música do grupo a entrar na seletiva lista "Top 10" do Reino Unido. Para jovens irlandeses praticamente desconhecidos foi um avanço e tanto na carreira.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de maio de 2011

The Beatles - The Decca Tapes

Toda história de sucesso precisa ter um começo modesto. Assim que Brian Epstein assinou com os Beatles ele sentiu a necessidade de que o grupo precisava de uma grande gravadora. Era preciso ter um disco para divulgação do som do quarteto. A primeira providência foi arranjar um teste com a gravadora Decca em Londres. A Decca era tradicional no mercado e tinha grandes artistas sob contrato. Todo o trabalho de divulgação e promoção de seu departamento de marketing era considerado o melhor da Inglaterra. Era o ideal para os Beatles. Eles obviamente ficaram animados e até tocaram muito bem na audição. O problema é que foram recusados! Isso mesmo, a Decca recusou aquele que seria o grupo de rock mais popular do mundo, que venderia milhões de cópias de discos nos anos seguintes!

Felizmente as gravações sobreviveram ao tempo e podem ser ouvidas aqui nesse álbum. O tal sujeito - que depois seria demitido obviamente por ter recusado o maior fenômeno musical de todos os tempos - alegou que grupos de rock formado apenas por rapazes já estavam fora de moda, que não tinha mais nada a ver aquele tipo de som e que as chances daquele grupo de rock desconhecido de Liverpool dar certo era muito remota. Trocando em miúdos foi um dos maiores banhos de água fria que se poderia imaginar. No caminho de volta da viagem o grupo, claro, ficou bem para baixo, desanimado mesmo. Só não ficaram mais entristecidos porque Brian Epstein tinha uma carta na manga. Ele havia marcado outra audição, dessa vez na gravadora EMI.

Brian havia conhecido um produtor considerado excêntrico dentro da empresa chamado George Martin. Embora fosse um talento musical e maestro de profissão, Martin ganhava a vida gravando discos de comédia no selo Parlophone. Absolutamente ninguém levava a Parlophone à sério dentro da EMI e por isso ninguém ligou muito quando George Martin fechou com os Beatles, assinando o primeiro contrato profissional da vida daqueles jovens. Para os demais executivos da EMI, o velho George Martin só havia contratado um grupo de rock desconhecido para tocar um barulho em seu selo. Mal sabiam eles no que os Beatles iriam se transformar...

De qualquer forma, musicalmente falando, esses primeiros registros na Decca já mostra um conjunto de músicos bem entrosados, fruto da época em que eles se apresentavam diariamente na Alemanha. O repertório, por essa razão, é basicamente o set list de seus concertos em Hamburgo. Há música de salão, para dança, como a famosa "Besame Mucho", rocks mais viscerais como "Money (That's What I Want)" e até covers de Buddy Holly como "Crying, Waiting, Hoping". Em Hamburgo os Beatles tocavam para marinheiros americanos que passavam alguns dias de folga nos clubes noturnos da cidade. Por isso os Beatles tinham de se virar para agradar esses militares. Havia espaço também para músicas surreais como "The Sheik Of Araby" e homenagens ao ídolo Chuck Berry em números como "Memphis Tennessee" que também seria gravada por Elvis Presley alguns anos depois. Enfim, uma boa amostra do tipo de som que os Beatles tocavam em seus primeiros anos de estrada. Não há nenhum deslize por parte deles na audição, todas as canções estão bem tocadas, demonstrando acima de tudo que o executivo que os reprovou na época era mesmo um produtor bem idiota.

The Beatles - The Decca Tapes (1982)
Like Dreamers Do / Money (That's What I Want) / Till There Was You / The Sheik Of Araby / To know Her Is To Love Her / Take Good Care Of My Baby / Memphis Tennessee / Sure to Fall (In Love With You) / Hello Little Girl / Three Cool Cats / Crying, Waiting, Hoping / Love Of The Loved / September In The Rain / Besame Mucho / Searchin. / Data de gravação: janeiro de 1962 / Músicos: John Lennon (guitarra), Paul McCartney (baixo), George Harrison (guitarra), Pete Best (bateria).

Pablo Aluísio.

The Beatles - John Lennon e sua Guitarra Rickenbacker

No auge dos Beatles se criaram vários símbolos associados ao grupo, fossem os cabelos (considerados escandalosamente longos para a época), ou os terninhos britânicos com corte francês. Até mesmo os próprios instrumentos musicais que eles usavam viraram marca da banda. Um dos ícones nesse sentido foi a guitarra Rickenbacker com a qual Lennon gravou praticamente todos os primeiros discos dos Beatles. A famosa  marca de instrumentos musicais chegou pela primeira vez a John quando os Beatles tocavam em Hamburgo, na Alemanha. Isso mesmo, o design e a tecnologia da Rickenbacker eram alemães. É curioso que enquanto os outros ídolos da música, como Elvis Presley, preferiam a tradicional Gibson, Lennon não abria mão da sua guitarrinha alemã, que nem era considerada tão boa e cheia de recursos como as demais.

Nos tempos do Cavern Club a guitarra que John Lennon usava era conhecida como Heiligengeistfeld. Era um modelo mais simples (até tosco, diria) sem muitos recursos. O instrumento era de tal forma fraco em suas qualificações técnicas que o próprio Lennon precisou modificá-la. Algo que ele mesmo fez com uma velha chave de fenda. Ele instalou vários acessórios Hofner comprados numa loja de instrumentos musicais de Hamburgo. A grana era curta, os Beatles tocavam na noite para ter o que comer no dia seguinte. Em tempos de dureza a criatividade geralmente despontava.

Depois que os Beatles voltaram para a Inglaterra a sorte começou a mudar e John Lennon aposentou sua velha companheira de palco. Em fins de 1961 ele adquiriu uma guitarra Rickenbacker 325 conhecida popularmente como modelo Capri. Foi essa guitarra que se tornou mundialmente famosa em suas mãos pois foi tocando nela que Lennon atravessou a fase mais gloriosa dos Beatles. A usou em praticamente todos os álbuns do grupo de "Please Please Me" até "Rubber Soul" quando a própria sonoridade dos Beatles começou a mudar, deixando de lado a boa e velha Rickenbacker. Um fato curioso sobre essa guitarra é que John Lennon a destruiu em 1967 durante uma bebedeira em sua casa em Londres. Em uma farra John a teria jogado do segundo andar e o instrumento se espatifou no chão com a queda.

Alguns anos atrás um segundo instrumento, do mesmo modelo e que também havia pertencido a Lennon, foi vendido em um leilão por 800 mil dólares. Essa segunda guitarra pertencia a Ringo Starr que teria sido presenteado com ela por John em Nova Iorque no ano de 1975. Ringo visitava os Estados Unidos quando em um encontro no apartamento de Lennon ele teria oferecido o instrumento a Ringo "pelos bons e velhos tempos dos Beatles". Não era a mesma dos acordes inesquecíveis dos discos dos Beatles, mas de qualquer maneira, como foi provado em leilão, tinha também seu valor histórico e musical.

Pablo Aluísio.