sábado, 6 de abril de 2024

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 4

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 4
E a surrada agulha segue deslizante no velho disco de vinil original da época... Então ouvimos os primeiros acordes da faixa "You Don't Have To Say You Love Me". Em relação a essa canção eu sempre tive a mesma opinião, mesmo após tantos anos passados desde a primeira vez que a ouvi. A primeira convicção é que se trata de uma bela balada romântica, despudoradamente apaixonada com aquele sabor latino que todos conhecemos tão bem. Percebe-se desde os primeiros acordes que seu compositor não teve qualquer vergonha de se atirar nesse tipo de sentimento. Seus versos são bem claros sobre isso. A outra certeza que tenho é que a versão oficial que saiu no álbum "That´s The Way It Is" é mal gravada mesmo. Até lamento dizer isso, mas é a pura verdade. Inclusive expressei exatamente essa opinião quando escrevi pela primeira vez sobre a faixa alguns anos atrás. 

Na ocasião eu coloquei minhas impressões no texto e afirmei: "A versão de Presley é mais uma representante da feliz fusão de Elvis com a música da Itália como It's Now or Never, No More e Surrender. O astro era fã do cantor Mario Lanza, o que talvez explique esta aproximação com este tipo de canção. De qualquer forma, apesar de toda essa importância histórica, não consigo deixar de ficar decepcionado com a má qualidade da gravação original de 1970. A master mais parece um ensaio descompromissado de tão mal gravada. Certamente Elvis não está em um bom momento, na realidade é fácil perceber que ele na realidade está se comportando como se estivesse em um ensaio, nada mais do que isso. Porém o produtor Felton Jarvis resolveu escolher esse Take como o master oficial o que deixou todos surpresos mesmo. Repare como até a vocalização de Elvis está ruim pois ele está com a boca excessivamente salivada, coisa que nenhum artista de seu nível deixaria passar em uma gravação oficial. Alguns autores até mesmo chegam a afirmar que ele estaria com um chiclete na boca na hora da gravação! Particularmente não acredito nisso, não vamos chegar a tanto. Apenas é uma versão abaixo da média. Se alguém errou aqui não foi Elvis, mas sim Felton Jarvis que a escolheu para compor o disco oficial. Foi uma péssima escolha." Historicamente a faixa tem uma trajetória interessante. Ela foi originalmente lançada com grande sucesso pelo cantor italiano Pino Donaggio com o título original de "Io Che Non Vivo Senza Te" em 1964 pelo selo Odeon. O cantor inglês Dusty Springfield em 1966 fez a primeira versão em língua inglesa, versão esta lançada pelo selo Philips. Certamente foi essa segunda versão a grande fonte de inspiração para Elvis fazer sua versão. Pena que não saiu tão boa.

"You've Lost That Lovin' Feelin'" é uma criação do casal Barry Mann e Cynthia Weil. Sem dúvida uma das músicas mais populares e bem sucedidas comercialmente da história. O curioso é que sua criação demonstrava de certa forma como funcionava a indústria fonográfica da época. O produtor Phil Spector conheceu por acaso a dupla vocal branca The Righteous Brothers durante um festival de música. Spector estava em busca de novos talentos para seu selo musical recém fundado chamado Philles Records. Até aquele momento Spector tinha gravado uma série de bons compactos (singles) de artistas negros em seu selo, porém nenhum deles tinha realmente estourado nas paradas. Assim o produtor foi atrás de artistas brancos e encontrou o que queria ao ver o Righteous Brothers. Assim ele os contratou, depois ligou para a dupla de compositores Mann e Well para que eles escrevessem um novo tema para seus novos contratados. Assim nasceu "You've Lost That Lovin' Feelin'", uma canção feita para fazer sucesso. Lançada inicialmente em outubro de 1965 o plano de Spector deu mais do que certo. A música se tornou um hit absoluto, chegando ao primeiro lugar entre os mais vendidos em todas as paradas musicais, tanto dos Estados Unidos como na Europa. Para muitos críticos o produtor havia chegado na perfeição da técnica que ele próprio havia criado, conhecida como "Wall of Sound". O interessante é que anos depois o próprio Phil Spector declarou que adoraria ouvir Elvis cantando a música que havia produzido. 

O problema é que em 1965 Elvis estava preso a contratos com companhias cinematográficas que muito certamente não autorizariam ele a gravar uma canção que não fosse das suas próprias editoras musicais. Assim, ao invés de gravar obras primas como "You've Lost That Lovin' Feelin'" Elvis passou aquele ano gravando trilhas sonoras bem fracas como "Harum Scarum" e "Girl Happy". A oportunidade porém pintou novamente em 1970 quando Elvis foi a Las Vegas para gravar um novo filme. O conteúdo era simples: mostrar Elvis ao vivo nos palcos da cidade. Para isso Elvis precisava de um repertório cheio de grandes canções e assim "You've Lost That Lovin' Feelin'" entrou na trilha do documentário "That´s The Way It Is". Uma ótima decisão. A versão de Elvis, mesmo gravada ao vivo, tem um sentimento e uma alma fora do comum. Elvis sabia que estava sendo imortalizado em película naquele momento e resolveu caprichar. O resultado ficou ótimo, excepcional. A canção retornaria à discografia de Elvis alguns anos depois no álbum "Elvis as Recorded at Madison Square Garden", mas devemos ser sinceros, a primeira versão é bem melhor. No Madison Elvis e banda aceleram muito o ritmo da música, a prejudicando um pouco.

Pablo Aluísio. 

The Beatles - With The Beatles - Parte 4

The Beatles - With The Beatles - Parte 4
Esse álbum "With The Beatles" tem uma sonoridade tão agradável de se ouvir. Mesmo após tantos anos ainda considero um prazer colocar esse álbum para apreciar as músicas. O grupo também parecia extremamente entrosado, efeito, é claro, de uma banda que vivia na estrada fazendo shows ao vivo. A prática, já dizia o sábio, leva à perfeição. A excelente qualidade do conjunto, do repertório das músicas, começava já desde a primeira faixa. 

Bastava colocar a agulha no LP, no vinil, para começar a ouvir os primeiros acordes. "It Won't Be Long" é um reflexo desse entrosamento do quarteto. Eles gravaram essa música, que pode até ser considerada um pouco complicada de tocar, em poucos takes. Sua estrutura rítmica sui generis levou um crítico americano a dizer que a canção tinha "cadências eólicas". A estranha designação virou uma piada dentro da banda, entre os próprios Beatles. John e Paul, autores da música, não tinham a menor ideia do que isso significava. 

Brincando sobre o fato Paul ironizou, muitos anos depois, dizendo que a crítica não fazia o menor sentido e que ele, mesmo após anos de carreira, continuava sem saber do que se tratava! Durante uma entrevista nos anos 80 John Lennon ironizou o crítico que escreveu que a música tinha as tais "cadências Eólicas" dizendo que quando ouviu essa expressão pela primeira vez pensara que era algum tipo de pássaro exótico! Brincadeiras à parte, é inegável reconhecer que se trata de uma excelente gravação do grupo. Eles estavam tinindo nos estúdios Abbey Road quando gravaram essa canção.

Já "Please Mister Postman" era um cover do som da Motown. Quem diria, os ingleses brancos revisitando a música negra americana. Eles curtiam muito a sonoridade dos artistas da gravadora de Detroit. A música já vinha sendo apresentada pelo grupo desde os primeiros shows na Alemanha, em Hamburgo, sendo por isso uma opção natural para compor esse segundo álbum dos Beatles. Seria mais fácil de gravá-la após tantos anos e era uma maneira de agradar os americanos, pois o empresário Brian Epstein já estava de olho no mercado dos Estados Unidos. Se os Beatles conquistassem seu lugar ao sol dentro da terra do Tio Sam nada mais poderia parar seu sucesso. Algo que se confirmaria no ano seguinte quando o grupo finalmente aterrissou no país de forma gloriosa para dar o pontapé inicial na Beatlemania que conquistaria o mundo.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de abril de 2024

Succession - Primeira Temporada

Título no Brasil: Succession
Título Original: Succession
Ano de Lançamento: 2018
País: Estados Unidos
Estúdio: Home Box Office (HBO)
Direção: Mark Mylod, Andrij Parekh
Roteiro: Jesse Armstrong, Jamie Carragher
Elenco: Brian Cox, Jeremy Strong, Kieran Culkin, Matthew Macfadyen, Sarah Snook, Alan Ruck

Sinopse:
A série mostra as intrigas e desavenças dentro de um rico e poderoso clã, dono de várias empresas. Quando o patriarca sofre um AVC, seu filho mais velho começa a conspirar para assumir todo o controle da empresa do pai, algo que vai trazer muitos problemas familiares para todos os envolvidos. Série vencedora de 19 prêmios Emmy. 

Comentários:
Essa série foi um grande sucesso nos Estados Unidos. Para os brasileiros haverá uma certa dose de familiaridade a mais. Os cínicos vão dizer que não passa de uma grande novela norte-americana. Eu não chegaria a tanto, mas devo admitir que há sim semelhanças com nossos folhetins. Além da boa produção e dos bons roteiros dos episódios que conseguem desenvolver todos os personagens muito bem, o que mais me atraiu foi a presença do grande Brian Cox. Eu sempre o considerei um dos melhores atores de sua geração. Infelizmente no cinema nunca alcançou o sucesso merecido. Nessa série finalmente chegou lá, no sucesso popular que seu talento merecia. Ele é a alma e o principal motivo para continuar acompanhado todos os episódios. Nessa primeira temporada sua grandeza se revela em cada momento. Inicialmente poderoso, se torna vulnerável por causa de um AVC, para só então voltar ao jogo, tendo que enfrentar seu próprio filho que cobiça todo o controle das empresas da família. Enfim, excelente drama familiar que não deixa de ser também uma fina crônica de ironias e críticas em relação à elite dos Estados Unidos, tão rica e ao mesmo tempo tão sórdida. 

Pablo Aluísio.

Vikings - Primeira Temporada

Título no Brasil: Vikings
Título Original: Vikings
Ano de Lançamento: 2013
País: Irlanda, Canadá
Estúdio: World 2000 Entertainment
Direção: Ciaran Donnelly, Ken Girotti
Roteiro: Michael Hirst
Elenco: Travis Fimmel, Katheryn Winnick, Clive Standen

Sinopse:
Ragnar Lothbrok (Travis Fimmel) é um jovem Viking que decide navegar rumo ao Oeste, apesar da proibição do líder de seu clã. E ele acaba chegando na costa da Inglaterra, onde descobre vilas para roubar, trazendo ouro e prata em sua expedição pioneira, o que acaba abrindo uma nova rota de navegação para seu povo.  

Comentários:
Essa primeira temporada da série Vikings foca bastante no personagem Ragnar Lothbrok que simboliza as primeiras levas de Vikings que chegaram na costa da Inglaterra durante a era medieval. Historicamente falando não se sabe com precisão quando isso aconteceu, mas o fato é que um dia os Vikings chegaram na Inglaterra e acabaram pilhando e aterrorizando as comunidades que viviam na costa leste do país. Os episódios dessa primeira temporada mantém um bom padrão de qualidade, mas eu devo dizer que apesar de seguir uma linha narrativa central, focado no protagonista viking Ragnar, os episódios também possuem uma certa dispersão, em que ocorrem pulos na narrativa. Penso que isso foi feito propositalmente para capturar a atenção daquele espectador ocasional e eventual, que não assiste necessariamente sempre a série. Se funcionou para aumentar a audiência da série, também atrapalhou no melhor desenvolvimento da história que conta. De qualquer forma é uma boa série, já confirmada nessa primeira temporada. Pode assistir sem receios. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de abril de 2024

Gran Turismo

Título no Brasil: Gran Turismo
Título Original: Gran Turismo
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Neill Blomkamp
Roteiro: Jason Hall, Zach Baylin
Elenco: David Harbour, Orlando Bloom, Archie Madekwe, Takehiro Hira

Sinopse:
Uma grande companhia do mundo dos games começa uma campanha de marketing agressiva que promete levar os melhores gamers do mundo de um jogo de corridas para o mundo real. O vencedor vai ter a oportunidade de correr em um carro real, disputando corridas no principal campeonato da categoria GTP. Filme com história baseada em fatos reais. 

Comentários:
Numa primeira olhada tudo pode parecer bem surreal e improvável na história contada por esse filme. Mas não, foi mesmo baseado na história de um jovem gamer que vencendo uma competição de jogos acabou ganhando a oportunidade de se tornar um piloto de corridas do mundo real. Claro que um gamer disputando um campeonato de automobilismo iria trazer todo tipo de preconceito por parte dos demais pilotos profissionais e equipes adversárias. E no fundo tudo seria apenas uma campanha de marketing para os games, mas eis que o tal jovem piloto vai conquistando posições e vitórias importantes dentro do campeonato que estava disputando. O filme é bom e funciona. Ele não foge muita daquela fórmula de dramas esportivos que conhecemos bem, como uma grande história de superação pessoal, mas a despeito disso, demonstra que esse tipo de enredo nunca vai ficar obsoleto, pois sempre haverá novas camadas e boas histórias para contar, afinal a essência dos esportes é justamente essa, a superação de suas próprias limitações pessoais para se tornar um grande campeão. 

Pablo Aluísio.

Homicídio Nova York: Daphne Abdela

Homicídio: Nova Iorque
Ela tinha apenas 15 anos, com rosto de bebê. Morava na parte rica de Nova Iorque. Garota privilegiada, filha de pais ricos. E tudo desmoronou quando foi acusada de um crime brutal, a morte de um homem de 44 anos de idade em pleno Central Park. Antes de mais nada realmente não vá se enganar pelo rosto angelical. Ela sempre foi descrita por quem a conhecia como uma "Bitch", uma "Badass" ou seja sempre foi vista como uma garota problema. Arranjava briga nas escolas por onde passou (todas da elite da sociedade de Nova Iorque) e não tinha muitos amigos. Até que fez amizade com um carinha de sua idade, que tinha descendência latina. Foi ao lado desse jovem de apenas 14 anos chamado Christopher Vasquez que o crime foi cometido. 

A vítima foi Michael McMorrow, conhecido pelos amigos como "O Irlandês", um cara gente boa, mas que gostava de beber acima do limite. Muito provavelmente estava no Central Park bebendo de noite quando tudo aconteceu. Ele levou várias facadas, teve suas tripas colocadas para fora, uma pedra colocada em seu abdômen e depois seu corpo jogado na água de um dos lagos gelados do Central Park. Crime de açougueiro mesmo, por isso Daphne foi chamada pela imprensa de "Baby-Faced Butcher" ou a açougueira com rosto de bebê. Infelizmente o crime não teve um desfecho que todos desejavam na justiça. A garota fez um acordo com a promotoria e ficou apenas seis anos atrás das grades. Quando saiu arranjou mais confusão e voltou para a cadeia, para cumprir mais 3 anos. E foi isso. O crime aconteceu em 1997 e ela não ficou muito tempo atrás das grades. Garotinha rica, como bem sabemos, não paga sentença pesada! É a tal coisa, realmente era apenas uma adolescente, mas criminosa e fatal. 

Homicídio: Nova Iorque (Homicide: New York, Estados Unidos, 2024) Direção: Dick Wolf / Roteiro: Dick Wolf / Elenco: Barbara Butcher, Robert Mooney, Richard Plansky / Sinopse: Esse crime e outros que chocaram Nova Iorque podem ser assistidos em detalhes na nova série policial da Netflix "Homicídio Nova York". Fica a dica!

Pablo Aluísio. 


quarta-feira, 3 de abril de 2024

Último Tango em Paris

Título no Brasil: Último Tango em Paris
Título Original: Ultimo tango a Parigi
Ano de Lançamento: 1972
País: Itália, França
Estúdio: Produzioni Europee Associate (PEA)
Direção: Bernardo Bertolucci
Roteiro: Bernardo Bertolucci, Franco Arcalli
Elenco: Marlon Brando, Maria Schneider, Maria Michi

Sinopse:
Um homem bem mais velho conhece uma bela jovem em Paris. O casal então começa um tórrido relacionamento sexual. Vale praticamente tudo entre eles,  sem limites, mas há claramente um óbvio distanciamento emocional entre eles. Não se conhecem de verdade e nem sabem nada um do outro. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Marlon Brando) e melhor direção (Bernardo Bertolucci). 

Comentários:
Quando Marlon Brando foi para a Europa fazer esse filme, ele estava mais do que consagrado pelo sucesso de "O Poderoso Chefão". Havia sido escolhido o melhor ator do ano, mas recusou o Oscar, o que causou um alvoroço em Hollywood. Curiosamente ele escolheu esse filme até como uma forma de rejeitar Hollywood e todo seu superficialismo cultural. E nessa produção o ator teve liberdade completa para criar seu personagem. Praticamente não havia um roteiro e nem muito menos um script. As falas de Brando que se vê em cena são pura espontaneidade. Ele apenas ia falando o que vinha em sua mente. Tudo improvisado. O diretor apenas lhe dava uma premissa básica e Brando fazia o que tinha vontade. Nunca ele havia tido tanta liberdade como ator e talvez por essa razão tenha abraçado tanto esse projeto. Muitos anos depois o próprio Brando escreveria em sua autobiografia que ele não tinha a mínima ideia da proposta daquela história. Só sabia que era arte pura. Um tipo de liberdade criativa que ele nunca havia experimentado em Hollywood e que nunca mais iria experimentar de novo pelo resto de sua carreira. Sem dúvida um filme inovador e até mesmo experimental. Talvez por isso seja tão elogiado até mesmo nos dias atuais. 

Pablo Aluísio.

O Risco de uma Decisão

Título no Brasil: O Risco de uma Decisão
Título Original: Bite the Bullet
Ano de Produção: 1975
País: Estados Unidos
Estúdio: Persky-Bright Productions
Direção: Richard Brooks
Roteiro: Richard Brooks
Elenco: Gene Hackman, Candice Bergen, James Coburn, Ben Johnson, Ian Bannen, Jan-Michael Vincent

Sinopse:
No deserto do Colorado, em 1908, é organizada uma grande corrida de cavalos entre as cidades de Denver e Kansas City. Apenas os mais resistentes cowboys conseguiriam sobreviver a uma competição selvagem como aquela.

Comentários:
Muito bom esse faroeste dos anos 1970. A premissa é das mais interessantes, mostrando uma competição que fugia completamente do comum. O interessante é que o filme, para surpresa de muitos, conseguiu duas indicações ao Oscar em categorias técnicas, de Melhor Som e Melhor Trilha Sonora Incidental. Outro aspecto interessante é que o estúdio conseguiu reunir um belo elenco, de veteranos do gênero, valorizando ainda mais o filme. Gene Hackman, grande ator, lidera a equipe, mas não podemos também deixar de elogiar James Coburn, que mesmo envelhecido ainda mantinha o velho charme de vilão de filmes de western. E o que dizer do veterano Ben Johnson? Só faltou mesmo o bom e velho John Wayne, que até foi convidado para participar do filme, mas com problemas de saúde, não pode comparecer. Mesmo assim temos aqui um dos melhores faroestes dos anos 70. O filme tem ritmo, bom roteiro e situações bem desenvolvidas, inclusive com uma boa pitada de bom humor, para deixar o filme mais leve e divertido. Não podemos esquecer que por essa época o western já estava um pouco fora de moda nos cinemas. Enfim, deixo a dica. A produção é uma preciosidade do gênero.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de abril de 2024

Contrabandistas da Fronteira

Título no Brasil: Contrabandistas da Fronteira
Título Original: The Kid from Amarillo
Ano de Produção: 1951
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Ray Nazarro
Roteiro: Barry Shipman
Elenco: Charles Starrett, Smiley Burnette, Harry Lauter

Sinopse:
Ao Agente do Tesouro Steve Ransom (Charles Starrett) é dada a missão de desmascarar Jonathan Cole (Fred Sears), chefe de uma quadrilha de contrabandistas que operam perto da fronteira México / Texas. Apesar das advertências de Steve, seu amigo trapalhão Smiley (Smiley Burnette) resolve fazer alguma investigação solitária na fazenda Cole e é feito prisioneiro. Para soltar o amigo e desbaratar de uma vez por todas o grupo de bandidos liderados por Cole, Ransom resolve assumir a identidade de Durango Kid, o justiceiro mascarado.

Comentários:
Nos anos 50 a Columbia Pictures se especializou em produzir westerns B para consumo em massa. Como era o estúdio mais modesto de Hollywood a Columbia estava sempre precisando fazer caixa rápido e no auge da popularidade dos filmes de faroeste essa era a maneira mais fácil de ter lucro, realizando westerns com orçamentos modestos (por isso eram chamados de filmes B) com garantia certa de retorno nas bilheterias. "The Kid from Amarillo" é um desses lançamentos da Columbia. Hoje em dia já poderia estar inclusive completamente esquecido se não fosse por um detalhe importante: foi dirigido pela subestimado e ótimo cineasta Ray Nazarro. O considero um injustiçado pela história do cinema americano já que era de fato um artesão da sétima arte. Geralmente pegava material inexpressivo, do tipo que o estúdio não acreditava, e transformava em filmes marcantes. Certamente continuavam a ser produções B mas com um toque todo especial que os tornavam especiais. Aqui temos mais uma chance de conhecer seu talento por trás das câmeras. Uma pequenina jóia B com o popular Durango Kid que certamente vai surpreender os fãs de westerns.

Pablo Aluísio. 

O Fantasma do Zorro

Título no Brasil: O Fantasma do Zorro
Título Original: Ghost of Zorro
Ano de Produção: 1959
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Pictures
Direção: Fred C. Brannon
Roteiro: Royal K. Cole, William Lively
Elenco: Clayton Moore, Pamela Blake, Roy Barcroft

Sinopse:
Após desaparecer por quase dois anos o Zorro é dado como morto pelas autoridades. Todos acreditam que o homem por trás da máscara morreu em alguma operação militar para sua captura. Assim os corruptos políticos locais começam a novamente roubar o povo. No meio da noite então, surge novamente o Zorro, que agora parece um ser sobrenatural, vindo do além. O povo logo acredita que seu espírito voltou do mundo dos mortos para proteger os mais pobres da ganância da classe política corrupta, mas será mesmo que é isso que está acontecendo?

Comentários:
"Ghost of Zorro" foi o último filme realizado pela Republic Pictures. Em seus tempos de glória o estúdio chegou a ser um dos três maiores de Hollywood tendo grandes astros como John Wayne sob contrato. A concorrência da televisão e a dificuldade de competir com os outros grandes grupos americanos de entretenimento foram destruindo a Republic ao longo dos anos. Em 1959 a situação já era muito ruim, não havia mais grandes astros em seu plantel e os filmes por terem orçamentos modestos já não conseguiam arrecadar boas bilheterias. A última tentativa veio justamente com esse filme. Os direitos do personagem Zorro ainda estavam com o estúdio que jogou sua última carta no mercado. Se o filme fizesse sucesso ainda haveria uma tábua de salvação para a Republic, caso contrário ela fecharia de vez suas portas. O resultado infelizmente não foi positivo. A bilheteria foi péssima e não houve mais como continuar, a Republic abriu processo de falência um mês depois. Os direitos do Zorro então foram comprados pela Disney que resolveu investir em uma série televisiva com suas aventuras. Em relação ao filme em si o que podemos dizer é que se trata de um western B pouco inspirado, com roteiro mal escrito (o que torna sua trama um pouco confusa). Houve ainda uma tentativa de usar partes do filme como seriado de TV para recuperar um pouco o dinheiro investido mas o desastre foi completo. Um triste fim para aquele que foi um dos maiores estúdios dos anos de ouro de Hollywood.

Pablo Aluísio.